A prática da Educação do Campo e os paradigmas agrários na Geografia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e6698

Resumo

Este artigo objetiva estabelecer a relação entre as concepções teóricas dos paradigmas dos estudos agrários e a Educação do Campo, a fim de defendermos uma educação condizente com as necessidades do homem, da mulher do campo e seus filhos, que valorize seu modo de vida, fortaleça sua organização política-econômica, produzindo conhecimento que melhore a qualidade de vida no campo. A metodologia do artigo se deu por meio de análise de autores que construíram o paradigma originário da Educação do Campo, onde o mesmo é produto da materialidade das disputas territoriais no campo e da ação dos movimentos camponeses, fomentando a resistência e a conquista dos/nos territórios camponeses, permitindo sua recriação enquanto classe social e modo de vida. Nossa análise parte da premissa de que a interpretação do campo da Educação do Campo está pautada nos pressupostos ideológicos da tendência campesinista do Paradigma da Questão Agrária.

Palavras-chave: Campesino, Educação do Campo, Tendência Agrárias.

 

The practice of Rural Education and the agrarian paradigms in Geography                                   

ABSTRACT. The purpose of this article is to establish the relationship between the theoretical conceptions of the agrarian studies and Rural Education, in order to advocate for an education consistent with the needs of both men and women in rural areas as well as their children. An education that values their lifestyle, strengthens their political and economic organization that will produce knowledge to improve the quality of life in the rural context. The methodology adopted in this paper was conducted by means of analysis of authors who have constructed the original paradigm of Rural Education, where it is the product of the materiality of land disputes in the countryside and the peasant movements, fostering resistance and the conquest of/in the peasant territories, which allowed their re-creation as a social class and as a lifestyle. The analysis starts by assuming that the interpretation of the field of Rural Education is based on the ideological assumptions of the peasant tendency of the Paradigm of the Agrarian Issue.

Keywords: Peasant, Rural Education, Agrarian Tendency.

 

La práctica de la Educación del Campo y los paradigmas agrarios en Geografía

RESUMEN. Este artículo objetiva presentar las concepciones teóricas en los paradigmas agrarios para la Educación del Campo, defendiendo una educación acuerde con las necesidades del hombre, de la mujer del campo y sus hijos, que valore su forma de vida, fortalece su organización, cultura, produciendo conocimiento para la calidad de vida en el campo. El recorte científico para análisis tendrá como fuente referenciales teóricos el paradigma originario de la Educación del Campo, que defiende el desarrollo de una educación que se realiza en medio de las disputas territoriales en el campo, con la participación de los movimientos, fomentando resistencia para la conquista de los/en los territorios campesinos, garantizando la recreación campesina como clase social y forma de vida. Nuestro análisis parte de la premisa de que la interpretación del campo de la Educación del Campo está pautada en los presupuestos ideológicos de la tendencia campesina del Paradigma de la Cuestión Agraria.

Palabras clave: Campesino, Educación del Campo, Tendencia Agrarias.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adenilso dos Santos Assunção, Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Mestrando em Geografia UFGD (2018-2020). Especialista em Educação do Campo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS-2012). Licenciado em Geografia pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul – UEMS (2016) e graduação de professores Universidade Católica Don Bosco (1991). Pesquisador CNPq/UEMS sobre questão do território, fronteira, cidadania, Geografia Agrária. Membro do Comitê Estadual de Educação do Campo do Mato Grosso do Sul e pesquisador UFGD no Grupo de Estudos em Educação do Campo.

Referências

Abramovay, R. (1992). Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Hucitec.

Almeida, R. A., & Paulino, E. T. (2010). Terra e território: a questão camponesa no capitalismo. São Paulo: Expressão Popular.

Arroyo, M. G. (1989). A escola e o movimento social: relativizando a escola. Revista da ANDE, 12, 15-10.

Arroyo, M. G., & Fernandes, B. M. (1999). A educação básica e o movimento social do campo. Brasília: Articulação Nacional por uma Educação Básica do Campo. Recuperado de http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaodocampo/edbasicapopular.pdf

Arroyo, M. G., Caldart, R. S., & Molina, M. C. (2004). (Org.). Por uma educação do campo. Petrópolis: Vozes.

Arroyo, M. G. (2007). Políticas de formação de educadores(as) do campo. Cad. CEDES, 27, 157-176. https://doi.org/10.1590/S0101-32622007000200004

Ascom-CPT. (2018). Assassinatos no campo batem novo recorde e atingem maior número desde 2003 [Web log post]. Recuperado de https://cimi.org.br/2018/04/assassinatos-no-campo-batem-novo-recorde-e-atingem-maior-numero-desde-2003/

Assunção, A. S. (2018). O campo do agronegócio e o campo do campesinato: disputas e conflitos territoriais. In anais XXIV Encontro Nacional de Geografia Agrária (pp. 3581-3599). Dourados.

Bezerra, A. (1980). As atividades em educação popular. In Bezerra, A., & Brandão, C. R. (Org.). A questão política da educação popular (pp. 16-39). São Paulo: Ed. Brasiliense.

Brasil. (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal.

Brasil. (2001). Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Brasília.

Brasil. (2003). Ministério da Educação. Referências para uma Política Nacional de Educação do Campo. Caderno de subsídios. Brasília.

Caldart, R. S. (2004). Pedagogia do Movimento Sem Terra. São Paulo: Expressão Popular.

Caldart, R. S. (2010). Caminhos para a transformação da escola: Reflexões desde práticas da Licenciatura em Educação do Campo. São Paulo: Expressão Popular.

Caldart, R. S., Stédile, M. E., & Daros, D. (2015). Caminhos para a transformação da escola 2: Agricultura camponesa, educação politécnica e escola do campo. São Paulo: Expressão Popular.

Camacho, R. S. (2014). Paradigmas em disputa na educação do campo (Tese de Doutorado). Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente.

Camacho, R. S. (2017). A Educação do campo em disputa: resistência versus subalternidade ao capital. Educ. Soc., 38(140), 649-670. https://doi.org/10.1590/es0101-73302017177792

Carvalho, H. M. (Org.). (2005). O campesinato no século XXI: possibilidades e condicionantes do desenvolvimento do campesinato no Brasil. Petrópolis: Vozes.

Chayanov, A. V. (1924). Teoria dos sistemas económicos não-capitalistas. Recuperado de: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223914353V2aDN7ku4Mf79OI1.pdf

Decreto nº 7.352 (2010, 4 de novembro). Regulamenta a Política de Educação do Campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). Brasília: Presidência da República.

Felício, M. J. (2011). Contribuições ao debate paradigmático da questão agrária e do capitalismo agrário (Tese Doutorado). Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente.

Fernandes, B. M. (2001). Questão agrária, pesquisa e MST. São Paulo: Cortez.

Fernandes, B. M. (2004a). Questão agrária: conflitualidade e desenvolvimento territorial. Recuperado de: http://bibspi.planejamento.gov.br/bitstream/handle/iditem/564/Quest%C3%A3o%20agr%C3%A1ria_conflitualidade%20e%20desenvolvimento%20territorial.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Fernandes, B. M. (2004b). Diretrizes de uma caminhada. In Arroyo, M. G., Caldart, R. S., & Molina, M. C. (Orgs.). Por uma educação do campo (pp. 39-66). Petrópolis: Vozes.

Fernandes, B. M., & Molina, M. C. (2005). O campo da Educação do campo. Mimeo.

Fernandes, B. M. (2008). Questão agrária: conflitualidade e desenvolvimento territorial. Recuperado de: http://www4.fct.unesp.br/nera/arti.php

Fernandes, M. F., Welch, C. A., & Gonçalves, E. C. (2014). Os usos da terra no Brasil: debates sobre políticas fundiárias. São Paulo: Cultura Acadêmica: Unesco.

Freire, P. (1983). Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Gadotti, M. (2012). Educação popular, educação social, educação comunitária: Conceitos e práticas diversas, cimentadas por uma causa comum. Revista Diálogos, 18(3), 10-32.

Guzmán, E. S., & Molina, M. G. (2005). Sobre a evolução do conceito de campesinato. São Paulo: Expressão Popular; Brasília: Via Campesina do Brasil.

Kautsky, K. (1980). A questão agrária. São Paulo: Nova Cultural.

Kuhn, T. S. (1991). A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva.

Lefebvre, H. (1983). Lógica formal e lógica dialética. Tradução de Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Lei de Diretrizes e Bases Educação Nacional. (1996). Lei n. 9394/96. Brasília.

Lenin, V. (1982). O desenvolvimento do capitalismo na Rússia. São Paulo: Nova Cultural.

Manfio, E., & Pacheco, L. D. (2006). Um olhar sobre a formação do professor no cenário atual da educação do campo. Pedagogia em Questão, 3(4), 85-107.

Manfred, S. M. (1980). A educação popular no Brasil: uma releitura a partir de Antonio Gramsci. In Bezerra, A., Brandão, & C. R. (Orgs.). A questão política da educação popular (pp. 40-61). São Paulo: Ed. Brasiliense.

Mao Tsetung. (2008). Notas del presidente Mao sobre capitalismo burocrático. Lima: Ediciones Alborada.

Mariátegui, J. C. (2008). Sete ensaios de interpretação da realidade peruana. São Paulo: Expressão Popular.

Marques, M. I. M. (2008). A atualidade do uso do conceito de camponês. Revista Nera, 11(12), 57-67.

Martins, J. S. (1981). Os camponeses e a política no Brasil. Petrópolis: Vozes.

Martins, J. S. (Org.). (1986). Introdução Crítica à Sociologia Rural. São Paulo: Hucitec.

Martins, J. S. (1991). Expropriação e violência. São Paulo: Hucitec.

Marx, K., & Engels, F. (2011). Textos sobre Educação e ensino. Campinas: Navegando.

Molina, M. C. (2008). A Constitucionalidade e a Justicibilidade do Direito à Educação dos Povos do Campo. In Santos, C. A. (Org.). Educação do Campo: campo – políticas públicas – educação (pp. 19-31). Brasília: INCRA/MDA.

Munarim, A. (2008). Movimento nacional de educação do campo: uma trajetória em construção. In 31ª Reunião Anual da ANPED, Caxambu.

Oliveira, A. U. (1999). A geografia agrária e as transformações territoriais recentes no campo brasileiro. In Carlos, A. F. A. (Org.). Novos caminhos da geografia (pp. 63-137). São Paulo: Contexto.

Oliveira, A. U. (2004). Geografia agrária: perspectivas no início do século XXI. In Oliveira, A. U., & Marques, M. I. M. (Org.). O campo no século XXI: território de vida, de luta e de construção da justiça social (pp. 145-158). São Paulo: Casa Amarela; Paz e Terra.

Preobrazhesnky, E. (1977). The New Economics. In Velho, O. G. (Org.). Capitalismo autoritário e campesinato (pp. 210-252). Rio de Janeiro: Difusão Editora.

Santos, C. A. (2012). Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária. In Caldart, R. S. et al. (Orgs.). Dicionário da Educação do Campo (pp. 629-631). São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio; Expressão Popular.

Saviani, D. (2007). História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados.

Shanin, T. (1980). A definição de camponês: conceituação e desconceituação – o velho e o novo em uma discussão marxista. Estudos Cebrap, 26, 1-21.

Souza, M. A. (2008). Educação do campo: políticas, práticas pedagógicas e produção científica. Educação e Sociedade, 29(105), 1089-1111. https://doi.org/10.1590/S0101-73302008000400008

Stédile, J. P. (1997). Questão Agrária no brasil. São Paulo: Ed. Atual.

Tepicht, J. (1977). “kes cimplexités de I`conomie paysannes” Information sur les sciences sociales, Conseil Internacional des Sciences Sociales. In Velho, O. G. (Org.). Capitalismo autoritário e campesinato (pp. 54-95). Rio de Janeiro: Difusão Editora.

Downloads

Publicado

2020-08-27

Como Citar

Assunção, A. dos S. (2020). A prática da Educação do Campo e os paradigmas agrários na Geografia. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 5, e6698. https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e6698

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos