INFLUÊNCIAS DAS CONSTRUÇÕES ESTEREOTIPADAS DE GÊNERO NA CARGA MENTAL DE TRABALHO DAS MULHERES
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e023027Keywords:
Carga mental de trabalho, Mulheres, Sobrecarga de trabalho, Saúde mental, GêneroAbstract
O objetivo deste estudo é compreender como a carga mental de trabalho das mulheres pode ser afetada por construções estereotipadas de gênero. Foi realizada uma pesquisa qualitativa e exploratória com dados secundários, disponibilizados por uma das Gerências Regionais da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco – Brasil. Os resultados indicaram que as mulheres são maioria (72%) executando o trabalho doméstico e familiar (20 horas ou mais por semana) além de exercerem 40 horas semanais no seu trabalho na área da educação. Embora os homens e as mulheres estejam no mesmo seguimento de trabalho formal e remunerado, com quantidades de horas de trabalho similares, há uma expectativa cultural estereotipada de que são as mulheres que devem se articular para desempenhar as tarefas domésticas e os cuidados com pessoas e animais domésticos em suas residências. Aspecto que atribui especificidades diferenciadas para a carga mental de trabalho de homens e de mulheres, uma vez que o trabalho doméstico e familiar tende a não ser remunerado, não ter férias e/ou descanso, e pode produzir um estado de alerta constante, resultando para muitas mulheres o uso excessivo das funções cognitivas e intelectuais, promovendo a exaustão mental.
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