Reflexões sobre o estranho-familiar em Mon coeur à l’étroit, de Marie NDiaye e A metamorfose de Frantz Kafka
Abstract
Resumo: Faremos, no presente artigo, uma análise romance Mon coeur à l’étroit (2007) [Coração apertado (2010)] da escritora francesa Marie NDiaye, propondo uma interface com a novela A Metamorfose (1915), de F.Kafka, e o conto O homem de areia (1815), de E. A. T. Hoffman, que serviu de referência para Sigmund Freud (1919) na elaboração do conceito de “infamiliar”. As obras em questão se deslocam em direção ao insólito, pois inserem no plano narrativo elementos inverossímeis que estariam metaforicamente relacionados às feridas traumáticas e narcísicas dos protagonistas. Em síntese, na esteira do discurso literário sobre o Fantástico (TODOROV) e do discurso psicanalítico sobre o infamiliar (FREUD) e sobre o Real (LACAN), procuraremos pensar a experiência da metamorfose e do insólito nas narrativas em questão. Ao nosso ver, a noção de Real, compreendida por J. Lacan (1975) como o que estaria do lado oposto ao da realidade, configurando-se na ordem do inominável, do que escaparia a uma expressão clara, ordenada e racional, se aproximaria da categoria de Fantástico, pois trata-se de um modo narrativo que se propõe a expressar o inaudito e a inquietante estranheza que nos habita.
Palavras-chave: Infamiliar; Fantástico; Insólito; Psicanálise; Literatura francesa
Literaturhinweise
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