Os impactos da globalização sobre a Educação do Campo: políticas públicas de resistência

Autores

  • Flávia Stefanello Universidade de Passo Fundo - UPF
  • Altair Alberto Fávero Universidade de Passo Fundo - UPF

DOI:

https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e10846

Palavras-chave:

Rural education, Cultural homogenization, Resistance, Globalization

Resumo

O presente artigo tem por escopo realizar uma discussão acerca do processo de globalização e suas implicações na Educação do Campo. Trazer a Educação do Campo para dentro dessa discussão resulta em identificar os impactos que a globalização pode trazer, afetando a singularidade cultural e social desses sujeitos. Trata-se de um estudo teórico-bibliográfico de natureza básica, qualitativo quanto à abordagem do problema e descritivo analítico quanto aos objetivos. Apresentamos no texto o inegável impacto que a globalização, intensificada na modernidade, possui acerca da Educação do Campo: sua homogeneização cultural, a mercantilização do sistema educacional, o esmagamento de culturas locais, a exclusão de sua singularidade e a padronização de um comportamento, negando a historicidade das lutas camponesas pela terra e educação de qualidade que lhe é inerente. Na contramão desse processo, o texto aponta as políticas públicas destinadas à Educação do Campo, como formas de resistência frente a esse movimento.

Palavras-chave: Educação do Campo, Homogeneização Cultural, Resistência, Globalização.

 

The impacts of globalization on Rural Education: public policies of resistance

ABSTRACT. This article aims to conduct a discussion about the globalization process and its implications on Rural Education. Bringing Rural Education into this discussion, results in identifying the impacts that globalization can bring, affecting the cultural and social uniqueness of these subjects. It is a theoretical-bibliographic study of a basic nature, qualitative in terms of approaching the problem and analytical descriptive in terms of objectives. We present in the text the undeniable impact that globalization, intensified in modern times, has on Rural Education: its cultural homogenization, the commodification of the educational system, the crushing of local cultures, the exclusion of its uniqueness and the standardization of behavior, denying the historicity of peasant struggles for land and quality education that is inherent to it. Contrary to this process, the text points to public policies aimed at Rural Education, as forms of resistance to this movement.

Keywords: Rural Education, Cultural Homogenization, Resistance, Globalization.

 

Los impactos de la globalización en la Educación del Campo: políticas públicas de resistencia

RESUMEN. Este artículo tiene el objetivo de realizar una discusión acerca del proceso de globalización y sus implicaciones en la Educación del Campo. Al incorporar la educación rural a esta discusión, se identifican los impactos que puede traer la globalización, afectando la singularidad cultural y social de estos sujetos. Es un estudio teórico-bibliográfico de carácter básico, cualitativo en términos de abordaje del problema y descriptivo analítico en términos de objetivos. Presentamos en el texto el impacto innegable que la globalización, intensificada en la modernidad, tiene en la Educación Rural: su homogeneización cultural, la comercialización del sistema educativo, el aplastamiento de las culturas locales, la exclusión de su singularidad y la estandarización de comportamientos, negando la historicidad de las luchas campesinas por la tierra y la educación de calidad inherente a ella. Contrario a este proceso, el texto apunta a las políticas públicas orientadas a la Educación Rural, como formas de resistencia a este movimiento.

Palabras clave: Educación del Campo, Homogeneización Cultural, Resistencia, Globalización.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Flávia Stefanello, Universidade de Passo Fundo - UPF

Doutoranda em Educação pela Universidade de Passo Fundo, na Linha de pesquisa Políticas Educacionais. Mestre em Bioexperimentação (Bolsista FAPERGS) pelo programa de Pós-graduação em Bioexperimentação da Universidade de Passo Fundo, na linha Etiopatogenia, epidemiologia, e diagnóstico laboratorial de doenças transmissíveis e não transmissíveis (2015). Especialista em Teorias e Metodologias da Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Campus Sertão, 2019). Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade de Passo Fundo (2010) e Docente da Educação Básica Profissional (pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Sertão). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior - GEPES/UPF, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo - RS/Brasil. Na área técnica, possui experiência em laboratórios de análises clínicas, microbiologia de cosméticos, microbiologia de alimentos, hemoterapia e reprodução humana. Como docente, tem experiência na Educação Básica, atuando no Ensino Fundamental I e II e Ensino Médio, além de formações para professores.

Altair Alberto Fávero, Universidade de Passo Fundo - UPF

Pós-Doutorado (bolsista Capes) pela Universidad Autónoma del Estado de México (2012), doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007), mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1998), especialização em Epistemologia das Ciências Sociais (1993) e graduação em Filosofia Licenciatura Plena pela Universidade de Passo Fundo (1989). Atualmente é professor titular III e pesquisador da Universidade de Passo Fundo desde 1992. É professor do Corpo docente permanente do Mestrado e Doutorado em Educação atuando na linha de Políticas Educacionais. Tem experiência na área de Filosofia e Educação, com ênfase em Epistemologia, docência na educação superior e políticas para o ensino de Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: filosofia, ensino de filosofia, educação, pragmatismo, formação docente, políticas educacionais, ética, tendências e modelos de gestão na educação superior. É coordenador do GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO SUPERIOR (GEPES - UPF/RS) no qual Coordena os projetos de pesquisa "Docência Universitária e política educacionais" e "Políticas para o Ensino de Filosofia". O GEPES/UPF está ligado ao GEPES nacional com sede na Unicamp e ao Grupo Internacional de Estudos sobre Educação Superior (GIEPES). É também pesquisador da Rede de Estudos e Pesquisas em Ensino Superior (REPES - Furg) e avaliador de Cursos e Instituições do Inep desde 2010, tendo realizado até o presente momento 10 avaliações de Curso.

Referências

Abramovay, R. (2000). Funções e medidas da ruralidade no desenvolvimento contemporâneo. Rio de Janeiro: IPEA.

Arroyo, M. G. (2007). Políticas de Formação de Professores. Cad. Cedes, 27(72), 157-176. https://doi.org/10.1590/S0101-32622007000200004

Arroyo, M. G., & Fernandes, B. M. (1999). A Educação Básica e o Movimento Social do Campo. Brasília. DF: Articulação Nacional Por Uma Educação do Campo.

Calazans, M. J. C. (1993). Para compreender a educação do Estado no meio rural - traços de uma trajetória. In Therrien, J., & Damasceno, M. N. (Coords.). Educação e Escola no campo (pp. 15-40). Campinas, Papirus.

Charlot, B. (2007). Educação e globalização: uma tentativa de colocar ordem no debate. Sísifo – Revista de Ciências da Educação, (4), 129-136.

Decreto nº 7.352, de 4 de novembro de 2010. (2010). Dispõe sobre a política de educação do campo e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA. Recuperado de: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7352.htm

Fernandes, B. M., & Molina, M. C. (2005). O campo da Educação do Campo. In Molina, M. C., & Jesus, S. M. S. A. (Orgs.). Por uma educação do campo: contribuições para a construção de um projeto de Educação do Campo (pp. 32-51). Brasília, DF: MEC.

Freire, J. C. S., &; Castro, E. M. R. (2010). Políticas públicas, juventude e educação para a sustentabilidade: saberes da terra em foco. In Molina, M. C. (Org.). Educação do Campo e Pesquisa II: questões para reflexão (pp. 150-160). Brasília: MDA/MEC.

Giddens, A. (2002). A modernidade e a identidade. Rio de Janeiro: Zahar.

Held, D., & Mcgrew, A. (2001). Prós e contras da globalização. Rio de Janeiro: Zahar.

Hespanha, P. (2002). Mal-estar e risco social num mundo globalizado: Novos problemas e novos desafios para a teoria social. In Santos, B. S. (Org.). A globalização e as ciências sociais (pp. 161-230). São Paulo: Cortez.

Kolling, E. J., Nery, I., & Molina, M. C. (Orgs.). (1999). Por uma educação básica do campo. Brasília: UnB.

Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. (1996, 23 de dezembro). Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Recuperado de: http://www.senado.gov.br/sf/legislacao

Leite, S. C. (1999). Escola rural: urbanização e políticas educacionais. São Paulo: Cortez.

Marcon, T. (2012). Políticas de educação do campo: avanços e desafios. Práxis Educativa, 7(1), 85-105. https://doi.org/10.5212/PraxEduc.v.7i1.0005

Menezes, A. J. N. (1997). Globalização e modernização nas relações sociais no campo e o projeto educativo do MST. Contexto e Educação, 11(47), 9-34.

Ministério da Educação. (2012). Programa Nacional de Educação do Campo: PRONACAMPO. Brasília/ DF: MEC, Março. Recuperado de: http://www.consed.org.br/images/phocadownload/pronacampo.pdf

Ministério da Educação. (2013). Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão/SECADI. Programa Nacional de Educação do Campo. Brasília, 2013.

Molina, M. C. (Org.). (2010). Educação do Campo e Pesquisa II: questões para reflexão. Brasília: MDA/MEC.

Molina, M. C., & Freitas, H. C. A. (2011). Educação do campo. Em Aberto, 24(85), 11-14.

Oliveira, A. U. (2004). Os mitos sobre o agronegócio no Brasil. In Encontro Nacional do MST, 12. São Miguel do Iguaçu-PR.

Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária. (2020). Programa Nacional de Educação e Reforma Agrária. Recuperado de: http://www.incra.gov.br/pt/programas-e-acoes-categoria/96-programa-nacional-de-educacao-na-reforma-agraria-pronera.html

Rua, J. (2005). A ressignificação do rural e as relações cidade-campo: uma contribuição geográfica. Revista da Anpege, 1(1), 45-66. https://doi.org/10.5418/RA2005.0202.0004

Santos, B. S. (Org.). (2002). A Globalização e as Ciências sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez.

Santos, B. S. (2001). Os processos da globalização. In Santos, B. S. (Org.). Globalização: Fatalidade ou utopia? (pp. 33-106). Porto: Afrontamento.

Santos, B. S. (2017). A ilusória “Desglobalização”. Jornal Outras Palavras – Jornalismo de profundidade e pós-capitalismo. São Paulo. Recuperado de: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/boaventura-a-ilusoria-desglobalizacao/. Acesso em 22 de agosto de 2020.

Tedesco, J. C. (2009). Globalização, desenvolvimento e cultura local. In Fioreze, C., & Marcon, T. (Orgs.). O popular e a educação (pp. 177-200). Ijuí: Editora Unijui.

Downloads

Publicado

2020-12-04

Como Citar

Stefanello, F., & Fávero, A. A. (2020). Os impactos da globalização sobre a Educação do Campo: políticas públicas de resistência. Revista Brasileira De Educação Do Campo, 5, e10846. https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e10846

Edição

Seção

Dossiê temático: Política e Gestão da Educação em Tempos de Retrocessos