MODALIDADES DA APROPRIAÇÃO DO DISCURSO DE OUTREM EM ARTIGOS CIENTÍFICOS

COMPARAÇÃO DE DUAS ÁREAS DO CONHECIMENTO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n2p229-253

Palavras-chave:

discurso científico, discurso de outrem, modalidade enunciativa

Resumo

Um dos aspectos que remetem à construção da autoria no discurso científico remete às modalidades de relação entre o discurso de outrem e o do escritor. Trataremos tal questão de forma a identificar o grau de autonomia ou de dependência enunciativa das palavras do escritor e de outrem em artigos científicos. Mais particularmente, nosso objetivo é comparar duas áreas de conhecimento – Saúde e Educação – para identificar semelhanças e diferenças entre elas no que tange às modalidades enunciativas da inserção do discurso de outrem. Os resultados encontrados oferecem pistas que podem contribuir para a identificação das características genéricas dos discursos científicos.

Biografia do Autor

Bertrand Daunay, Université de Lille

Sendo especialista de didática da língua francesa e da literatura desde os anos 1980, estou me dedicando atualmente, por um lado, à descrição da escrita acadêmica et da escrita metatextual e, por outro, à discussão (teórica e metodológica) da retórica do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos).

Meus trabalhos me conduziram a pesquisas na didática comparada, as quais me levam a questionar os fundamentos epistemológicos e metodológicos da didática assim como as fronteiras que partilha com outras disciplinas.

Juliana Alves Assis, PUC Minas

Doutora em Linguística, professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas, Instituto de Ciências Humanas/Programa de Pós-graduação em Letras, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil; CNPq; Proc.  434902/2018-7

Referências

ASSIS, J. A. “Como é que eu faço então pra minha voz aparecer no texto?” Marcas da apropriação de gêneros acadêmicos no processo de letramento da/na universidade. In: ABREU-TARDELLI, L. S.; KOMESU, F. C. (org.). Letramentos e gêneros textuais/discursivos. Aproximações e distanciamentos. Belo Horizonte: PUC Minas, 2018. p. 52-68. Disponível em: https://www.editora.pucminas.br/obra/letramentos-e-generos-textuais-discursivos-aproximacoes-e-distanciamentos. Acesso em: 20 jul. 2023.

AUTHIER-REVUZ, J. Hétérogénéité montrée et hétérogénéité constitutive : éléments pour une approche de l’autre dans le discours. DRLAV, Paris, n. 26, p. 91-151, 1982.

AUTHIER-REVUZ, J. Hetorogeneidade(s) enunciativa(s). Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, n. 19, p. 25-42, jul./dez. 1990. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8636824. Acesso em: 20 jul. 2023.

BAKHTINE, M. Esthétique et théorie du roman. Gallimard: Paris, 1978.

BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BALLY, C. Linguistique générale et linguistique française. Berne: Francke, 1965. Original publicado em 1932.

BOCH, F.; GROSSMANN, F. Referir-se ao discurso do outro: alguns elementos de comparação entre especialistas e principiantes. Tradução: Maria de Lourdes Meirelles Matencio. Scripta, Belo Horizonte, v. 6, n. 11, p. 97-108, 2002. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/12452. Acesso em: 20 jul. 2023.

BOCH, F.; RINCK, F. Pour une approche énonciative de l’écrit scientifique. Lidil, Grenoble, n. 41, p. 5-14, 2010. Disponível em: https://journals.openedition.org/lidil/3004. Acesso em: 1 out. 2023

DAUNAY, B. Metáfrase e paráfrase: modalidades da apropriação do discurso de outrem na escrita acadêmica. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 20, n. 2, p. 363-380, 2020.

DAUNAY, B.; DELCAMBRE, I. Les modalités énonciatives de la reprise du discours d’autrui dans les écrits de recherche et les écrits didactiques. Scripta, Belo Horizonte, v. 21, n. 43, p. 37-64, 2017. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/14232/12818. Acesso em: 20 jul. 2023.

DOURY, M. La fonction argumentative des échanges rapportés. In: LÓPEZ-MUÑOZ, J. M.; MARNETTE, S.; ROSIER, L. (org.). Le discours rapporté dans tous ses états. Paris: L’Harmattan, 2004. p. 254-264.

DUCROT, O. O dizer e o dito. Revisão técnica da tradução: Eduardo Guimarães. Campinas: Pontes, 1987. Original publicado em 1984.

FISCHER, A.; GRIMES, C.; KOSLOSKI, E. R.; VICENTINI, M. A. Padrões da autocitação em artigos de alto impacto da revista Nature. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 16, n. 1, p. 276–291, 2021. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/iberoamericana/article/view/14207. Acesso em: 20 jul. 2023.

FLOREZ, M. La citation positionnée dans l’écrit scientifique. In: TUTIN, A.; GROSSMANN, F. (org.). L’écrit scientifique. Du lexique au discours. Rennes: Presses universitaires de Rennes, 2013. p. 67-84.

FLØTTUM, K.; DAHL, T.; KINN, T. Academic voices. Across languages and disciplines. Amsterdam: John Benjamins, 2006.

FLØTTUM, K.; VOLD, E. T. L’éthos auto-attribué d’auteurs-doctorants dans le discours scientifique. Lidil, Grenoble n. 41, p. 41-58, 2010.

GROSSMANN, F. Les modes de référence à autrui chez les experts : l’exemple de la Revue Langages. Faits de Langue, Berne, n.19, p. 225-262, 2002.

HYLAND, K. Academic Attribution: Citation and the Construction of Disciplinary Knowledge. Applied Linguistics, Oxford, n. 20/3, p. 341-367, 1999.

HYLAND, K.; BONDI, M. (dir.). Academic discourse across disciplines. New York: Peter Lang, 2006.

HYLAND, K.; JIANK, K. F. Academic lexical bundles: how are they changing? International Journal of Corpus Linguistics, v. 23, n. 4, p. 383-407, 2018.

JACQUES, M.-P. La structuration textuelle en discours scientifique : comparaison oral / écrit. CHIMERA. Romance Corpora and Linguistic Studies, Madrid, n. 1, p. 89-115, 2017.

LATOUR, B.; WOOLGAR, S. A vida de laboratório: a produção dos fatos científicos. Tradução: Angela Ramalho Vianna. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

LEFEBVRE, J. La note en bas de page: indice et marque dans la représentation d’un discours autre. In: DESOUTTER, C.; MELLET, C. (dir.). Le discours rapporté : approches linguistiques et perspectives didactiques. Berne: Peter Lang, 2013. p. 197 214.

MAINGUENEAU, D. Novas tendências em análise do discurso. Trad. de Freda Indursky. Campinas, SP: Pontes, 1993.

MARCUSCHI, L. A. A ação dos verbos introdutores de opinião. Intercom. Revista Brasileira de Comunicação, São Paulo, n. 64, p. 74-93, 1991.

NØLKE, H.; FLØTTUM, K.; NORÉN, C. ScaPoLine. La théorique scandinave de la polyphonie linguistique. Paris: Kimé, 2004.

POLLET, M.-C.; GLORIEUX, C. (org.). Argumenter dans les écrits scientifiques. Namur: Presses Universitaires de Namur, 2016.

RABATEL, A. Os desafios das posturas enunciativas e de sua utilização em didática. Tradução: Weslin de Jesus Santos Castro. EID&A (Revista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação), Ilhéus, n. 12, p. 191-233, jul./dez. 2016. Disponível em: http://periodicos.uesc.br/index.php/eidea/article/view/1328. Acesso em: 20 jul. 2023.

RINCK, F.; POUVREAU, L. La mise en scène de soi dans un écrit d’initiation à la recherche en didactique du français. Scripta, Belo Horizonte, v. 13, n. 24, p. 157-172, 2009.

SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

SÉRIOT, P. Préface. In: VOLOSINOV, V. N. Marxisme et philosophie du langage. Limoges, Lambert-Lucas, 2010. p. 13-109.

VINCENT, D.; DUBOIS, S. Le discours rapporté au quotidien. Québec: Nuit Blanche, 1997.

VOLD, E. T. Modalité épistémique et discours scientifique : une étude contrastive des modalisateurs épistémiques dans des articles de recherche français, norvégiens et anglais, en linguistique et médecine. Thèse pour le degré de philosophiae doctor (PhD), Université de Bergen, 2008.

VOLÓCHINOV, V. Marxismo e filosofia da linguagem. Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem. Tradução, notas e glossário de Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo. São Paulo: Editora 34, 2017. Original publicado em 1929.

Downloads

Publicado

2023-10-15

Como Citar

Daunay, B., & Alves Assis, J. (2023). MODALIDADES DA APROPRIAÇÃO DO DISCURSO DE OUTREM EM ARTIGOS CIENTÍFICOS: COMPARAÇÃO DE DUAS ÁREAS DO CONHECIMENTO . EntreLetras, 14(2), 229–253. https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n2p229-253