PESSOA COM AUTISMO, PESSOA AUTISTA OU AUTISTA
OBJETIVAÇÃO E SUBJETIVAÇÃO EM UM ARQUIVO CIENTÍFICO
DOI :
https://doi.org/10.20873/actasemiticaetlingvistica.v32iEspecial.21466Mots-clés :
Objetivação, Subjetivação, AutismoRésumé
Com base em postulações foucaultianas sobre arquivo, sujeito e poder, este artigo busca analisar a objetivação da pessoa autista em artigos científicos de uma plataforma de trabalhos sobre Ciências da Saúde. A perspectiva adotada para análise é essencialmente arqueológica (Foucault, 2008), tendo por alvo descrever as regras que regem as práticas discursivas de uma sociedade. Partindo da observação de enunciados utilizados para se referir à pessoa autista, muitas vezes considerados inadequados por essas próprias pessoas, a pergunta que norteia este estudo é: como a pessoa autista é objetivada/subjetivada no discurso de médicos e outros profissionais da saúde? A metodologia é de base qualitativa e, como procedimento metodológico, analisamos resumos de trabalhos científicos da plataforma LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Os resultados evidenciam que a objetivação das pessoas autistas retrata relações de saber-poder entre instituições, técnicas de disciplinarização e regulamentação. Essas práticas discursivas fazem do sujeito autista um efeito, uma construção que vai além dos traços biológicos desse corpo.
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