FESTIVIDADE DE PAUCARTAMBO
Danças e cantos das teatralidades andinas
Resumo
O presente artigo debate as influências da festividade de Paucartambo na constituição da poética do grupo peruano Yuyachkani. Formado em 1971 na cidade de Lima, desde as primeiras investigações e criações desenvolvidas, este agrupamento de artistas busca estabelecer vínculos com as diferentes memórias e contextos do país. Ao realizarem pesquisas de campo e projetos relacionados às populações da afro-peruanas, bem como da costa, da selva e da serra, ao longo de sua trajetória puderam acompanhar e estudar relevantes manifestações populares. Especificamente na celebração em homenagem à Virgen del Carmen, reconhecem uma significativa referência para refletirem a respeito das particularidades das teatralidades andinas, bem como das singularidades das práticas cênicas contemporâneas. A festa do povoado situado na região sul do país, entre os Andes e a Amazônia peruana, que acontece anualmente entre os dias 15 e 18 de julho, possibilitou que as e os criadores do Yuyachkani reconhecessem nos mais 20 núcleos que estruturam este encontro, a importância de pensar processos criativos a partir da palavra quéchua Taki, que na cosmogonia andina corresponde aos verbos dançar e cantar. É a partir deste aspectos como este que Miguel Rubio Zapata questiona a ideia de puesta en escena, que na língua espanhola faz menção à encenação como algo vinculado à dramaturgia, e articula conceitos como o de escritura en el espacio. Por intermédio desta proposição o diretor encontra uma maneira de evidenciar que há um urgente gesto político a ser realizado por criadores de teatro na América Latina que, para além da tradição europeia da arte dramática, necessitam reconsiderar a realidade da Abya Yala para poderem vir a materializar experiências cênicas baseadas em dramaturgias potencialmente plurais e expandidas.