Prazer e Sofrimento no Trabalho: Um Olhar Para os Motoristas de Caminhão
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e024032Palavras-chave:
Saúde mental, Condução de veículo, Psicodinâmica, Psicodinâmica do trabalhoResumo
O objetivo deste artigo é analisar os fatores de prazer e sofrimento no trabalho de motoristas
de caminhão. A pesquisa teve um delineamento exploratório-descritivo de metodologia mista
e contou com a participação de 30 caminhoneiros, com idade média de 46,2 anos. Foi
aplicado o Inventário do Trabalho e Riscos de Adoecimento em todos os participantes, desse
total 07 foram entrevistados. Os resultados apontaram para a precarização das condições e da
organização do trabalho, gerando vivências de sofrimento associadas à insegurança, à falta de
infraestrutura dos percursos, à sobrecarga de trabalho e à necessidade de cumprir os prazos
das entregas. Diante disso, os motoristas parecem utilizar estratégias defensivas de negação e
racionalização do sofrimento. Por outro lado, as vivências de prazer estavam atreladas ao
amor pela profissão, à remuneração e à importância social do trabalho. Concluiu-se que as
vivências de prazer e sofrimento estão em níveis satisfatórios para este grupo profissional,
porém os dados qualitativos divergem dos dados quantitativos e evidenciam que são
necessárias ações e projetos públicos que visem à melhoria das condições de trabalho do
grupo profissional, como por exemplo: pontos de parada com estrutura e segurança; e maior
fiscalização em relação às jornadas de trabalho desse grupo profissional.
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