Orides Fontela e Gilka Machado: estesias da alma e do corpo

Résumé

O objetivo central deste trabalho é aproximar as poéticas de Orides Fontela e Gilka Machado. Para isso, em função da condição de inacabamento que a poesia assume e dos diálogos que estabelece com outras formas de comunicar o mundo e o humano ser, acionamos os estudos de Mikhail Bakhtin (2020), Joseph Campbell (2007), Octavio Paz (1995), entre outros estudiosos que nos auxiliam no descortinar das sutilezas das poéticas cotejadas neste esforço. Da obra de Orides, elegemos os poemas “Errância” e “Iniciação”, ambos integrantes do livro Rosácea (1986); quanto à de Gilka, elencamos “Sensual” e “Ser mulher”, presentes na obra Cristais partidos (1915). Para além do ensejo principal deste estudo, tencionamos trazer para os debates literários de nossos tempos a poesia de duas autoras dissidentes, disfóricas e distantes do grande público e que cujas obras se espraiam sobre as questões mais sutis da existência, da alma e do corpo. As duas poetas aqui apreciadas se comunicam por abarcarem as delicadezas do espírito e do corpo pulsante. Orides Fontela, em diálogo constante com a filosofia, erige nos terrenos da poesia as nuances da existência; Gilka Machado, em tom confessional e experiencial, agita nos versos de sua obra os impasses que afetam o feminino nas engrenagens de uma conjuntura social, imperiosamente, patriarcal.