Saberes linguísticos cotidianos
Palavras-chave:
Saberes linguísticos cotidianos; políticas linguísticas ordinárias; paródia; história das ideias linguísticas; análise de discurso.Resumo
Este trabalho estuda os discursos sobre as línguas produzidos no contato/confronto com a alteridade linguística que fazem parte de nosso cotidiano e que constituem o que aqui designo como saberes linguísticos cotidianos. De uma perspectiva discursiva da história das ideias linguísticas, as relações entre unidade, diversidade, dominação, resistência e domesticação da resistência são consideradas para pensar a construção dos saberes linguísticos e a constituição das línguas no espaço brasileiro. Tendo isso em vista, aponto para as tensões constitutivas da relação entre os saberes linguísticos produzidos por especialistas nas instituições do saber e os saberes linguísticos cotidianos que não têm um lugar próprio e que podem ser produzidos em qualquer lugar. Nesses processos, os saberes linguísticos cotidianos podem vir ser absorvidos pela ordem dominante das instituições do saber, mas, como são movidos pelo o fluir das línguas, também podem sempre ser produzidos em outros lugares e de outros modos. Tomando a paródia como um espaço privilegiado para uma análise dos saberes linguísticos cotidianos, busco mostrar como eles funcionam fora, mas ao lado e mesmo no interior da gramática, da linguística, da literatura e das artes, a partir de políticas linguísticas ordinárias que se insinuam sob diferentes éticas (entre o humor e o des-humor) e estéticas (entre a beleza e a aversão), a depender dos processos de identificação com a língua pelo sujeito, constituídos pela relação entre ideologia e inconsciente.
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