v. 1 n. 62 (2024): Arquitetura de Paz na América do Sul: Brasil, hegemonia e a consolidação da paz
A atual conjuntura da América do Sul apresenta-se enquanto um desafio no que se refere a construção da paz regional. A paz, portanto, na região é entendida, pelos acadêmicos, enquanto anômala, referente ao número relativamente baixo de conflitos interestatais na região. Sob esta égide, embora os países Sul-americanos não entrem em conflitos diretos, verifica-se um alto índice de problemas estruturais, que resultam na consolidação de uma paz negativa. Neste sentido, busca-se compreender a singularidade da construção da paz na América do Sul, tendo em consideração o papel da projeção regional e internacional do Brasil nesta configuração. Assim, para entender esta projeção brasileira em prol de uma política a favor da manutenção da paz (negativa), utiliza-se a construção metodológica de Gramsci (1971) acerca da conceitualização do Bloco Histórico e Hegemonia, bem como suas possíveis (re)interpretações e transposições para o cenário internacional, mais especificamente em casos de regionalismo (MERCOSUL). Em última análise, busca-se uma releitura, a partir de uma perspectiva neogramsciana, da concepção de paz que, devido aos caminhos epistemológicos deste livro, passa por reinterpretar também os conceitos arraigados ao regionalismo.