LUTA POR RECONHECIMENTO, IDENTIDADES E RELAÇÕES DE PODER: as mulheres no movimento quilombola
DOI:
https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2018v4n6p475Palavras-chave:
Mulheres; Movimento Quilombola; Reconhecimento; Relações de Poder.Resumo
Analisa-se o papel da mulher na organização sociopolítica atual do movimento quilombola no Pará. Com base na teoria do Reconhecimento e na perspectiva intersubjetiva de Comunicação, argumentamos que houve um deslocamento do papel da mulher nessas lutas: das responsabilidades domésticas à liderança política. A partir dos conceitos de reconhecimento, mobilização, ação coletiva e poder e também de dados de questionários, relatórios e outros documentos, examinamos o caráter interseccional dessa atuação política. Concluímos que está ocorrendo um processo de complexificação dos lugares e dos papéis da mulher quilombola por meio do associativismo e da construção de solidariedade, das mobilizações e da atuação para ampliação dos padrões de reconhecimento.
PALAVRAS-CHAVE: Mulheres; Movimento Quilombola; Reconhecimento; Relações de Poder.
ABSTRACT
It analyzes the role of women in the current sociopolitical organization of the quilombo movement in Pará. Based on the theory of recognition and intersubjective perspective of communication, we argue that there was a displacement of the role of women in these struggles: from domestic responsibilities to the political leadership. From the concepts of recognition, mobilization, collective action and power, as well as data from questionnaires, reports and other documents, we examine the intersectional nature of this political action. We conclude that is ocurring a process of complexification of the places and roles of quilombola women through associativism and the construction of solidarity, mobilizations and action to broaden recognition patterns.
KEYWORDS: Women; Quilombola Movement; Recognition; Power relations.
RESUMEN
Se analiza el papel de la mujer en la organización sociopolítica actual del movimiento quilombola en Pará. Con base en la teoría del Reconocimiento y en la perspectiva intersubjetiva de Comunicación, argumentamos que hubo un desplazamiento del papel de la mujer en esas luchas: de las responsabilidades domésticas al liderazgo político. A partir de los conceptos de reconocimiento, movilización, acción colectiva y poder y también de datos de cuestionarios, informes y otros documentos, examinamos el carácter interseccional de esa actuación política. Concluimos que está ocurriendo un proceso de complejidad de los lugares y de los papeles de la mujer quilombola por medio del asociativismo y de la construcción de solidaridad, de las movilizaciones y de la actuación para la ampliación de los patrones de reconocimiento.
PALABRAS CLAVE: Mujeres; Movimiento Quilombola; Reconocimiento; Relaciones de Poder.
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