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Revista Brasileira de Educação do Campo
Brazilian Journal of Rural Education
ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO
DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e14693
A importância das estratégias didáticas no ensino-
aprendizagem de Ciências na Educação de Jovens e
Adultos e na Educação do Campo
Marta da Silva Simões1 , Emerson Antônio Rocha2
1,2 Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Campus Soane Nazaré de Andrade. Rodovia Jorge Amado, km 16, Bairro
Salobrinho. Ilhéus - BA. Brasil.
Autor para correspondência/Author for correspondence: earmlucena@uesc.br
RESUMO. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem a
finalidade de proporcionar a todos que possuem algum atraso
escolar, o ingresso em uma instituição de ensino pública. A
Educação do Campo (EC), por sua vez, é uma modalidade de
ensino voltada aos moradores do campo, sejam eles de
acampamentos, assentamentos ou simplesmente da zona rural. A
escolha de estratégias adequadas para o ensino de jovens e
adultos e para a educação do campo são fundamentais ao bom
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Diante
disso, este trabalho teve como objetivo analisar as estratégias
didáticas mais utilizadas pelos professores (as) de Ciências na
modalidade EJA e Educação do Campo, identificando se tais
estratégias auxiliam ou não durante as aulas. Foi realizado um
levantamento bibliográfico em bases de dados on-line, cujas
ferramentas de busca foram o Portal de Periódicos CAPES/MEC
e o SciELO. Como resultados identificou-se que, em alguns
artigos, as estratégias didáticas utilizadas trouxeram resultados
positivos, enquanto em outros, as estratégias utilizadas não
auxiliaram na construção do conhecimento. Observou-se
ademais, que as estratégias utilizadas em ambas as modalidades
de educação, devem estar voltadas à realidade dos alunos.
Palavras-chave: educação campesina, estratégias de ensino,
estratégias didáticas, ensino de jovens e adultos.
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Didactic strategies and their importance for the teaching-
learning of science in the education of young and adults in
the field
ABSTRACT. The purpose of Youth and Adult Education (EJA)
is to give everyone who is behind in school the chance to enter a
public education institution. Rural Education (CE), on the other
hand, is a type of education aimed at rural dwellers, whether
they live in camps, settlements or simply in rural areas. The
choice of appropriate strategies for teaching young people and
adults and for rural education are fundamental to the successful
development of the teaching-learning process. In view of this,
the aim of this study was to analyze the didactic strategies most
used by science teachers in the EJA and Rural Education
modality, identifying whether or not these strategies help during
lessons. A bibliographic survey was carried out in online
databases, whose search tools were the CAPES/MEC Journal
Portal and SciELO. The results showed that, in some articles,
the didactic strategies used brought positive results, while in
others, the strategies used did not help in the construction of
knowledge. It was also observed that the strategies used in both
types of education must be geared to the students' reality.
Keywords: rural education, teaching approaches, didactic
approaches, young and adults teaching.
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La importancia de las estrategias didácticas en la
enseñanza-aprendizaje de las ciencias en la Educación de
Jóvenes y Adultos y en la Educación Rural
RESUMEN. El objetivo de la Educación de Jóvenes y Adultos
(EJA) es facilitar el acceso a un centro de enseñanza pública a
todas las personas con retraso escolar. La Educación en el
Campo (EC), por su parte, es un tipo de educación dirigida a los
habitantes de las zonas rurales, ya vivan en campamentos,
asentamientos o simplemente en zonas rurales. La elección de
estrategias adecuadas para la enseñanza de jóvenes y adultos y
para la educación rural son fundamentales para el desarrollo
exitoso del proceso de enseñanza-aprendizaje. Teniendo en
cuenta esto, el objetivo de este estudio fue analizar las
estrategias didácticas más utilizadas por los profesores de
ciencias en la modalidad de EJA y educación rural,
identificando si estas estrategias ayudan o no durante las clases.
Se realizó un relevamiento bibliográfico en bases de datos
online, cuyas herramientas de búsqueda fueron el Portal de
Revistas CAPES/MEC y SciELO. Los resultados mostraron que,
en algunos artículos, las estrategias didácticas utilizadas trajeron
resultados positivos, mientras que en otros, las estrategias
utilizadas no ayudaron en la construcción del conocimiento.
También se observó que las estrategias utilizadas en ambos tipos
de enseñanza deben estar orientadas a la realidad de los
alumnos.
Palabras-clave: educación campesina, estrategias de enseñanza,
estrategias didácticas, educación de jóvenes y adultos.
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Introdução
As estratégias didáticas são métodos que o docente utiliza com o objetivo de fazer o
aluno compreender o assunto de maneira menos maçante, ensejando com que este participe
ativamente da aula. São exemplos de estratégias didáticas a aula expositiva tradicional e
dialogada, aula prática, demonstrativa e de campo, além do uso de recursos didáticos tais
como jogos, filmes, vídeos, documentários e trabalhos em grupo. Esses métodos, quando bem
escolhidos, de acordo a faixa etária dos alunos, têm seus efeitos potencializados. Nesse
sentido, o docente ao trabalhar com alunos da EJA, deve estar ciente de suas escolhas, pois,
visto que esses alunos possuem relevante atraso educacional em comparação aos alunos
regulares, o bom uso de tais estratégias pode reduzir a carência desses sujeitos.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) teve início no período colonial, em que os
padres Jesuítas catequizavam índios adultos. Naquele período, se observava as bases teóricas,
conceituais e práticas da EJA, visto que a mesma só foi regulamentada a partir da Lei n°
9.394, no ano de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Atualmente a EJA
ainda existe, e tem como finalidade educar jovens e adultos que não conseguiram concluir
seus estudos no tempo regular de ensino.
Já a Educação do Campo, foi criada visando atender às populações que trabalhassem e
vivessem no campo (Caldart, 2009), local cujos problemas educacionais são maiores que os
enfrentados na cidade, pois além das necessidades educacionais dos estudantes, existem
problemas de infraestrutura e ausência de políticas públicas. Logo, a tarefa do professor é
maior, pois ele precisará fazer bom uso das estratégias didáticas para que o processo de
ensino-aprendizagem de seus alunos seja potencializado. Dentro desse contexto, o meio
ambiente pode ser utilizado como estratégia didática, tal qual um laboratório a céu aberto,
visto que nos espaços em que há Escolas do Campo, os alunos têm a oportunidade de fazer
uma melhor correlação entre a teoria existente nos livros e o que é ensinado pelo professor na
prática cotidiana.
Isto posto, verifica-se que a escolha de uma estratégia didática adequada, tende a
potencializar a construção do processo ensino-aprendizagem de Ciências. Todavia, na prática,
é difícil acertar na escolha da estratégia didática adequada para ser utilizada em aula, já que
algumas vezes, o professor sequer possui infraestrutura adequada para a realização de uma
aula com metodologias distintas daquela já utilizada frequentemente.
A relação profissional com algumas escolas do campo e a participação em projetos que
contemplam a EJA fomentaram as escolhas desse trabalho de revisão bibliográfica, assim
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como a formação em ciências biológicas licenciatura dos envolvidos no desenvolvimento e
escrita desta pesquisa, firmou o compromisso de preencher um pequeno espaço da lacuna que
existe sobre quais são as estratégias didáticas mais utilizadas pelos professores de Ciências na
Educação de Jovens e Adultos (EJA) e na Educação do Campo (EC). Além disso, a escolha
pela investigação visa contribuir para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem de
Ciências, pois entendemos que esses grupos de estudantes necessitam de estratégias
apropriadas a sua faixa etária, a realidade econômica e social em que vivem e que sejam
capazes de abordar as problemáticas relacionadas a própria escolarização e tempo formativo.
Assim sendo, o objetivo geral do estudo consiste em mapear quais as estratégias
didáticas mais utilizadas pelos professores (as) de Ciências, na modalidade Educação de
Jovens e Adultos e na Educação do Campo, que são citadas em artigos publicados em
periódicos científicos disponíveis de forma gratuita nas plataformas Scielo e CAPES/MEC.
Aspectos metodológicos da pesquisa
Caracterização da pesquisa
Esta pesquisa possui abordagem de caráter qualitativo, haja vista que envolve a
obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e, até mesmo, processos interativos,
obtidos através do contato direto do pesquisador com a situação na qual se pretende estudar,
buscando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos participantes da situação em
estudo (Godoy, 1995). Minayo (1994, p. 21) pontua que uma pesquisa qualitativa “... trabalha
com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”.
Conforme os procedimentos da pesquisa, ela é caracterizada como uma pesquisa
bibliográfica. Este tipo de pesquisa geralmente faz parte do planejamento inicial de qualquer
tipo de pesquisa, pois o pesquisador precisa basear-se na bibliográfica já existente. Desse
modo, Severino (2014, p. 76) pontua que:
A pesquisa bibliográfica é aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de
pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de
dados ou de categorias teóricas já trabalhados por outros pesquisadores e devidamente
registrados. Os textos tornam-se fontes dos temas a serem pesquisados. O pesquisador
trabalha a partir das contribuições dos autores dos estudos analíticos constantes dos textos.
Por fim, realizou-se uma análise descritiva dos dados obtidos a partir da análise do dos
arquivos encontrados de forma on-line. Nesse sentido, pretendeu-se identificar quais são as
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estratégias didáticas que mais auxiliam os professores de Ciências durante o processo de
ensino-aprendizagem da matéria tanto na Educação de Jovens e Adultos quanto na Educação
do Campo.
Descrição dos locais da pesquisa
Plataforma SciELO
i
A plataforma Scientific Electronic Library Online (SciELO), ou Biblioteca Eletrônica
Científica Online, é uma biblioteca digital de publicação de periódicos científicos. Esta
plataforma foi criada a partir de um projeto de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa
de São Paulo (Fapesp) com a participação do Centro Latino-Americano e do Caribe de
Informação em Ciências da Saúde e com contribuição do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Todavia, essa biblioteca virtual não
alberga apenas pesquisas brasileiras; outros países como a África do Sul, Argentina, Bolívia,
Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espanha, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela
também fazem parte desta plataforma. Este ambiente virtual assegura a visibilidade e o acesso
universal a literatura científica. A plataforma SciELO é uma relevante ferramenta para a
pesquisa científica e uma aliada na construção do saber científico, e seu acesso é gratuito.
Portal de Periódicos CAPES/MEC
ii
O Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) é um portal brasileiro, que reúne e disponibiliza as instituições de ensino e
pesquisa do Brasil, e do mundo, publicações acadêmicas e produções científicas. Através
desta biblioteca virtual, alunos, professores, pesquisadores e funcionários de diversas
instituições de ensino superior e de pesquisa, podem ter acesso às produções e manuscritos.
Neste portal, encontram-se artigos completos de revistas nacionais e internacionais, bases de
dados com resumos, além de uma significativa lista de informação acadêmica com acesso
gratuito.
Instrumento para a coleta e registro dos dados da pesquisa
Foi realizada uma extensa investigação e um minucioso levantamento bibliográfico de
artigos publicados cuja temática fosse estratégias didáticas na EJA e na Educação do Campo,
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com o objetivo de observar e analisar o material publicado existente nas plataformas
SciELO
iii
e Portal de Periódicos CAPES/MEC
iv
.
O recorte temporal utilizado para a pesquisa foi de 10 anos, 2011 a 2021. Os artigos
foram escolhidos com base na leitura dos Títulos e Resumos realizada durante a execução do
trabalho, selecionando-os mediante a presença dos seguintes descritores: Ensino de Ciências,
Educação de Jovens e Adultos, EJA, Educação do Campo, Estratégias Didáticas, Educação
Campesina, MST, Estratégias didáticas na EJA; Estratégias didáticas na Educação do Campo
e Ensino-aprendizagem.
As buscas na plataforma SciELO e no Portal de Periódicos CAPES/MEC, foram
realizadas utilizando aspas em cada um dos termos escritos em português, e que foram
digitados sem acentuação na barra de pesquisa dos sites. Diante disso, é provável que alguns
trabalhos tenham escapado a esta busca pelos seguintes motivos: i. os autores não
empregarem o conceito de Educação Campesina ou Educação de Jovens e Adultos em seus
trabalhos e ii. a existência de artigos publicados em periódicos não indexados nas plataformas
usadas.
Técnica de análise de dados
Para analisar os dados presentes nos artigos coletados tanto na plataforma SciELO
quanto no Portal de periódicos CAPES/MES, o presente trabalho utilizou a Análise de
Conteúdo (AC), técnica que Bardin (1977, p. 42) definiu como:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos,
sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos
ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.
Segundo Bardin (1977), esse tipo de pesquisa é organizado em três fases: i. pré-análise,
ii. exploração do material e iii. tratamento, inferência e interpretação dos resultados. Na
primeira fase, a pré-análise caracteriza-se pela organização dos artigos a serem analisados e a
sistematização das ideias iniciais. Nesta fase, é necessário que:
1. Realize-se a leitura fluente do material: é o primeiro contato com os artigos;
2. Escolha-se os documentos: é realizada a definição do corpus do estudo;
3. Formule-se hipóteses e objetivos: através da leitura inicial dos documentos;
4. Referencie-se os índices, findando pela elaboração de indicadores e a
preparação do material.
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Na escolha dos documentos, algumas regras necessitaram ser seguidas, sendo elas: i. a
regra de exaustividade, que é definida pela fase na qual o corpus da pesquisa é delimitado; ii.
regra da representatividade, que consiste em escolher uma amostragem rigorosa que seja uma
parte representativa do universo inicial; iii. regra da homogeneidade, em que, neste caso, os
documentos escolhidos devem ser homogêneos e precisam respeitar critérios precisos de
escolha; e iv. regra de pertinência, na qual os documentos utilizados no trabalho devem
corresponder ao objetivo da pesquisa.
A segunda fase, definida como exploração do material, consiste na construção das
operações de codificação, decomposição ou enumeração a fim de classificar o material em
alguns critérios. Nesta fase, todo material analisado precisa ser recortado em unidades de
registro (palavras, frases, parágrafos, dentre outros) – que serão analisadas na pesquisa. O
pesquisador tem autonomia na escolha e delimitação das unidades de registro que serão
utilizadas na análise dos dados da pesquisa. Nesta fase, é realizada a codificação antes da
categorização, sendo assim, ao realizar a codificação o pesquisador converte os dados brutos
da pesquisa em uma representação do conteúdo (Urquiza & Marques, 2016).
A terceira fase - o tratamento, a inferência e a interpretação dos resultados - consistiu na
compreensão dos dados e do conteúdo contido nos artigos analisados. Nesta fase, foi
necessário verificar se os resultados a serem tratados contemplavam os objetivos do trabalho e
os resultados brutos foram tratados de modo que tornaram-se válidos. Todas essas fases foram
necessárias para observar os trabalhos que apresentaram viés sobre a temática pesquisada.
Desse modo, os estudos de Laurence Bardin (1977) sobre análise do conteúdo apresentam um
caminho metodológico para compreensão, organização e obtenção de resultados referentes à
temática trabalhada em pesquisas acadêmicas.
Etapas de análise de dados
Para operacionalizar o método Análise de Conteúdo proposto por Bardin (1977), a pré-
análise foi a fase de organização utilizada para sistematizar as ideias iniciais, e estabelecer
indicadores para a interpretação dos dados coletados por meio de levantamento bibliográfico
na plataforma SciELO e no Portal de Periódicos CAPES/MEC. Para tanto, foi realizada a
leitura fluente, durante a qual foi possível selecionar os artigos que serviriam como base da
pesquisa, e selecionados apenas os artigos que possuíssem no título, no resumo ou nas
palavras-chave os descritores: Ensino de Ciências, Educação de Jovens e Adultos, EJA,
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Educação do Campo, Estratégias Didáticas, Educação Campesina, MST, Estratégias didáticas
na EJA, Estratégias didáticas na Educação do Campo e Ensino-aprendizagem.
Mediante os critérios de inclusão e os estabelecidos pela pré-análise da Análise de
Conteúdo, foram selecionados 45 artigos científicos no total, ou seja, todos estes
apresentaram dois ou mais descritores no título, no resumo, ou nas palavras-chave. Após, foi
realizada uma segunda leitura, na qual se observou que alguns dos documentos selecionados
não atendiam as demandas da pesquisa em questão, isso porque discutiam temáticas
diferentes da estratégia didática utilizada na Educação de Jovens e Adultos e Educação do
Campo e, portanto, não se alinhavam com as discussões propostas pelo presente trabalho.
Assim, foram retirados 31 manuscritos do quadro geral de artigos selecionados, perfazendo
um total de 14 trabalhos considerados aptos a análise, avaliação e validação dos dados por
meio da Análise de Conteúdo (AC).
Para uma melhor exploração da pesquisa, como parte da construção do seu corpus, foi
construído o Quadro 1 com informações dos 14 artigos selecionados, os quais foram
enumerados por ordem de publicação (autor/ano) e plataforma de publicação (A1, A2, A3 e,
assim, sucessivamente).
A segunda fase foi a de exploração do material, que abarcou a fase de construção das
operações de codificação levando em consideração os recortes dos textos em unidades de
registro, a definição de regras de contagem, a classificação e a agregação das informações em
categorias temáticas (Bardin, 1977). A partir da realização da escolha do material e a leitura
dos documentos, iniciou-se a fase de exploração dos artigos, e sua codificação. No entanto,
para dar continuidade foi necessário realizar um recorte dos artigos, obtendo deles uma frase,
parágrafo ou palavra que tivesse relevância para a pesquisa.
Através desses recortes, as categorias e as unidades de registro elencadas para
tratamento dos dados foram apresentadas no Quadro 2, sendo os objetivos desta pesquisa
elencados em fase inicial, durante a qual foram escolhidas unidades de registro que pudessem
responder à pergunta de pesquisa e que, também fossem resposta para os objetivos do
trabalho em questão.
Por fim, realizou-se a terceira fase da Análise de Conteúdo, a fase de tratamento,
inferência e interpretação dos resultados, neste caso dos manuscritos selecionados para
fazerem parte desta pesquisa, e que assim como nas fases anteriores, precisou estar
respaldadas no referencial teórico da pesquisa.
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Resultados e discussão
Nesta seção, estão os resultados da análise dos artigos que apresentaram os descritores
no título, no resumo ou nas palavras-chave. Dos 45 artigos pulicados e encontrados nas
plataformas de pesquisa, apenas 14 foram considerados para fazer parte deste trabalho de
pesquisa. Deste montante, 10 artigos referiram-se a trabalhos realizados na EJA e 4 a
Educação do Campo.
Infelizmente, a pequena quantidade de artigos é reflexo da lacuna existente na literatura
sobre o tema, e diz respeito ao fato de que poucos estudos tem sido produzidos e
desenvolvidos acerca da temática. Nota-se que o pouco-caso relacionado a estudos voltados a
EJA e a Educação do Campo segue um padrão, pois, ao analisar a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), documento que rege as diretrizes da educação brasileira, vê-se que os
termos “Educação do Campo” e “Educação de Jovens e Adultos” são citados apenas uma vez
no texto que possui mais de 500 páginas. Desse modo, é possível identificar um desinteresse
pela abordagem de tais temáticas, apontando a necessidade de mais pesquisas direcionadas a
estas modalidades de ensino.
Ao encontro dessa afirmativa, o trabalho de Vilanova e Martins (2008) demonstrou que
ainda é insipiente as discussões sobre o ensino de Ciências na Educação de Jovens e Adultos,
e em contrapartida identificou a necessidade de aproximar os campos da EJA com o ensino de
Ciências para fomentar a emancipação dos sujeitos e o desenvolvimento de uma visão crítica
e de um posicionamento político em relação à ciência e a tecnologia. O mesmo acontece
quando nos referimos ao ensino de Ciências na Educação do Campo, que mesmo sendo tema
de inúmeras publicações, não possui números expressivos quando se trata do ensino de
Ciências (Souza, 2008).
No Quadro 1 foi apresentada a descrição de cada um dos artigos que cumpriram os
requisitos para análise, e os quais foram utilizados como base para realização deste estudo.
Para tanto, cada artigo recebeu uma identificação numérica, além de ter destacada a
plataforma do qual foi retirado, o título da obra, os autores e o ano de publicação.
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Quadro 1 – Informações dos trabalhos selecionados para a pesquisa.
Artigo
Plataforma
Título
Autores (Ano)
Educação de Jovens e Adultos
A1
CAPES
O ensino de ciências e matemática na educação
de jovens e adultos: um estudo de caso sobre
ação docente
Nascimento et al.
(2011).
A2
SCIELO
Abordagem e contextos de vida em uma prática
educativa em ciências e temática biologia na
EJA
Moreira e Ferreira
(2011).
A3
CAPES
Práticas pedagógicas na educação de jovens e
adultos: concepções e práticas de professores no
ensino de ciências
Limberger, Lima e
Silva (2014).
A4
CAPES
Impactos do ensino de ciências na educação de
jovens e adultos, nos 3° e 4° ciclos do ensino
fundamental.
Mazzurana e
Machado (2015).
A5
SCIELO
Argumentação e construção de oportunidades de
aprendizagem em aulas de ciências
Munford e Teles
(2015).
A6
CAPES
Docência compartilhada: pedagogia
diferenciada para a EJA
Moreira e Shuvartz
(2016).
A7
CAPES
O educar pela pesquisa como alternativa
pedagógica para o ensino de ciências na
educação de jovens e adultos
Borges e Lima
(2017).
A8
CAPES
Estratégias interativas para a educação e
promoção da saúde no ensino de jovens e
adultos: uma experiência sobre tuberculose
Oliveira, Araújo-
Jorge e Carvalho
(2017).
A9
CAPES
O ensino de ciências e a educação de jovens e
adultos: um relato sobre a prática pedagógica de
uma professora
Junior e Constantino
(2020).
A10
CAPES
O ensino de ciências na EJA e a aplicação de
uma proposta de metodologia ativa
Cunha, Santos e Cova
(2020).
Educação do Campo
A11
SCIELO
Currículo de ciências: professores e escolas do
campo
Cardoso e Araujo
(2012).
A12
CAPES
Discutindo articulações entre ensino de ciências
e educação do campo através da análise dos
cadernos
Fonseca e Bierhalz
(2016).
A13
CAPES
Contribuições da educação ambiental crítica
para o processo de ensino e aprendizagem em
ciências visando à formação cidadã
Luz, Prudêncio e
Caiafa (2018).
A14
SCIELO
Educação sexual: uma sequência didática para a
EJA de uma escola de assentamento
Dias e Sposito
(2021).
Fonte: Dados da Pesquisa.
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Após realizada a identificação dos artigos a serem utilizados nesta pesquisa, delimitou-
se as categorias e as unidades de registro. Em relação à delimitação de tais unidades, Silva e
Fossá (2013, p.4) explicaram que “tomar-se-ão como unidades de registro, os parágrafos de
cada entrevista, assim como textos de documentos, ou anotações de diários de campo”, ou
seja, a escolha das unidades de registro ocorreu por meio da leitura dos documentos
analisados. Já no Quadro 2, foram apresentadas as ordens das categorias desenvolvidas e das
unidades de registro utilizadas para o desenvolvimento desta pesquisa.
Quadro 2 – Categorias e Unidades de Registro definidas para investigação dos artigos no escopo da pesquisa.
ORDE
M
CATEGORIAS
UNIDADES DE REGISTRO
C1
A influência das estratégias didáticas
no ensino aprendizagem dos
discentes.
Aula expositiva tradicional ou dialogada;
Aula prática;
Aula demonstrativa; Aula de campo.
C2
Recursos didáticos utilizados em
aula, como facilitadores no processo
de ensino.
Jogos didáticos; Livro didático; Filmes;
Vídeos; Laboratório de informática;
Trabalho em grupo.
Fonte: Dados da Pesquisa.
No Quadro 3 estão a ordem e a descrição de cada uma das categorias aplicadas, o que
serviu de base para a execução das fases finais da Análise de Conteúdo. As unidades de
registro foram divididas em duas categorias: a primeira congrega as estratégias didáticas
utilizadas pelo professor em sala de aula relacionadas à tipologia da aula, enquanto a segunda
categoria congrega os recursos didáticos utilizados pelos professores como facilitadores do
processo de ensino-aprendizagem em sala de aula.
Quadro 3 – Unidades de Registro utilizadas e sua categorização.
Categoria 1 (C1)
Ordem
Unidade de Registro
U1
Aula expositiva tradicional ou dialogada;
Aula prática;
Aula demonstrativa;
Aula de campo.
Categoria 2 (C2)
U2
Jogos didáticos;
Livro didático;
Filmes;
Vídeos;
Laboratório de informática;
Trabalho em grupo.
Fonte: Dados da Pesquisa.
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Artigos analisados na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Foram encontrados 25 artigos, publicados em periódicos científicos, que falam sobre
estratégias didáticas, Ensino de Ciências e Educação de Jovens e adultos (EJA). No entanto,
deste total, apenas 10 foram considerados aptos de acordo aos critérios de inclusão e da
Análise de Conteúdo. O Quadro 4 apresenta uma descrição das unidades de registro de cada
um dos artigos que trabalharam a Educação de Jovens e Adultos.
Quadro 4 – Relação entre as Unidades de Registro e os artigos utilizados na pesquisa sobre Educação de Jovens
e Adultos.
UNIDADES DE REGISTRO
ARTIGOS
U1
Aula expositiva tradicional ou dialogada; Aula prática;
Aula demonstrativa; Aula de campo;
A3, A5, A4, A6, A10
U2
Jogos didáticos; Livro didático; Filmes; Vídeos; Laboratório de
informática; Trabalho em grupo.
A1, A2, A3, A4, A6, A7,
A8, A9, A10
Fonte: Dados da Pesquisa.
Todos os artigos apresentaram uma ou mais estratégias didáticas, além de recursos que
são utilizados como métodos de apoio ao ensino de Ciências. As estratégias utilizadas na
Educação de Jovens e Adultos, sejam elas aplicadas pelo professor ou por meio de alguma
intervenção didática, têm o objetivo de facilitar o processo de aprendizagem dos discentes
matriculados em uma dessas modalidades de ensino, de modo que 5 artigos apresentaram a
Unidade de Registro 1 (U1) e 9 artigos apresentaram a Unidade de Registro 2 (U2). Ao
discutir o uso de estratégias didáticas no ensino de ciências, os artigos trouxeram diferentes
visões acerca desse uso, sendo elas positivas e negativas. Diante disso, alguns relatos foram
destacados a seguir.
O A1 apresenta a U2, especificamente o uso do livro didático. Os autores nesse artigo
relataram que ainda existem dificuldades no âmbito escolar para se trabalhar com alunos da
EJA, pois algumas ações pedagógicas não valorizam os saberes prévios desses estudantes.
Neste caso, os docentes precisariam ter formação adequada para trabalharem na EJA, pois só
assim passariam a considerar e respeitar a importância do conhecimento que estes alunos
trazem consigo.
Diante disto, Souza (2007, p. 111) relatou que “... se este professor não estiver bem-
preparado pode haver um desequilíbrio no processo de ensino e de aprendizagem,
prejudicando assim, a aquisição do conhecimento de seu aluno”. Logo, a preparação e a
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formação continuada dos professores são peças fundamentais para que o ensino-aprendizagem
seja construído tanto pelos alunos quanto pelos professores.
O A2 apresentou a U2, realizando o uso do trabalho em grupo. Nesse artigo, a
realização desta estratégia didática, auxiliou os alunos da EJA no processo de ensino-
aprendizagem com a interação e comunicação entre os discentes, na qual eles puderam
realizar trabalhos em grupo, não focando apenas na sua aprendizagem, mas também na dos
seus colegas. Nicola e Paniz (2016, p. 360), expressaram que com o uso de diferentes recursos
“o aluno acaba tendo maior interesse pelas aulas, tornando o processo de aprendizagem mais
fácil e instigante”. Portanto, a utilização de recursos didáticos torna a aula menos maçante e o
aluno aprende de forma mais acessível.
No A3 identificou-se a U1 e a U2, especificamente o uso da aula expositiva tradicional
e dialogada, uso de filmes e trabalho em grupo. No entanto, os autores relataram que as
estratégias de ensino utilizadas pelos professores não incentivavam o uso do pensamento
crítico por parte dos alunos e sugeriram a mudança das estratégias e a inserção do ensino por
pesquisa (EPP).
O A4 apresentou a U1 e U2, com o uso da aula expositiva dialogada, aula prática,
trabalho em grupo e o uso do livro didático. As autoras relataram que os alunos gostavam da
disciplina de Ciências e consideravam que os assuntos abordados durante as aulas eram
importantes para suas vidas, ainda que se observasse que melhorias na estrutura da escola e na
metodologia das aulas fossem necessárias.
Brait et al. (2010, p. 3) explicou que “para que o professor consiga êxito entre os alunos,
cabe uma difícil tarefa de despertá-los à curiosidade, ao aprendizado prazeroso, e à
necessidade de cultivar sempre novos conhecimentos em meio às atividades propostas e
acompanhadas pelo professor”. Então, percebeu-se que o professor precisa fazer com que o
aluno desperte o interesse em aprender e participar da aula, mesmo que utilize algum tipo de
estratégia que eles não conhecem ou não estejam familiarizados.
O A5 apresentou a U1, relatando o uso da aula expositiva. Já o A6, apresentou a U1 e
U2, especificamente com a realização da aula prática e uso de vídeos, enquanto no A7
identificou-se a U2, com o uso do trabalho em grupo e de jogos didáticos. O A8 apresentou a
U2, com a utilização do trabalho em grupo e o uso do laboratório de informática e no A10,
identificou-se a U1 e U2 com o uso da aula prática, trabalho em grupo e jogos didáticos.
Nos artigos A5, A6, A7, A8 e A10, os autores relataram que o uso de diferentes
estratégias trouxe resultados satisfatórios, pois os alunos aguçaram a criatividade que
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possuíam, apropriaram-se de informações capazes de ajudar no processo argumentativo,
tornando o diálogo entre professor e aluno mais franco e aberto. Nesse sentido, percebeu-se
que o uso de estratégias didáticas no processo de ensino de ciências torna-se um caminho
eficaz e auxilia no processo ensino-aprendizagem dos alunos.
Rossasi e Polinarski (2011, p. 5), expuseram que:
As metodologias de ensino precisam ser revistas, considerando-as de forma crítica e
participativa, pois a metodologia utilizada pelo professor, o domínio do conhecimento
específico de sua área e áreas afins e a relação deste com os educandos são decisivas no
processo ensino-aprendizagem.
Portanto, a utilização de estratégias didáticas que favoreçam a participação do aluno em
aula, seja através do compartilhamento de suas vivências ou partilhando algo sobre o tema
trabalhado em sala, faz com que as aulas sejam mais dinâmicas, a relação professor-aluno seja
melhor e o processo ensino-aprendizagem seja mais eficaz.
No A9, identificou-se a U2, especificamente com a utilização do trabalho em grupo.
Neste, os autores argumentaram que as estratégias didáticas utilizadas pela professora de
Ciências infantilizavam os alunos, não considerando a maior idade do público-alvo. Um
motivo apontado para este comportamento, é que a professora utilizou-se de métodos
advindos do ensino regular para um público na qual este tipo de método não é adequado.
De acordo com Souza (2007), o uso inadequado dos recursos didáticos pode causar
prejuízo ao aprendizado dos alunos e, portanto, o professor deve fazer uma escolha adequada
dos recursos e o uso apropriado deles em aula, para que estes auxiliem os alunos no processo
ensino-aprendizagem, tornando o uso de diferentes metodologias mais eficaz.
Artigos analisados na Educação do Campo
Foram encontrados 20 artigos publicados sobre estratégias didáticas para o ensino de
Ciências na Educação do Campo. Todavia, deste total de trabalhos, apenas 4 foram
considerados passíveis de apresentação e discussão, já que após a Análise de Conteúdos
foram os únicos a se enquadrarem nos critérios pré-estabelecidos e que se alinharam com a
temática proposta. No Quadro 5, foram descritas as unidades de registro e os artigos voltados
a Educação do Campo.
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Quadro 5 – Relação entre as Unidades de Registro e os artigos utilizados na pesquisa na Educação do Campo.
UNIDADES DE REGISTRO
ARTIGOS
U1
Aula expositiva tradicional ou dialogada; Aula prática;
Aula demonstrativa; Aula de campo;
A14
U2
Jogos didáticos; Livro didático; Filmes; Vídeos; Laboratório de
informática; Trabalho em grupo.
A11, A12, A13,
A14
Fonte: Dados da Pesquisa.
Os 4 artigos apresentados no Quadro 5 trouxeram uma ou mais estratégias didáticas que
foram elencadas como unidades de registro e que, por sua vez, foram utilizadas na Educação
do Campo. Nesse sentido, apenas 1 artigo apresentou U1 e os 4 artigos apresentaram U2. Os
artigos analisados nesta pesquisa trouxeram concepções sobre o uso de estratégias didáticas
na Educação do Campo, sejam elas positivas ou negativas e, portanto, alguns relatos foram
destacados.
No A11 e A12 identificou-se a U2, especificamente com a utilização do livro didático
nos dois artigos e uso de filmes apenas no A12. Nestes artigos, os autores relataram que o
ensino precisa aproximar-se da realidade dos indivíduos inseridos nas unidades escolares, pois
conceituam que os alunos aprendem com maior aptidão quando o ensino se aproxima de suas
realidades. Em vista disso, nota-se que o ensino nas escolas do campo precisa estar voltado
para seus educandos e suas vivências, considerando o local onde a escola está inserida.
Para Almeida, Rocha e Santos (2021), um dos elementos fundamentais na Educação do
Campo é a indispensabilidade em reformular os vínculos de pertença ao campo. Para os
autores, é necessário que a Educação do Campo seja construída e organizada priorizando as
necessidades e particularidades dos indivíduos que frequentam as escolas do campo,
proporcionando ao aluno prazer e satisfação dentro do ambiente escolar.
O A13 apresentou a U2, especificamente o uso de jogos didáticos e de vídeos. Nesse
artigo, os autores afirmaram que a Educação Ambiental Crítica contribui no processo ensino-
aprendizagem de ciências, possibilitando que os indivíduos desenvolvam uma visão mais
detalhada sobre processos ecológicos, fazendo com que os alunos se vejam como parte do
meio ambiente. Já Bernardi, Pelinson e Santin (2014, p. 124) afirmaram que “[...] pensar uma
Educação do Campo significa ouvir e entender a cultura, a dinâmica social e educativa dos
diferentes grupos que formam o povo do campo”. Nesse sentido, a educação do campo,
precisa ser organizada para seus alunos, levando em consideração seus saberes e suas
vivências.
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No A14 identificou-se a U1 e U2, com o uso da aula expositiva e de vídeos. Os autores
relataram que as atividades que foram realizadas pretenderam auxiliar na conscientização
sobre a sexualidade, revelando aspectos importantes da educação sexual em instituições
escolares sediadas em zonas rurais, assentamentos, acampamentos e demais áreas. Contudo,
por ser uma modalidade de ensino, percebeu-se ao analisar os artigos que a Aula de Campo é
uma estratégia didática pouco ou não utilizada pelos professores da Educação do Campo, o
que é preocupante visto que estas escolas estão inseridas em um ambiente propício a
utilização de tal estratégia.
Lima e Braga (2014, p. 1348) relataram que “trabalhar com os alunos nas aulas de
campo significa criar estratégias para que eles percebam a relação existente entre o que ocorre
dentro e fora de sala de aula.” Assim sendo, por estarem inseridos em uma instituição escolar
no campo, a realização de aulas de campo poderia auxiliar os alunos a fazerem correlações
entre os assuntos trabalhados em aula com o ambiente em que a escola e o indivíduo estão
fixados. Logo, o uso desta estratégia pode apresentar elevada eficácia durante o processo de
ensino-aprendizagem nessa modalidade de ensino.
Considerações finais
Buscou-se investigar com este trabalho, quais as estratégias didáticas mais utilizadas
pelos professores de Ciências que atuam na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e na
Educação do Campo (EC), assim como se tais estratégias contribuem no processo ensino-
aprendizagem dos alunos matriculados nessas modalidades de ensino. Em vista disso,
verificou-se que o uso de estratégias didáticas em sala de aula potencializou a construção do
conhecimento dos estudantes. Todavia, não são todas as estratégias didáticas que têm efeito
benéfico.
Por meio do método de investigação Análise de Conteúdo, foram selecionados 14
artigos científicos em língua portuguesa, aqueles que cumpriram os critérios de inclusão,
disponíveis gratuitamente nas plataformas SciELO e Portal de Periódicos CAPES/MEC.
Mediante análise, identificou-se que o uso de estratégias didáticas quando utilizadas pelo
professor da EJA, tornam o processo de ensino-aprendizagem mais eficaz, auxiliando na
construção do conhecimento dos alunos, e na capacidade de interação entre estes, seus
professores e suas comunidades. Entretanto, alguns artigos apresentaram que o uso de
diferentes estratégias didáticas não auxiliou os alunos na construção do conhecimento, nem
mesmo na construção de um pensamento crítico.
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Em vista disso, o uso de estratégias didáticas aplicadas na Educação do Campo, revela
que estas precisam estar voltadas à vivência escolar dos alunos do campo, ou seja, tanto as
estratégias utilizadas quanto os assuntos abordados em aula, necessitam ser adequados ao
cotidiano social, econômico e cultural dos alunos. Desse modo, a Educação do Campo deve
valorizar o lugar na qual está inserida bem como o papel dos indivíduos que dela fazem parte.
É evidente a importância que o uso de diferentes estratégias didáticas apresenta para a
Educação de Jovens e Adultos e para a Educação do Campo. No entanto, para fazer o uso de
distintas estratégias nestas modalidades, é imprescindível que a formação do professor lhes
proporcione ferramentas para abordar as particularidades dessas modalidades de educação,
tendo em vista que as mesmas devam estar pautadas nas especificidades dos alunos
envolvidos.
Dito isto, foi possível verificar que mesmo sendo uma temática importante, já que uma
parcela significa dos estudantes brasileiros estão frequentando a EJA e/ou vivem em zonas
rurais onde as escolas do campo são a única opção para quem quer estudar, ainda são poucos
os estudos que contemplam as problemáticas relacionadas ao tema. Desse modo, este estudo
promove a compreensão sobre a importância das estratégias didáticas para o ensino de
Ciências nas modalidades EJA e EC, assim como apresenta critérios para avaliar quais as
melhores estratégias a serem utilizadas para contribuir com a evolução dos alunos que fazem
parte dessas modalidades de ensino.
Acreditamos que as dificuldades de acesso, assim como do cumprimento e eficácia das
políticas públicas voltadas a essas modalidades educacionais são as principais causas do baixo
índice de pesquisas e envolvimento da comunidade acadêmica com esse público. Por fim,
avaliamos que por terem sido utilizadas apenas duas plataformas de pesquisa, as discussões
dos resultados tornaram o estudo um tanto restrito, e por isso recomenda-se que novos
trabalhos se debrucem a investigar a temática de estratégias didáticas aplicada à Educação do
Campo e à Educação de Jovens e Adultos, ampliando, assim, a literatura acerca do tema.
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Mais informações sobre a Plataforma SciELO podem ser obtidas no seguinte sítio eletrônico:
https://www.atenaeditora.com.br/blog/o-que-a-scielo-por-atena-editora/
ii
Mais informações sobre o Portal de Periódicos CAPES/MEC podem ser obtidas no seguinte sítio eletrônico:
https://www.pucsp.br/biblioteca/portal-periodicos-capes e http://portal.metodista.br/portal-capes
iii
A busca na Plataforma SciELO foi realizada a partir do sítio eletrônico da própria plataforma:
https://www.scielo.br/
iv
A busca na Plataforma CAPES/MEC foi realizada a partir do sítio eletrônico da própria plataforma:
https://www-periodicos-capes-gov-br.ezl.periodicos.capes.gov.br/
Informações do Artigo / Article Information
Recebido em: 28/07/2022
Aprovado em: 26/08/2023
Publicado em: 21/10/2023
Received on July 28th, 2022
Accepted on August 26th, 2023
Published on October, 21th, 2023
Contribuições no Artigo: Os(as) autores(as) foram os(as) responsáveis por todas as etapas e resultados da pesquisa, a
saber: elaboração, análise e interpretação dos dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito e; aprovação da versão
final publicada.
Author Contributions: The author were responsible for the designing, delineating, analyzing and interpreting the data,
production of the manuscript, critical revision of the content and approval of the final version published.
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Conflitos de Interesse: Os(as) autores(as) declararam não haver nenhum conflito de interesse referente a este artigo.
Conflict of Interest: None reported.
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Artigo avaliado por pares.
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Educação de Jovens e Adultos e na Educação do Campo. Rev. Bras. Educ. Camp., 8, e14693.
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ABNT
SIMÕES, M. S.; ROCHA, E. A. A importância das estratégias didáticas no ensino-aprendizagem de Ciências na Educação de
Jovens e Adultos e na Educação do Campo. Rev. Bras. Educ. Camp., Tocantinópolis, v. 8, e14693, 2023.
http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e14693
