UM OLHAR CONTEMPORÂNEO PARA OS SABERES INDÍGENAS: DIVERSIDADE TERRITORIAL, PENSAMENTO DIVERGENTE E CONTINUIDADE ONTOLÓGICA
DOI:
https://doi.org/10.20873/stmmta2022-5,2-2Resumo
Este ensaio se propõe a contribuir com para a interpretação dos geógrafos sobre as lutas sociais
contemporâneas e para a defesa dos direitos indígenas. A necessidade sempre atual de abordar em
profundidade aspectos relevantes da realidade social brasileira, em especial a diversidade cultural
e territorial (em que se inclui a diversidade biológica, vista como sociobiodiversidade), coloca em
debate a compreensão das múltiplas escalas e temporalidades que intervém no espaço concreto das
aldeias indígenas e suas relações sociais. Ao propor tal análise, vislumbra-se temas essenciais para
a compreensão dos dias atuais como a identidade, o feminismo, o antirracismo e o preconceito de
base interseccional – que pautam as lutas sociais contemporâneas, vistas como lutas por espaço
(Massey apud Haesbaert, 2015:28) – e seus possíveis impactos teóricos e metodológicos para a
Geografia contemporânea. O preconceito de base étnica e outras representações produzidas a partir
de sobre os povos indígenas desde o século XVI, desumanizando-os, têm sido largamente utilizado
pela Colonização, a partir de seus agentes leigos e clericais, conferindo legitimidade às ações de
sujeição e dominação (Marim & Gomes, 2003; Tavares, 2008; Cunha, 2012). A relação histórica
(e geográfica) entre estes os indígenas e seus vizinhos regionais chegantes promove, desde sempre,
a desordem territorial, resultando no contexto atual em que se encontram submetidos. Mas apesar
disso, não se pode fechar-se para as cosmovisões e o sentido profundo, a magia de ser e estar no
mundo, que os indígenas nos ensinam, permitindo que estas fluam também em nossa produção
teórica. É da necessidade de diálogo com estas cosmovisões, abrindo-se a estes “mundos de visão”
(Viveiros de Castro, 2018), que se pode de reorientar as leituras e a intepretação de mundo, e
refletir sobre as ideias que os indígenas nos apresentam para adiar o fim do mundo (Krenak, 2018)
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