AUTOBIOGRAFIA, LITERATURA DE RESISTÊNCIA E LITERATURA DE TESTEMUNHO

OS CAMINHOS DAS DISPUTAS DA MEMÓRIA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n2p23-40

Palavras-chave:

autobiografia, literatura de resistência, literatura de testemunho, memória, ditadura empresarial-militar brasileira

Resumo

Neste artigo apresentamos a autobiografia como categoria que une aspectos da literatura de resistência e da literatura de testemunho dentro das obras Em câmara lenta (1977), de Renato Tapajós e O que é isso, companheiro? (1979), de Fernando Gabeira. Entendemos que o resgate dos textos autobiográficos por meio da resistência e do testemunho constituem uma forma de problematizar as referências que levaram os militares, com o apoio de determinados grupos da sociedade civil, a assaltar o poder do Estado e instaurar um regime violento e corrupto, ademais de se constituírem como referências acerca da resistência cultural desenvolvida durante a ditadura que se instaurou no Brasil. Dessa forma, apoiamos nosso referencial teórico nos escritos de POLLAK (1989), SELIGMANN-SILVA (1998; 2008), ABRAHÃO (2003), DE MARCO (2004), LEJEUNE (2008), SALGUEIRO (2012) FRANCO (2016), entre outros.

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Publicado

2023-10-15

Como Citar

Ferreira Trindade, M. V. (2023). AUTOBIOGRAFIA, LITERATURA DE RESISTÊNCIA E LITERATURA DE TESTEMUNHO: OS CAMINHOS DAS DISPUTAS DA MEMÓRIA. EntreLetras, 14(2), 23–40. https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2023v14n2p23-40

Edição

Seção

Dossiê - Testemunhos do presente: vínculos entre ética e estética