RELATOS: ARTE-VIDA, CONFLUÊNCIAS E COSMOLOGIAS AFRO-INDÍGENAS PERIFÉRICAS
Educação, cultura, vida e rezos
Resumo
Esse artigo contempla a criação de relatos a partir das experiências e estudos sobre a prática educacional desenvolvida pelo povo Guarani Mbya no Centro de Educação e Cultura Indígena Tenondé Porã, para as crianças de zero a seis anos moradoras da aldeia. Durante cerca de quatro anos de pesquisas, reconhecendo os valores, saberes e processos educacionais que fomentam o fortalecimento cultural e ensino sobre a vida dos povos Guarani, em enfrentamento a imposição sócio educacional euro-cristã, pude mergulhar numa pesquisa-vida em diálogo com minhas memórias de infância, saberes de família e a presença da construção cultural e territorial periférica nordestina na cidade de São Paulo. Todo esse processo me levou a compreender as importantes e significativas mudanças no campo de atuação no processo de pesquisa e ensino teatral, em específico na linguagem da comicidade no Brasil. Na união desses saberes nasce o Terreiros do Riso em busca por ouvir, referenciar e dar visibilidade aos diversos caminhos e histórias culturais afro-orientadas e afro-indígenas na produção artística estética cômica. Conclui-se que saber de figuras cômicas indígenas e afro-diaspóricas, e seguir caminhos de aprendizado sobre o riso como uma tecnologia de sobrevivência, me faz habitar por uma produção artística que não tem como fim um ato cênico, mas que apreende a força da construção simbólica em todo o processo, reconhecendo no brincar, nas dramatizações, uma fonte de alimento de saberes de um “Teko Porã”. Compreendendo o meu fazer com um diálogo social e coletivo, em todas as esféricas e dinâmicas políticas presentes em habitar pindorama.