A LÍRICA NO TEATRO
um estudo de caso em Antígona
Resumo
O presente artigo discute a respeito da presença da poesia lírica no teatro na literatura da Grécia antiga. Através de um estudo da manifestação do coro na Antígona, nota-se uma licença poética usada pelo autor que se traduz no caráter contemplativo da expressão escrita. Tal caráter contemplativo confirma o que Aristóteles afirma na Arte Poética ao mencionar que os gêneros literários não ocorrem isoladamente, mas imbricam-se nas obras, as quais assumem a identidade do gênero mais proeminente na expressão artística. Um exame de passagens da Antígona, as quais serviram de recorte a este estudo, demonstram que a expressão poética nestes segmentos adquire certo tom pessoal e emocional, bastante próprio da poesia lírica tal como se tornou conhecida entre os antigos gregos. A presença da lírica no teatro proporciona um aspecto mais poético na medida em que à expressão artística própria do teatro é adicionada a singularidade da expressão Lírica. Tal expressão compreende antes de tudo um aspecto emocional, o qual concede ao teatro mais poesia e mais apelo emocional. Este estudo é uma reflexão inicial e, por esse motivo, não pretende ser a palavra final sobre o tema. De todo modo, o intercâmbio dos gêneros, conforme é demonstrado no texto que segue, permite a constatação de que os gêneros literários em certo sentido ajudam-se no contexto da obra literária a fim de proporcionar mais profundidade e conteúdo expressivo à obra literária. Amparado na profundidade poética, o conteúdo da obra literária permite uma reflexão mais profunda, na qual a emocionalidade expressiva eleva o teor literário e filosófico da obra para amplas perspectivas de modo a ressaltar a importância da lírica em relação aos outros gêneros artísticos.