Da cidade dos homens à cidade das damas
DOI:
https://doi.org/10.20873/rpv7n1-33Resumo
Trata-se de estabelecer um paralelo entre três leituras da história (lectio historiae), gestadas no interior do cristianismo medieval, que resultaram em diferentes propostas de governo do mundo. A primeira é o De civitate Dei de Agostinho de Hipona (s. V), em que há a clara oposição entre a cidade de Deus e a dos homens. A segunda é a de Joaquim de Fiore (s. XII), em que se destaca o prognóstico de uma nova ordem monástica, que irá governar o terceiro estado espiritual. A terceira vem de A cidade das damas de Cristina de Pisano (s. XIV), entendida como o primeiro projeto do governo da cidade por mulheres. Como resultado apontamos a tensão latente ou declarada entre o modelo cíclico e o linear, que vai desde sua total negação do primeiro por Agostinho até a sua incorporação por Joaquim de Fiore e, de algum modo, por Cristina de Pisano. Além disso, testamos a hipótese de que a história propriamente dita continua a ser tratada pelo cristianismo medieval da perspectiva greco-romana: como um depósito de exemplos dignos ou não de memória, em que a localização dos mesmos no tempo poderá ou não ter importância alguma.
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