Como profissionais de saúde da atenção básica se protegem do sofrimento e vivenciam prazer no trabalho?

Autores

  • Eric Campos Alvarenga Universidade Federal do Pará https://orcid.org/0000-0002-1803-2356
  • Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira Universidade Federal do Pará
  • Anaclan Pereira Lopes da Silva Universidade Federal do Pará
  • Laura Soares Martins Nogueira FUNDACENTRO
  • Josué Gomes Pinheiro Universidade Federal do Pará
  • Dafne Borralho Pimentel Universidade Federal do Pará
  • Cláudio Ferreira Corrêa Filho Universidade Federal do Pará
  • Bruna Katiara Soares Costa Cordeiro Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.20873/2526-1487e024030

Palavras-chave:

Atenção Básica em Saúde, Saúde do Trabalhador, Psicodinâmica do trabalho., Saúde Mental e Trabalho, Psicologia Organizacional e do Trabalho

Resumo

O contexto de trabalho na Atenção Básica em Saúde tem sido marcado por condições
precárias e uma organização rígida de tarefas, especialmente localizadas na Amazônia
brasileira. Este artigo analisa a organização do trabalho das equipes de saúde da família de
Belém do Pará, verificando quais estratégias as trabalhadoras utilizam contra o sofrimento no
trabalho e quais suas vivências de prazer. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, descritiva e
exploratória com 19 profissionais de saúde de duas Unidades de Atenção Básica em Saúde de
Belém. Foram realizados 4 encontros coletivos com cada unidade. Os procedimentos de
pesquisa seguiram uma adaptação da metodologia da Psicodinâmica do Trabalho. Como
resultados, verificamos uma organização do trabalho com pouco espaço para mudanças. As
principais estratégias contra o sofrimento envolvem criar alertas entre as trabalhadoras para
protegerem-se de possíveis assaltos no território, buscar constantemente alternativas dentro da
rede de saúde para que usuários consigam receber atendimento especializado e exames, além
de aprender e realizar parte das atribuições dos médicos para ajudá-los a atender mais pessoas.
É necessário haver um diálogo maior com os profissionais responsáveis pela gestão das
equipes de saúde, a fim de facilitar uma reorganização dos processos de trabalho e promover
uma melhor saúde mental no cotidiano das equipes.

Referências

Alvarenga, E. C. (2013). A coragem de ser músico de orquestra sinfônica: uma análise baseada na psicodinâmica do trabalho. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Pará.

Alvarenga, E. C. (2018). A corda bamba do trabalhar das equipes de saúde da família de Belém (Tese de doutorado). Universidade Federal do Pará.

Anjos, F. B. (2013). Organização do Trabalho. In Dicionário crítico de gestão psicodinâmica do trabalho (pp. 267-274).

Araújo, A. F., & Greco, R. M. (2019). Associação entre condições de trabalho e os Indicadores de Prazer e Sofrimento no cotidiano de trabalho de Agentes Comunitários de Saúde. APS em revista, 1(3), 173–180.

Brasil. (2017). Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário oficial da União.

Castro, D., Dal Seno, D. & Pochmann, M. (2020). Capitalismo e a Covid-19: um debate urgente. São Paulo.

Celestino, L. C., Leal, L. A. & Lopes, O. C. A., Henriques, S. H. (2020). Riscos psicossociais relacionados ao trabalho do enfermeiro da Saúde da Família e estratégias de gerenciamento. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 54.

Cordeiro, T. M. S. C., & Araújo, T. M. de. (2017). Prevalência da capacidade para o trabalho inadequada entre trabalhadores de enfermagem da atenção básica à saúde. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, 15(2), 150-157.

Costa, M. C. da ., Silva, E. B. da ., Jahn, A. do C., Resta, D. G., Colom, I. C. dos S., & Carli, R. de (2012a). Processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde: possibilidades e limites. Revista Gaúcha De Enfermagem, 33(3), 134–140.

Costa, R. M., Junior, A. M., Costa, Íris do C. do C. C., & Pinheiro, I. V. de A. (2012b). O trabalho em equipe desenvolvido pelo cirurgião-dentista na Estratégia Saúde da Família: expectativas, desafios e precariedades. Revista Brasileira De Medicina De Família E Comunidade, 7(24), 147–163.

Dejours, C. (2004). Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In: S. Lancman & L. Sznelwar. (Orgs.). Christophe Dejours: Da Psicopatologia À Psicodinâmica do Trabalho. (pp. 47-104). Rio de Janeiro: Fiocruz.

Dejours, C. (2009). A loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez-Oboré.

Dejours C., & Abdoucheli, E. (2009). Itinerário teórico em psicopatologia do trabalho. In C. Dejours, E Abdoucheli & C. Jayet. (Orgs.). Psicodinâmica do trabalho: contribuição da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. (pp. 119-145) São Paulo: Atlas.

Dejours, C., Lançman, S., & Sznlewarr, L. (2011). Addendum: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In Christophe Dejours: da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho (Vol. 2, pp. 49-106).

Dejours, C. (2012). Trabalho vivo: trabalho e emancipação. Brasília: paralelo, 15.

Denzin, N., & Lincoln, Y. (2006). A disciplina e a prática da pesquisa qualitativa. In O Planejamento da Pesquisa Qualitativa: teorias e abordagens.

Faria, M. G. de A., Silveira, E. A., Cabral, G. R. F C., Silva, R. O., Daher, D. V. & David, H. M. S. L. (2020). Saúde do trabalhador no contexto da estratégia de saúde da família: revisão integrativa de literatura. Escola Anna Nery, 24(4).

Freud, S. (2011). O mal-estar na cultura. São Paulo: L&PM Pocket (Trabalho original publicado em 1930).

Flórido, H. G., Duarte, S. da C. M., Floresta, W. M. C., Marins, A. M. da F., Broca, P. V., & Moraes, J. R. M. M. de .. (2020). Nurse’s management of workplace violence situations in the family health strategy. Texto & Contexto - Enfermagem, 29, e20180432.

Giovanella, L., Bousquat, A. E. M., Schenkman, S., Almeida, P. F., Sardinha, L. M. V., & Vieira, M. L. F. P. (2021). Cobertura da Estratégia Saúde da Família no Brasil: o que nos mostram as Pesquisas Nacionais de Saúde 2013 e 2019. Ciência & Saúde Coletiva, 26, 2543-2556.

Girardi, E. O. L., Nickel, E. M., Moraes, G. G. de, Muraro, C. F., Ferreira, M. G. G., & Domenech, S. C. (2023). Análise da estrutura organizacional de uma Unidade de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares no SUS: um estudo de caso. Human Factors in Design, 12(24), 126–137.

Johansen, I. H., Baste, V., Rosta, J., Aasland, O. G., & Morken, T. (2017). Changes in prevalence of workplace violence against doctors in all medical specialties in Norway between 1993 and 2014: a repeated cross-sectional survey. BMJ open, 7(8), e017757.

Krein, S. L., Saint, S., Trautner, B. W., Kuhn, L., Colozzi, J., Ratz, D., Lescinskas, E., & Chopra, V. (2019). Patient-reported complications related to peripherally inserted central catheters: a multicentre prospective cohort study. BMJ quality & safety, 28(7), 574–581.

Mendes, A. M. (2007). Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Mendes, A. M., Merlo, A. R. C., & Araújo, L. K. R. (2011). Práticas clínica em psicodinâmica do trabalho: experiências brasileiras. In Clínicas do Trabalho - Novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade (pp. 169-187).

Mendes, M., Trindade, L. de L., Pires, D. E. P. de, Martins, M. M. F. P. da S., Ribeiro, O. M. P. L., Forte, E. C. N., & Soratto, J. (2021). Práticas da enfermagem na estratégia saúde da família no Brasil: interfaces no adoecimento. Revista Gaúcha De Enfermagem, 42(spe)

Nascimento, E. P. L., & Correa, C. R. S. (2008). O agente comunitário de saúde: formação, inserção e práticas. Cad. Saúde Pública, 24(6), 1304-1313.

Neves, M. Y., Seligmann-Silva, E., & Athayde, M. (2004). Saúde mental e trabalho: um campo de estudo em construção. Em Cenários do trabalho: subjetividade, movimento e enigma (pp. 19-49).

Paschoalotto, M. A. C., Lazzari, E. A., Castro, M. C., Rocha, R., & Massuda, A. (2023). A resiliência de sistemas de saúde: apontamentos para uma agenda de pesquisa para o SUS. Saúde em Debate, 46(8), 156-170.

Petermann, X. V. (2020). Promoção da saúde da população idosa na perspectiva de profissionais da saúde de equipes de atenção primária de Arroio do Tigre/RS. (Dissertação de mestrado). Universidade Federal de Santa Maria.

Seligmann-Silva, E. (2011). Trabalho e desgaste mental: o direito de ser dono de si mesmo. São Paulo: Cortez.

Silva Junior, R. F., Gusmão, R. O. M., Araújo, D. D. de, Cardoso, D. S., Castro, L. M. & Silva, C. S. de O. (2021). Violência no trabalho contra os trabalhadores de enfermagem e seus imbricamentos com a saúde mental. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, 11.

Souza, N. V. D. O., Carvalho, E. C., Soares, S. S. S., Varella, T. C. L., Pereira, S. R. M. & Andrade, K. B. S. (2021). Trabalho de enfermagem na pandemia da covid-19 e repercussões para a saúde mental dos trabalhadores. Revista Gaúcha de Enfermagem, 42.

Takitane, J., Oliveira, L. G. de ., Endo, L. G., Oliveira, K. C. B. G. de ., Muñoz, D. R., Yonamine, M., & Leyton, V.. (2013). Uso de anfetaminas por motoristas de caminhão em rodovias do Estado de São Paulo: um risco à ocorrência de acidentes de trânsito?. Ciência & Saúde Coletiva, 18(5), 1247–1254.

Downloads

Publicado

2024-09-11

Como Citar

Alvarenga, E. C., Oliveira, P. de T. R. de, Silva, A. P. L. da, Nogueira, L. S. M., Pinheiro, J. G., Pimentel, D. B., … Cordeiro, B. K. S. C. (2024). Como profissionais de saúde da atenção básica se protegem do sofrimento e vivenciam prazer no trabalho?. Trabalho (En)Cena, 9(Contínuo), e024030. https://doi.org/10.20873/2526-1487e024030

Edição

Seção

Dossiê: Trabalho, Subjetividades e Práticas Clínicas