Epistêmicos míticos nas narrativas em Português Indígena e a mitopoiesis

Autor/innen

DOI:

https://doi.org/10.20873.24.308

Abstract

De acordo com Peter Gow, a elaboração mítica ou mitopoiesis atende a condições enunciativas que garantem a pertinência social do discurso mitológico, envolvendo desde as características dos narradores às estruturas linguísticas. O presente artigo vai examinar o funcionamento de operadores discursivos que serão chamados de “epistêmicos míticos”, marcas gramaticais de avaliação das informações abordadas na narrativa mitológica, em relatos realizados em Português Indígena pelos povos Wai Wai (PA) e Anacé (CE), de forma a demonstrar que, para o pensamento ameríndio, lógica mítica e lógica linguística seguem os mesmos princípios para estabelecer a significação, independente do código utilizado para a expressão da mitopoiesis, conforme a noção de mitema de Lévi-Strauss.

Palavras-Chave: Português Indígena; Análise Estrutural dos Mitos; Modalidades Epistêmicas; Retomada Linguística

Autor/innen-Biografie

Ronaldo de Queiroz Lima, UFBA

Universidade Federal da Bahia

Literaturhinweise

Referências Bibliográficas

AIKHENVALD, A. Evidentiality in Grammar. In: Encyclopedia of Language and Linguistics. Elsevier, pp. 320-325, 2006.

BONFIM, E. “Kurâ Itanro: Cosmopolítica e Língua entre os Bakairi”. Revista Ñaduty, vol. 5, n.6, 2017.

BONIFÁCIO, L. P. S. Português Tikuna e a variação no âmbito morfossintático: Um estudo a partir da fala de professores Tikuna. International Journal of Development Research, v. 12, 53726-53731, 2022.

BRASIL. Ministério da Justiça, Fundação Nacional do Índio (2013). Relatório Circunstanciado de Constituição da Reserva Indígena Taba dos Anacé. 113f. Brasília.

CHRISTINO, B. P., & COSTA, J. P. P. 'Só isso que é meu ideia': fórmulas de fechamento como uma particularidade discursivo-interacional do Português Kaxinawá, 2020. Revista Brasileira de Linguística Antropológica, v. 12, 87-105. (https://doi.org/10.26512/rbla.v12i1.30039).

GOW, P. Mito e Mitopoiesis. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 23, 187-210, 2014.

JAKOBSON, R. A Concepção de Significação Gramatical segundo Boas. In: Linguística e Comunicação. São Paulo: Editora Cultrix. pp. 87-97, 2007.

LÉVI-STRAUSS, C. A Estrutura dos Mitos. In: Antropologia Estrutural I. São Paulo: Cosac & Naify, 2008 [1958].

LIMA, R. de Q. Onde vivem os “Anacé da Terra Tradicional”: elementos de existência indígena, 2023. (no prelo).

MARTINS, S. C. M. O Mito da Cobra Grande: magia, memória e discurso (Dissertação de Mestrado). Museu Nacional. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.

MARTINS, S. C. M. & BONFIM, E. (2020). As variações do mito na vizinhança. Aceno, 7 (15): 245-258, 2020. (10.48074/aceno.v7i15.11226).

RIVIÈRE, P. A Predação, a Reciprocidade e o caso das Guianas. Mana, 7 (1): 31-53, 2001. (https://doi.org/10.1590/S0104-93132001000100003).

SEEGER, A. Os Significados dos Ornamentos Corporais. In: Os Índios e Nós. São Paulo: Campus, 1980.

SILVA, A. F. da. Resgate Histórico do Povo Anacé. Anacé, C., & Anacé, R., & LIMA, R. de Q. (org). Resgate Histórico do Povo Anacé. Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2022.

SILVA, Maria do Socorro Pimentel da. Políticas de retomada de línguas indígenas em diferentes contextos epistêmicos, 2019.

SOUZA, T. C. C. de. Discurso e Oralidade – um estudo em língua indígena (Mestrado em Comunicação, Imagem e Informação). Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1999.

VALENTINO, L. As Transformações da Pessoa entre os Katwena e os Tunayana dos Rios Trombeta e Mapuera (Tese de Doutorado). Museu Nacional. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

Veröffentlicht

2024-12-26

Zitationsvorschlag

Bonfim, E., & de Queiroz Lima, R. (2024). Epistêmicos míticos nas narrativas em Português Indígena e a mitopoiesis. Porto Das Letras, 10(4), 55–68. https://doi.org/10.20873.24.308