Paisagens Literárias de Autoria Negro-Feminina: Mais um Desafio ao Ensino de Literatura e à Formação de Leitores (as)
Schlagworte:
Literatura negro-feminina; Ensino; Formação de Leitores (as)Abstract
A elaboração de cartografias literárias produzidas por mulheres negras no Brasil[1] não tem sido uma tarefa fácil aos (às) estudiosos (as) de literaturas, visto que a ‘naturalização’ do gênero dos poetas e romancistas tem uma historiografia, de predominância masculina, imperando a soberania patriarcal. Ainda assim, elas têm cumprido como um devir-revolucionário[2] com um árduo labor de (des) silenciar as suas vozes autorais e forjar suas dicções literárias. Suas escritas têm desenhado dobras e trânsitos de uma gramática literária atravessada por temas que se circunscrevem entre tradições, memórias, identidades, histórias, a vida cotidiana e o mundo, sonhos por transformações, vivências e reinvenções do (re) existir. Incluí-las em práticas pedagógicas e no ensino de literatura também não é uma ação sem complexidades e mais desafiante ainda, para elas, é a formação de público-leitor. Neste sentido, este texto aponta os seus textos literários como práticas discursivas marcadas pela constituição da autoria, protoganismos, resistências e empoderamento. Diante disso, este texto objetiva-se sinalizar algumas provocações, desafios e proposições para a inclusão de obras literárias de escritoras negras no ensino de literatura com o intuito de visibilizar seus nomes e obras, bem como colaborar com a formação de público leitor.
Este texto advém de estudos realizados, no âmbito do doutoramento, sobre autoria feminina negra na Bahia, dos quais derivou o livro Vozes Literárias de Escritoras Negras (EDUFB, 2010), de seus desdobramentos e pesquisas posteriores. O sentido de devir-revolucionário, apresentado por G. Deleuze (1990), refere-se às possibilidades de se construir práticas de enfrentamento de intolerâncias e respostas para expurgar a vergonha das atrocidades derivadas dos regimes fascistas e nazistas, viabilizando estratégias de se (re) ocupar e acreditar no mundo e em transformações, não mais, tão somente, pela esfera da macropolítica e da tomada do poder, mas também pelas revoluções cotidianas, notabilizadas por meio de atos militantes e de rebeldia no hodierno (micropoder).
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