TRAGÉDIA GREGA, SIM, POR QUE NÃO?

Relato de uma experiência

Autores

  • Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa Universidade Federal de Minas Gerais
  • Anna Mosca Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo

Propomos um relato de pesquisa em teatro e tradução de teatro. Inicialmente, trazemos uma breve apresentação – sem discussão – da metodologia utilizada para a tradução e encenação de tragédias áticas do século V a.C. pela Truπersa (Trupe de Tradução de Teatro Antigo). A estratégia, que consiste em verter coletivamente um texto e encenar a tradução realizada, impõe o convívio entre os participantes de uma equipe variada e composta por filólogos, helenistas e artistas. Os desafios naturais, impostos pela convivência no trabalho criativo, são superados pela força do conjunto e pela catarse proporcionada pelo texto trágico em si. A proposta foi iniciada em 2009 e vem sendo desenvolvida paulatinamente. Em 2012 o primeiro resultado foi submetido, por ocasião do IIº Congresso da Sociedade Brasileira de Retórica, à apreciação acadêmica. A peça euripidiana Medeia, traduzida pela Truπersa, foi encenada para um público heterogêneo, em espaço aberto, no Parque das Mangabeiras (Belo Horizonte), na íntegra. A plateia congregava crianças, adultos e pessoas já avançadas em idade. Mais tarde foram encenadas igualmente as peças Hécuba (2017) e Orestes (2018), ambas de Eurípides. A reflexão apresentada neste momento, no entanto, se limita à repercussão do espetáculo Orestes, meu malvado preferido, produzido como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As ações de pesquisa (tradução e criação artística) do TCC buscaram tanto uma tradução funcional comprometida com a ação cênica quanto um espetáculo eficaz e produtor de convívio catártico. O ponto de partida do artigo, porém, foi refletir sobre a experiência convival, marcada pelo páthos (πάθος, ‘afeto’, ‘vivência’ ou ‘padecimento’) da plateia, que foi ora amistosa, ora agônica. Assim, o artigo se limita a comentar a recepção do trabalho apresentado em duas ocasiões. Restringimo-nos aos efeitos da determinação de limites temporais para a vivência da produção teatral antiga. Eles são a principal condicionante do processo catártico efetivo.

Biografia do Autor

Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor Titular de Língua e Literatura Grega na UFMG. Bolsista de Produtividade, CNPq. O trabalho de tradução e montagem da peça Orestes de Eurípides foi desenvolvido com o apoio do CNPq e da Fapemig/MG

Anna Mosca, Universidade Federal de Minas Gerais

Nome artístico Anita Mosca. Atriz e diretora de teatro. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da UFMG. No período de direção de Orestes Anna Mosca foi bolsista da Capes. http://anitamosca.com/

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Publicado

2018-12-20

Como Citar

Barbosa, T. V. R., & Mosca, A. (2018). TRAGÉDIA GREGA, SIM, POR QUE NÃO? Relato de uma experiência. Teatro: Criação E Construção De Conhecimento, 6(2), 12–25. Recuperado de https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/teatro3c/article/view/7009

Edição

Seção

Dossiê: Ancestralidades: algumas das raízes da arte e da educação