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A revista Porto das Letras é uma publicação trimestral do Programa de Pós-graduação em Letras da UFT do Campus de Porto Nacional. A revista tem o objetivo de divulgar artigos e resenhas inéditos da área de Literatura, Linguística e Ensino de Língua e Literatura. É voltada a pesquisadores mestres e doutores, discentes de pós-graduação e profissionais da área de Letras e Linguística e apresenta as seguintes seções: Dossiê Temático, Estudos Liguísticos, Estudos Literários, Seção Livre e Resenhas.

 A Revista Porto das Letras obteve Qualis A3 na última avaliação da Capes (2017-2020).

Os autores de artigos devem utilizar o modelo disponível em Modelo de Artigo.

  • Ditadura militar brasileira (1964-1985): reflexões críticas acerca do autoritarismo na literatura e nas representações audiovisuais

    2024-02-16

    Em 2024, o Golpe Civil-militar que irrompeu no Brasil completa 60 anos. Evento político que encerrou o ciclo democrático anterior e abriu um período extremamente autoritário, perdurando por 21 anos. Esse percurso coercitivo, gerou graves sequelas para a sociedade em virtude do Terror de Estado (PADRÓS, 2005), consequentemente, legando uma herança nefasta que nunca irá se apagar, sobretudo no tocante aos direitos humanos pelos crimes de lesa-humanidade cometidos, como tortura, assassinatos, desaparecimentos de oponentes políticos, entre outros documentados no arquivo da história brasileira. O processo de ativamento da memória das vítimas e do que a sociedade viveu no transcurso do torcionário ditatorial, também, está diretamente vinculado com a produção literária e audiovisual, uma vez que podemos ver a sua materialidade nas diversas obras em gêneros distintos. De acordo com Eurídice Figueiredo (2017, p. 29) “a literatura sobre a ditadura se constrói a partir desse palimpsesto e cumpre o papel de suplemento aos arquivos que, ainda quando abertos para a população para consulta, são áridos e de difícil leitura”. A partir do exposto, o presente dossiê possui como objetivo principal receber artigos que venham a dialogar sobre os reflexos da ditadura militar na arte brasileira. Igualmente, almejamos congregar artigos acerca da produção literária e audiovisual sobre a ditadura nas diversas obras publicadas nas últimas décadas. No tocante a produção extremamente farta, destacamos, por exemplo, as obras memorialistas, testemunhais, ficcionais, biografias, contos, entre outros, logo, permitindo várias análises, inclusive podendo ser destacados as obras que palmilham os caminhos do exílio e das resistências empreendidas pelas personagens no combate ao arbítrio autoritário. Em síntese, convidamos os autores a construir um diálogo a partir da literatura e das artes visuais em convergência com a memória e a história política da ditadura brasileira, enfocando o cenário vivido, as personagens, as narrativas e as várias faces materializadas nas obras que compõem o repertório literário e audiovisual.

     

     

    Palavras-Chaves: Literatura brasileira; audiovisual brasileiro; ditadura militar brasileira; Terror de Estado; resistência; exílio.

     

    Organizadores:

    Prof. Dr. César Alessandro Sagrillo Figueiredo (UFNT)

    Profa. Dra. Gínia Maria Gomes (UFRGS)

    Profa. Dra. Ana Lilia Rocha (UFPA)

     

    Prazo de submissão: 31/05/2024

    Data de publicação: 31/08/2024

     

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  • Português, língua diaspórica pluricontinental

    2023-06-20

    Organizadores(as):

    Dr. Daniel Marra da Silva (Instituto Federal do Tocantins / Universidade Federal do Tocantins)

    Dra. Ermelinda Lúcia Atanásio Mapasse (Universidade Rovuma, Nampula, Moçambique)

    Dra. Marie Quinn (University of Technology Sydney, Austrália)

    Dra. Tânia Ferreira Rezende (Universidade Federal de Goiás)

     

    O português é língua oficial em oito Estados nacionais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Globalmente, distingue-se por ser uma língua pluricontinental, uma das poucas línguas faladas nos continentes americano, europeu, africano e asiático, por cerca de 260 milhões de pessoas. O português é assim uma das línguas mais faladas no mundo e uma das principais línguas da cibercultura.

     

    A oficialização de uma língua num país, entretanto, não implica em sua exclusividade, ao contrário, é tipicamente uma língua imposta em convivência com muitas outras. Assim, o português se modifica em resposta à sua própria herança cultural, com repertórios e padronizações locais (dicionários e gramáticas específicos). O que percebemos por português angolano, português brasileiro, português cabo-verdiano, português moçambicano etc. foram formados na diáspora colonial escravagista – transatlântica e além – em contato com os povos e as línguas locais de cada continente.

     

    Tendo por base essa breve explanação, convidamos pesquisadores transcontinentais para contribuir com esta edição da revista Porto das Letras, com o propósito de explorar os muitos e diversificados repertórios e variedades do português, em diversificadas perspectivas teóricas. Serão bem-vindos trabalhos que considerem os diversos aspectos do uso do português, em sua respectiva territorialidade, e discutam as políticas linguísticas, descrevam a situação sociolinguística do português em domínios específicos da vida; destaquem a influência de línguas locais no uso do português; avaliem e/ou apresentem políticas linguísticas de apoio ao português ou a outras línguas; identifiquem e/ou comparem mudanças linguísticas do português; nessas perspectivas, ainda, que problematizem as políticas e os planejamentos educacionais envolvendo o português e as línguas de contato; a educação linguística e os letramentos pluri e transculturais.

    Encerramento da chamada: 15 de novembro de 2023.

     

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  • Submissões Prorrogadas - Instrumentos Linguísticos

    2023-06-01

    Prorrogado Número Especial :  Instrumentos Linguísticos   

    Organização: Thaís de Araujo da Costa (UERJ), Rogério Modesto (UESC), José Edicarlos de Aquino (UFT)

     

    Período de submissão Prorrogado: até 17 de julho de 2023

    Previsão de publicação: setembro de 2023

     

    Ciência e tecnologia são quase exclusivamente associadas às áreas da computação, engenharia, medicina e físico-química. Contudo, há séculos, e antes daquelas, as ciências da linguagem têm desenvolvido ferramentas tecnológicas, raramente percebidas enquanto tais, mas, em todo caso, fundamentais para a forma como nos organizamos como sociedade e produzimos conhecimento científico. São elas, por exemplo, a escrita, a gramática, o dicionário, o glossário, a enciclopédia, o livro didático, o atlas linguístico e, mais recentemente, os programas de processamento de voz e de textos, entre muitos outros. É pelo viés da História das Ideias Linguísticas (HIL) que tais ferramentas são consideradas instrumentos tecnológicos, ou mais precisamente, instrumentos linguísticos. O conceito de instrumento linguístico tem sido (re)trabalhado por diversos pesquisadores da HIL desde que foi inicialmente mobilizado por Sylvain Auroux (1992, p. 69), com o sentido de um artefato que “prolonga a fala natural e dá acesso a um corpo de regras e de formas que não figuram junto na competência de um mesmo locutor”. Um instrumento linguístico é, assim, definido como objeto discursivo (Collinot, Mazière, 1997), objeto histórico (ORLANDI, 2001), objeto técnico-cultural e sócio-histórico (Colombat, Fournier, Puech, 2010), objeto cultural e técnico-histórico (Medeiros, ESTEVES, 2020), objeto gendrado (Zoppi Fontana, 2017) e objeto racializado (Modesto, 2022). O princípio básico é de que os instrumentos linguísticos apresentam uma dimensão técnica (não são feitos de qualquer maneira) e uma dimensão político-histórica (não são feitos sem razão e de forma neutra) (AQUINO, 2020). Além disso, inspirando-se em Auroux, novas categorias vêm sendo propostas para alargar a compreensão de instrumentos linguísticos. Fala-se, assim, de instrumentos de jurisdição da língua (ORLANDI, 2001), instrumentos glotopolíticos (ARNOUX, 2008), meta-instrumentos linguísticos (GUIMARÃES, 2014), instrumentos linguísticos de metassaberes (ESTEVES, 2014), des-instrumentos linguísticos (FERREIRA, 2020) e instrumentos linguístico-jurídicos (GONÇALVES, ZOPPI FONTANA, 2021). Longe de apenas descrever ou representar a atividade linguística dos falantes, os instrumentos linguísticos são fábricas de línguas (AUROUX, Mazière, 2006), empregados geralmente como tecnologias de gerenciamento do espaço urbano (RODRÍGUEZ-ALCALÁ, 2011). Dessa forma, eles atuam na construção do efeito imaginário da unidade linguística (Pfeiffer, 2007) e, finalmente, na evidência da ideia de que os seres humanos falam – esta(s) ou aquela(s) língua(s). Nenhum sujeito escapa, portanto, à introdução dessas tecnologias em um dado espaço. Para dizer de forma simples, as ferramentas tecnológicas da linguagem não apenas recortam e hierarquizam falares, determinando o que é ou não a língua, mas também ordenam e classificam os falantes. Dito isso, o escopo deste número especial da revista Porto das Letras é o mapeamento e a análise dos mais diversos instrumentos linguísticos. O intento é o de reunir textos que discutam a produção e emprego dos instrumentos linguísticos nas mais diferentes áreas e atividades sociais, abordando seus aspectos técnicos, teóricos, políticos e ideológicos e suas implicações para os sujeitos, as línguas e o conhecimento linguístico.

     

    Referências:

     

    AQUINO, José Edicarlos de. Gramática: instrumento técnico/ferramenta político-histórica. In: MEDEIROS, Vanise; Esteves, Phellipe Marcel da. S. et al. (Org.). Almanaque de Fragmentos: ecos do século XIX. Campinas: Pontes, 2020, p. 113-118.

    ARNOUX, Elvira Narvaja de. Los discursos sobre la nación y el lenguaje en la formación del Estado (Chile, 1842-1862): estudio glotopolítico. Buenos Aires: Santiago Arcos editor, 2008.

    AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização. Campinas: Editora da UNICAMP, 1992.

    AUROUX, Sylvain ; MAZIÈRE Francine (ed.), Hyperlangues et fabriques de langues, Histoire Épistémologie Langage, 28/2, 2006.

    Collinot, André ; Mazière Francine. Un prêt à parler : le dictionnaire. Paris : PUF, 1997.

    COLOMBAT, Bernard; FOURNIER, Jean-Marie; PUECH, Christian. Histoire des idées sur le langage et les langues. Paris : Klincksieck, 2010.

    ESTEVES, P. M. da S. (2014) O que se pode e se deve comer: uma leitura discursiva sobre sujeito e alimentação nas enciclopédias brasileiras(1863-1973). Tese de Doutorado. Niterói: Instituto de letras/UFF.

    Fernandes Ferreira, A. C. (2020). Saberes linguísticos cotidianos. Porto Das Letras, 6(5), 324–351

     

    GONÇALVES, J. S. S.,  Zoppi Fontana, Mónica. O direito como instrumento de políticas linguísticas no espaço de enunciação brasileiro: questões para a Análise materialista de Discurso.  Linguagem & Ensino, Pelotas, v. 24, n. 3, p. 625-645, jul.-set. 2021.

    GUIMARÃES, E. Instruments linguistiques et la langue nationale : un événement au Brésil au XIXe siècle. In: ARCHAIMBAULT, S.; FOURNIER, J-M.; RABY, V. (Éds.). Penser lhistoire des savoirs linguistiques: hommage à Sylvain Auroux. Lyon: ENS Éditions, 2014. p. 465-477.

    MEDEIROS, Vanise. Glossários. In: MEDEIROS, Vanise; Esteves, Phellipe Marcel S. et al. (Org.). Almanaque de Fragmentos: ecos do século XIX. Campinas: Pontes, 2020, p. 09-20.

    Modesto, Rogério. Mulatos nos dicionários de português ou sobre o que uma palavra pode contar da mestiçagem no Brasil. Interfaces. v. 13, n. 3, p. 1- 15, 2022.

    ORLANDI, E. P. Apresentação. In: ORLANDI, E. P. (Org.). História das Idéias Lingüísticas: construção do saber metalingüístico e constituição da língua nacional. Campinas: Pontes / Cáceres: Unemat, 2001.

    PFEIFFER, C.R. L’école, la langue maternelle et la langue nationale. In : ORLANDI, Eni P.; GUIMARÃES, Eduardo (Org.). Un dialogue atlantique : production des sciences langage au Brasil.Lyon : ENS Éditions, 2007. p. 115-125.

    RODRÍGUEZ-ALCALÁ, Carolina. Escrita e gramática como tecnologias urbanas: a cidade na história das línguas e das idéias linguísticas. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 53, v. 2. p. 197-217, 2011.

    Zoppi Fontana, Mónica. “Lugar de fala”: enunciação, subjetivação, resistência. In: Conexão Letras, UFRGS, Porto Alegre, v. 12, 2017.

    Zoppi Fontana, Mónica. O português do Brasil como língua transnacional. In: Zoppi Fontana, Mônica (Org.). O português do Brasil como língua transnacional. Campinas: RG, 2009, p. 12-41.

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  • Submissões Prorrogadas - Literatura Comparada, outras Artes e Saberes

    2023-04-03

    Submissões Prorrogadas - Literatura Comparada, outras Artes e Saberes

    Viviane Cristina Oliveira (UFT)

    Fabíola Guimarães Pedras Mourthé (CEFET/MG)
    Luiz Eduardo da Silva Andrade (UFERSA)
    Maria Perla Araújo Morais (UFMT)

    “Janelas” é título mediante o qual Eneida Maria de Souza nos insere no último capítulo de seu livro Narrativas impuras, publicado em 2021 pela Cepe. Antecedido por uma miscelânea de textos dedicados a diversos objetos de interesse (textos literários, fotografias, cartas, filmes), este capítulo final sinaliza uma potente metáfora não somente para o trabalho ficcional, mas também para o trabalho teórico almejado e mobilizado por esta pesquisadora responsável por relevantes reflexões que muito contribuíram para os campos da Teoria Literária e da Literatura Comparada. Autora de reconhecidos estudos dedicados à obra de Mário de Andrade e, alinhados a estes, à crítica biográfica, Eneida nos conduz a um passeio crítico e biográfico por seus temas de pesquisa ao longo dos anos. Ao final do percurso, em “Janelas”, a estudiosa aponta para as possibilidades e potencialidades ficcionais, críticas e teóricas em um contexto, o nosso, tocado pelos assombros do confinamento imposto pela pandemia de Covid-19. Ainda que se dedicando à literatura enquanto caminho de ressignificação das dinâmicas entre o exterior e o interior, a casa e a rua, a companhia e a solidão, Eneida nos permite revisitar, pela metáfora das janelas, as possibilidades de convivência entre áreas de saber que pautam suas leituras sobre os estudos comparados. Tal como janela responsável pelas comunicações entre espaços distintos, a Literatura Comparada pensada como “indisciplina” é a via pela qual se pode dinamizar diálogos que coloquem sob desconfiança normas e imposições disciplinares de maneira a burlar a rigidez de conceitos e métodos. Não é à toa que a pesquisadora, em várias publicações, aulas, palestras, demonstrou o valor da inquietação criadora, em cujo olhar crítico ela nunca se furtou de apontar com a mesma acuidade os rumos, as crises e os descaminhos dos métodos e meios de estudar a Teoria e a Literatura Comparada. Compreendida na mobilidade de distintas áreas do saber e dos diversos objetos de interesse, entre os quais a literatura não requer centralidade hierárquica, a Literatura Comparada enquanto “indisciplina” é eixo pelo qual convidamos pesquisadores e pesquisadoras, de diferentes áreas de conhecimento, a colaborarem neste número da revista Porto das Letras, número pelo qual desejamos prestar uma homenagem à Eneida Maria de Souza. Falecida neste ano de 2022, a professora emérita da UFMG deixa um relevante legado teórico e crítico aos estudiosos dedicados aos estudos literários, sendo bem-vindos a este número temático textos que possam trazer contribuições às reflexões ligadas à Teoria e à Literatura Comparada, textos que proponham diálogos entre diversas artes e diferentes áreas do saber, bem como textos que dialoguem com as proposições tecidas pela professora Eneida em obras diversas tais como A pedra mágica do discurso, Janelas indiscretas, Crítica cult, Narrativas impuras, entre outras. Serão também acolhidos, para a seção Miscelânea, textos que sigam temáticas diversas à proposta nesta edição.

    Período de submissão Prorrogado: até 15 de maio de 2023.

    Provável data de publicação do número:  segundo semestre de 2023.

    Os autores de artigos devem utilizar o modelo disponível em Modelo de Artigo.

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  • Revista Porto das Letras obtém Qualis A3

    2022-12-30

    É com grande satisfação que a equipe editorial da Revista Porto das Letras comunica a todos os leitores e autores que a revista obteve o Qualis A3 na avaliação quadrienal de 2017-2020. 

    Agradecemos a todos os autores, pareceristas, organizadores e leitures que contribuíram para que a Revista Porto das Letras esse novo Qualis. 

    O Qualis pode ser consultado na Plataforma Sucupira da Capes, no link https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/

    A Comissão Editorial

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  • Submissões Prorrogadas - Instrumentos Linguísticos

    2022-12-26

     

    Porrogado - Número Especial :  Instrumentos Linguísticos   

    Organização: Thaís de Araujo da Costa (UERJ), Rogério Modesto (UESC), José Edicarlos de Aquino (UFT)

     

    Período de submissão Prorrogado: até 17 de julho de 2023

    Previsão de publicação: agosto de 2023

     

    Ciência e tecnologia são quase exclusivamente associadas às áreas da computação, engenharia, medicina e físico-química. Contudo, há séculos, e antes daquelas, as ciências da linguagem têm desenvolvido ferramentas tecnológicas, raramente percebidas enquanto tais, mas, em todo caso, fundamentais para a forma como nos organizamos como sociedade e produzimos conhecimento científico. São elas, por exemplo, a escrita, a gramática, o dicionário, o glossário, a enciclopédia, o livro didático, o atlas linguístico e, mais recentemente, os programas de processamento de voz e de textos, entre muitos outros. É pelo viés da História das Ideias Linguísticas (HIL) que tais ferramentas são consideradas instrumentos tecnológicos, ou mais precisamente, instrumentos linguísticos. O conceito de instrumento linguístico tem sido (re)trabalhado por diversos pesquisadores da HIL desde que foi inicialmente mobilizado por Sylvain Auroux (1992, p. 69), com o sentido de um artefato que “prolonga a fala natural e dá acesso a um corpo de regras e de formas que não figuram junto na competência de um mesmo locutor”. Um instrumento linguístico é, assim, definido como objeto discursivo (Collinot, Mazière, 1997), objeto histórico (ORLANDI, 2001), objeto técnico-cultural e sócio-histórico (Colombat, Fournier, Puech, 2010), objeto cultural e técnico-histórico (Medeiros, ESTEVES, 2020), objeto gendrado (Zoppi Fontana, 2017) e objeto racializado (Modesto, 2022). O princípio básico é de que os instrumentos linguísticos apresentam uma dimensão técnica (não são feitos de qualquer maneira) e uma dimensão político-histórica (não são feitos sem razão e de forma neutra) (AQUINO, 2020). Além disso, inspirando-se em Auroux, novas categorias vêm sendo propostas para alargar a compreensão de instrumentos linguísticos. Fala-se, assim, de instrumentos de jurisdição da língua (ORLANDI, 2001), instrumentos glotopolíticos (ARNOUX, 2008), meta-instrumentos linguísticos (GUIMARÃES, 2014), instrumentos linguísticos de metassaberes (ESTEVES, 2014), des-instrumentos linguísticos (FERREIRA, 2020) e instrumentos linguístico-jurídicos (GONÇALVES, ZOPPI FONTANA, 2021). Longe de apenas descrever ou representar a atividade linguística dos falantes, os instrumentos linguísticos são fábricas de línguas (AUROUX, Mazière, 2006), empregados geralmente como tecnologias de gerenciamento do espaço urbano (RODRÍGUEZ-ALCALÁ, 2011). Dessa forma, eles atuam na construção do efeito imaginário da unidade linguística (Pfeiffer, 2007) e, finalmente, na evidência da ideia de que os seres humanos falam – esta(s) ou aquela(s) língua(s). Nenhum sujeito escapa, portanto, à introdução dessas tecnologias em um dado espaço. Para dizer de forma simples, as ferramentas tecnológicas da linguagem não apenas recortam e hierarquizam falares, determinando o que é ou não a língua, mas também ordenam e classificam os falantes. Dito isso, o escopo deste número especial da revista Porto das Letras é o mapeamento e a análise dos mais diversos instrumentos linguísticos. O intento é o de reunir textos que discutam a produção e emprego dos instrumentos linguísticos nas mais diferentes áreas e atividades sociais, abordando seus aspectos técnicos, teóricos, políticos e ideológicos e suas implicações para os sujeitos, as línguas e o conhecimento linguístico.

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  • Preenchimento dos dados autorais na submissão

    2021-01-30

    A Revista Porto das Letras informa a todos os seus cadastrados, sobretudo aos seus autores, que o perfil deve ser totalmente preenchido tanto no momento em que o cadastro é feito quanto no instante do envio de textos (sendo essa uma forma de atualização necessária do cadastro). O não preenchimento ou a realização desse de modo inadequado prejudica qualitativamente o trabalho da equipe editorial. Assim, os textos cujos perfis de seus autores não estejam satisfatoriamente preenchidos com seus dados requisitados pela plataforma virtual da Revista Porto das Letras serão penalizados com a estagnação de seu processo avaliativo.

    A Revista Porto das Letras agradece a compreensão de todos. 

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