RESERVAS EXTRATIVISTAS DO MÉDIO PURUS E ITUXI E AS FRONTEIRAS DE DESENVOLVIMENTO PARA O SUL DO ESTADO DO AMAZONAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/rtg.v11n23p18-38

Palavras-chave:

Reservas extrativistas, Ecologia política, Conflitos socioambientais

Resumo

No presente trabalho, o debate sobre a criação das Reservas Extrativistas do Médio Purus e Ituxi é realizado sob o prisma da Ecologia Política e no contexto dos modelos de desenvolvimento com influência na região sul do estado do Amazonas. Uma análise aproximada do posicionamento dos atores sociais envolvidos no processo de reconhecimento dessas duas unidades de conservação de uso sustentável na Amazônia pelo Estado revela a tensão existente quando opostas fronteiras se entrecruzam no mesmo território. Como recursos metodológicos, privilegiou-se a análise documental e a análise bibliográfica, além da obtenção de dados primários em campo. Concluiu-se que a emergência de projetos de grande vulto econômico, incidindo na região sul do Amazonas, vem contribuindo com o quadro de tensão social existente, acirrando os conflitos socioambientais.

Biografia do Autor

Marcelo Horta Messias Franco, Instituto Internacional de Educação do Brasil

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (1998 - 2004), especialista em Indigenismo pela Universidade Positivo/Opan (2009 - 2010). Mestre em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa - UFV (2015 - 2017). Atuo profissionalmente na Amazônia ocidental, região do médio rio Purus, e no território sul do Estado do Amazonas desde o ano 2005, desenvolvendo trabalhos de assessoria a organizações da sociedade civil, representações dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Experiência de mais de 10 anos na elaboração e gestão de projetos socioambientais em interface com comunidades rurais amazônicas. Experiência como docente para o ensino médio e técnico profissionalizante como professor temporário de Sociologia no IFAM campus Lábrea e experiência como docente na Universidade do Estado do Amazonas. Atualmente trabalhando no Instituto Internacional de Educação do Brasil como Analista Socioambiental, dentro do Programa Povos Indígenas. Também sou pesquisador do Minilaboratório de Cartografia Social e Técnicas de Gestão Territorial no Amazonas ? IFAM/Lábrea.

Marcelo Leles Romarco de Oliveira, Universidade Federal de Viçosa

Possui doutorado em Ciências Sociais pelo CPDA da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2007), mestrado em Extensão Rural pela Universidade Federal de Viçosa (2002), especialização em História do Brasil Pós-1930 pela Universidade Federal Fluminense (2007) e graduação em Administração pela Universidade Federal de Lavras (1999). Professor do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa. Foi Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural da UFV (2017-2021) e Coordenador do grupo de pesquisa PACAB ? Grupo de Pesquisa em Conflitos Ambientais, Agricultura e Sociedade. Tem experiência na área de Sociologia, Extensão e Antropologia, com ênfase na área Rural, atuando principalmente nas seguintes áreas: Assentamentos Rurais, Desenvolvimento Rural, Comunidades Rurais, Conflitos Ambientais, Meio Ambiente e Licenciamento Ambiental no meio socioeconômico e experiência em planejamento participativo junto a comunidades tradicionais. Atualmente, tem se dedicado a pesquisas junto a comunidades extrativistas na Amazônia brasileira.

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Publicado

2022-01-12

Como Citar

FRANCO, Marcelo Horta Messias; OLIVEIRA, Marcelo Leles Romarco de. RESERVAS EXTRATIVISTAS DO MÉDIO PURUS E ITUXI E AS FRONTEIRAS DE DESENVOLVIMENTO PARA O SUL DO ESTADO DO AMAZONAS. Revista Tocantinense de Geografia, [S. l.], v. 11, n. 23, p. 18–38, 2022. DOI: 10.20873/rtg.v11n23p18-38. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/geografia/article/view/12567. Acesso em: 2 maio. 2024.