Journal of Biotechnology and Biodiversity | v.8 | n.3 | 2020


Journal of Biotechnology and Biodiversity

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Adubação potássica em características agronômicas e pós-colheita de melancia

Taiuan Bruno Almeida Gomesa , Aline Torquato Tavaresa* , João Francisco Matos Netoa , Irais Dolores Pascual Reyesa , Milena Benettia , João Victor Gonçalves Carlinea , Fernanda Fonseca Pereiraa , Ildon Rodrigues do Nascimento a









a Universidade Federal do Tocantins, Bras il

* Autor correspondente (alinet4t@yahoo.com.br )

I N F O A B S T R A C T

Keyworks

Citrullus lanatus (Thumb)

nutrition

potassium chloride

Potassic fertilization in agronomic and post harvest waters characteristics

The fertilizations with potassium are essentials to the development of watermelon fruit since its formation, ripening, texture and palatability. The objective in this work was to evaluate the effect of potassic fertilization in agronomy characteristics and postharvesting of watermelon. The experimental outline was a randomized block with four replications. Five doses of potassic fertilization were tested, which were: 0;

60; 120; 180 e 240 kg ha-1 K2O in the form of potassium chloride with concentration of 60% of K2O on basic and two fertilizers of cover. The other nutritional requirements of the culture were made according to the nutritional need. The cultivar used was the Manchester®, using six plants per plot. The irrigation was realized with drip hoses. For assist of the control of weeds and moisture, was used mulching. Evaluated total average productivity (in ton ha-1), weight of fruits (in kg), rind thickness in the peduncle region (in cm), of distal region (in cm) and total soluble solids (°Brix). The rind thickness in the peduncle and distal region weren´t altered by potassium doses. As it is a fruit that has the amount of brix or soluble solids as an important factor, the highest 10.3 ° BRIX value was observed in the dose of 107.22 kg of

K2O ha-1, which is the most indicated. The increase in the potassium dose promotes a quadratic response to the characteristics of productivity, average fruit weight and ºBrix. The thickness of the peel is not af- fected by the increase in the dose of potassium. The maximum fruit yield estimated at 35 ton ha-1 was achieved at a dose of 156.83 kg of K2O ha-1 .

R E S U M O

Palavras-chave s

Citrullus lanatus (Thumb)

nutrição

Cloreto de potássio

As adubações com potássio são essenciais para o desenvolvimento do fruto de melancia desde sua forma- ção, amadurecimento, textura e palatabilidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação potássica em características agronômicas e pós-colheita de melancia. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições. Foram testados cinco doses de adubação

potássica, os quais foram: 0; 60; 120; 180 e 240 kg ha-1 K2O na forma de cloreto de potássio com concentração de 60% de K2O em adubação de base e em duas de cobertura. As demais exigências nutricionais da cultura foram feitas conforme a necessidade nutricional. A cultivar utilizada foi a Manchester®, utilizando-se seis plantas por parcela. A irrigação foi realizada com mangueiras gotejadoras. Para auxiliar no controle das plantas daninhas e umidade, foi utilizado o mulching. Avaliou -

se a produtividade média total (em ton ha-1), peso médio dos frutos (em kg), espessura média da casca na região do pedúnculo (em cm), da região distal (em cm) e teor de açúcares totais (°Brix). A espessura média da casca na região do pedúnculo e na região distal não foi alterada pelas doses de potássio. Por ser um fruto que tem a quantidade de brix ou sólidos solúveis como fator importante, o maior valor

10,3°BRIX foi observado na dose de 107,22 Kg de K2O ha-1 sendo esta a mais indicada. O aumento da dose de potásio promove resposta quadrática para as características produtividade, peso médio de frutos e ºBrix. Já a espessura da casca não é afetada pelo aumento da dose de potássio. A produtividade máxima de frutos estimada em 35 ton ha-1 foi alcançada na dose de 156,83 Kg de K2O ha-1 .

Received 08 April 2020; Received in revised from 04 July 2020; Accepted 23 July 2020

© 2020 Journal of Biotechnology and Biodiversity ISSN: 2179- 4804

DOI: https://doi.org/10.20873/jbb.uft.cemaf.v8n3.gomes

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INTRODUÇÃO

Amelancia (Citrullus lanatus (Thumb.) Matsum e Nakai), é cultivada em vários países do mundo,

com uma produção mundial em torno de 118.413.465 toneladas (FAO, 2017). Segundo D ias e Santos (2019), a produção brasileira correspon- deu a 2.314.700 toneladas e área colhida de 105.064 hectares, sendo as maiores regiões produtoras Nordeste, Sul e Norte, já para o estado do Tocantins no mesmo ano a produção foi de 179.180 toneladas em uma área colhida de 6.369 hectares.

O Tocantins possui condições edafoclimáticas favoráveis ao cultivo de frutas tropicais. As condições de clima, solo e água são adequadas, viabilizando a produção, que associados aos fatores de boa disponibilidade de área e localização próxima aos grandes centros, das capitais do

centro-oeste, norte e nordeste, o torna com grande potencial para a exploração da cultura (Tavares et

al., 2014). Os municípios de Lagoa da Confusão, Cristalândia e Formoso do Araguaia são destaques de produção da fruta no estado, com uma produção estimada em 87.500, 28.200 e 16.000 toneladas, respectivamente (IBGE, 2018).

A produtividade, peso médio e a qualidade dos frutos de melancia estão associadas principalmente a fatores genéticos, climáticos e fitotécnicos, sendo a nutrição da planta de fundamental importância para se conseguir resultados satisfatórios (Gonsalves et al., 2009).

O potássio desempenha várias funções na bioquímica e fisiologia da planta e melhora a qualidade dos frutos, é o catíon com maior concentração nos tecidos vegetais, sendo absorvido em grandes quantidades da solução do solo pelas raízes das plantas na forma de K+, por não formar composto orgânico ele é bastante móvel na planta, além de ser facilmente trocável nos tecidos ou nas células com alta mobilidade celular (Gurgel et al., 2010).

Raij (1990) confirma a importância do potássio, destacando a contribuição para melhora dos atributos como a cor, acidez, resistência ao transporte, armazenamento de fotoassimilados, além da disponibilidade de outros nutrientes.

O cloreto, o nitrato e o sulfato de potássio são os principais fertilizantes utilizados, a escolha de uma dessas fontes deve estar relacionada a alguns fatores como a necessidade da cultura, o método de aplicação, preço e a disponibilidade para aquisição. O cloreto de potássio na cultura da melancia, é a fonte mais utilizada devido ao seu menor valor no mercado. (Cecílio Filho e Granjeiro, 2004a).

A deficiência desse macronutriente não

apresenta nítidas evidências em folhas, porém, em casos mais severos, podem ocorrer o secamento de margens do limbo em folhas novas, tamanho de

frutos reduzidos, casca fina e lisa são frequentes, como a maturação precoce e também a queda prematura do fruto, além de murchas, cloroses e necroses marginais nas folhas mais velhas (Taiz e Zieger, 2013).

O potássio tem sua importância em diversas atividades metabólicas na planta que estão ligadas principalmente à características qualitativas do fruto, desta forma ter o conhecimento de uma adubação ideal para seu incremento é de suma necessidade, com este trabalho, objetivou- se avaliar o efeito da adubação potássica em características agronômicas e de frutos de melancia.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi instalado no Estado do Tocantins, na latitude sul 11º43’45” e longitude oeste 49º04’07” com altitude média de 280 m. A classificação climática segundo Köppen (1948) caracteriza a região como tipo B1wA’a’ (úmido com moderada deficiência hídrica). Durante a realização do ensaio a precipitação pluvial totalizou 114 mm e a temperatura média 26,7°C (Figura 1). O solo da região é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico. Com relação as características de solo foi realizado uma análise do solo (0-20 cm) anteriormente a instalação do experimento (Tabela 1).

De acordo com a análise de solo foi recomendada a calagem com cerca de 1,26 toneladas por hectare de calcário pelo método de elevação dos níveis de cálcio e magnésio para teores considerados bons (Alvarez et al., 1999). A aplicação do calcário foi realizada cerca de 60 dias antes do plantio da cultura, utilizando-se calcário dolomítico. Foram realizadas operações de preparo do solo, com uma aração e uma gradagem. O levantamento dos canteiros realizou-se com rotoencanteirador de 70 cm de largura. Para a irrigação foram instaladas mangueiras gotejadoras com turno de rega de uma hora em duas vezes ao dia de acordo com a capacidade de retenção de água do solo, observado visualmente pelo teor de umidade, de modo que não formasse lâmina de água na superfíce. Para o controle das plantas daninhas e controle de umidade foi utilizado o mulching. A condução do cultivar foi realizado de forma convencion al.

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Figura 1 - Temperaturas e precipitações médias nos meses do experimento, na estação meteorológica AO19 em Gurupi-TO, 2018.


O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com quatro repetições. Cada parcela foi constituída por seis plantas espaçadas em 2,65 m x 0,65 m, sendo avaliadas as quatro plantas centrais. Foi utilizado frutos do tipo Crimson Sweet, cultivar híbrido Manchester®, da Syngenta, escolhido principalmente por ser o mais plantado no estado do Tocantins, além de ter uma maior resistência e duração pós colheita.

A semeadura foi realizada em bandejas de poliestireno expandido de 128 células com substrato comercial Plantmax®, irrigadas diariamente, de maneira a manter o substrato

sempre úmido até serem transplantadas por volta de 10 dias após semeadura.

De acordo com a análise de solo a recomendação de potássio foi 120 Kg de K2O ha-1 então os tratamentos consistiram de aplicação de doses crescentes desse nutrientevia solo, as quais foram: 0; 60; 120; 180 e 240 Kg de K2O ha-1, utilizando como fonte de potássio o adubo cloreto de potássio (KCl com garantia mínima de 60% de K2O). Para a adubação de base foi utilizado 310 Kg ha-1 de MAP (Mono-Amônio-Fosfato) como fonte de Nitrogênio (12%) e Fósforo (52%).

Tabela 1 - Resultados da análise de solo de 0 a 20 cm de profundidade. Gurupi-TO, 2018.

pH

(CaCl2 )

P meh (mg. dm-3 )

K

(cmolc.dm-3 )

Ca

(cmolc.dm-3 )

Mg

(cmolc.dm3 )

5,4 7,7 0,12 1,5 0,6

Al

(cmolc.dm-3 )

H+Al (cmolc.dm-3 )

M.O

(dag.Kg-1 )

C.O

(dag.Kg-1 )

Argila (g.Kg-1 )

0,00 3,10 1,4 0,8 325

SB

(cmolc.dm-3 )

CTCt (cmolc.dm-3 )

V%

2,22 5,32 42

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De acordo com a recomendação de Mendes et

al., (2010) e Filgueira et al., (1999) foi utilizado 10 toneladas por hectare de esterco bovino para adubação orgânica. Para adubações de cobertura após 30 e 60 dias de transplantio foram usados 182

Kg ha-1 de Ureia (46% de N) e KCl como fonte de

potássio, sendo aplicado por vez 30% do N e K2 O. Para o controle de pragas e doenças foram realizadas aplicações semanais de mancozebe,

Os dados médios de cada tratamento para cada característica avaliada foram submetidos à análise de variância (ANAVA). Em seguida foi feito ajuste

de modelo que melhor descrevesse a variação dos dados observados. As análises estatísticas foram feitas com o programa SISVAR (Ferreira, 2011), e as curvas de regressão e plotagem dos gráficos pelo programa Sigmaplot 10.0 (Systat Software Inc.).

tiofanato-metílico, oxicloreto de cobre,

imidacloprido, clorantraniliprole e piriproxifen, rotacionando o ingrediente ativo e seguindo as recomendações técnicas de manejo da cultura para prevenção e controle fitossanitário. Foram

realizadas também capinas manuais para eliminação de daninhas entre canteiros, raleio de frutos para retirada de frutos mal formados e condução das plantas para facilitar o manejo da cult ura.

A colheita foi realizada aos 70 dias após o transplantio quando os frutos estavam maduros. As características avaliadas foram:

▪ Produtividade média de frutos (PR em ton ha-1 ): obtida através do peso médio de frutos multiplicado pelo número de frutos colhidos em cada parcela e o resultado foi convertido para ton ha-1 ;

▪ Peso médio dos frutos (PF, em kg): obtido pela relação do peso dos frutos colhidos da parcela útil pelo número de colhidos;

▪ Espessura média da casca na região do pedúnculo - haste de ligação do fruto com a planta (ECP, em cm) e na região distal – região localizada na parte mediana do fruto (ECD, em cm), obtida através do uso do paquímetro

digital.

▪ Teor de açúcares totais (°Brix), quantificado através do uso de refratômetro portátil.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos mostram que a produtividade (t ha-1), peso médio de frutos (Kg) e teor de açúcares totais (°Brix) tiveram efeito significativo da dose de potássio aplicada. Já espessura média da casca na região do pedúnculo (cm) e espessura média da casca na região distal (cm) os resultados foram não significativos .

Foram observados dois grupos de coeficiente de variação onde o primeiro ficou entre 4 e 6% e o segundo entre 22 e 31%. A produtividade, peso médio dos frutos e teor de sólidos solúveis foram considerados baixos mostrando que essas características são mais influenciadas pelas doses de potássio do que por fatores aleatórios. Já para espessuras de casca foi considerado alto, pois são características onde sua variação é independente das doses de potássio, sendo difícil prever seu comportamento diante da adubação.

Para produtividade de frutos em função das doses de potássio, seu ponto máximo atingido por meio da análise de regressão quadrática foi na dose de 156,83 Kg de K2O ha-1, onde se obteve a produtividade próxima de 35 ton ha-1 sendo considerada acima da média nacional e estadual

que são de 22 ton ha-1 e 28 ton ha-1, respectivamente (IBGE, 2018) (Figura 2).

Figura 2 - Produtividade de frutos de melancia, híbrido Manchester, em função das doses de K2 O.


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Cecílio Filho e Grangeiro (2004a), avaliando a produtividade de melancia com fontes e doses de potássio em duas épocas (safra e safrinha), constataram que a produtividade em função das doses de potássio também apresentou comportamento quadrático com as doses de 132; 193 e 205 Kg de K2Oha-1, respectivamente, para as fontes de K2SO4, KNO3 e KCl, sendo as produtividades de 32,4; 34,4 e 32,4 ton ha-1 no período da safra. Segundo o autor foi necessária a aplicação de 73 e 61 Kg de K2O ha-1 a mais de KCl e KNO3 para atingir a produtividade máxima em relação ao K2SO4, sendo um total de acréscimos de 55 e 46%. Como a principal explicação para tal eficiência do K2SO4, que o ânion SO42- em relação ao Cl- e NO3- tem maior possibilidade de adsorção e menor lixiviação no solo, tendo as perdas de K +

minimizadas e consequentemente estando disponível e absorvido em maior quantidade pela planta.

Nascimento et al., (2017), também trabalhando com melancia, usando esterco bovino e potássio encontraram com uma menor dose a produtividade de 23 ton ha-1, 30 Kg de K2O ha-1 e 1,10 Kg de esterco bovino por cova, sendo destacado que o maior fornecimento da matéria orgânica

influenciou no aumento da eficiência da adubação com esse nutriente. A M.O eleva o pH e aumenta a CTC do solo desta forma contribui para uma maior disponibilidade e adsorção de nutrientes catiônicos como o K+ pelas plantas (Menezes e Silva, 2008). Também melhora a estrutura do solo e aumenta a retenção de água, diminuindo assim a percolação e lixiviação (Roberts e Ryan, 2015). Diante disso a adubação orgânica com estercos associada a uma adubação potássica é necessária para aumentar a eficiência na absorção desse nutriente além de reduzir suas perdas no solo (Nicolae et al., 2014). A adubação orgânica é inviavél em lavouras comerciais, tanto pelo preço quanto pela disponibilidade em grande escala, desta forma utilizou-se em condições de experimento por se tratar de pequena quantidade e também para melhoria das características fisícas e químicas do solo. Desta forma uma possível explicação para as melhores doses encontradas no trabalho foi devido a adubação orgânica realizada na área.

Para peso médio de frutos, a melhor dose segundo a análise de regressão quadrática foi de 147 Kg de K2O ha-1, onde se observou um peso médio de frutos estimados em 10,7 Kg (Figura 3).

Figura 3 - Peso médio de frutos de melancia, híbrido Manchester, em função das doses de K2 O.


Souza et al., (2016), também avaliaram o peso médio de frutos de melancia, em função de doses de potássio no estado do Tocantins, e ncontrando 6,65 Kg para a dose de 53,31 Kg de K2O ha-1. Já Faria et al., (2003), encontraram um peso médio de 7,97 Kg com uma dose de 65,8 Kg de K2O ha- 1

realizando seu trabalho no submédio São Francisco com aplicação via fertirrigação. A adubação potássica é essencial para o aumento do fruto na cultura da melancia, participando de sua formação, amadurecimento e textura (Filgueira, 2003) sendo exigido assim em maior quantidade após a

frutificação.

O aumento do peso em plantas supridas com potássio dá-se ao fato que o acúmulo desse macronutriente induz a uma maior quantidade de água nos tecidos. Ou ainda que exerce importância no enchimento de frutos devido as funções de transporte e armazenamento de fotoassimilados da folha para o fruto, além da expansão das células resultando em maior peso e maior tamanho (Rodrigues et al., 2016).

O potássio também atua na ativação de enzimas essenciais a ocorrência de processos metabólicos

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como síntese proteica, a fotossíntese e a respiração, alterando a forma física da enzima, e deixando expostos os locais quimicamente ativos, adequados para a reação (Armstrong, 1998).

No transporte dos produtos resultantes da fotossíntese através do floema requer energia na forma de ATP. O potássio possui envolvimento na produção de adenosina trifosfato (ATP), segundo Armstrong (1998) sua função seja possivelmente mais importante, quando o potássio atua na regulação da taxa fotossintética do que na atividade estomática, explicado pelo fato de que o equilíbrio entre as cargas elétricas onde se é produzido ATP é mantido com íons de K+ , deste modo, plantas deficientes em K, são reduzidas a taxa de produção de ATP e consequentemente fotossíntese, reduzindo todos os processos metabólicos que dependem de ATP.

Na planta, nutrientes como o nitrogênio e o

potássio possuem alta mobilidade e a sua redistribuição ocorre das áreas de síntese (folhas) as áreas de crescimento (frutos) e armazenamento (Malavolta, 1980).

A produtividade e peso médio de frutos estão intimamente relacionados, mostrando que o macronutriente potássio é essencial para o incremento dos mesmos. Nota-se ainda que participa de diversos processos metabólicos na planta e portanto o não suprimento adequado acarreta a um decréscimo dessas características. Os teores de açúcares totais expresso em ºBrix segundo a análise de regressão quadrática responderam ao aumento da adubação potássica com o valor próximo de 10,3° Brix na dose de 107,22 Kg de K2O ha-1 tendo a partir de então uma redução, atingindo 8,7° Brix na maior dose aplicada (Figura 4).

Figura 4 – Teor de açúcares totais expresso em ºBrix em fruto de melancia, híbrido Manchester, em função das doses de K2 O.


Os teores de açúcares totais em frutos de melancia, fornecem um indicador da quantidade de açúcares presente nas frutas, tendo grande

Grangeiro (2004b), também verificaram o aumento do teor açúcares totais em melancia com adubação potássica, sendo utilizado o híbrido sem sementes

influência na aceitação do produto pelo Shadow, encontrando o valor máximo de 12,3°

consumidor final, não só no Brasil mais também em outros países este índice é bastante considerado na determinação da qualidade de frutos (Bleinroth, 1994).

O valor de 10,3° Brix encontra-se dentro dos padrões, pois o mínimo exigido para a colheita de melancia de acordo com a União Européia é de 9° Brix, sendo mais aceitos pelo mercado valores acima de 10° Brix (Dias e Lima, 2010).

Silva et al., (2015), estudando os teores de açúcares totais em melancia com adubação nitrogenada e potássica encontraram 8,5° Brix para a dose de 38,57 Kg ha-1 de N e K. Cecílio Filho e

Brix com aplicação de 140 Kg de K2O ha-1 . Segundo os autores valores mais elevados d e açúcares totais em frutos, em função do aumento da dose de potássio na adubação, tem relação com o importante papel que este nutriente desenvolve na ativação de diversas enzimas e também na translocação de fotossintatos.

Opotássio promove o transporte de fotossintatos para os órgãos de armazenamento das plantas como os frutos, grãos, tubercúlos, e participa na formação e translocação de açúcares, melhorando seu tamanho, cor e qualidade, além do aumento da conversão dos mesmos em amido, proteína,

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vitaminas, óleos e outros. Já Raij et al. (1991) afirmam que o K+ é um ativador de funções de manutenção da turgidez das células que atua na movimentação de fotoassimilados nos tecidos vegetais, podendo ainda aumentar o valor nutritivo das plantas.

Tanto para produtividade, peso médio de frutos e teor de sólidos solúveis houve comportamento

quadrático crescente em resposta as doses utilizadas, caindo a partir da dose ideal encontrada, mostrando que com doses elevadas, ou seja com o excesso do potássio há influência direta na redução das caracteristicas avaliadas. Dias et al. (2016), ressalta que o excesso de sais atuam

desbalanceando e causando danos ao citoplasma

visto que as plantas os absorvem juntamente com a água, promovendo assim uma maior perda por transpiração, ou ainda que o excesso pode causar um efeito osmótico inverso onde a célula perde água devido a solução exterior à planta estar mais concentrada. Também pode ocorrer o desequilíbrio

nutricional de Ca e Mg causado por excesso de Cl -

através da competição iônica, além da diminuição da concentração de NH4+ nos tecidos, devido ao efeito competitivo entre os elementos (Chen e

Mackenzie, 1992; Marschner, 2011).

Asch et al. (2000) enfatiza que a grande concentração de íons no solo especialmente Na+ e Cl-, podem promover a toxicidade no vegetal além

do desequilíbrio na homeostase do potencial de água, afetando a produção de fitomassa e assim o crescimento do vegetal. Através da intereção iônica

o excesso de um nutriente também pode causar a

diminuição na absorção de outro (Porto et al. 2015). Para a espessura de casca na região do pedúnculo (haste de ligação do fruto com a planta) e na região

distal (região localizada na parte mediana do fruto) não houve diferença significativa entre as doses de

potássio utilizad as.

Rodrigues et al. (2016), também verificaram que diferentes doses de potássio não promoveram efeito significativo na espessura de casca da melancia, o que difere de outros trabalhos como o de Cecílio

Filho e Grangeiro (2004b), que utilizando fontes e doses de potássio, observou que a espessura de casca (EC) de frutos de melancia sem sementes foi significativamente influenciada pelas fontes KCl e KNO3. Com KCl, a EC foi de 1,24 cm na dose de 300 kg K2O ha-1 e com KNO3, a EC foi de 1,27 cm na dose de 202 kg K2O ha-1 .

CONCLUSÕES

O aumento da dose de potásio promove resposta

quadrática para as características produtividade, peso médio de frutos e ºBrix. Já a espessura da casca não é afetada pelo aumento da dose de potássio.

A produtividade máxima de frutos estimada em 35 ton ha-1 foi alcançada na dose de 156,83 Kg de K2O ha-1 .

A dose de 147 Kg de K2O ha-1 promove o maior peso médio de frutos.

O valor 10,3 máximo de °Brix é observado na dose de 107,22 Kg de K2O ha-1 .

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© 2020 Journal of Biotechnology and Biodiversity ISSN: 2179- 4804

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