ENTRE HÀCTI, HÔXWA E CARĨRE
Aprendendo jogos e brincadeiras com as crianças Mẽhĩ (Krahô)
Resumo
Durante o Jàt Jõ Pῖ (Festa da Batata), que acontece na Aldeia Manoel Alves Pequeno, localizada no norte do Brasil, no estado do Tocantins, onde vive o povo Mẽhĩ (Krahô), além da preparação e realização da festa, que tem os/as hôxwa (abóbora, companheiro/a do/a batata-doce) como “protagonistas”, aconteceu em 2018, o encontro entre professora e estudantes da Universidade Federal do Tocantins (UFT) com as crianças indígenas. O presente relato, resulta das experiências construídas através de sorrisos e saberes, das brincadeiras, brinquedos e dos jogos revelados no contato entre esses mundos, além de pesquisa bibliográfica. “Hàcti e carĩre” (gavião e galinha), “Pàt jarahpêêre” (tamanduá bandeira grande) e “Cukôj roubando põõhy” (macaco roubando milho) são alguns dos jogos presentes neste artigo. Vários deles fazem parte não somente do cotidiano, mas dos ritos e mitos do povo Mẽhĩ e ambos revelam e ensinam de maneira simbólica as culturas desse grupo étnico. Encontram-se também os Jogos Tradicionais do Povo Krahô e a atual realidade, luta e resistência desta sociedade indígena diante da pandemia do novo coronavírus. Aparecem em destaque os/as seguintes mestres/as indígenas e autores/as: Renato Yahé Krahô (2017); Creuza Prumkwỳj Krahô (2017), Francinaldo Freitas Leite (2017), Célida Salume (2016) e Ana Gabriela Morim de Lima (2016). Conclui-se que a presença dessas práticas corporais indígenas e dos contextos históricos e sociais revelados por elas na nossa educação e especialmente nas aulas de Artes, podem produzir ações de resistência que deflagram o estado silencioso de nossos corpos colonizados, contribuindo com a descolonização das práticas e saberes hegemônicos a que somos subordinados/as.