(Re)Existências do povo Awaete-Parakanã na construção de uma educação escolar específica e diferenciada

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e12221

Palavras-chave:

Awaete-Parakanã, Indigenous School Education, State-owned project.

Resumo

Neste trabalho           reflete-se sobre a construção da educação escolar Awaete-Parakanã, na Terra Indígena (T.I) Parakanã, no município de Novo Repartimento, no sudeste do Pará. Objetivou-se compreender a relação histórica dos Awaete-Parakanã com a escola e, mais recentemente, o processo de apropriação dessa instituição por eles protagonizado em seu território, tendo em vista a perspectiva teórica de Baniwa (2006). Para isso realizou-se revisão de literatura sobre as políticas do Estado brasileiro que forçaram o contato com os povos indígenas, com foco na história dos Awaete-Parakanã. Também se analisaram estudos já produzidos sobre as políticas de educação escolar indígena no Brasil (Baniwa (2006), Fernandes (2010), Cohn (2016), Alencar (2018), Faustino (2006) e Emídio-Silva (2017). Observou-se que os Awaete-Parakanã têm ressignificado o papel da escola em seu território, uma vez que têm muito claro um projeto de escola que funcione a serviço do seu projeto de futuro como grupo étnico.

Palavras-chave: Awaete-Parakanã, educação escolar indígena, política educacional.

 

The Awaete-Parakanã people resistences (to existences) in the construction of a specific and differentiated school education

ABSTRACT. In this work we thought over about the school appropriation processes by the Awaete-Parakanã People, in the indigenous land Parakanã, located in the town of Novo Repartimento – PA. It was aimed here to understand the historical relationship of the Awaete-Parakanã with the school and, more recently, developed the main role in the process of school appropriation in their territory, in view of the theoretical perspective of Baniwa (2006). For this work is analyzed a literature was carried out on the policies of the Brazilian state that forced contact with indigenous peoples, focusing on the history of the Awaete-Parakanã. Studies already produced on indigenous school education policies in Brazil were also analyzed (Baniwa (2006), Fernandes (2010), Cohn (2016), Alencar (2018), Faustino (2006), Emídio-Silva (2017)). It was observed the Awaete-Parakanã People has reframed the school role in their territory, since they have a very clear school project and how the school should work towards their future project as ethnic group.

Keywords: Awaete-Parakanã, indigenous school education, educational politics.

 

(Re)Existencias del pueblo Awaete-Parakanã  en la construcción  de una educación escolar específica y diferenciada

RESUMEN. En este trabajo reflexionamos sobre los procesos de apropiación de la escuela por los Awaete-Parakanã, de la Tierra Indígena (T.I) Parakanã, en el municipio de Novo Repartimento-PA. Se objetivó, por lo tanto, comprender la relación histórica de los Awaete-Parakanã con la escuela y, más recientemente, el proceso de apropiación de esta institución por parte de ellos en su territorio, a la vista de la perspectiva teórica de Baniwa (2006). La investigación fue realizada a partir de revisión de literatura sobre las políticas del Estado brasileño que forzaron el contacto con los pueblos indígenas, centrándose en la historia de los Awaete-Parakanã. También se analizaron los trabajos de autores que reflexionan acerca de las políticas de Educación Escolar Indígena (EEI) en Brasil. Se observó que los Awaete-Parakanã han resignificado el papel de la escuela en su territorio, una vez que tienen muy claro un proyecto de escuela que funcione al servicio de su proyecto de futuro como grupo étnico.

Palabras clave: Awaete-Parakanã, educación indígena escolar, política educacional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Cristina Macedo Alencar, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA

Doutora em Linguística (UFSC/SC), com estadia de pesquisa no Seminário de Romanística da Universidade de Heidelberg (Alemanha). Mestre em Linguística Aplicada (UNICAMP/SP) e Licenciada plena em Letras-Português (UFPA). Docente da Faculdade de Educação do Campo, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa/FECAMPO). É Professora Permanente do Mestrado Profissional em Letras - PROFLETRAS Rede Nacional. Está em função administrativa na Coordenadoria de Apoio à Diversidade Étnico-Racial [CADER] do Núcleo de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (NUADE/UNIFESSPA).

Laécio Rocha de Sena, Universidade Federal do Sul e Sudeste do ParáUniversidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA

Doutorando no Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia, na Universidade Federal do Pará (UFPA), com pesquisa sobre História Indígena, com foco nos povos indígenas do vale dos rios Araguaia e Tocantins (meados do séc.XIX e início séc.XX). Graduado em História (UEMA), especialista Educação do Campo (IFPA), Mestre em Dinâmicas Territoriais e Sociedade na Amazônia (PDTSA/ UFPA). Tem experiência na educação básica (SEDUC/PA e IFPA). Atualmente é professor de História do Brasil na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), no Instituto de Estudos do Trópico Úmido, no Campus de Xinguara.

Mayane Lima Nonato , Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - UNIFESSPA

Discente do curso de Licenciatura em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais Araguaia-Tocantins, Universidade Federal do Sul e sudeste do Pará (Unifesspa/FACSAT). Atualmente é bolsista no Projeto de Extensão "Docência e gestão em Educação Escolar Intercultural Indígena" (PIBEX-Unifesspa)

Referências

Alencar, M. C. M. (2018) “Eu acho que os índios não querem mais falar na linguagem por causa do preconceito, não é professora!”: desafios na educação escolar intercultural bilíngue entre os Aikewara e Guarani-Mbya no sudeste do Pará (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina.

Almeida, M. R. C. (2013). Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais no Rio de Janeiro. 2 ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed. FGV.

Amoroso, M. R. (1998). Catequese e Evasão: etnografia do aldeamento indígena São Pedro de Alcântara, Paraná (1855-1895) (Tese de Doutorado). Universidade de São Paulo, São Paulo.

Associação de ex-presos políticos antifascistas (AEPPA). (1972). A Política de Genocídio contra os Índios do Brasil. Portugal: Centro de Referência Virtual. Recuperado de: http://www.docvirt.com/docreader.net/docmulti.aspx?bib=ListaArmMemCRV_T_DOC&pesq=

Baldus, H. (1964). O xamanismo na aculturação de uma tribo tupi do Brasil Central. Revista do Museu Paulista, (15), 319-327.

Baniwa, G. S. L. (2006). O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional.

Beltrame, C. B. (2013). Etnografia de uma escola Xikrin (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

Campelo, L. (2016, 28 de setembro). Indígenas da etnia Parakanã se reúnem com Ministério Público do Pará. Brasil de Fato, Direitos humanos. Recuperado de: https://www.brasildefato.com.br/2016/09/28/indigenas-da-etnia-parakana-se-reunem-com-ministerio-publico-do-para

Candau, V. M. F. (2013). Educación intercultural crítica: Construyendo caminos. In Walsh, C. (Org.). Pedagogías Decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir (pp. 145-161). Tomo I. Quito, Ecuador: Ediciones Abya-Yala.

Cohn, C. A cultura nas escolas indígenas (2016). In Carneiro da Cunha, M., & Cesarino, P. N. (Orgs.). Políticas culturais e povos indígenas (pp. 313-338). São Paulo, SP: Ed. Unesp.

Collet, C. L. G. (2006). Ritos de Civilização e Cultura: a escola Bakairi (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Departamento de educação escolar indígena - secretaria Municipal de educação. (2018). Relatório do teste classificatório e reclassificatório dos estudantes indígenas Awaete-Parakanã. Secretaria Municipal de Educação, Novo Repartimento-PA.

Emídio-Silva, C. (2017). Xene ma’e imopinimawa: a experiência educativa do Programa Parakanã e suas contribuições para a afirmação da cultura, do território e da língua Parakanã (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Pará, Pará.

Faustino, R. C. (2006). Política educacional nos anos de 1990: o multiculturalismo e a interculturalidade na educação escolar indígena (Tese de Doutorado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

Fausto, C. (2001). Inimigos Fiéis. História, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo, SP:

Edusp.

Fernandes, R. F. (2010). Educação escolar Kyikatêjê: novos caminhos para aprender e ensinar (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém.

Galeano, E. (2010). As veias abertas da América Latina. Trad. de Sergio Faraco. São Paulo, SP: L&PM.

Galvão, E. (1979). Encontro de sociedades: índios e brancos no Brasil. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra.

Gow, P. (1991). Of Mixed blood: Kinship and History in Peruvian Amazonia. Oxford, EUA: Oxford University Press.

Hamel, R. H. (1993). Políticas y planificación del lenguaje: uma

introducción. Iztapalapa, 29(1), 5-39.

Henrique, M. C. (2018) Nem Vieira nem Pombal: índios na Amazônia do século XIX. Rio de Janeiro, RJ: EdUERJ. https://doi.org/10.7476/9788575115039

Maher, T. M. (2006). Formação de Professores Indígenas: uma discussão introdutória. In Grupioni, L. D. B. (Org.). Formação de Professores Indígenas: Repensando Trajetórias (pp. 11-38). Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.

Marqui, A. R. (2012). Tornar-se aluno(a) indígena: a etnografia da escola Guarani Mbya na aldeia Nova Jacundá (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Paulo.

Ministério da Educação (MEC). (1998). Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas (RCNEI). Brasília, DF: MEC.

Mosonyi, E. E., & González Ñañez, O. E. (1975). Ensayo de educación intercultural en la zona arahuaca del Rio Negro (Territorio Federal Amazonas)-Venezuela. In Matos, R. A., & Ravines, R. (Orgs.). Actas y memorias del XXXIX Congreso Internacional de Americanistas: Lingüística e indigenismo moderno de América, vol 5 (pp. 307-314). Lima, Peru.

Monteiro, J. M. (1995). Negros da terra: índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Ribeiro, D. (1996). Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil moderno. São Paulo, SP: Companhia das Letras.

Ricardo, C. A. (Org.). (1985). Povos Indígenas do Brasil: Sudeste do Pará. São Paulo, SP: CEDI, 1985.

Rocha Freire, C. A. (2005). Sagas sertanistas: práticas e representações do campo indigenista no século XX. Rio de Janeiro, RJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro/Museu Nacional.

Schaden, E. (1967). Aculturação e assimilação dos índios do Brasil. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 2, 7-14. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i2p7-14

Schaden, E. (1969). Aculturação indígena: Ensaio sobre fatores e tendências da mudança cultural de tribos índias em contacto com o mundo dos brancos. São Paulo, SP: Ed. Pioneira/Ed. da Universidade de São Paulo.

Souza Lima, A. C. (1992). Um grande cerco de paz: poder tutelar e indianidade no Brasil (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Tubino, F. (2005). La interculturalidad crítica como proyecto ético-político. In Encuentro continental de educadores agustinos. Lima, Peru. Recuperado de http://oala.villanova.edu/congresos/educación/lima-ponen-02.html

Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). (2019). Projeto de Extensão: Docência e Gestão em Educação Escolar Intercultural Indígena. Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Pará.

Downloads

Publicado

2022-03-20

Como Citar

Macedo Alencar, M. C., Rocha de Sena, L. ., & Lima Nonato , M. . (2022). (Re)Existências do povo Awaete-Parakanã na construção de uma educação escolar específica e diferenciada. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 7, e12221. https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e12221

Edição

Seção

Artigos / Articles / Artículos