Morar no meio rural: o cotidiano dos/das jovens rurais de um município baiano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2017v2n1p106

Resumo

O entendimento de como a juventude rural tem sido tematizada é bastante pertinente, pois historicamente as instituições educativas escolares partem do princípio de que os(as) jovens brasileiros provêm de espaços onde as práticas de sociabilidade, as relações de gênero, o projeto de vida e tantas outras dimensões são homogêneos e únicos. No que se refere à invisibilidade dos jovens que vivem no meio rural, observa-se o predomínio de um estereótipo pautado em uma visão urbana da noção de juventude, anulando as singularidades da vida destes. Nesse sentido, o presente artigo se propõe a compreender as percepções dos/das jovens sobre o lugar em que vivem, bem como as experiências cotidianas vivenciadas por estes nos espaços de circulação social. Foram realizados 10 grupos de discussão com jovens do sexo masculino e feminino, matriculados nos anos finais do ensino fundamental de uma escola localizada em distrito rural de um município da Bahia. Os resultados da pesquisa desenvolvida apontam que a formulação de políticas públicas educativas deve estar articulada com um projeto de país e de campo que reconheça a existência do meio rural como lugar de vida, trabalho, cultura e lazer.

Palavras-chave: Jovens Rurais, Meio Rural, Cotidiano, Educação Básica.

 

Living on the countryside: the quotidian life of the rural youth of a city in Bahia

ABSTRACT. The understanding of how the countryside youth has been theorized is quite relevant, because historically the school educational institutions assume that Brazilian youth come from spaces where sociability practices, gender relations, life projects and many other dimensions are homogeneous and unique. Regarding the invisibility of the countryside youth, one can observe the preponderance of a stereotype based on an urban vision of youth, nullifying their life’s singularities. Hence, this article intends to present the perceptions of the youth about the places where they live, as well as the daily experiences lived by them in these social movement spaces. There were ten groups of discussion with male and female students, enrolled in the final years of middle school of an institution located in the countryside district of a city in Bahia. The result of the developed research points that the formulation of educational public policies must be articulated with a country and provincial project that recognizes the existence of the countryside as a place of life, work, culture and leisure.

Keywords: Rural Youth, Countryside, Quotidian Life, Basic Education.

 

Vivir en el medio rural: la vida cotidiana de los jóvenes rurales de una ciudad de Bahia

RESUMEN. La comprensión de cómo la juventud rural ha sido abordada es muy relevante, porque históricamente nuestras instituciones educativas asumen de que los jóvenes brasileños se originan de áreas donde las prácticas de sociabilidad, relaciones de género, el proyecto de vida y tantas otras dimensiones son homogéneas y únicas. En cuanto a la invisibilidad de los jóvenes que viven en el medio rural, se constata el predominio de un estereotipo basado en una visión urbana del concepto de juventud, anulando las peculiaridades de la vida. En este sentido, el presente artículo pretende presentar las percepciones de los jóvenes sobre el lugar dónde viven, así como las experiencias cotidianas vividas por ellos en espacios de movimiento social. Se condujeron 10 grupos de discusión con jóvenes de ambos géneros, inscritos en los años finales de la enseñanza básica de una escuela ubicada en un distrito rural de una ciudad de Bahia. Los resultados de las investigaciones desarrolladas demuestran que la formulación de políticas públicas de educación debe ser articulada con un proyecto de país y de campo que reconozca la existencia del medio rural como un lugar de vida, trabajo, cultura y ocio.

Palabras-clave: Jóvenes Rural, Medio Rural, Vida Cotidiana, Educación Básica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Abramo, H. (1997). Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação, 5(6), 25-36.

Abramovay, R. (2004). Dilemas e estratégias dos jovens rurais: ficar ou partir. Estudos Sociedade e Agricultura, 12, 236-271.

Bohnsack, R., & Weller, W. (2006). O método documentário e sua utilização em grupos de discussão. Educação em Foco, 11, 19-38.

Brandão, C. R. (1995). A partilha da vida. São Paulo: GEIC/Cabral.

Carneiro, M. (2005). Juventude rural: projetos e valores. In Abramo, H.; & Branco, P. (Orgs.), Retrato da juventude brasileira: análise de uma pesquisa nacional. (p. 243-261). São Paulo, SP: Editora Fundação Perseu Abramo.

Castro, E., & Carneiro, M. (2007). Juventude rural em perspectiva. Rio de Janeiro: Mauad X.

Dayrell, J. (2007). A escola ‘faz’ as juventudes? Educação e Sociedade, 28(100), 105-128.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Municípios brasileiros. Disponível em: <http://ibge.gov.br>. Acesso em: 4 abr. 2010.

Margulis, M. (2001). Juventud: una aproximación conceptual. In Burak, S. (Org). Adolescencia y juventud en América Latina. (p. 41-73). Costa Rica: LUR.

Pais, J. (2003b). Vida cotidiana: enigmas e revelações. São Paulo: Cortez.

Pais, J. (2003a). Culturas juvenis. Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda.

Pereira, J. (2004). Entre campo e cidade: amizade e ruralidade segundo jovens de Nova Friburgo. Estudos Sociedade e Agricultura,12, 322-351.

Stropasolas, V. (2006). O mundo rural no horizonte dos jovens. Florianópolis: Editora da UFSC.

Veiga, J. (2003). Cidades imaginárias: o Brasil é menos urbano do que se calcula. Campinas, SP: Autores Associados.

Vieira, R. (2006). Tem jovem no campo! Tem jovem homem, tem jovem mulher. In Woortmann, E., & Menache, R.; Heredia, B.(Orgs.). Margarida Alves: coletânea sobre estudos rurais e gênero. (p. 195-214). Brasília: MDA, IICA.

Wanderley, M. (Coord.). (2006). Juventude rural: vida no campo e projetos para o futuro. Relatório de Pesquisa. Recife.

Weisheimer, N. (2005). Juventudes rurais: mapa de estudos recentes. Brasília: MDA/NEAD.

Weller, W. (2011). Minha voz é tudo o que eu tenho: manifestações juvenis em Berlin e São Paulo. Belo Horizonte: Editora UFMG.

Weller, W. (2010). Grupos de discussão: aportes teóricos e metodológicos. In Weller, W., & Pfaff, N. (Orgs.). Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: teoria e prática. (p. 54-66). Rio de Janeiro: Vozes.

Weller, W. (2005). A contribuição de Karl Mannheim para a pesquisa qualitativa: aspectos teóricos e metodológicos. Sociologias, 13, 260-300.

Weller, W. (2006). Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e jovens: aportes teórico-metodológicos e análise de uma experiência com o método. Educação e Pesquisa, 32(2), 241-260.

Downloads

Publicado

2017-04-18

Como Citar

Silva, C. M. da. (2017). Morar no meio rural: o cotidiano dos/das jovens rurais de um município baiano. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 2(1), 106–126. https://doi.org/10.20873/uft.2525-4863.2017v2n1p106

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos