Quando rezo é canto, quando canto é rezo: trajetória educativa de um Coletivo de Cantantes e Brincantes na Educação do Campo Kilombola

Autores

  • Valéria da Cruz Viana Labrea Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS
  • Daisy Regina de Souza Reis Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e9057

Palavras-chave:

rural education; quilombola education; education of ethnic-racial relations; culture.

Resumo

Este artigo apresenta a descrição e análise de uma pesquisa cartográfica de construção de um cancioneiro de rezos entoados no terreiro em louvação aos Orixás. A cartografia (Deleuze & Guatari, 1995) é uma "pesquisa-intervenção" (Kastrup et al., 2015) que nos permitiu organizar coletivamente o cancioneiro da pesquisa Quando rezo é canto, quando canto é rezo como um mapa - ainda parcial - das manifestações culturais que ocorrem na Comunidade Kilombola Morada da Paz, ao mesmo tempo que nos permitiu um aprofundamento na Música Popular Brasileira para conhecer cantos que têm como tema a louvação aos Orixás. Como resultado desta pesquisa, além de um Cancioneiro que foi apresentado em diferentes espaços educativos durante três anos, organizamos oficinas com temas relacionados à Educação para as Relações Étnicos-Raciais, Educação do Campo e Educação Quilombola. Relacionamos esses conteúdos a uma proposta de Educação do Campo Kilombola, a partir da articulação da Pedagogia do Movimento Sem Terra (Caldart, 2000) às Diretrizes da Educação Quilombola, Educação para as Relações Étnicas-Raciais e Pedagogia do Encantamento.

Palavras-chave: educação do campo, educação quilombola, educação para as relações étnicas-raciais, cultura afro-brasileira, música popular brasileira.

 

When pray is singing, when singing is pray: educational trajectory of a Collective of Singing and Playing in the Kilombola Rural Education

ABSTRACT. This article presents the description and analysis of a cartographic research for the construction of a prayer song sung in the terreiro in praise of the Orixás. The cartography (Deleuze & Guatari, 1995) is an “intervention-research” (Kastrup et al, 2015) that allowed us to collectively organize the research songbook When pray is singing, when singing is pray as a map, though partial, of cultural events taking place in the Kilombola community Morada da Paz, at the same time that it allowed us to deepen in the popular Brazilian music to get to know songs that have as their theme the praise of the Orixás. As a result of this research, in addition of a cancioneiro that was presented in different educational spaces for three years, we organized workshops with themes related to education for ethnic-racial relations, rural education and Kilombola education. We relate these contents to a proposal for education in the Kilombola field, based on the articulation of the pedagogy of the landless movement (Caldart, 2000) to the Kilombola education guidelines, education for ethnic-racial relations and enchantment pedagogy.

Keywords: rural education, kilombola education, education for ethnic-racial relations, afro-Brazilian culture, popular Brazilian music.

 

Cuando rezo es cantar, cuando cantar es rezar: trayectoria educativa de un colectivo de canto y juego en la Educación Rural Kilombola

RESUMEN. Este artículo presenta la descripción y el análisis de una investigación cartográfica para la construcción de un cancionero de rezas entoadas en el terreiro en alabanza a los Orixás. La cartografía (Deleuze & Guatari, 1995) es una "investigación de intervención" (Kastrup et al, 2015) que nos permitió organizar colectivamente el cancionero de la investigación Cuando rezo es cantar, cuando cantar es rezar como un mapa - aún parcial - de las manifestaciones eventos culturales que tienen lugar en la Comunidad Kilombola Morada da Paz, al mismo tiempo que nos permitió profundizar en la Música Popular Brasileña para conocer canciones que tienen como tema el elogio de los Orixás. Como resultado de esta investigación, además de un Cancioneiro que se presentó en diferentes espacios educativos durante tres años, organizamos talleres con temas relacionados con Educación para las Relaciones Étnico-Raciales, Educación Rural y Educación Quilombola. Relacionamos estos contenidos con una propuesta de Educación en Campo Kilombola, basada en la articulación de la Pedagogía del Movimiento Sin Tierra (Caldart, 2000) a las Directrices de Educación Quilombola, Educación para las Relaciones Étnico-Raciales y Pedagogía del Encantamiento.

Palabras clave: educación rural, educación quilombola, educación para las relaciones étnico-raciales, cultura afro brasileña, música popular brasileña.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Valéria da Cruz Viana Labrea, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Professora Adjunta na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de Política e Gestão da Educação no Departamento de Estudos Especializados; Doutora em Educação pela Universidade de Brasília (2014), mestre em Educação e Gestão Ambiental pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (2009), especialista em Epistemologías del Sur pela Clacso e CES/Universidade de Coimbra (2020), especialista em Gestão Cultural pela Fundação Itaú Cultural/Universidade de Girona/Espanha (2012), especialista em Educação Ambiental pelo SENAC (2007), graduada em Letras - licenciatura plena em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2000).

Daisy Regina de Souza Reis, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

Mestra em educação no PPGEDU- FACED-UFRGS, (2017/2019), Licenciada em Dança-ESEFID-UFRGS (2013/2). Educadora social de dança no ano de (2014/2017), Brincante Dançante da cultura popular no grupo Paralelo Trinta pelo curso de extensão UFRGS (2010-2016) e Cantante da cultura popular na Educação do Campo FACED (2017-2020).

Referências

Acosta, A. (2016). O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. SP: Editora Elefante. https://doi.org/10.7476/9788578794880.0006

Acselrad, H. (Org.) (2008). Cartografias sociais e território. Rio de Janeiro: IPPUR/UFRGS.

Caldart, R. S. (2000). Pedagogia do movimento sem-terra. SP: Editora Expressão Popular.

Cunha, A. G. (2007). Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Lexikon.

Deleuze, G., & Guattari, F. (1995). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. l1. Rio de Janeiro: Ed. 34.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. (2004). Brasília, MEC/SECADI.

Flores, L. D. (2018). Ocupar: composições e resistências kilombolas (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Foucault, M. (2018). Microfísica do poder. RJ/SP, Paz e Terra.

Hawany, T. (2017). Àdúrà, oríkì, ọfọ̀, ìtàn e orin. Recuperado de http://www.thonnyhawany.com/2017/02/adura-oriki-ofo-itan-e-orin_16.html.

Jost, M. (2015). A construção/invenção do samba: mediações e interações estratégicas. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 62, 112-125. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i62p112-125

Kastrup, V., Passos, E., & Escossia, L. (2016). Pistas do método da cartografia: a experiência e o plano comum. Porto Alegre, Sulina.

Kastrup, V., Passos, E., & Escossia, L. (2015). Pistas do método da cartografia: pesquisa intervenção e produção da subjetividade. Porto Alegre, Sulina.

Labrea, V. V., Sousa, G., & Ferreira, A. (2017). A mística na educação do campo e sua interlocução com a ecologia dos saberes: apontamentos de percurso. In Anais do III SIFEDOC, UFFN: Erexim/RS.

Labrea, V. V., Dornelles, D. F., & Kiekow, P. E. (2018). Cartografias da EduCampo: alternância, trabalho e estratégias para conter a evasão. RTPS – Rev. Trabalho, Política e Sociedade, 3(4), 151-170. https://doi.org/10.29404/rtps-v3i4.3634

Labrea, V. V., Kiekow, P. E., & Dornelles, D. F. (2019). Cartografia subjetiva em território feminino kilombola: em busca da utopia do bem viver. Cadernos do Lepaarq, 26(31), 107-120. https://doi.org/10.15210/lepaarq.v16i31.14836

Labrea, V. V. (2020). Pedagogia do Encantamento e Ekonomia do Afeto: cartografia subjetiva em território feminino kilombola. Relatório Final do Projeto de Pesquisa e Extensão. Porto Alegre, FACED/UFRGS.

Lei no. 11645 que altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, D.O.U. de 11.03.2008.

Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, D.O.U. de 10.1.2003.

Marcos Normativos da Educação do Campo. (2012). Brasília: MEC/SECADI.

Prandi, R. (2001). Mitologia dos Orixás. SP: Companhia das Letras.

Ribeiro, D. (2017) O que é lugar de fala. Belo Horizonte, Letramento.

Resolução no. 342, de 11 de abril de 2018. Consolida as Diretrizes Curriculares da Educação Básica nas Escolas do Campo e estabelece condições para a sua oferta no Sistema Estadual de Ensino. Porto Alegre, Conselho Estadual de Educação.

Resolução no. 8, de 20 de novembro de 2012. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na Educação Básica. Brasília, MEC/CNE.

UFRGS. Novembro Negro. Recuperado de: https://www.ufrgs.br/novembronegro/quem-somos/. Acesso em 19/03/2020.

UFRGS. (2013). Projeto Político Pedagógico do Curso de Graduação Licenciatura em Educação do Campo. Porto Alegre, FACED/Programa Especial de Graduação.

UFRGS. (2018). Projeto Político Pedagógico do Curso de Graduação Licenciatura em Educação do Campo. Porto Alegre: FACED/Programa Especial de Graduação.

Downloads

Publicado

2021-05-17

Como Citar

Labrea, V. da C. V., & de Souza Reis, D. R. (2021). Quando rezo é canto, quando canto é rezo: trajetória educativa de um Coletivo de Cantantes e Brincantes na Educação do Campo Kilombola. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 6, e9057. https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e9057

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos