TROCAS IN-EX-CORPORADAS EM ARTES
Uma proposta que abraça formas de conhecimento do corpo e de povos originários
Resumo
Abordo nesse texto uma proposta, ‘in-ex-corporação’, elaborada desde meu doutorado. Construída a partir de experiências educacionais vividas por professores universitários de Dança de seis países, a mesma foi enriquecida com saberes de experiências vividas com os Krahô. Estabeleço diálogo entre ideias de Paulo Freire e autores de diferentes localidades geográficas, filosóficas e epistemológicas em busca de consonâncias e nuances. Mas o objetivo não é reforçar oposições de ideias, competições intelectuais e/ou enfatizar pensamentos binários. Pelo contrário. Ao considerar que todas as propostas são incompletas, imperfeitas, inacabadas e em estado de devir, procuro encontrar caminhos para complementá-las. A proposta que apresento pode ser adotada na formação de docentes-pesquisadores-artistas, incluindo os do Teatro e Dança, pois sugere nutrirmos a curiosidade que busca descobrir a riqueza que existe no que nos torna semelhantes – somos todes seres humanos e compartilhamos o existir com e como seres vivos. A curiosidade, que caminha aliada à ‘consciência e suspensão’ de pré-julgamentos e pré-conceitos, pode ser um dos elementos a orientar nossas práticas formativas como artistas, docentes e pesquisadores. Como seres vivos que co-existem e respeitam semelhanças e nuances da nossa comum humanidade. Comunidade. O relacionamento afetuoso entre corpos que gera o saber coletivo, tão presente em conhecimentos de indígenas, é algo que poderíamos priorizar em formações de artistas-pesquisadores-docentes. Na nossa co-existência com outros seres vivos (humanos, animais, natureza, universo...), sugiro que a in-ex-corporação possa ser imaginada como uma proposta que se coloca em eterno estado de criação. Como uma dança que nunca tem fim. Educar, a meu ver, é imaginar possibilidades. Sonhar com um outro mundo mais afetuoso. Imaginar outra arte, também. Imagino ‘obras’, ações, posturas, atitudes, performances, falas que transformem visões e práticas na formação do artista-docente-pesquisador que possam potencializar a nossa humanidade comum. Ao mesmo tempo em que respeitamos, valorizamos e damos visibilidade à pluralidade de experiências estéticas, éticas, às artes e conhecimentos de todes, em particular de povos originários.