MEMÓRIA, LINGUAGEM E POLÍTICA NUM OCEANO FICCIONAL

UMA LEITURA DE NO FUNDO DO OCEANO, OS ANIMAIS INVISÍVEIS, DE ANITA DEAK

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2022v13n2p92-111

Palavras-chave:

Literatura brasileira contemporânea; Memória; Guerrilha do Araguaia; Estética; Política.

Resumo

As discussões éticas e políticas a partir da literatura e das artes se espraiam, pois o caráter estético permite realizar e ampliar discussões que certas ordens discursivas impedem. Este ensaio pretende realizar uma leitura do romance No fundo do oceano, os animais invisíveis, de Anita Deak, detendo-se em alguns elementos estéticos, os quais estabelecem relação com o ético e o político. O romance traz muitos elementos do período ditatorial enfrentado no Brasil entre 1964-1985, sobretudo o que aconteceu na região do Araguaia. Diante disso, o ensaio aborda questões da política da memória, bem como trata elementos da narrativa para pensar signos estratificados em nosso cotidiano. A literatura se apresenta, portanto, como potência contingencial por sua capacidade reflexiva e questionadora, que abre fendas para fazer ver o que muros discursivos têm tornado invisíveis.

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Publicado

2022-11-17

Como Citar

Ferraz, D. R. (2022). MEMÓRIA, LINGUAGEM E POLÍTICA NUM OCEANO FICCIONAL: UMA LEITURA DE NO FUNDO DO OCEANO, OS ANIMAIS INVISÍVEIS, DE ANITA DEAK. EntreLetras, 13(2), 92–111. https://doi.org/10.20873/uft2179-3948.2022v13n2p92-111