Prazer e Sofrimento no Trabalho: Um Olhar Para os Motoristas de Caminhão

Autores/as

  • Angélica Francine Frey Universidade Feevale
  • Carmem Regina Giongo Universidade Feevale

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e024032

Palabras clave:

Saúde mental, Condução de veículo, Psicodinâmica, Psicodinâmica do trabalho

Resumen

O objetivo deste artigo é analisar os fatores de prazer e sofrimento no trabalho de motoristas
de caminhão. A pesquisa teve um delineamento exploratório-descritivo de metodologia mista
e contou com a participação de 30 caminhoneiros, com idade média de 46,2 anos. Foi
aplicado o Inventário do Trabalho e Riscos de Adoecimento em todos os participantes, desse
total 07 foram entrevistados. Os resultados apontaram para a precarização das condições e da
organização do trabalho, gerando vivências de sofrimento associadas à insegurança, à falta de
infraestrutura dos percursos, à sobrecarga de trabalho e à necessidade de cumprir os prazos
das entregas. Diante disso, os motoristas parecem utilizar estratégias defensivas de negação e
racionalização do sofrimento. Por outro lado, as vivências de prazer estavam atreladas ao
amor pela profissão, à remuneração e à importância social do trabalho. Concluiu-se que as
vivências de prazer e sofrimento estão em níveis satisfatórios para este grupo profissional,
porém os dados qualitativos divergem dos dados quantitativos e evidenciam que são
necessárias ações e projetos públicos que visem à melhoria das condições de trabalho do
grupo profissional, como por exemplo: pontos de parada com estrutura e segurança; e maior
fiscalização em relação às jornadas de trabalho desse grupo profissional.

Citas

Bendassolli, P. F & Soboll, L. A. P. (2011). Clinicas do trabalho (1ª ed.). Atlas.

Bolonha, T. H & Gomes, G. C.(2019) A ressignificação do trabalho: uma das contribuições da clínica psicodinâmica do trabalho. Revista Uningá, 56(S1):68-77. https://doi.org/10.46311/2318-0579.56.eUJ117

Bueno, M. & Macêdo, K. B. (2012). A Clínica psicodinâmica do trabalho: de Dejours às pesquisas brasileiras. Estudos contemporâneos da subjetividade, 2(2), http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/1010

Childhood Brasil (2021). O perfil do caminhoneiro no Brasil. (4ª ed.). https://www.childhood.org.br/publicacao/PESQUISA_O%20PERFIL%20DO%20CAMINHONEIRO%20BRASILEIRO_2021.pdf

Creswell, J. W. (2010). Projeto de pesquisa: método qualitativo, quantitativo e misto (3 ª ed). Artmed.

Creswell, J. W. (2021). Projeto de pesquisa: método qualitativo, quantitativo e misto (5 ª ed) Penso.

Combs, B., Heaton, K., Raju, D., Sieber, W. K. & Vence, D. (2018). A Descriptive Study of Musculoskeletal Injuries in Long-Haul Truck Drivers: A NIOSH National Survey. Workplace HealtH & Safety, 66(10), 475-481. https:// doi.org/10.1177/2165079917750935

Confederação Nacional do Transporte (2022). Painel CNT de Consultas Dinâmicas dos Acidentes Rodoviários. https://www.cnt.org.br/painel-acidente

Confederação Nacional do Transporte. (2019). Pesquisa CNT de perfil dos caminhoneiros 2019. CNT. https://www.cnt.org.br/perfil-dos-caminhoneiros

Confederação Nacional do Transporte. (2019a). Acidentes rodoviários: estatísticas envolvendo caminhões. CNT. https://cnt.org.br/pesquisas.

Confederação Nacional do Transporte.(2019b). O transporte move o Brasil: resumo das propostas da CNT ao país. CNT. https://cnt.org.br/propostas-cnt-transporte

Conselho Federal de Psicologia. (2000). Resolução cpf n°016/2000, de 20 de dezembro de 2000. Dispõe sobre a realização de pesquisa em psicologia com seres humanos. http://www.fiocruz.br/biosseguranca/bis/manuais/qualidade/cfp16-00.pdf

Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho (5ª. ed.) Cortez.

Dejours, C.(1996). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. In: J. Chanlat (Orgs.), O indivíduo nas organizações: dimensões esquecidas. (3 ª ed, p. 158-163). Atlas.

Dejours, C. (2000). Entrevista com Christophe Dejours. Revista Latino Americana de psicopatologia fundamental, 4(3), 158-163. https://doi.org/10.1590/1415-47142001003016

Dejours, C. (2007). A banalização da injustiça social: Editora FGV.

Dejours, C. (2008). A avaliação do trabalho submetida a prova do real. In: L. I Sznelwar & F. L. Mascia (orgs) Trabalho, Tecnologia e Organização. Blucher.

Dejours. C. (2017) Psicodinâmica do trabalho: casos clínicos. (1ª ed). Dublimense

Facas, E. P. (2021).PROART: Riscos Psicossociais Relacionados ao Trabalho. Editora Fi.

Ferreira, S. de S., & Alvarez, D. (2013). Organização do Trabalho e Comprometimento da Saúde: Um Estudo em Caminhoneiros. Sistemas &Amp; Gestão, 8(1), 58–66. https://doi.org/10.7177/sg.2013.V8.N1.A5

Gil, A. C. (2022). Como elaborar projetos de pesquisa. (7 ª ed.). Atlas.

Gernet, I, & Dejours, C. (2011). Avaliação do trabalho e reconhecimento. In P. F, Bendassolli & L. A. P, Soboll (Orgs.) Clinicas do trabalho. Atlas

Heckathorn D. D. (2011). Snowball versus respondent-driven sampling. Sociological methodology, 41(1), 355–366. https://doi.org/10.1111/j.1467-9531.2011.01244.x

Heloani, R., & Lancman, S. (2004). Psicodinâmica do trabalho: o método clínico de intervenção e investigação. Revista Produção, 14(3), 77-086. https://doi.org/10.1590/S0103-65132004000300009

Kresal, F., Suklan, J., Roblek, V., Jerman, A., & Meško, M. (2017). Psychosocial Risk Factors for Low Back Pain and Absenteeism among Slovenian Professional Drivers. Central European journal of public health, 25(2), 135–140. https://doi.org/10.21101/cejph.a4385

Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. (1997). Institui o Código de Trânsito Brasileiro. Presidencia da Republica. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503compilado.htm

Lei n° 13.103, de 2 de março de 2015. (2015). Dispõe sobre o exercício da profissão de motorista. Presisencia da República. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13103.htm

Medeiros, S. N. de, Martins, S. R., & Mendes, A. M (2017). Sofrimento e defesa: análise psicodinâmica do trabalho de monitoramento aéreo de trânsito. Trivium – Estudos interdisciplinares, 9(1), 74-90. https://doi.org/10.18379/2176-4891.2017v1p.74

Mendel, T. (2020). Análise preliminar de riscos de motoristas de caminhão autônomos. [Dissertação de especialização em engenharia de segurança do trabalho, Unisinos]. http://www.repositorio.jesuita.org.br/bitstream/handle/UNISINOS/10268/Tatiana%20Mendel_.pdf?sequence=1

Mendes, A. M. B. (1995). Aspectos psicodinâmicos da relação homem-trabalho: as contribuições de C. Dejours. Psicologia: Ciência e Profissão, 15(1-3), 34-38. https://doi.org/10.1590/S1414-98931995000100009

Mendes, A. M. (Org.). (2007). Psicodinâmica do Trabalho: teoria, método e pesquisa. Casa do Psicólogo.

Mendes, A. M. & Ferreira, M. C. (2007). Inventário sobre trabalho e Riscos de adoecimento ITRA: Instrumento Auxiliar de Diagnósticos de indicadores críticos no trabalho. In A. M., Mendes (Org.). Psicodinâmica do Trabalho: teoria, método e pesquisa. Casa do Psicólogo.

Merlo, Á. R. C. (2002). Psicodinâmica do trabalho. In: M. G., Jaques & W. Codo, (Orgs.). Saúde mental & trabalho: leituras. Vozes.

Merlo, Á. R. C. & Mendes, A. M. B. (2009). Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa e ação. Cadernos de psicologia social e do trabalho, 12(2), 141-156. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151637172009000200002&lng=pt&tlng=pt

Messias, J. C., Cavieres-Higuera, H., Silva, R. A., Facundo, G. N. de S., & Lessa, R. T. (2019). Ser caminhoneiro no Brasil: dos autoestereótipos implícitos à justificação de sistema. Estudos De Psicologia, 36. https://periodicos.puc-campinas.edu.br/estudos/article/view/7395

Minayo. M. C. S (orgs) (2015). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade, (34 ª ed.) Vozes.

Ministério da Saúde. (2016). Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. Conselho Nacional de Saúde. http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf

Ministério da Infraestrutura. (2022). Registro nacional de Condutores Habilitados. https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-Senatran/estatisticas-quantidade-de-habilitados-denatran

Ministério do Trabalho e da Previdência. (2021). Fiscalização do Trabalho no Setor dos Transportes. https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/fiscalizacao-do-trabalho-no-setor-dos-transportes

Moreno, C. R. de C., & Rotenberg, L. (2009). Fatores determinantes da atividade dos motoristas de caminhão e repercussões à saúde: um olhar a partir da análise coletiva do trabalho. Revista brasileira de saúde ocupacional, 34(120) 128-138, https://doi.org/10.1590/S0303-76572009000200004

Ohlendorf, D, Troebs, P., Lenk, A., Wanke, E., Natrup, J., Groneberg, D. (2017). Postural sway, working years and BMI in healthy truck drivers: an observational study. BMJ Open. https://doi.org/10.1136/bmjopen-2016-01328

Policia Rodoviária Federal (2021).PRF flagra 40 motoristas descumprindo a lei do descanso em Juiz de Fora (MG). https://www.gov.br/prf/pt-br/noticias/estaduais/minas-gerais/junho/prf-flagra-40-motoristas-descumprindo-a-lei-do-descanso-em-juiz-de-fora-mg

Policia Rodoviária Federal (2022). PRF registra 121 infrações à Lei do Descanso durante fiscalização em Pernambuco. https://www.gov.br/prf/pt-br/noticias/estaduais/pernambuco/maio-2022/prf-registra-121-infracoes-a-lei-do-descanso-durante-fiscalizacao-em-pernambuco

Prodanov, C. C. & Freitas, E. C. (2013). Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. (2 ed.). Feevale.

Ramos, A. (2021, 30 de julho). Multas por desrespeito à lei do descanso crescem 272%. Estadao. https://estradao.estadao.com.br/servicos/multas-por-desrespeito-a-lei-do-descanso-crescem-272/#:~:text=Contudo%2C%20o%20desrespeito%20da%20lei,%2C%20uma%20alta%20de%20254%25

Santos, J. L. G., Erdmann, A. L, Meirelles, B. H. S., Lanzoni, G. M. M., Cunha, V. P. & Ross, R. (2017). Integração entre dados quantitativos e qualitativos em uma pesquisa de métodos mistos. Texto & Contexto Enfermagem, 26(3), https://doi.org/10.1590/0104-07072017001590016

Škerlic, S. & Erculij, V. (2021). The Impact of Financial and Non-Financial Work Incentives on the Safety Behavior of Heavy Truck Drivers. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(5), https://doi.org/10.3390/ijerph18052759

Sekkay, F., Imbeau, D., Chinniah, Y., Dubé, P., Marcellis-Warin,N., Beauregard, N. & Trepanier, M. (2020). Assessment of physical work demand of short distance industrial gas delivery truck drivers. Applied Ergonomics, 89. https://doi.org/10.1016/j.apergo.2020.103222

Sekkay, F., Imbeau, D., Chinniah, Y., Dubé, P., Marcellis-Warin,N., Beauregard, N. & Trepanier, M. (2018). Risk factors associated with self-reported musculoskeletal pain among short and long distance industrial gas delivery truck drivers. Applied Ergonomics, 72, 69-87. https://doi.org/10.1016/j.apergo.2018.05.005

Silva, C. C., & Bonvicini, C. R. (2018). Dejours, C., Abdoucheli, E., & Jayet, C. (2014). Psicodinâmica do Trabalho (1 ed.). Atlas. Psicologia e Saúde Em Debate, 4(2), 138–147. https://doi.org/10.22289/2446-922X.V4N2A10

Soldera, L. M. (2016). Breve compêndio conceitual e metodológico da Psicodinâmica do Trabalho e da Psicossociologia. Caderno de psicologia social e trabalho, 19(2), 243-253. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-37172016000200009&lng=pt&tlng=pt

Souza. S. M. M. (2017). Análise ergonômica do trabalho de um condutor de veículos de transporte rodoviário de cargas. [Monografia Engenheira de Produção. Universidade Federal de Ouro Preto] https://www.monografias.ufop.br/bitstream/35400000/340/1/MONOGRAFIA_An%C3%A1liseErgon%C3%B4micaTrabalho.pdf

Souza-Duarte, F., Silva, S., Martínez, M. J & Mendes, A. M. (2022). Da psicodinâmica à psicopatologia do trabalho no brasil: (in)definições e possibilidades. Psicologia em estudo, 27, e48172. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v27i0.48172

Publicado

2024-09-11

Cómo citar

Frey, A. F., & Giongo, C. R. (2024). Prazer e Sofrimento no Trabalho: Um Olhar Para os Motoristas de Caminhão. Trabalho (En)Cena, 9(Contínuo), e024032. https://doi.org/10.20873/2526-1487e024032

Número

Sección

Dossiê: Trabalho, Subjetividades e Práticas Clínicas

Artículos más leídos del mismo autor/a