Faleiro, W., & Farias, M. N. (2016). Formadores de professores em Educação do Campo em Goiás...




Formadores de professores em Educação do Campo em Goiás



Wender Faleiro, Magno Nunes Farias2

Universidade Federal de Goiás – UFG, Faculdade de Educação/Regional Catalão. Avenida Dr. Lamartine Pinto de Avelar, 1120; Catalão-GO. Brasil. wender.faleiro@gmail.com. 2Universidade Federal de Goiás – UFG.



RESUMO. A licenciatura em Educação do Campo conquistou espaço e se expandiu desde 2014, por todo o Brasil, porém como todo curso em implantação apresenta alguns desafios para seu estabelecimento. Logo, este estudo apresenta uma análise do perfil dos docentes que atuam na Licenciatura em Educação do Campo no estado de Goiás, tendo em vista os desafios da formação docente de forma interdisciplinar e significativa, objetivando assim contribuir para superação dos mesmos. Para coleta dos dados, realizou-se análises dos Currículos Lattes dos vinte e três docentes dos dois Campi da Universidade Federal de Goiás que ministram aulas na licenciatura em Educação do Campo. Ressalta-se que em todo o Estado, apenas esses dois Campi oferecem a referida licenciatura e ambos com habilitação em Ciências da Natureza. Analisou-se as seguintes categorias: Formação Acadêmica/titulação, Formação complementar, Atuação Profissional, Projetos de Pesquisa/Extensão e Produções. Os resultados mostraram que a maioria dos docentes ingressou como formadores sem apresentar envolvimento com a temática Educação do Campo, esse envolvimento passou a acontecer após o início das atividades no curso, majoritariamente nas áreas projetos de pesquisa/extensão, e bem diferente entre os dois Campi, a Regional I apresentou um maior número de docentes e de atividades na temática que a regional II. Isso demonstra a carência de docentes que se dedicaram ao longo da formação a Educação do Campo, além de evidenciar a pouca evidência dessa temática nos cursos de formação de professores. O aspecto positivo é que os docentes começaram a debruçar sobre a temática, mostrando que esses docentes estão aprendendo e pesquisando as múltiplas faces da Educação do Campo, ou seja, estão tendo identidade e dedicação, por outro lado deve-se refletir que este envolvimento inicial está andando junto com a implantação do curso, tornando o trabalho docente mais complexo e propenso a erros.


Palavras-Chave: Educação do Campo, Formação docente, Licenciatura.





Teacher leaders in Education Field in Goiás




Abstract. A degree in Rural Education conquered space and has expanded since 2014 throughout Brazil, but like any ongoing implementation presents some challenges for its establishment. Thus, this study presents a profile analysis of teachers working in the field of Education Degree in the state of Goiás, in view of the challenges of teacher training and interdisciplinary significantly, aiming to contribute to overcoming them. For data collection, there was analysis of Lattes the twenty-three teachers of the two campuses of the Federal University of Goiás that teach in degree in Rural Education. It is noteworthy that throughout the state, only these two campuses offer that degree and both major in Natural Sciences. The following categories were analyzed: Education / degree, additional training, Professional Practice, Research Projects / Extension and Productions. The results showed that most teachers joined as trainers without presenting involvement with the Rural Education theme, that involvement started to happen after the start of activities in the course, mainly in the areas research projects / extension, and quite different between the two campuses the Regional I presented a greater number of teachers and activities on the theme that regional II. This demonstrates the lack of teachers who have dedicated themselves over training the Rural Education, besides highlighting the little evidence of this theme in teacher training courses. The good thing is that teachers began to look into the issue, showing that these teachers are learning and researching the multiple faces of Rural Education, or are having identity and dedication, on the other hand should reflect that this early involvement along with the implementation of the course, making the teaching profession more prone to errors.


Keywords: Rural Education, Teacher Training, Graduation.








Líderes de maestro en Educación en Campo Goiás






Resumen. Un grado en Educación Rural conquistó el espacio y se ha expandido desde 2014 en todo Brasil, pero como cualquier aplicación en curso presenta algunos desafíos para su establecimiento. Por lo tanto, este estudio presenta un análisis del perfil de los docentes que trabajan en el campo de la Educación Licenciatura en el estado de Goiás, en vista de los desafíos de la formación de profesores e interdisciplinaria de manera significativa, con el objetivo de contribuir a la superación de ellos. Para la recolección de datos, hubo análisis de Lattes los veintitrés profesores de los dos campus de la Universidad Federal de Goiás que enseñan en la licenciatura en Educación Rural. Es de destacar que en todo el estado, sólo estos dos campus ofrecen ese grado y tanto importante en Ciencias Naturales. Se analizaron las siguientes categorías: Educación / grado, formación adicional, práctica profesional, proyectos de investigación / extensión y Producciones. Los resultados mostraron que la mayoría de los profesores se unieron como entrenadores sin presentar implicación con el tema de la Educación Rural, que la participación comenzó a suceder después del inicio de las actividades en curso, principalmente en el proyectos de investigación zonas / extensión, y bastante diferente entre los dos campus la Regional I presenta un mayor número de profesores y actividades sobre el tema de que la Segunda regional. Esto demuestra la falta de profesores que se han dedicado más de la formación de la Educación Rural, además de destacar la poca evidencia de este tema en los cursos de formación del profesorado. Lo bueno es que los profesores comenzaron a examinar la cuestión, lo que demuestra que estos maestros están aprendiendo e investigando las múltiples caras de la Educación Rural, o tienen identidad y dedicación, por el contrario debe reflejar que esta participación temprana Estás caminando junto con la implementación del curso, por lo que la profesión docente sea más propenso a errores.


Palabras Clave: Educación del Campo, Formación del Profesorado, Grado.

Introdução


Formação de Professores é um tema complexo, o qual vem sendo discutido desde os meados da década de 40, e tal complexidade está envolta de acordo com Silva, Brizola & Silva (2013) por relações culturais, políticos, econômicos, técnicos, científicos e mesmo subjetivos. E, com a expansão e universalização da educação básica, aumenta a demanda de professores e exige uma formação que atenda às diversas necessidades de um novo cenário escolar. Os professores necessitam compreender a realidade dos alunos, e possuir compromisso por transformações sociais em busca da construção de uma sociedade mais justa e democrática (Faleiro & Puentes, 2016). Têm-se, ainda, como desafios da formação docente a pouca atratividade da profissão, que mesmo com políticas de valorização da profissão, tem-se déficit de professores, principalmente, em áreas específicas em todas as etapas da Educação Básica brasileira.

O Ministério da Educação (MEC) iniciou em 2007 um conjunto de ações e programas do referente à formação dos professores da educação básica vinculado ao Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) ações que vem para colaborar para o aumento da qualidade do ensino público, especialmente na Educação Básica. A ação de formação de professores do PDE foi denominada de Ação de Valorização e Qualificação dos Professores, que dispõe de todas as ações e programas de formação inicial e continuada das diferentes secretarias do MEC (Brasil, 2007).

Ações da Educação do Campo vem sendo construídas desde 2004, e para a constituição de uma Política Nacional de Educação do Campo foram integradas no Plano nas ações das diferentes Secretarias do MEC, a nível superior, a Educação do Campo se inseriu no Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), com oferta de cursos de extensão, aperfeiçoamento e de especialização e a formação inicial para educadores do campo foi contemplada no Plano de Ações Articuladas (PAR), com a criação de cursos de Licenciatura em Educação do Campo (Carvalho, 2011).

A licenciatura em Educação do Campo foi potencializada com Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), realizado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), com o intuito de promover o acesso à Universidade de grupos excluídos historicamente, como os camponeses. Logo, a Licenciatura é voltada para pessoas do campo que tem o desejo de atuar como professores em suas comunidades, ou sujeitos que já são professores nesse contexto, para fortalecer, assim, a conexão entre a vida do campo e os conhecimentos acadêmicos (Brasil, 2014).

A proposição de cursos de Licenciatura em Educação do Campo se compromete com a formação inicial de professores para as escolas do campo nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, com uma nova organização curricular construída por áreas de conhecimentos, e comprometida com um percurso formativo voltado aos saberes e vivências sobre a realidade do campo no âmbito escolar, desconstruindo ideologias urbanocêntricas de ensino e focando em práticas pedagógicas que considerem as particularidade dos povos do campo, e sua necessidade de emancipação e desconstrução de paradigmas segregacionistas e discriminatórios. Assim, Oliveira & Macêdo (2011); Silva & Gadelha, (2012), defendem a necessidade de uma a formação mais ampliada de professores para atuarem no campo, no sentido de produzir uma educação com sentidos, que acolham a cultura e os saberes desses sujeitos, e mais que valorize esse território, e que esse seja constituído por pessoas conscientes de seus direitos, críticas e ativas diante da sociedade.

A Licenciatura em Educação no Campo iniciou-se no ano de 2008, em quatro universidades federais (Universidade de Brasília; Universidade Federal da Bahia; Universidade Federal de Minas Gerais; Universidade Federal de Sergipe). Em 2012, teve a Chamada Pública para selecionar Instituições para que desenvolvessem o curso de Licenciatura em Educação do Campo, no estado do Goiás foi aprovada a criação de dois cursos, ambos pela Universidade Federal de Goiás (UFG), um na Regional Catalão e outro na Regional Cidade de Goiás, que atualmente são os únicos no estado de Goiás. O Curso iniciou no primeiro semestre no ano de 2014, e em ambos os Campi oferecem a habilitação em Ciências da Natureza (Campos, 2015).

A Licenciatura em Educação do Campo preconiza que a produção de conhecimentos seja realizada de maneira interdisciplinar, utilizando a metodologia da Alternância, que consiste em dividir os dias letivos em dois tempos, um o ‘Comunidade’ e, o outro o ‘Universidade’. Essa metodologia tem como objetivo o fortalecimento e a conexão com a realidade do campo possibilitando, aos alunos e professores, a realização de reflexões e análises entre as vivências cotidianas com questões teóricas, além de evitar que estudantes residentes no campo tenham que se mudar, permanentemente, para as cidades (Costa, Alves & Faleiro, 2015).

Assim, um desafio para essa licenciatura é encontrar docentes do ensino superior empoderados e instrumentalizados a partir dessa lógica. Conforme análise do Ministério do Desenvolvimento Agrário sobre as licenciaturas em Educação do Campo e o ensino de Ciências Naturais (Brasil, 2014) esse é desafio complexo para Educação do Campo, pois há grande dificuldade em se ter professores formadores capacitados e familiarizados com ações específicas da Educação do Campo e, com o trabalho a interdisciplinar. Essa dificuldade é devida à própria estrutura e currículos encontrados nos cursos de formação de professores, onde a padronização, disciplinarização, fragmentação e, a homogeneização vigora na maioria das IES brasileiras.

Outro desafio é articular interdisciplinarmente os conteúdos teóricos e as realidades sociais do campo, que acontece pela falta de conhecimento e vivências sobre as especificidades do campo. Sendo necessário então que ocorra a “apropriação teórica das questões que envolvem os processos em disputa no campo brasileiro, em torno das diferentes visões de modelo de desenvolvimento e de agricultura, quanto em relação ao desafio de exercitar o trabalho interdisciplinar” (Brasil, 2014, p. 15). O Tempo Comunidade é um bom momento para que docentes que atuam na Educação do Campo estreitem os laços e conheçam as especificidades do campo.

Diante dos apontamentos, nos leva a voltar o olhar para esses docentes formadores de professores. Pois, como discutido a licenciatura em Educação do Campo é nova no contexto nacional, e sua temática fica subjugada a segundo plano nos cursos de formação (inicial e continuada) de professores, levando a muitos professores que trabalham nos cursos de licenciatura em Educação do Campo, terem o contato inicial com a temática em sua preparação para os concursos públicos. Logo, poucos docentes saem das Instituições de Ensino Superiores (IES) brasileiras com uma formação sólida e/ou com os olhares voltados para a educação do campo como um todo. Assim, esse artigo tem como objetivo contribuir para essa discussão e ultrapassar esse desafio, avaliando o percurso acadêmico desses formadores de professores da Licenciatura em Educação do Campo no estado de Goiás.


Caminhos metodológicos


Com o intuito de alcançar o objetivo proposto realizou-se uma pesquisa qualitativa. Para conhecer o perfil dos docentes formadores que atuam na licenciatura em Educação do Campo em Goiás, optou-se pela análise documental de seus currículos, pois o Currículo Lattes se tornou o recurso padrão para descrever os acontecimentos pregressos e atuais de docentes, pesquisadores e estudantes, pois é um instrumento informativo e confiável, que tem se tornado objeto de análise de excelência, dedicação e competência dos sujeitos (Plataforma Lattes, 2015). Assim, pelas informações contidas nos currículos, é possível verificar quais experiências, percursos acadêmicos e as relações que possuíam com a temática, e se essas fortaleceram após o ingresso como docentes na Licenciatura em Educação do Campo.

A análise dos currículos dos professores foi realizada mediante busca individual na Plataforma Lattes (http://lattes.cnpq.br/), e foram analisados os seguintes itens: Formação Acadêmica/titulação, Formação complementar, Atuação Profissional, Projetos de Pesquisa/Extensão e Produções (especificamente os artigos completos, livros e capítulos de livros).

Primeiramente, foi feita uma análise do currículo até o final do ano de 2013, ou seja, até um ano antes do início do curso de Licenciatura, que ocorreu no primeiro semestre de 2014, para averiguar se os docentes que ingressaram como professores tiveram algum componente curricular voltado para Educação do Campo. Em sequência realizou-se uma análise do ano de 2014 a 2015, objetivando verificar se professores que não tinham relação com Educação do Campo passaram a ter. Salienta-se que os dados da Regional I são secundários, pois advém de outra pesquisa realizada especificamente sobre esse Campi, o presente artigo teve então como objetivo expandir essa análise para todo o estado do Goiás, logo se fez a ampliação da pesquisa para a Regional II. Como já destacado no estado de Goiás a licenciatura de Educação do Campo é oferecida apenas pela Universidade Federal de Goiás, em dois Campi interioranos, e ambos oferecem a habilitação em Ciências da Natureza. Assim para manter o anonimato dos Campi utilizaremos de códigos Regional 1 e Regional 2 no decorrer do texto.


Conhecendo os formadores de professores em Educação do Campo em Goiás



Foram identificados 11 professores que atuam na Licenciatura em Educação do Campo na Regional I, e 12 que atuam na Regional II, assim foram analisados 23 currículos de todos os docentes que atuam nas licenciaturas em Educação do Campo do estado de Goiás. Dividiu-se a análise Curricular dos professores em duas partes, uma até o final de 2013 e, outra, entre 2014 a 2015 das duas Licenciaturas em Educação do Campo presentes no estado de Goiás, e tiveram-se os seguintes resultados distribuídos nas categorias analisadas:



Nesse campus identificaram-se 11 docentes que atuam na Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em Ciências da Natureza.


Formação Acadêmica/Titulação


Até 2013 - A partir da análise dos currículos, percebe-se que grande parte dos professores (36,4%, n=4) graduou-se em Pedagogia, um (9,1%) em Ciências Biológicas, e um (9,1%) formado em ambas as licenciaturas. Dois (18,2%) são formados na área de Letras (Português, Literatura, Inglês), um (9,1%) em Psicologia (licenciatura e bacharelado), e dois (18,2%) na área das Ciências Exatas (Física, Matemática e Química).

Todos possuem mestrados. Seis (54,5%) professores possuem Mestrado em Educação, centrados em diversas áreas como: Políticas Educacionais; Aprendizagem e Currículos; Educação Especial/Inclusiva; e Escola Rural. Os demais possuem mestrados nas áreas de: Estudos Linguísticos; Educação em Ciências e Matemática; Ciências; Ecologia e Conservação de Recursos Naturais; Ciências Sociais e Educacionais. É importante frisar que nenhum desses tratou-se da temática específica da Educação do Campo no mestrado, apenas um se aproximou da temática dissertando sobre Escola Rural.

Verificou-se que a maior parte dos docentes possui Doutorado (81,8%, n=9), sendo apenas dois (18,2%) que possuem somente Mestrado. Dos doutores, seis (66,7%) possuem Doutorado em Educação, nas áreas de Educação Inclusiva; Aprendizagem; Políticas; Juventudes e Migração; e Fracasso Universitário. Dois (22,2%) têm Doutorado na área de Linguística e um (11,1%) em Ciências. Sendo nenhum em áreas que envolver educação do Campo. Dois professores possuem Pós-Doutorado, na área de Educação Inclusiva e Linguística, letras e artes. E, cinco (55,5%) possuem alguma especialização, nas áreas de psicopedagogia, educação, docência universitária e práticas pedagógicas.

De 2014 a 2015 - Desde o início do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, identificou-se que apenas dois (18,2%) professores tiveram novas formações acadêmicas/titulações, um iniciou o curso de graduação em pedagogia, e outra iniciou pós-doutorado na área de Ensino-aprendizagem.


Formação complementar


Até 2013 – Dez professores (90,9%) obtiveram formação complementar, apenas um (9,1%) professor não realizou. Nota-se que as formações complementares que mais se destacaram até o ano de 2013 são nas áreas de Pedagogia, como: Educação Infantil; Práticas Pedagógicas; Educação Infantil e Inclusiva. Se destacando, também, pelas formações voltadas para a docência no ensino superior, além de formações voltadas para a linguística, comunicação e línguas (Inglês, Espanhol e Língua Brasileira de Sinais). Tendo diversas outras formações, porém as que mais se destacam são as mencionadas anteriormente.

De 2014 a 2015 - Apenas quatro (36,4%) professores tiveram alguma formação depois de 2014, sendo voltadas para área de Docência para Ensino Superior; Pedagogia; Educação e Língua inglesa.


Atuação Profissional


Até 2013 - Quatro (36,4%) de todos os docentes, não possuíam experiências profissionais até 2013. Os demais docentes (63,6%) já atuaram em ambas as docências, tanto na Educação Básica quanta na Superior. Desses que atuaram nas duas etapas, se destaca a atuação na educação escolar nas áreas de Línguas, Ensino Especial e Infantil, Biologia e áreas das Ciências Exatas. Já na docência Universitária, observa-se atuação no ensino das áreas de Pedagogia, Letras, Ciências Exatas, Biologia e Ciências Naturais. Além disso, tiveram raros casos de atuação como pesquisador ou coordenador.

De 2014 a 2015 - Todos os professores de 2014 a 2015 atuaram como Docentes do Ensino Superior, principalmente nas áreas de educação em geral (Pedagogia, Letras), além de outras áreas como Psicologia, Arte, Química, entre outras. Também foi identificado atuações em coordenações, sendo uma voltada a Educação do Campo. Identificou-se pelo Currículo Lattes, apenas dois professores colocaram que atuam como docentes na Educação do Campo, porém, sabe-se que todos os onze (100%) ministram aulas no curso de Licenciatura em Educação do Campo.


Projetos de Pesquisa/Extensão


Até 2013 - Realizou-se uma avaliação de acordo com as temáticas dos Projetos de Pesquisa e Extensão que os docentes já participaram. Até o ano de 2013 as temáticas que mais se repetiram no total de sete vezes foi o tema relacionado à Formação de Professores, seguida pelo tema Educação Especial/Inclusiva com cinco vezes, e quatro nos temas relacionados à Aprendizagem. Além, de diversos outros temas que foram mais isolados, como, Letramento, Práticas Educativas, Educação Ambiental, entre outros. O tema Educação do Campo (ou relacionados) se fez presente, apenas uma vez. Um docente não participou de nenhum projeto, de acordo com a avaliação.

De 2014 a 2015, o tema Formação de Professores continuou prevalente, aparecendo sete vezes, seguido pelo tema Educação Especial/Inclusiva que aparece cinco vezes, resultado igual ao anterior (até 2013). As temáticas relacionadas ao Campo (Educação do Campo, desenvolvimento do campo) apareceram quatro vezes, ou seja, um aumento considerável comparado com até o ano 2013, que apareceu apenas uma vez. Outras temáticas apareceram também, como ciências, práticas educacionais, políticas, subjetividade, entre outras, porém de forma isolada.


Produções (Artigos Completos, Livros e Capítulos de Livros)


Até 2013 - Foi realizada uma avaliação de acordo com os temas das produções. Até esse período o tema mais recorrente foi Formação Docente, aparecendo sete vezes, seguido de Educação Especial/Inclusiva e Educação Infantil que apareceram três vezes cada uma. Outros temas, como Gestão e Políticas Educacionais, Aprendizagem, Português, Imigração, entre outros, apareceram isoladamente. Apenas, um teve produções relacionadas ao campo nesse período, especificamente sobre Currículo e Cultura do Campo; e Educação Rural. Um docente não possui produções (especificamente Artigos Completos, Livros e Capítulos de Livros) nesse período.

De 2014 a 2015 - Observou-se grandes mudanças nesse período, os temas mais presentes foram relacionados à Educação do Campo, apareceram sete vezes, desses: quatro são direcionados especificamente a Educação do Campo, e três à memória do campo, comunidade rural e juventude do campo. O tema Educação Inclusiva, apareceu quatro vezes, e outras temáticas foram menos presentes, como formação docente (que foi o mais presente nos anos anteriores), Ensino Médio, entre outros. Constatou-se que dois docentes não possuem produções (especificamente Artigos Completos, Livros e Capítulos de Livros) nesse período.



Nesse campus identificaram-se 12 docentes que atuam na Licenciatura em Educação do Campo, habilitação em Ciências da Natureza.


Formação Acadêmica/Titulação



Até 2013 – Identificou-se uma enorme diversidade relacionada à Formação Acadêmica/Titulação dos doze (100%) docentes que atuam na Regional II. Dois (16,6%) dos docentes são graduados em Serviço Social, um (8,3%) em Pedagogia, um (8,3%) em Agronomia, um (8,3%) em Ciências Biológicas, um (8,3%) em Física, um (8,3%) em Letras, um (8,3%) em Química, um (8,3%) tem Matemática, um (8,3%) em filosofia. Dois possuem duas graduações, um (8,3%) em Teologia e Serviço Social, e um (8,3%) em História e Pedagogia.

Todos possuem Mestrado, três (24,9%) em Educação em Ciências e Matemática, dois (16,6%) em Serviço Social, um (8,3%) em Política Social, um (8,3%) em Educação, um (8,3%) em Agronomia, um (8,3%) em História, um (8,3%) em Filosofia, um (8,3%) em Educação Cientifica e Tecnológica e um (8,3%) em Letras. Nenhumas das temáticas trabalhadas nos mestrados envolveram Educação do Campo, a que mais se aproximou foi uma, que dissertou sobre o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as outras temáticas foram diversas, como análise do discurso, linguística, imigração, formação profissional, ensino, entre outras.

Quatro (33,3%) possuem Doutorados em Agronomia, Educação, Educação Escolar, Linguística e Língua Portuguesa. Nenhum dos docentes possui Pós - Doutorado.

Apenas um (8,3%) possui Aperfeiçoamento, na área de Tutoria Online. Seis (50%) possuem alguma Especialização, um (8,3%) em Docência para Educação Profissional e Formação de Professores para Ensino Superior, um (8,3%) em Educação de Matemática, um (8,3%) em Política Social, um (8,3%) em Ensino Aprendizagem, um (8,3%) em Língua Portuguesa e um (8,3%) em Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo, sendo apenas esse último voltado para temática do campo.

De 2014 a 2015 – Nesse período, dois (16,7) dos docentes estão em processo de doutoramento, um em Química e outro em Ensino de Ciências e Matemática.


Formação complementar


Até 2013 - Nove (74,7%) possuíam formação complementar até 2013. Não se identificou uma área de formação que prevaleceu nos currículos dos docentes, pois há grande diversidade. Há uma grande presença de formações relacionadas a Idiomas (Inglês, Espanhol, Francês, Português), além de diversas outras, como Formação Docente, Educação, História, Cultura, Matemática, Literatura, Inclusão Social, Informática, Agronomia, e também sobre Educação Ambiental, residência Agrária, Ciências Naturais e Biodiversidade, que possuem uma relação mais estreita com a Educação do Campo. É importante salientar que nenhuma temática se sobrepôs a outras, tendo grande diversidade a partir da formação diversa de cada docente.

De 2014 a 2015 - Já nesse período apenas três (25,3%) obtiveram algumas formações complementar, sendo assim, nove (74,7%) não fizeram formações. Os temas foram sobre aspectos jurídicos, deficiência visual, espectrofotometria, formação continuada e roda de diálogos sobre Educação do Campo, sendo somente essa última que contempla a temática do campo.


Atuação Profissional


Até 2013 - Seis (49,8%) já atuaram tanto na docência escolar, como na docência universitária, dois (16,6%) atuaram apenas na docência escolar, e quatro (33,2%) apenas na universitária. Além de outras atuações que se repetiram menos vezes, como Assistente Social, Coordenador, Pesquisador, Estagiário, Monitor, entre outras.

De 2014 a 2015 - Nesse período todos atuaram como Docentes Universitários, além de outras atuações menos frequentes como Coordenador Pedagógico, Pesquisador, Consultor, entre outras.


Projetos de Pesquisa/Extensão



Até 2013 - Oito (66,3%) docentes possuem projetos até esse período, sendo quatro (33,2%) que não possuem nenhum. Essa análise foi realizada a partir dos temas que se encontrou nos currículos dos docentes, verifica-se que não possui nenhuma temática que tenha se destacado por repetição, evidenciando mais uma vez a diversidade dos currículos dos docentes da Regional II. Os temas são variados, por exemplo, Formação de Professores, Escolas da Cidade, Exploração Sexual, Diagnóstico Social, Criação de Léxicos, Formação a Distancia e Ensino Fundamental. As temáticas que em nossa análise possuem maior relação com o campo, foram: Mulheres do Cerrado; Trabalhadores Rurais; Assentados Rurais; Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); História do Ensino Rural; e Pedagogia da Alternância na Educação do Campo. Esses dois últimos sendo os únicos que trataram diretamente da temática Educação do Campo.

De 2014 a 2015 - Nesse período prevaleceram os mesmos números, oito (66,3%) docentes possuem projetos e quatro (33,2%) que não possuem nenhum. É importante destacar que esses quatro docentes são os mesmo que não possuíram nenhum projeto até 2013, ou seja, até a data da realização da pesquisa esses sujeitos não se envolveram com nenhum projeto ao longo da sua formação.

Nesse período, evidencia-se também, uma diversidade de temas tratados, como Léxica de Fototerapia, Inclusão Social, Direito, Solos, Políticas de Saúde, Arte e Cultura, entre outros. Porém, temas relacionados à Educação do Campo se expandiram quando comparado com anos anteriores na Regional II, como os temas: Mulheres do Cerrado; Trabalhadores Rurais; Licenciatura em Educação do Campo e Formação de Professores; História do Ensino Rural; Questões Agrárias, Filosofia, Cinema e Educação do Campo; e Desafios da Educação do Campo. Sendo assim, houve uma ampliação de temas que tratam centralmente a Educação do Campo.


Produções (Artigos Completos, Livros e Capítulos de Livros)


Até 2013 - Dez (83%) possuem produções (Artigos Completos, Livros e Capítulos de Livros) até esse ano, e dois (16,6%) não possuem nenhuma. Mais uma vez se evidencia a diversidade de temas tratados, como Renda, Imigração, Migração Internacional, Formação Docente, Didática, Revolução de 1930, Projetos Pedagógicos de Biologia, Educação Matemática, Educação Intercultural, Aprendizagem de Física, Língua e Discurso, Ensino de Química. Os temas que se relacionam com o campo foram: Cultura Amazônica, Terra, Educação Ambiental e Política Agrária, de forma dispersa como as outras temáticas, e nenhuma trataram da Educação do Campo diretamente.

De 2014 a 2015 - Apenas quatro (33,2%) realizaram algumas produção (Artigos Completos, Livros e Capítulos de Livros) nesse período, sendo assim, oito (66,3%) docentes não tiveram produção, dentro das especificidades analisadas. A temática que mais prevaleceu foi relacionada à Gestão Pública, aparecendo três vezes, além do tema público versus privado, Ensino de Física, terceiro setor, entre outros, que apareceram isoladamente. Não se constatou nenhum tema relacionado à Educação do Campo.

A Educação é complexa e entremeada de especificidades, não diferente é a Educação do Campo, e como premissa inicial para que se tenha efetivado os princípios e especificidades, tem-se que garantir uma formação de qualidade para professores que ali atuarão. Valemo-nos das palavras de Kolling e Molina (1999, p.29) “Não basta ter escolas no campo, ou seja, é necessário escolas com um projeto político pedagógico vinculado às causas, aos desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador do campo”. E com a aprovação das diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, em 2001, pelo Conselho Nacional de Educação traz o reconhecimento e valorização da diversidade das populações do campo, a possibilidade de diferentes formas de organização da escola, a adequação dos conteúdos às peculiaridades locais, a utilização de práticas pedagógicas contextualizadas, e a promoção, por meio da escola, do acesso aos bens econômicos, sociais e culturais.

Os resultados apresentados evidenciam a necessidade de uma maior atenção para a formação de professores, pois esses profissionais atuarão em diversos espaços e contextos dos quais muitas vezes não tiveram oportunidades de contato inicial com suas especificidades. Os dados corroboram que faltam professores das diversas áreas do conhecimento que se dedicaram, ao longo de sua formação acadêmica com a temática educação rural e/ou do campo, e o mesmo reforça o já observado e vivenciado de que essa temática está pouco presente nas licenciaturas, e é pouco valorizada no seio das grandes IES brasileiras que oferecem programas de Pós-graduação. Dessa forma os resultados apresentados mostram a necessidade de um maior envolvimento com a temática e com as especificidades da Educação do Campo nos cursos de Formação de Professores a fim de promover o fortalecimento, consolidação e ampliação da Educação do Campo.

Haja vista, como demonstrados nos dados, os docentes que atuam na licenciatura em Educação do Campo, no estado de Goiás começaram a debruçar sobre a temática específica da educação do campo após sua inserção no curso. Mesmo verificando um grande salto nos projetos de pesquisa e publicações com a temática pelos docentes, especificamente os da Regional I, que é um resultado positivo, nos mostra que esses docentes estão aprendendo e pesquisando as múltiplas faces da Educação do Campo ao mesmo tempo em que estão implantando e trabalhando no mesmo, logo tornando sua atuação muito mais desafiadora e propensa a erros.

Em uma análise comparativa, observa-se uma acentuada diversidade na Regional II, que possui docentes de diversas áreas de conhecimento, fato que acontece menos na Regional I, que há uma tendência dos docentes compartilharem das mesmas áreas de conhecimento. Esse aspecto pode se positivo para os dois Campi, quando utilizados de maneira a favorecer o processo de ensino. Na Regional II a diversidade de conhecimentos pode contribuir para o delineamento de um curso com mais diversidade de saberes dialogando, e assim potencializar o processo de multidisciplinaridade. Na Regional I o compartilhamento de áreas em comuns podem aproximar os diálogos e relações dos docentes, contribuindo para uma troca de saberes e para quebra do saber fragmentado.

Porém, nota-se que para que o potencial de cada campus possa favorecer uma Educação do Campo mais eficiente, depende de processos interdisciplinares, independente das diversidades de saberes ou não, sempre há a possibilidade e a necessidade de diálogo entre os conhecimentos, basta utilizarem esses saberes de maneira a possibilitar interações e compartilhamento, sempre pensando nas particularidades do educar, viver, pensar, sentir e trabalhar do Campo. Por isso se faz necessário potencializar a Educação do Campo, e com ela a interdisciplinaridade.

Contudo, não culpabilizamos os Docentes nem as Universidades, que dentro de suas possibilidades financeiras e teóricas, estão empenhados em aprofundar seus conhecimentos na temática e como consequência oferecerem um melhor processo de ensino e aprendizagem. Ademais, os docentes que atuam nos cursos foram formados para atuarem na formação geral de professores, centrados na compartimentação do conhecimento em disciplinas. Ou seja, não se investiu na formação de professores de forma multidisciplinar e nem que pensasse as especificidades da educação do campo. Assim, é necessário estímulos aos docentes, principalmente aos da Regional II, para colocar a temática em seus planos de pesquisa e extensão, e que aconteça de forma coletiva e interdisciplinar, pois como defende Britto e Silva (2015) para a construção curricular e consolidação das Licenciaturas em Educação do Campo requer a constituição de um corpo docente que realize um trabalho orgânico, coletivo e integrado entre os diferentes campos de conhecimento.

A formação de professores em Educação do Campo é recente no Brasil, e como todas as áreas possuem suas especificidades, aos quais os professores terão que ensinar aos seus licenciandos, que vão necessitar, além, dos conteúdos específicos de cada habilitação, conhecer a realidade do campo. Para demonstrar esse desafio utilizaremos da argumentação do documento MEC/2009, que defende uma Licenciatura específica para os educadores do campo, que aponta para as ruralidades, a situação de precariedade das escolas rurais, o problema da multisseriação, a necessidade de professores formados por áreas do conhecimento numa perspectiva multi e interdisciplinar para dar conta da escassez de docentes no meio rural, bem como à superação da fragmentação do conhecimento na educação escolar por meio da formação por áreas do conhecimento.

Nessa perspectiva requer uma formação inicial de professores com olhares mais específicos, e com uma relação estreita com a realidade do campo, Salete (2002) chama a atenção essa realidade não se limita ao espaço geográfico, mas que se refere principalmente aos elementos socioculturais que constituem os modos de vida desses sujeitos. Vale salientar que essa construção não se deve pautar na supervalorização e nem na substituição de valores ou culturais, mas sim pensar numa escola que valorize e promova o enriquecimento das experiências vivenciais, conforme Carvalho, Silva e Silveira-Neto (2010, p. 5) defende “não em nome da permanência nem da redução destas experiências, mas em nome de uma reconstrução dos modos de vida, pautada na ética da valorização humana e do respeito à diferença”.

Pelo exposto, vemos a complexidade que é formar de fato um professor para atuar no campo. Esse deverá ser capaz de articular os conteúdos aos conhecimentos didáticos e práticos, além de serem significativos e, em consonância com a realidade do campo. No entanto, não podemos esquecer outras complexidades que estão sendo vivenciadas pelas IES, que além das mesmas terem que “formar” seus docentes para melhor atuação nos cursos, falta infraestrutura e verbas para melhor planejamento e desenvolvimento dos mesmos, por exemplo, verba para uma maior integração dos alunos e professores com a realidade camponesa de sua região, haja vista que os docentes e muitos licenciandos são oriundos da zona urbana e pouco conhece da vida e cultura campesina.

Outros desafios para a formação de professores para atuarem no campo são evidenciados por Caldart (2010), como a falta de políticas que articulem a educação de uma forma mais abrangente e promotora do desenvolvimento da agricultura camponesa e familiar; e a construção de estratégias para a realização da práxis, evidenciando a necessidade do professor ser capaz de conciliar a teoria à prática, a fim de ser agente de transformação da realidade e de sua autotransformação. A autora chama a atenção de que não se trata de um estudo separado do foco de profissionalização do curso, mas de fazer com que os professores do Campo dominem as questões e contradições fundamentais do campo e de que existem outros espaços formativos além da escola, e preparar os futuros professores “[...] para atuação (alargada) nele é um dos principais objetivos dessa Licenciatura” (Caldart, 2010, p. 135). Santos (2011) defende que o educador do Campo deve ser formado para além da docência, para ser agente de transformação social em defesa dos direitos humanos.

A organização dos componentes curriculares da Licenciatura em Educação do Campo se apoia na interdisciplinaridade e na realidade do campo. Nessa perspectiva, nos inquieta o desafio da formação de professores em Educação do Campo de forma interdisciplinar, haja vista, os docentes formadores desses futuros professores terem sido formados no modelo fragmentado do conhecimento, logo com poucas vivências concretas de interdisciplinares. Além, da alta demanda de trabalho presente no cotidiano dos professores, que impossibilita uma dedicação exclusiva ao curso, pois além de ministrar aulas no curso, tem que atender à demanda de outros cursos, além de questões administrativas, de pesquisa e orientações. Pois, para a efetivação de um curso interdisciplinar há demanda de trabalho contínuo e coletivo, com intensos diálogos, planejamentos, estudos e trocas de saberes, logo, para que se concretize é necessário tempo, dedicação e envolvimento de todos com as propostas do curso.


Considerações finais



A formação de professores recebe influências de vários saberes relacionados a processos cognitivos, científicos, curriculares, culturais e experienciais, diante do exposto Cunha (2004) assevera a necessidade de reconhecer que a docência é um ofício complexo, que exige cuidados singulares e domínio da multiplicidade de saberes e conhecimentos. Assim, são necessárias constantes idas e vindas nesses saberes, a fim de, possibilitar ao docente sair de sua formação geral e ir constituindo sua formação e identidade, contudo longe das especialidades, mas em uma dimensão total. Esse movimento, do geral ao específico, requer sobreposições e interações desses saberes, que acontecerão nas vivências diárias e trocas coletivas de conhecimentos e práticas entre seus pares.

Esse movimento foi evidenciado nos docentes da licenciatura em Educação do Campo da Universidade Federal de Goiás. Esses docentes se formaram e se especializaram (mestrado e/ou doutorado acadêmicos) em diferentes áreas pedagógicas do conhecimento, e com a demanda para a formação de professores sob uma nova perspectiva, esses professores voltaram os olhares para a Educação do Campo e passaram a dedicar além do ensino, à pesquisa e extensão voltadas à temática. Movimentos importantes para consolidar a identidade dessa complexa licenciatura tanto nos Campi estudados, quanto a nível nacional, a fim de amenizar os desafios apresentados e tornar possível uma melhora nos processos de ensino e aprendizagem tanto na educação superior, quanto na educação básica, onde esses professores irão atuar.

As licenciaturas em Educação do Campo precisam intensificar e incentivar o diálogo e a coletividade entre docentes, pois a formação docente é complexa e requer interações entre conhecimentos e saberes de forma participativa com as comunidades rurais, e quanto antes essas relações forem efetivadas no seio de cada IES, melhor será a consolidação e a formação identitária dessa nova licenciatura.


Referências


Brasil. (2014). Ministério do Desenvolvimento Agrário (Mda). Licenciaturas em Educação do Campo e o ensino de Ciências Naturais: desafios à promoção do trabalho docente interdisciplinar/Mônica Castagna Molina, org. Brasília: MDA.


______ (2009). Ministério da Educação. Consulta ao CNE acerca de implantação de curso de licenciatura em Educação do Campo, no sistema universitário brasileiro, com vistas à formação de docentes que atuem na educação básica, em escolas do campo. Brasília. DF: MEC.


______ (2007). Ministério da Educação. Secretaria Executiva. O Plano de Desenvolvimento da Educação: Razões, princípios e Programas. Brasília, DF: MEC.


______ (2001). Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CEB nº 36/2001, de 4 de dezembro de 2001. Institui Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Brasília. DF: MEC.


Britto, N. S., & Silva, T. G. R. (2015). Educação do Campo: formação em ciências da natureza e o estudo da realidade. Educação & Realidade, 40(3), 763-784.


Caldart, R. S. (2010). Licenciatura em Educação do Campo e projeto formativo: qual o lugar da docência por área? In Caldart, R. S. (Org). Caminhos para a transformação da escola: reflexões desde práticas da Licenciatura em Educação do Campo. São Paulo: Expressão Popular.


Campos, C. A. de. (2015). Procampo em Catalão: da Interdisciplinaridade que temos à que queremos. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, 11(20), 664-672.


Carvalho, J. E. N., Silva, A., & Silveira-Neto, J. C. (2010). Formação docente: o professor da educação do campo e suas dificuldades quanto à formação inicial. IV Fórum identidades e alteridades: educação e relações etnicorraciais. UFS-Itabaiana/SE.


Carvalho, M. S. (2011). Realidade da educação do campo e os desafios para a formação de professores da educação básica na perspectiva dos movimentos sociais. (Tese de Doutorado). Universidade Federal da Bahia, Salvador.


Costa, E. R., Alves, M. Z., & Faleiro W. (2015). A interdisciplinaridade no curso de Educação do Campo: o caso da UFG Catalão. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, 11(20), 47-55.


Cunha, M. I. (2004). A docência como ação complexa: o papel da didática na formação de professores. In Romanowski, J. et al. (Org.) Conhecimento local e conhecimento universal: pesquisa, didática e ação docente. (p. 31-42). Curitiba: Champagnat.


Faleiro, W; Puentes, R. V. (2016). Pontos e contrapontos do Ensino Médio. Rio de Janeiro.


Kolling, E. J., Molina, M. (Orgs). (1999). Por uma educação básica no campo, 1. Brasília: UnB.


Oliveira, M. A. A., & Macêdo, M. M. (2011). Educadores do Campo: Caminhos e Desafios. III Congresso Norte-Mineiro Pesquisa em Educação de Diferentes linguagens na formação de professores. Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais.


Plataforma Lattes - CNPq. Sobre a plataforma lattes, 2015. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/> Acesso em: 10 de agosto de 2015.


Salete, R. (2008). A escola do campo: outras questões. Feira de Santana: Ed. da UEFS.


Santos, C. F. (2011). Relativismo e escolanovismo na formação do educador: uma análise histórico-crítica da licenciatura em educação do campo. (Tese de Doutorado). Universidade Federal da Bahia, Salvador.


Silva, J. M., & Gadelha, L. (2012). O currículo e a Formação de professores na Educação do Campo. I Seminário Internacional Sociedade e Fronteiras.


Silva, L. M., Brizolla F., & Silva, L. E. (2013). Projeto pedagógico do curso de licenciatura em Ciências da UFPR Litoral: desafios e possibilidades para uma formação emancipatória. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. 94(237), 524-541.


Recebido em: 25/05/2016

Aprovado em: 20/07/2016

Publicado em: 03/08/2016


Como citar este artigo / How to cite this article / Como citar este artículo:


APA:

Faleiro, W., & Farias, M. N. (2016). Formadores de professores em Educação do Campo em Goiás. Rev. Bras. Educ. Camp., 1(1), 88-106.


ABNT:

FALEIRO, W.; FARIAS, M. N. Formadores de professores em Educação do Campo em Goiás. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 1, n. 1, p. 88-106, 2016.




Rev. Bras. Educ. Camp.

Tocantinópolis

v. 1

n. 1

p. 88-106

jan./jun.

2016

ISSN: 2525-4863


90