O trabalho das diaristas através das plataformas digitais: a precarização e o impacto em sua saúde mental
DOI:
https://doi.org/10.20873/2526-1487e024010Palavras-chave:
Psicodinâmica do Trabalho, Diaristas por aplicativo, Uberização, Psicodinâmica do Trabalho; Diaristas por aplicativo; Uberização; Precarização; Saúde mental do Trabalhador., Saúde mental do TrabalhadorResumo
O trabalho por aplicativos, impulsionado pelo avanço das tecnologias, vem se expandido no Brasil devido ao aumento do desemprego e recessão econômica, tornando-se uma alternativa para as pessoas se manterem no mercado de trabalho e melhorarem sua renda. Embora as plataformas digitais tragam inovações e oportunidades de emprego, também trazem impactos negativos aos trabalhadores que delas dependem. Este artigo, baseado na abordagem da Psicodinâmica do Trabalho, pretende analisar a organização do trabalho, vivências de prazer, sofrimento e estratégias de enfrentamento de diaristas do serviço de limpeza doméstica que utilizam plataformas digitais. A pesquisa, de natureza qualitativa, consistiu em entrevistar dez diaristas que operam por meio dessas plataformas. Para análise dos dados utilizou-se a análise clínica do trabalho. Os resultados destacaram que flexibilidade, aumento de clientes, promessas de maiores ganhos e autonomia atraem profissionais para o uso de aplicativos, permitindo que elas conciliem com outras atividades. No entanto, a uberização do trabalho contribui para a precarização, com as empresas explorando as trabalhadoras, desonerando-se de direitos trabalhistas e transferindo riscos e custos às mesmas. Conclui-se que essa forma de trabalho é preocupante porque gera vivências de sofrimento. É necessário buscar soluções para garantir melhores condições de trabalho e bem-estar para essas trabalhadoras.
Referências
Abílio, L. C. (2019). Uberização: Do empreendedorismo ao autogerenciamento subordinado.
Perspectivas. V.18, nº 3. Valparaíso. http://dx.doi.org/10.5027/psicoperspectivas-vol18-issue3-fulltext-1674
Abílio, L. C. (2020). Uberização: a era do trabalhador just-in-time? Estudos avançados, 34(98), 111-126. https://doi.org/10.1590/s0103-4014.2020.3498.008
Almeida, L. H. A. dos A.; (2014). Diaristas: Trabalho doméstico ou autônomo. https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/%2038645/diaristas- trabalho- domestico-%20ou-autonomo%3
Antunes, R. (2020). Trabalho intermitente e uberização do trabalho no limiar da indústria 4.0. In: Antunes, R (Org.). Uberização, trabalho digital e indústria 4.0. São Paulo: Boitempo Editoral, p.11-22.
Brasil. Lei 5.859 de 11 de Dezembro de 1972. Dispõe sobre a profissão de empregado doméstico. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5859.htm
Bueno, M.; Macêdo, K. B.; A Clínica psicodinâmica do trabalho: de Dejours às pesquisas brasileiras. (2012). v 2, n. 2. Revista Ecos. http://www.periodicoshumanas.uff.br/ecos/article/view/1010
Cardoso, I. L. (2017). Entre narrativas biográficas: a vida de diaristas no trabalho doméstico. Universidade de Brasília. Faculdade de Ceilândia, Brasília-DF. https://www.repositorio.unb.br/bitstream/10482/24619/1/2017_ItalaLopesCardoso.pdf
Campos, M. F. de ., & Viegas, M. F. (2022). Sofrimento no Trabalho e estratégias dos professores contra o adoecimento psíquico. Trabalho & Educação, 31(1), 103–119. https://doi.org/10.35699/2238037X.2022.38580 .
Coutinho, R. L.; Ferreira, M. M. V. (2021). A uberização do trabalho doméstico em tempos de pandemia: precarização de uma categoria precarizada. Belo Horizonte, vol.1, n.1, março/ago. https://palavraseca.direito.ufmg.br/index.php/palavraseca/article/view/3
Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo. 5° ed. São Paulo: Cortez-Oboré.
Delgado, M. G.; (2019). Curso de direito do trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18ª ed. Ltr. São Paulo. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7647044/mod_resource/content/1/Curso%20de%20Direito%20do%20Trabalho%20-%20Mauri%CC%81cio%20Godinho%20Delgado%2C%202019.pdf
Dusi, L de A.; Taco, P. W. G; Neto, I. L. (2016). O uso de aplicativos de para smartphone no transporte individual: 99 taxis e Uber. Universidade de Brasília. Monografia de projeto final em transportes. Brasília/DF. https://bdm.unb.br/bitstream/10483/17041/1/2016_LuizaDeAlencarDusi_tcc.pdf
Ferreira, V. R. e Cruz, M. F. (2020). A escravidão digital de teletrabalhadores e trabalhadores de plataformas digitais. Revista Conceito Jurídico. Nº 47. Ano IV. https://rochacalderon.com.br/wp-content/uploads/2020/12/Revista-Conceito-Juridico-n-47.pdf
Fleury, A. R. D.; Macêdo, K. B. (2015). A clínica psicodinâmica do trabalho: teoria e método. In:Macêdo, K. B. (org). O diálogo que transforma: a clínica psicodinâmica do trabalho. Goiânia: Ed. Da PUC – Goiás, 2015.
Freitas, L. G. de, & Facas, E. P. (2013). Vivências de prazer-sofrimento no contexto de trabalho dos professores. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 13(1),7-26. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808- 42812013000100002&lng=pt&tlng=pt.
IPEA. Estudo do Ipea traça perfil do trabalho doméstico no Brasil. 2019. https://portalantigo.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=35255&c%20atid=10&Itemid=9
Luna, N. T. C. de; Oliveira, A. S. M. de; (2021). Os entregadores e aplicativos e fragmentação da classe trabalhadora na contemporaneidade. Programa de pós graduação em Serviço Social e Curso de graduação em Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina. Revista Katálysis, vol. 25, n.1, p. 73-82, 2022. https://www.scielo.br/j/rk/a/N7BxZXGHydtGWmMFwgfGxcq/abstract/?lang=pt
Machado, L. de S. e Macêdo, K. B. (2022). As relações de trabalho em tempos de crise: o olhar da Psicodinâmica do Trabalho – Teoria, Método e Casos. Ed. CRV. Curitiba-PR
Naveca, V. M. A.; Silva, W. A. da.; Pereira, F. C. de L.; Lima C. R. B. de; (2020). Clean House: Projeto de Implementação de Aplicativo para Contratação de Diarista em Boa Vista - RR. Revista Multidisciplinar Pey Keyo Científico – ISSN 2525-8508, Vol.6, Nº 04. http://periodicos.estacio.br/index.php/pkcroraima/article/download/9162/47967466.
Oliveira, C; Salomão, K; Fonseca, M; Flach, N. (2019). Exame: A Economia dos Apps Exame, São Paulo, n. 1183, p. 18-29. https://ilocomotiva.com.br/clipping/exame-a-economia-dos-apps/
Parizotti, R. (2021). Trabalho por aplicativo: jornada extensa, poucos direitos e até ‘rendimento negativo’. Rede Brasil Atual. https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/trabalho-por-aplicativos-jornada-extensa-poucos-direitos-e-ate-rendimento-negativo/
Rebechi, C. N.; Baptistella, C. V. (2021). O Trabalho Mediado por Plataformas Digitais e Assimetrias nas Relações de Comunicação. https://doi.org/10.1590/1982-0259.2022.e82596 Acesso em 15/05/2023.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Perla Santana de Siqueira, Kátia Barbosa Macêdo, Isabelle Rocha Arão, Luciana Garrido Canuto
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados pela Revista Trabalho EnCena permanecem propriedade dos autores, que cedem o direito de primeira publicação à revista. Os autores devem reconhecer a revista em publicações posteriores do manuscrito. O conteúdo da Revista Trabalho EnCena está sob a Licença Creative Commons de publicação em Acesso Aberto. É de responsabilidade dos autores não ter a duplicação de publicação ou tradução de artigo já publicado em outro periódico ou como capítulo de livro. A Revista Trabalho EnCena não aceita submissões que estejam tramitando em outra Revista. A Revista Trabalho EnCena exige contribuições significativas na concepção e/ou desenvolvimento da pesquisa e/ou redação do manuscrito e obrigatoriamente na revisão e aprovação da versão final. Independente da contribuição, todos os autores são igualmente responsáveis pelo artigo.