MULHERES E O TRABALHO TERCEIRIZADO DE HIGIENIZAÇÃO E LIMPEZA NA PANDEMIA DE COVID-19

ENTRE INVISIBILIDADES E SOFRIMENTO

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e022023

Palabras clave:

mulheres, trabalho terceirizado, saúde mental, invisibilidade feminina

Resumen

O presente artigo tem como objetivo analisar qual o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental de trabalhadoras terceirizadas em contratos de higienização e limpeza em instituições federais de ensino (IFES) no estado do Rio Grande do Sul. Esse tipo de atividade laboral é atravessado pela precarização das relações de trabalho, o que expõe as trabalhadoras a diversas desigualdades. Para tanto, se faz uso da técnica de métodos mistos, incorporando duas etapas de coleta de dados, uma quantitativa via Google Formulários e outra qualitativa com entrevistas em profundidade via chamada de voz. Os dados apresentam uma piora na saúde mental e física das trabalhadoras de limpeza terceirizadas durante a pandemia. Também permitiram averiguar o aumento na intensidade da jornada de trabalho e o impacto da invisibilização na realidade laboral das trabalhadoras.  Conclui-se que existem interesses na manutenção do trabalho feminino terceirizado, mesmo durante a pandemia de COVID-19, visto que há lucratividade para o Estado e para as empresas terceirizadas. Isso acarreta condições precarizadas e invisibilizadas de trabalho feminino na área de limpeza, ampliando os malefícios sobre a saúde das mulheres.

Biografía del autor/a

Maitê de Siqueira Brahm, Universidade Católica de Pelotas, PPG em Políticas Sociais e Direitos Humanos

Possui graduação em Bacharelado em Turismo pela Universidade Federal de Pelotas (2011), graduação em Bacharelado em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande (2013) e é pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas pela Faculdade Educacional da Lapa (2014) . Concluiu Mestrado Acadêmico em Administração (2015) na Universidade do Vale do Rio dos Sinos. É doutora em Políticas Sociais e Direitos Humanos pela Universidade Católica de Pelotas (2021). Atualmente é administradora na Universidade Federal do Rio Grande atuando junto a Pró-Reitoria de Infra Estrutura. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração e Gestão de Pessoas.

Mara Rosange Acosta de Medeiros, Universidade Católica de Pelotas, PPG em Políticas Sociais e Direitos Humanos

Possui graduação em Serviço Social pela Universidade Católica de Pelotas (1991), Especialização em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (1995), Mestrado em Desenvolvimento Social pela Universidade Católica de Pelotas (1999) e Doutorado em Serviço Social pela PUCRS (2008). Foi Tutora do Curso de Especialização "Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais" (promovido pelo CFESS, ABEPSS e CEAD/UnB). Atualmente é professora Adjunto do Curso de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Política Social e Direitos Humanos da Universidade Católica de Pelotas/UCPEL. É coordenadora do Curso de Serviço Social da UCPEL e membro da equipe editorial do Periódico Sociedade em Debate. Foi integrante do Comitê de Ética em Pesquisa da UCPel. Tem experiência na área de Serviço Social, atuando principalmente nos seguintes temas: serviço social, políticas sociais, programas de transferência de renda, gênero e pobreza. Consultora ad hoc CAPES.

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Publicado

2022-12-22

Cómo citar

de Siqueira Brahm, M., & Acosta de Medeiros, M. R. (2022). MULHERES E O TRABALHO TERCEIRIZADO DE HIGIENIZAÇÃO E LIMPEZA NA PANDEMIA DE COVID-19: ENTRE INVISIBILIDADES E SOFRIMENTO. Trabalho (En)Cena, 7, e022023. https://doi.org/10.20873/2526-1487e022023

Número

Sección

DOSSIÊ SAÚDE MENTAL NO TRABALHO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19