Da gramática normativa à linguística popular militante
um percurso da linguagem neutra
Resumo
Linguagem neutra é, na atualidade, pauta corriqueira em conversas cotidianas. Mas nem sempre foi assim. A temática tão constante neste tempo presente materializa-se em práticas linguageiras de defesa da linguagem neutra, de negação e até de produção e propagação de ofensas e de ódio. O uso da linguagem inclusiva (seja pela modalidade oral, seja pela modalidade escrita) já não se restringe aos espaços de militância, alcança diversos espaços sociais e está presente em gêneros textuais formais/institucionais, em textualidades midiáticas e digitais, em espaços acadêmicos, em artigos científicos etc. E, para tratar dessa pauta neste artigo, recorremos a referenciais teóricos da Linguística (Mattoso Câmara, 1970;1975), da Linguística Popular (Paveau, 2020), da Análise do Discurso (Paveau, 2013) e da Análise do Discurso Digital (Paveau, 2021). Discutimos como linguistas e linguistas populares militantes (de um lado, feministas e comunidades LGBTQIA+ e, de outro, os que se autodenominam conservadores) mobilizam dizeres para defender ou refutar a inclusão do gênero neutro em práticas linguageiras. Constituímos um corpus analítico com textos produzidos por linguistas profanos: um vídeo postado no Instagram e um post do Twitter. Com esta pesquisa, provocamos discussões que vão desde questões linguísticas de cunho estruturalista a práticas folk que estabelecem a usuários da língua o status de linguistas populares.
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