A Educação do Campo como opção decolonial: a experiência de construção do Instituto de Agroecologia Latino-Americano (IALA-amazônico)

Autores

  • Bruno Cezar Pereira Malheiro Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e8488

Resumo

Este artigo enfoca a experiência de construção do IALA-amazônico a partir do curso de especialização em “Educação do Campo, Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia”, desenvolvido por meio de uma parceria entre a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e a Via Campesina. A reflexão aponta alguns deslocamentos analíticos em direção a uma opção decolonial em educação a partir de uma experiência pedagógica conectada política e epistemologicamente às lutas sociais e aos territórios em disputa no sudeste do Pará. A educação como demanda política dos povos do campo transforma o contexto de conflitos em lugar de realização da dinâmica pedagógica que, assim, torna-se parte integrante dos processos de subjetivação política dos sujeitos. O encontro com as lutas sociais transforma-se, também, no reconhecimento das formas de negação das possibilidades de agenciamento epistêmico a sujeitos individuais e coletivos subalternizados, encaminhando a uma opção pela desobediência epistêmica, para restituir ao campo do saber essas experiências desperdiçadas e, assim, ampliar os sentidos da relação entre a universidade e os movimentos sociais, enfrentando as contradições dos processos de institucionalização, ampliando as formas de circulação do conhecimento e o diálogo de saberes.

Palavras-chave: educação do campo, IALA amazônico, opção decolonial, amazônia.

 

Rural Education as a decolonial option: the building experience of the Institute of Latin American Agroecology (IALA-amazon)      

ABSTRACT. This article focuses on the experience of building the Amazon IALA, particularly from the specialization course on “Rural Education, Agroecology and Agrarian Issues in the Amazon”, developed in a partnership between the Federal University of South and Southeast Pará and Via Campesina. The reflection points to some analytical shifts towards a decolonial option in education from a pedagogical experience connected politically and epistemologically to the social struggles and disputed territories in southeastern Pará. Education as a political demand of the people of the countryside transforms the context of conflicts rather than the realization of the pedagogical dynamics that thus becomes an integral part of the subjects' political subjectivation processes. The encounter with social struggles also becomes a recognition of the forms of denial of the possibilities of epistemic agency to subaltern individual and collective subjects, leading to an option for epistemic disobedience, to restore these wasted experiences to the field of knowledge and thus, broaden the meanings of the relationship between the university and social movements, facing the contradictions of the institutionalization processes, expanding the forms of knowledge circulation and ensuring the dialogue of knowledge as an effective practice.

Keywords: rural education, amazon IALA, decolonial option, amazon.

 

La Educación del Campo como opción decolonial: la experiencia de construcción del Instituto de Agroecología Latinoamericana (IALA-amazónico)

RESUMEN. Este artículo enfoca la experiencia de construcción del IALA-amazónico, a partir del curso en “Educación del Campo, Agroecología y Problema Agrario en la Amazonía”, desarrollado en asociación entra la Universidad Federal del Sur y Sureste de Pará y la Vía Campesina. La reflexión señala algunos cambios analíticos hacia una opción decolonial desde una experiencia pedagógica, conectada política y epistemológicamente a las luchas sociales y los territorios en disputa en el sureste de Pará. La educación como una demanda política de la gente del campo transforma el contexto de los conflictos en lugar de la realización de la dinámica pedagógica que se convierte así en una parte integral de los procesos de subjetivación política de los sujetos. El encuentro con las luchas sociales también se convierte en un reconocimiento de las formas de negación de las posibilidades del agenciamiento epistémico a sujetos individuales y colectivos subalternos, lo que lleva a una opción de desobediencia epistémica, para restaurar en el campo del conocimiento estas experiencias desperdiciadas y, por lo tanto , amplían los significados de la relación entre la universidad y los movimientos sociales, enfrentando las contradicciones de los procesos de institucionalización, ampliando las formas de circulación del conocimiento y diálogo.

Palabras clave: educación del campo, IALA-amazónico, opción decolonial, amazonía.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Cezar Pereira Malheiro, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA

Geógrafo, Mestre em Planejamento do Desenvolvimento pelo NAEA/UFPA, Doutor em Geografia pela UFF, Coordenador do Laboratório de Estudos em Território, Interculturalidade e R-Existência na Amazônia (LaTierra). Docente na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA no Curso de Licenciatura em Educação do Campo.

Referências

Aguilar, R. G. (2013). Conocer las luchas y desde las luchas. Reflexiones sobre el despliegue polimorfo del antagonismo: en trama dos comunitarios y horizontes políticos. Acta Sociológica, 62, 11-30. https://doi.org/10.1016/S0186-6028(13)70997-6

Alier, J. M. (2007). O ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto.

Aráoz, H. M. (2010). El auge de la minería transnacional en América Latina: de la ecología política del neoliberalismo a la anatomía política del colonialismo. In Alimonda, H. (Org.). La naturaleza colonizada. Ecología política y minería en América Latina (pp. 135-180). Buenos Aires: CLACSO.

Bhabha, H. K. (2003). O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG.

Bondía, J. L. (2002). Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira da Educação, 19, 20-28. https://doi.org/10.1590/S1413-24782002000100003

Bourdieu, P. (1989). O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Bourdieu, P. (1996). Razões práticas. Sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus.

Bourdieu, P. (2004). Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Editora UNESP.

Dussel, E. (1973). El método analectico y la filosofía latinoamericana. In Ardiles, O. et al. (Orgs.). Hacia una filosofía de la liberación latino-americana: enfoques latinoamericanos (pp. 118-137). Buenos Aires: Editorial BONUM.

Escobar, A. (2014). Sentipensar con la tierra: nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia. Medellín: Unaula.

Fals Borda, O. (1981). Aspectos teóricos da pesquisa participante: considerações sobre o significado e o papel da ciência na participação popular. In Brandão, C. R. (Org.). Pesquisa participante (pp. 42-62). São Paulo: Brasiliense.

Foucault, M. (1990). Microfísica do poder. (9a ed.). Rio de Janeiro: Graal.

Harvey, D. (2004). O novo imperialismo. São Paulo: Loyola.

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. (2014). Programa Residência Agrária. Brasília: INCRA. Recuperado de http://portal.incra.gov.br/?q=tree/info/file/15158/

Malheiro, B. C. P., & Ribeiro, B. (2014). Contexto, texto e intertexto: abrindo as perspectivas do olhar sobre a educação do campo. In Souza, H., Santiago, I., & Brito, N. (Orgs.). Práticas contra-hegemônicas na formação de educadores: reflexões a partir do curso de Licenciatura em Educação do Campo do sul e sudeste do Pará (pp. 23-53). Brasília: MDA.

Martins, J. S. (1997). Fronteira: degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec.

Mignolo, W. D. (2003). Histórias locais/Projetos globais. Belo Horizonte: Editora da UFMG.

Mignolo, W. D. (2008). Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de letras da UFF, 34, 287-324. Recuperado de http://www.cadernosdeletras.uff.br/joomla/images/stories/edicoes/34/traducao.pdf

Moore, A. (2018). Repensar a escala como uma categoria geográfica: da análise para a prática. GEOgraphia, 20(42), 3-24. https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2018.v20i42.a13829

Quijano, A. (1992). Colonialidad y modernidad/racionalidad. In Bonilla, H. (Org.). Los conquistados: 1492 y la población indígena de las América (pp. 123-145). Quito: Tercer Mundo Editors.

Rancière, J. (1996). O desentendimento. São Paulo: Editora 34.

Silva, I. S. (2014). Histórias de vida em formação: autopoiésis e práxis coletiva. In Souza, H., Santiago, I., & Brito, N. (Orgs.). Práticas contra-hegemônicas na formação de educadores: reflexões a partir do curso de Licenciatura em Educação do Campo do sul e sudeste do Pará (pp. 57-78). Brasília: MDA.

Sousa Santos, B. (2007). A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. (6a ed). São Paulo: Cortez.

Thompson, E. P. (1981). A miséria da teoria. Rio de Janeiro: Zahar.

Walsh, C. (2008). Interculturalidad crítica y pedagogía de-colonial: apuestas (des)de el insurgir, re-existir y re-vivir. Quito: Universidad Andina Simón Bolívar. Recuperado de: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/13582/13582.PDFXXvmi=di9ixOJob3xjBuscxZPZhgoEsplxlhlzBvSzkDZvGWP

Walsh, C. (Ed.). (2013). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. (Tomo I). Quito: Ediciones Abya-Yala.

Downloads

Publicado

2021-04-28

Como Citar

Malheiro, B. C. P. . (2021). A Educação do Campo como opção decolonial: a experiência de construção do Instituto de Agroecologia Latino-Americano (IALA-amazônico) . Revista Brasileira De Educação Do Campo, 6, e8488. https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e8488

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos