Contribuições da Pedagogia da Alternância para a Formação de Técnicos Agropecuários: o caso da Escola Família Agrícola de Jaboticaba – Quixabeira - Bahia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e8573

Resumo

A educação é constituída e constituinte da cultura e da organização social de um povo. A partir dessa assertiva, consideramos que os pressupostos teórico-metodológico da Pedagogia da Alternância possibilitam a construção e realização de processos educativos na perspectiva da emancipação humana. Nesse entendimento, o presente artigo objetiva analisar contribuições da Pedagogia da Alternância para a formação de jovens camponeses vinculados à Escola Família Agrícola de Jaboticaba – Bahia (BA), no Curso de Educação Profissional Técnica de Nível Médio em Agropecuária Integrada ao Ensino Médio. A Pedagogia da Alternância se desenvolve em tempos educativos denominados Tempo Escola (TE), quando ocorre o estudo teórico-prático que dialoga com o Tempo Comunidade (TC), no qual o estudante amplia a produção do conhecimento junto às atividades de produção agrícola da família e, eventualmente, da comunidade. A pesquisa faz uma interpretação crítica acerca da organização do trabalho pedagógico que a escola, campo da pesquisa, realiza. A partir da observação direta das atividades de TE e na pesquisa documental, os autores indagam os princípios político-pedagógicos e de trabalho apresentados no Projeto Político Pedagógico (PPP), no Caderno de Realidade (CR) e no Relatório de Estágio Supervisionado (ES) dos educandos. Os resultados apontam que, na alternância dos TE e TC, os processos pedagógicos (pré)ocupam-se com o desenvolvimento sustentável e com a produção de conhecimento respaldada na realidade concreta do cotidiano social dos educandos e de suas comunidades.

Palavras-chave: Educação, Pedagogia da Alternância, Trabalho Educativo.

 

Contributions from Trade-Off Pedagogy to Agriculture and Cattle Raising Technicians Training: the case of Escola Família Agrícola de Jaboticaba – Quixabeira - Bahia

ABSTRACT. Education is constituted and a constituent of a people's culture and social organization. Based on this assertion, we consider that the theoretical and methodological assumptions of Pedagogy of Alternation enable the construction and realization of educational processes in the perspective of human emancipation. In this understanding, this article aims to analyze contributions from Pedagogy of Alternation to the training of young peasants linked to the Escola Família Agrícola de Jaboticaba - Bahia (BA), in the High School Technical Education Course in Agriculture Integrated to High School. Alternation is developed in educational times called Tempo Escola (TE), when there is a theoretical-practical study that dialogues with Tempo Comunidade (TC), in which the student expands the production of knowledge together with the family's agricultural production activities and, eventually, from the community. The research makes a critical interpretation about the organization of the pedagogical work that the school, field of research, carries out. Based on direct observation of TE activities and documentary research, the authors investigate the political-pedagogical and work principles presented in the Political Pedagogical Project (PPP), in the Reality Book (CR) and in the Supervised Internship Report (ES) of the students. The results show that, in the alternation of TE and TC, the pedagogical processes (pre) are concerned with sustainable development and with the production of knowledge supported by the concrete reality of the social daily life of students and their communities.

Keywords: Education, Pedagogy of Alternation, Educational Work.

 

Contribuciones de la Pedagogía de la Alternancia a la Formación de Técnicos Agrícolas: El caso de la Escola Familia Agrícola de Jaboticaba – Bahia

RESUMEN. La educación está constituida y es un componente de la cultura y la organización social de un pueblo. En base a esta afirmación, consideramos que los supuestos teóricos y metodológicos de la Pedagogía de la Alternancia permiten la construcción y realización de procesos educativos en la perspectiva de la emancipación humana. En este entendimiento, nuestro objetivo es analizar las contribuciones de la Pedagogía de la Alternancia a la formación de jóvenes campesinos, vinculados a la Escola Família Agrícola de Jaboticaba - BA, en el Curso de Educación Técnica Profesional en la Escuela Secundaria de Agricultura Integrada a la Escuela Secundaria. La Pedagogía de la alternancia se desarrolla en tiempos educativos llamados Tempo Escola (TE), cuando hay un estudio teórico-práctico que dialoga con Tempo Comunidade (TC), cuando en el que el estudiante expande la producción de conocimiento junto con las actividades de producción agrícola de la familia y, eventualmente , de la comunidad. La investigación realiza una interpretación crítica sobre la organización del trabajo pedagógico que se realiza en la escuela, campo de investigación. Nosotros fijamos  en la observación directa de las actividades de TE y la investigación documental. Perguntamos acerca de los principios político-pedagógicos y de trabajo que el Proyecto Político Pedagógico (PPP), el Cuaderno de Realidad (CR) y la Práctica Supervisada (ES) que los estudiantes presentan. Los resultados muestran que, en la alternancia de los tempos educativos (TE) y (TC) los procesos pedagógicos están (pre) ocupados  con el desarrollo sostenible y con la producción de conocimiento respaldado por la realidad concreta de la vida social diaria de los estudiantes y sus comunidades.

Palabras clave: Educación, Pedagogía de la Alternancia, Trabajo Educativo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Jucilene Lima Ferreira, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Doutora em Educação pela Universidade de Brasília (2015); Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2006); É vice-lider do Grupo de Pesquisa Educação do Campo: Trabalho, Contra-Hegemonia e Emancipação Humana (Uneb). É Professora do Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em Educação e Diversidade (MPED/UNEB - Campus XIV).

Antônia Euza Carneiro de Sousa, Secretaria de Educação do Estado da Bahia

Mestranda em Educação e Diversidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Graduada em História pela Universidade do Estado da Bahia (1998). Especialização em História, pela Universidade do Estado da Bahia (2007). Membro do Grupo de Pesquisa Educação do Campo: Trabalho, Contra Hegemonia e Emancipação Humana (UNEB). É Professora da Educação Básica – Ens. Fund.  II – Município de Jacobina – BA. Ensino Médio – Rede Estadual – Colégio Esadual Prof, Terezinha G. Novais – Quixabeira-BA.

José Romildo Pereira Lima, Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Mestrando em Educação e Diversidade pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Graduado em Matemática pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC (2010). Especialização em Matemática, pela Faculdade do Noroeste de Minas - FINOM (2010). Membro do Grupo de Pesquisa Educação do Campo: Trabalho, Contra Hegemonia e Emancipação Humana (UNEB). Professor da Educação Básica – Ens. Fund.  II – dos Municípios de  Santa Luz  e Araci no estado da  Bahia.

Referências

Arroyo, M. G., & Fernandes, B. M. (1999). A educação básica e o movimento social do campo. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília.

Brasil. (1996). Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Recuperado de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm

Brasil. (2010). Censo Populacional. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Recuperado de: https://censo2010.ibge.gov.br/resultados.html

Brasil. (2015). Plano Nacional de Educação – PNE (2014-2024). Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Recuperado de: http://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014

Brasil. (2017). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2017). Recuperado de: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/2044-pesquisa-nacional-por-amostra-de-domicilios/19898-suplementos-pnad3.html

Burdick, J. (1998). Procurando Deus no Brasil: a Igreja Católica progressista no Brasil na arena das religiões urbanas brasileiras. Rio de Janeiro, DF: Mauad.

Caldart, R. S. (2012). Caminhos para a transformação da escola. In Vendramini, C. R., & Aued, B. W. (Orgs.). Temas e problemas no ensino em escolas do campo (pp. 23-57). São Paulo, SP: Outras Expressões.

Cavalcante, L. O. H. (2007). A escola família agrícola do sertão: entre percursos sociais, trajetórias pessoais e implicações ambientais (Tese de Doutorado). Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia.

Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM. (1979). Evangelização no presente e no futuro da América Latina: conclusões da Conferência de Puebla. São Paulo, SP: Paulinas.

Escola Família Agrícola de Jaboticaba. (2016). Projeto Político Pedagógico. Ensino Fundamental e Educação Profissional Técnica de Nível Médio em Agropecuária Integrada ao Ensino Médio. Escola Família Agrícola de Jaboticaba, Quixabeira, BA, Brasil.

Ferreira, M. J. L. (2015). Docência na Escola do Campo e Formação de Educadores: Qual o lugar do trabalho coletivo? (Tese de Doutorado). Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal.

Freire, P. (1996). Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa [Coleção Leitura]. São Paulo, SP: Paz e Terra.

Freitas, L. C. (2008). Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. São Paulo, SP: Papirus.

Frigotto, G. (2003). Educação e a crise do capitalismo real. São Paulo, SP: Cortez.

Frigotto, G., Ciavatta, M., & Ramos, M. (2005). O trabalho como princípio educativo na educação integral dos trabalhadores. Educação integral e sistema de reconhecimento e certificação educacional e profissional (pp. 19-62). São Paulo, SP: Escola Sindical São Paulo – CUT.

Gimonet, J. (1999). Nascimento e desenvolvimento de um movimento educativo: as casas familiares rurais de educação e orientação. Pedagogia da alternância: alternância e desenvolvimento (pp. 39-48). Brasília, DF: União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil.

Gimonet, J. (2007). Praticar e compreender a pedagogia da alternância dos CEFFAs. Petrópolis, RJ: Vozes.

Lukács, G. (1978). Ontologia do ser social: os princípios ontológicos fundamentais de Marx. São Paulo, SP: Livraria Editora Ciências Humanas.

Mészáros, I. (2008). A educação para além do capital. São Paulo, SP: Boitempo.

Nascimento, C. G. (2004). Educação, cidadania e políticas sociais: a luta pela educação básica do campo em Goiás. In Revista Iberoamericana de Educación, 33, 1-23. https://rieoei.org/historico/deloslectores/752Godoy.PDF

Oliveira, D. A. (2000). Educação Básica: gestão do trabalho e da pobreza. Rio de Janeiro, RJ: Vozes.

Pacheco, L. M. D. (2010). Práticas educativas escolares de enfrentamento e superação da exclusão social no meio rural: Pedagogia da Alternância e a Casa Familiar Rural em Frederico Westphalen (Tese de Doutorado). Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo.

Passador, C. S. (2006). A educação rural no Brasil: o caso da escola do campo do Paraná. São Paulo, SP: Annablume.

Peres, M. A. (2011). Velhice e Analfabetismo, uma relação paradoxal: a exclusão educacional em contextos rurais da região Nordeste. Sociedade e Estado, 26(3), Brasília, DF. https://doi.org/10.1590/S0102-69922011000300011

Pessotti, A. L. (1978). Escola da Família Agrícola: uma alternativa para o ensino rural (Dissertação de Mestrado). Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, RJ.

Ponce, A. (2010). Educação e luta de classes. São Paulo, SP: Cortez, 2010.

Queiroz, J. B. P. (2004). Construção das Escolas Famílias Agrícolas no Brasil: Ensino Médio e Educação Profissional (Tese de Doutorado). Universidade de Brasília, Brasília. https://doi.org/10.1590/S0102-69922004000100016

Ribeiro, M. (2008). Pedagogia da Alternância na educação rural/do campo: projetos em disputa. Educação e Pesquisa, 34(1), 27-46. https://doi.org/10.1590/S1517-97022008000100003

Saviani, D. (1986). O trabalho como princípio educativo frente as novas tecnologias. In Ferretti, C. J., et al. (Orgs.). Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar (pp. 151-168). Petrópolis, RJ: Vozes.

Stedile, J. P. (1999). Educação. In: Stedile, J. P. & Fernandes, B. M. (Org.). Brava Gente: a trajetória do MST e a luta pela terra no Brasil (pp. 73-80). São Paulo, SP: Fundação Perseu Abramo.

Stédile, J. P. (2012). Reforma Agrária. In Caldart, R. S., Pereira, I. B., Alentejano, P., & Frigotto, G. (2012). Dicionário da Educação do Campo (pp. 657-666). São Paulo, SP: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular.

Theije, M. (2002). Tudo o que é de Deus é Bom: uma antropologia do catolicismo liberacionista em Garanhuns, Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco – Editora Massangana.

União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas do Brasil – UNEFAB. (2019). Material de divulgação da Conferência Nacional da Pedagogia da Alternância do Brasil – CONPAB. Recuperado de https://conpab.com.br/conpab-2019

Publicado

2020-06-27

Como Citar

Lima Ferreira, M. J., Carneiro de Sousa, A. E., & Pereira Lima, J. R. (2020). Contribuições da Pedagogia da Alternância para a Formação de Técnicos Agropecuários: o caso da Escola Família Agrícola de Jaboticaba – Quixabeira - Bahia. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 5, e8573. https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e8573

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos