O TRABALHO DE EDUCADORAS DA REDE PÚBLICA:
ENTRE O GERENCIALISMO E O SOFRIMENTO ÉTICO
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e021001Palavras-chave:
Trabalho docente; Gestão gerencialista; Sofrimento ético; Clínica Psicodinâmica do Trabalho, trabalho docente, gestão gerencialista, sofrimento ético, clínica psicodinâmica do trabalhoResumo
Esse estudo teve como objetivo apresentar as perspectivas da competição e da cooperação no trabalho docente a partir dos achados de duas clínicas do trabalho realizadas com grupos distintos de educadoras de escolas públicas. Adotaram-se os dispositivos da Clínica Psicodinâmica do Trabalho na escuta dos grupos, e a técnica de Análise Clínica do Trabalho para o tratamento dos dados. Um aspecto em comum nos dois grupos foi a sobrecarga de trabalho, não só pela extensa carga horária, mas pela assunção de papeis que ultrapassam as prescrições do ensino em sala de aula. Em uma das escolas, bem classificada no ranking avaliativo local, predomina-se o estilo gestão gerencialista, trazendo repercussões para as relações interpessoais, marcadas pelo individualismo e pela competitividade. A outra escola, localizada mais à margem dos padrões avaliativos, a despeito das dificuldades das condições de trabalho, apresentava um cenário mais propício à cooperação e à mobilização frente ao sofrimento ético. As relações pautadas na construção de laços afetivos podem ser favorecedoras de uma educação mais emancipadora e mais saudável.
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