Sexo, tecnologia e o novo homem - acontecimento midiático discursivo

Autores

  • Wilton James Bernardo-Santos UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
  • Fabio Elias Verdiani Tfouni Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Palavras-chave:

Análise do Discurso; Mídia; Sexualidade; Tecnologia

Resumo

Embasado na teoria e no método da Análise do Discurso francesa fundada por Michel Pêcheux, o trabalho apresenta uma análise de discursos sobre a internet e as novas práticas sexuais neste início do século XXI. Tomando como corpus uma reportagem de capa da revista Veja de 2013, a análise se dedica ao entrecruzamento de discursos da sexualidade e da tecnologia digital construindo um acontecimento discursivo. O processo analítico detectou algumas regiões de sentido com preponderância das relações entre o pragmatismo, a lógica instrumental da tecnologia. Sentidos que categorizam e tipificam os indivíduos são fundamentais na construção e no controle do sujeito contemporâneo. A análise também detecta a tradição do amor romântico como discurso histórico constitutivo do acontecimento. Em contraposição, são decisivos os sentidos que constroem imaginariamente uma nova forma-sujeito do discurso, mas muito marcada por uma memória discursiva da heteronormatividade masculina. Este trabalho é parte de um projeto mais amplo, dedicado ao estudo da construção da sexualidade, da feminilidade/masculinidade, do homem e da mulher na mídia.

 

Biografia do Autor

Wilton James Bernardo-Santos, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

Possui graduação em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (1998), graduação em Letras pela Universidade Federal de Sergipe (1991), mestrado em Lingüística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (2000) e doutorado em Lingüística - Universicdade Estadual de Campinas (2008). É professor efetivo da Universidade Federal de Sergipe desde 1996. Tem experiência na área de ensino-aprendizagem de linguagens e suas tecnologias, atuando principalmente a partir da História das Ideias Linguisticas e Teorias do Discurso; dedicando-se a práticas de leitura e de escrita.

Fabio Elias Verdiani Tfouni, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Possui graduação em Licenciatura em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1993), graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1994), graduação em Bacharelado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (1993), mestrado em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e doutorado em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2003). Pós-doutorado no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL)/UNICAMP com bolsa FAPESP (2010). Pós-doutorado no Programa de Pós-graduação em Letras da UFPE (2018-1019). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Análise de Discurso, atuando principalmente nos seguintes temas: análise do discurso, discurso, interdito, silêncio, propaganda, mídia, identificação, identidade.

Referências

ALTHUSSER, L. P. Aparelhos ideológicos de Estado. 7ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.
BARROS, T. H. B. Por uma metodologia do discurso: noções e métodos para uma análise discursiva. In: Uma trajetória da Arquivística a partir da Análise do Discurso: inflexões histórico-conceituais [online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015, pp. 73-95. ISBN 978-85- 7983-661-9.
BAUMAN, Z. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2004.
______ . Vida para consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2008.
CALVINO, I. Seis propostas para o próximo milênio. São Paulo: Companhia das Letras. 1990.
CHAUÍ, M. (1980) O que é ideologia. São Paulo, SP, Brasiliense, 2008
DIAS. M. das G. L. V. Do gozo fálico ao gozo do Outro. Ágora (Rio de Janeiro) v. XI n. 2 jul/dez 2008 253-266
FOUCAULT, M. A ordem do discurso. São Paulo: Edições Loyola, 1996.
GADET, F. et HAK, T. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Edunicamp, 1990.
GINZBURG, C. Sinais: raízes de um paradigma indiciário. In: Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. 2. ed., 1. reimpr. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
GUILHAUMAU, J. & MALDIDIER, D. Da enunciação ao acontecimento discursivo em análise de discurso. In: História e sentido na linguagem. Campinas: Pontes, 1989.
HORKHEIMER, M. & ADORNO, T. A indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas. Pp. 169 a 214. In: LIMA, Luiz Costa. Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 364p.
KRIEG-PLANQUE, A. A noção de “fórmula” em análise do discurso: quadro teórico e metodológico. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.
LÉVY, P. As tecnologias da Inteligência – O futuro do pensamento na era da informática. São Paulo. Editora 34. Tradução de Carlos Irineu da Costa. 2004.
MARX, K. O Capital. Livro I, Volume 1 - O processo de Produção do Capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
MCLUHAN, M. Os Meios de Comunicação Como Extensões do Homem: Understanding Media. São Paulo: Cultrix. 2007.
MOURA, R. L. História das revistas Brasileiras: informação e entretenimento. VII ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DA MÍDIA. Unicentro: Guarapuava, Paraná.
ORLANDI, E. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Campinas: Vozes, 1996.
______. (Org.). Gestos de leitura. Campinas, SP, Editora da Unicamp, 1997.
______. Análise de discurso: Princípios e Procedimentos. 2. ed. Campinas: Pontes, 2000.
______. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas, SP, 2001.
______. A materialidade do gesto de interpretação e o discurso eletrônico. https://www.labeurb.unicamp.br/livroEurbano/volumeII/arquivos/pdf/eurbanoVol2_EniOrlandi.pdf. Acesso em 10/04/2019.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Trad. Eni P. Orlandi et all. Campinas: Editora da UNICAMP, 1998. (Coleção Repertórios).
______. O discurso: estrutura ou acontecimento? [trad. Eni Orlandi]. Campinas, SP, Pontes, 1997.
PÊCHEUX, M.; FUCHS, C. A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, F.; HAK, T. (Org.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 2. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1993. p. 163‑252.
______. (1990) “Delimitações, inversões, deslocamentos”. In: GERALDI & ORLANDI (Org.), Cadernos de Estudos Linguísticos. Campinas, jul. /dez. 19, p. 7-24. ______. Análise do discurso: três épocas (1983). In: GADET, F. et HAK, T. Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Campinas: Edunicamp, 1990, pp. 311-318.
______. Papel da memória. In: ACHARD, Pierre (et al.). Papel da memória. Trad. José H. Nunes. Campinas: Pontes, 2010. p. 49-57.
PUCCI, B. “Indústria cultural hoje: apresentação”. In: CONGRESSO INTERNACIONAL: A INDÚSTRIA CULTURAL HOJE: 28/08 a 01/09/2006. Disponível em <http://www.unimep.br/~bpucci/industria-cultural-hoje-2006.pdf >.
SARGENTINI, V. M. O. A noção de formação discursiva: uma relação estreita com o corpus na Análise do Discurso, 2005. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/analisedodiscurso/anaisdosead/2SEAD/SIMPOSIOS/VaniceMariaOliveiraSargentini.pdf
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix. s/d.
SWARTS, N. “The Concepts of Necessary Conditions and Sufficient Conditions”. Department of Philosophy Simon Fraser University, 1997. Disponível em: http://www.sfu.ca/~swartz/conditions1.htm
ZIZEK, S. Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1992.

Downloads

Publicado

2020-07-16

Como Citar

Bernardo-Santos, . W. J., & Verdiani Tfouni, F. E. (2020). Sexo, tecnologia e o novo homem - acontecimento midiático discursivo. Porto Das Letras, 6(especial), 12–32. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/8643

Edição

Seção

Metalinguagens: língua, ensino e sociedade