Possíveis contribuições da filosofia dos aspectos modais de Herman Dooyeweerd para a crítica do reducionismo da química à física

Autores

  • David Monteiro de Souza Junior Universidade federal do Mato Grosso do Sul https://orcid.org/0000-0003-1219-7130
  • Wellington Pereira de Queiros Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

DOI:

https://doi.org/10.20873/rpv8n1-62

Resumo

A química e a física, em seu contexto histórico e cultural, se desenvolveram paralelamente no escopo da filosofia natural, e a química em especial, com elementos oriundos da medicina metalurgia e alquimia. O caráter tecnológico, pragmatismo e desinteresse metafísico dos químicos aliado a uma visão reducionista da química a física foram obstáculos relevantes para desenvolvimento tardio de uma filosofia da química. O uso de métodos analíticos de investigação química, como a espectroscopia, evidencia estreita relação histórica entre química e física na prática química. bem como, os modelos de atômicos fundamentados na mecânica quântica. A química é uma disciplina autônoma e distinta da física, porém, do ponto de vista metafísico e ontológico suas entidades, teorias e leis podem ser distinguíveis? Metodologicamente a física pode ser usada para compreender a química? E do ponto de vista epistemológico as explicações em química são redutivas a física? O ponto central é saber se a química é redutível “em princípio” a física. Sobre essas questões, muito tem se escrito, porém, gostaríamos de refletir sobre este problema a partir da perspectiva da filosofia dos aspectos modais de Herman Dooyeweerd afim de verificar se sua visão filosófica-ontológica pode oferecer uma contribuição na discussão minimamente satisfatória ao problema do reducionismo da química à Física.

Biografia do Autor

Wellington Pereira de Queiros, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Doutor em Educação para a ciência (Ensino de Física) pela Universidade Estadual Paulista (UNESP-Bauru) com estágio Sanduíche no Programa de Pós Graduação em Educação Científica e Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestre em Física na linha de biofísica pela Universidade Federal de Goiás (2005), graduação em Bacharelado em Física pela Universidade Federal de Goiás (2002), graduação em Licenciatura em Física pela Universidade Federal de Goiás (2005). Atua como professor Adjunto 3 do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, além disso atua como docente e orientador no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Suas principais linhas de pesquisa são: Formação de Professores, História, Filosofia e Sociologia da Ciência na Educação em Ciências e Tecnologia; Relações Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente (CTSA) na Educação em Ciências e Tecnologia; Formação de Professores na Educação em Ciências e Física. Trabalhou na educação básica como professor de Física, Matemática, Ciências e Filosofia. Atua também na Educação a Distância (EAD). Foi representante da região Centro Oeste na Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (ABRAPEC) nos biênios 2018-2019 e 2020-2021.

Referências

BASDEN, A. Foundations and Practice of Research: Adventures with Dooyeweerd's Philosophy. Routledge,

p. 379.

BEJARANO, N. R. R.; Reducionismo e a Filosofia da Química. 2008. p.12

BEJARANO, N. R. R.; A Química é redutível à Mecânica Quântica? In: Teorias Quânticas: Estudos Históricos e

implicações culturais, Caderno de resumos e programa do Teorias Quânticas: Estudos Históricos e implicações culturais, Campina Grande, 2008. p. 53-57.

BEJARANO, N. R. R. et al. Filosofia da Química: uma disciplina nascente no âmbito da Filosofia da Ciência. Filosofía e História de la Ciencia Del Con Sur, p. 9-14. 2012.

BEJARANO, N. R. R.; O exame de duas formas mais brandas de realismo no debate da redução da química à

mecânica quântica. In: Cibelle Celestino e Luis Salvatico (editores). (Org.). Filosofia e História da Ciência no Cone Sul - Seleção de Trabalhos do 7º Encontro. Porto Alegre: Entrementes Editorial, v. 01, 1

ed., 2012, p. 393-400.

BIRCH, H. 50 ideias de química que você precisa conhecer. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2018.

DE ALMEIDA OLIVEIRA, F. Philosophando Coram Deo: uma apresentação panorâmica da vida, pensamento

e antecedentes intelectuais de Herman Dooyeweerd. Fides reformata, v. 11, n. 2, 2006, p. 73-100.

CARVALHO, G. V. R. de. Introdução editorial: Herman Dooyeweerd, reformador da razão. In: DOOYEWEERD,

H. (Ed.). Crepúsculo do pensamento ocidental. São Paulo: Hagnos, 2010.

DOOYEWEERD, H. No Crepúsculo do Pensamento Ocidental: estudos sobre a pretensa autonomia do pensamento filosófico. São Paulo: Hagnos, 2010.

________________. Estado e soberania: ensaios sobre cristianismo e política. São Paulo: Vida Nova, 2014.

________________. Raízes da Cultura Ocidental: As opções pagã, secular e cristã uma cuidadosa avaliação das forças motrizes religiosas mais profundas por trás de todo o desenvolvimento cultural e espiritual do

ocidente. São Paulo: Cultura Cristã, 2015.

________________. A New Critique of Theoretical Thought. Deel 2. The General Theory of the Modal Spheres (vert.

H. de Jongste en David H. Freeman). The Presbyterian and Reformed Publishing Company, z.p. 1969

(2de druk)

GILBERT, J. K.; TREAGUST, D. F. Introduction: Macro, submicro and symbolic representations and the relationship between them: Key models in chemical education. In: Multiple representations in chemical

education. Springer, Dordrecht, 2009. p. 1-8.

HARDWICK, E. R.; Química. São Paulo: Edgar Blucher, 1965.

PERSPECTIVAS | VOL. 8, Nº 1, 2023, P. 105-140

Título

DOI: 10.20873/rpv8n1-62

HENDRY, R. F.; Reduction, emergence and physicalism. Presente no texto, GABBAY, Dov M. et al. Philosophy

of chemistry. Elsevier, 2012, p. 367-386.

IHDE, A. J.; The Development of Modern Chemistry. New York: Harper & Row, 1970.

JOHNSTONE, A. H.; You can’t get there from here. Journal of chemical education, v. 87, n. 1, 2010, p. 22-29.

KALSBEEK, L. Contornos da filosofia cristã: a melhor e mais sucinta introdução a filosofia reformada de Herman Dooyeweerd. São Paulo: Cultura Crista, 2015.

LEMES, A. F. G.; PORTO, P. A., Introdução à filosofia da química: uma revisão bibliográfica das questões mais

discutidas na área e sua importância para o ensino de química. Revista Brasileira de pesquisa em educação em Ciências, v. 13, n. 3, 2013, p. 121-147.

LOMBARDI, O.; LABARCA, M.; The ontological autonomy of the chemical world. Foundations of Chemistry, v.

, n. 2, 2005, p. 125-148.

McGRATH, A. E. A Ciência de Deus: Uma introdução à teologia cientifica. Viçosa, MG: Ultimato, 2015 (a).

_____________. Surpreendido pelo sentido: ciência, fé e o sentido das coisas. São Paulo: Hagnos, 2015 (b).

MAINZER, K. Symmetry and Complexity-Fundamental Concepts of Research in Chemistry. HYLE. v. 3, 1997,

p. 29-49.

RIBEIRO, M. A. P. A emergência da Filosofia da Química como campo disciplinar. Revista Brasileira de Pesquisa

em Educação em Ciências, v. 16, n. 2, 2016, p. 215-236.

RIBEIRO, M. A. P. Panorama histórico da relação entre Filosofia e Química. Educação Química en Punto de

Vista, v. 1, n. 2, 2017, p. 21-41.

SANTOS, S. C. S., CUNHA, M. B. Contribuições da filosofia da ideia cosmonômica para a aprendizagem informal

científica em biologia. Anais do VII ENEBIO – I EREBIO Norte., 2018, p. 4568-4578.

SANTOS, S. C. S. Uma Reflexão Sobre O Uso De Analogias No Ensino De Ciências E O Desdobramento Multimodal Da Realidade: o exemplo de tópicos da teoria da evolução biológica. Investigações em Ensino

de Ciências, v. 25, n. 2, 2020, p. 80-97.

SCERRI, E. R. The ambiguity of reduction. HYLE: International Journal for Philosophy of Chemistry, v. 13, 2007,

p. 67-81.

SCHUMMER, J. The philosophy of chemistry. Vol.27 No.1, Endeavour, 2003. p. 37-41.

______________. The philosophy of chemistry. In: Philosophy Of Chemistry. Springer, Dordrecht, 2006. p. 19-39.

______________. The philosophy of chemistry: From infancy towards maturity. Philosophy of Chemistry: Synthesis

of a New Discipline (Boston Studies in the Philosophy of Science series), Dordrecht (Kluwer), 2006, p. 1-

STRAUSS, D. F. M. The Significance of a Non-Reductionist Ontology for the Discipline of Physics: A Historical

and Systematic Analysis. Axiomathes, v. 20, n. 1, 2010, p. 53-80.

VALEROA, R.; MORIB, R. C.; MASSIC, L. A química na literatura de Primo Levi: aspectos filosóficos sobre experimentação, matéria e ofício químico. Química Nova, Vol. XY, No. 00, 2023, p. 1-9.

VAN BRAKEL, J. On the neglect of the philosophy of chemistry. Foundations of Chemistry, v. 1, n. 2, 1999, p.

-174.

VAN BRAKEL, J., Philosophy of Chemistry – Between the Manifest and the Scientific Image. Leuven: Leuven

University Press, 2000, p. 132-142.

VAN MELSEN A. G. M., Atomism., vol 2, 15th edn. London, in: Encyclopedia Britannica, 1975, p. 346–351

PERSPECTIVAS | VOL. 8, Nº 1, 2023, P. 105-140

Título

DOI: 10.20873/rpv8n1-62

VINCENT, B. B.; MOCELLIN, R. C., Filosofia da química e dos materiais: entrevista com Bernadette BensaudeVincent. Em Construção: arquivos de epistemologia histórica e estudos de ciência, n. 10, 2021, p. 363-

WOLTERS, A., Glossário de termos técnicos e neologismos de Dooyeweerd. In: DOOYEWEERD, H. (Ed.). Crepúsculo do pensamento ocidental. São Paulo: Hagnos, 2010.

Downloads

Publicado

2023-04-05 — Atualizado em 2023-04-09

Versões

Como Citar

Monteiro de Souza Junior, D., & Pereira de Queiros, W. (2023). Possíveis contribuições da filosofia dos aspectos modais de Herman Dooyeweerd para a crítica do reducionismo da química à física. Perspectivas, 8(1), 105–140. https://doi.org/10.20873/rpv8n1-62 (Original work published 5º de abril de 2023)

Edição

Seção

Dossiê Filosofia da Física