EU E AHPRACTI, DIST NCIAS E APROXIMAÇÕES
Relato fotográfico de um artista pesquisador
Resumo
Aqui faço um breve relato fotográfico sobre meu encontro, como artista pesquisador de Pós-doutorado em Artes Cênicas pela UFBA, com Ismael Ahpracti Krahô, que entre diversas funções e papéis que desempenha em sua aldeia uma é de Hotxuá, uma figura cômica tradicional da cultura dos povos Krahô. Falo da trajetória do nosso encontro que tem início quando assisto no dia seguinte à minha defesa de doutorado o documentário de Letícia Sabatela e Gringo Cardia, “Hotxuá – o sacerdote do riso”. Depois o conheço pessoalmente no encontro de povos indígenas do Brasil que ocorre bienalmente chamado Aldeia Multiétnica. Em seguida convivo com Ahpracti em sua aldeia Manoel Alves durante um mês e Ahpracti passa dez dias num intercâmbio comigo em Salvador. Compartilho nesse relato, fotos e reflexões sobre essas experiências de intercambio e interação entre eu e Ahpracti assim como descrevo algumas cenas desses encontros. Também transcrevo trecho de uma entrevista que gravei com Ahpracti na ocasião em que esteve em Salvador. A travessia do meu encontro com Ahpracti me abriu muitos outros horizontes de saber e sabedoria do que apenas da minha área de atuação. Da minha ancestralidade, de um lado, e dos povos indígenas hoje vivos, de outro. Existe um continente entre nós, povos da cidade e povos indígenas. Por mais que carregue no meu corpo sangue de povos indígenas e povos africanos, boa parte é de sangue das embarcações que chegaram aqui de modo destrutivo para quem habitava estas terras, e como um trator passou por cima de corpos, culturas, florestas, meio ambiente, animais e principalmente povos, de 1500 até hoje.