v. 1 n. 1 (2017): A Constituição do Ser (ator) entre a Cotidianidade e as Artes Cênicas
Esta obra tenta responder à questão: Qual o papel da experiência corporal-estética na formação do ser-ator e nos seus processos de construção de conhecimento a respeito do seu potencial de ação simbólica? Utilizamos, para tanto, da explicitação e análise de parte das experiências práticas do Eu-Outro Núcleo de Pesquisa Cênica, quando da montagem de dois espetáculos teatrais - Favores da Lua – o prólogo e O Touro Branco. Essas experiências ilustram três eixos de discussão teórica de que nos utilizamos para responder à questão central desta investigação: 1 – a ideia de Merleau-Ponty de que o homem é um fenômeno senciente que persiste no tempo; 2 – a aproximação que Gadamer faz entre as artes, o jogo e a festa, em que reconhecemos dupla possibilidade de experiência do tempo – como linear e como cíclico – e a repetição como categoria temporal das artes cênicas; 3 – o desenvolvimento conceitual de Boesch sobre cultura e ação em articulação com as propostas de Elias sobre a inevitável interdependência constitutiva entre identidade de grupo e identidade pessoal. Concluímos existir um conhecimento inerente à criação teatral que se refere a certo poder do ser sobre o mundo. Esse poder, quando alargado, reorganiza a existência senciente do ser e nisso estabelece novas possibilidades e limites para suas relações futuras com esse mesmo mundo.