v. 1 n. 1 (2015): Bem-te-vi

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Uma historieta aqui, uma anedota ali, outra quixotice acolá. Sem titubear, o autor bamburra na lavra de almas insólitas das veredas e dos sertões de um recorte do Brasil. A fisgada certa ao contado em rodas de amigos, jorrado feito fervedouro d’água, vastidões de experiências pessoais, trazidas em relatos despretensiosos por cada persona de origem interiorana com mais de trinta. Nesse terreno, o teor universal que traz a auxiliar de serviços gerais. Sua melancolia durante o cigarro que a ajuda a queimar os excessos de narrativa não processados. Muitas delas, escondidas nos recônditos ermos de uma alma vendada-e-vendada no esmero de solidões gerais que, acessadas, se tornam dignas de contadores em nobreza emparelhada a Miguel Cervantes, Gabriel García Márquez, Machado de Assis. Eis a matéria prima de Ernesto Silva na construção desse Bem-te-vi. Samarica, Dão Tatalo, Baltazar, Tõe, Serafim Correia do Espírito Santo, Almerindo, Seu Antenor, o Briguello, personagens todos, fantasiados de forma tal, que colocam em risco a lógica e a lucidez das convenções urbanas. Bem-te-vi pega a geografia do coração da terra e o relevo da alma de suas histórias e, pleonasticamente, funde. Espontâneo, transforma drama em humor e vice-versa, aboio em liberdade e vice-versa, ficção em realidade (nessa ordem) e vice-versa.

Publicado: 2025-06-11

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