Journal of Biotechnology and Biodiversity | v.8 | n.3 | 2020

Journal of Biotechnology and Biodiversity
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Metodologia para determinação da abundância de árvores urbanas utilizando recursos de geotecnologias de acesso livre
Gilberto Aparecido Rodrigues a* , Luciana Aparecida Ferrarezia , Maria Aparecida Bovério b



a Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga, Bras il
b Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo, Brasil
* Autor correspondente (gilberto.rodrigues@fatectq.edu.br )
I N F O A B S T R A C T
Keyworks
afforestation learning
Google EarthPro software
arboreal units
Methodology for determining the abundance of urban trees using free access geotechnology resources The afforestation of different public spaces in cities guarantees several benefits for the urban ecosystem, among them, the improvement of the landscape, the guarantee of a favorable environment for the presence of the population of wild animals that live in these spaces, due to the restriction of natural environments and, in addition, it guarantees thermal comfort for the population. The objective of this study was to quantify the abundance of trees in an urban environment, using as a method the analysis of satellite images from the free geotechnology software Google Earth Pro. The results showed that the estimation of the number of trees in the city of Taiaçu , by counting trees on public roads detected by satellite images, it proved to be possible to use the technique by samples of urban public roads. It was also possible to determine 23 individual trees per kilometer, indicating that Taiaçu can be classified as a municipality that is next to the value considered critical. The use of the software proved to be easy to be executed with good precision for city of Taiaçu, SP.
R E S U M O
Palavras-chave s
arborização
aprendizagem sotware Google Earth
Pro
unidades arbóreas
A arborização dos diferentes espaços públicos nas cidades garante vários benefícios para o ecossistema urbano, dentre eles estão a melhoria da paisagem, a garantia de ambiente favoravél para presença de populações de animais silvestres que convivem nesses espaços, devido à restrição dos ambientes naturais, além disso garante o conforto térmico para a população. O objetivo desse estudo foi o de quantificar a abundância arbórea em ambiente urbano, na cidade de Taiaçu, Estado de São Paulo – Brasil, utilizando - se como método a análise de imagens de satélite, do software de geotecnologia livre Google Earth Pro. Os resultados mostraram que a estimativa do número de árvores no município, pela contagem de árvores em vias públicas avistadas por imagens de satélte, mostrou ser possível a utilização da técnica por amostragem de vias públicas urbanas. Foi possível determinar também o número de indivíduos arbóreos por kilômetro de 23 indicando-se que o município de Taiaçu pode ser enquadrado como um município pouco acima do valor considerado crítico. O uso do software mostrou ser de fácil execução e com boa precisão para o municipio de Taiaçu-SP- Brasil.
Received 15 April 2020; Received in revised from 28 June 2020; Accepted 22 July 2020
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INTRODUÇÃO
No Brasil, a arborização de ruas é uma atividade que passou a fazer parte do planejamento urbano, de
forma generalizada, somente no final do século XIX, associada ao advento da República. No en- tanto, a partir da metade do século XX, o modelo de desenvolvimento gerou umprocesso de urbanização acelerado, e houve uma intensa ocupação dos espa- ços urbanos, com consequências na demanda de ser- viços de infraestrutura. Um conflito pela conq uista desses espaços se dá, então, entre as árvores e os ve- ículos, obras de construção e equipamentos públicos necessários para suprir a oferta crescente de servi- ços de infraestrutura e a preocupação com a quali-
dade ambiental (Meneghetti, 2003; Minaki e Am o- rim, 2007; Rossetti et al., 2010; Javed et al., 2017 ). Duas grandes preocupações dos responsáveis pela arborização de uma cidade devem ser a de se atentar para a condição da planta no momento de ir a campo, e a sua altura até a primeira bifurcação do fuste, e também atentar-se com o tipo de poda a ser realizada futuramente para que as injúrias não con-
duzam à degradação das copas (Silva et al., 2019). A urbanização pode ser considerada uma das práti- cas mais homogeneizadoras dentre as principais ati-
vidades humanas. As cidades homogeneízam o am- biente físico, e como tal são construídas com o in- tuito de atender às necessidades relativamente res- tritas apenas da espécie humana. Nos espaços urba- nos da periferia, muitas vezes, eles são ocupados por espécies nativas que se tornam regionalmente difundidas (Mckinney, 2005), diferentemente de espaços urbanos centrais, que são ocupados por uma classe social de maior poder aquisitivo.
A arborização é tema de preocupação em todas as partes do planeta, e como tal, na gestão dessa te- mática podem surgir muitos conflitos com a popu- lação em relação à convivência junto aos diferentes elementos da paisagem urbana (Emily et al., 2015). Dentre os elementos urbanos mais expressivos pode-se destacar a fachada dos imóveis, a natu reza da via urbana, a largura da calçada, as placas de trânsito ou a disposição da rede elétrica (Randrup et al., 2001). Nesses aspectos, a grande demanda no manejo arbóreo, se não bem planejado pelo poder público, pode resultar em algum tipo de conflito com os usuários desses espaços urbanos, por exem- plo, em função do grande número de árvores de grande porte, com mais de 9,0 m de altura, que de alguma forma pode interferir em algum tipo de ele- mento urbano (Pinheiro e Souza, 2017; Guimarães e Cardoso Júnior, 2019).
O tema arborização tem sido recentemente ex- plorado e associado ao uso de geotecnologias, pelo fato de poder ser um instrumento de ensino que é capaz de contribuir na interiorização de conceitos de disciplinas de Geografia e outras ligadas ao
ambiente, utilizando-se como principal ferramenta
o software Google Earth (Sousa, 2018). Tal ferra- menta propicia motivação e melhora nos resultados do ensino e da aprendizagem, através da mudança
de percepção do aluno em relação aos assuntos am- bientais, com destaque na importância do uso de geotecnologias no cotidiano escolar, tornando as aulas dinâmicas e mais eficientes na interiorização de conceitos geográficos. Nesse sentido, Silva e Chaves (2011), avaliaram a utilização do Google Maps e Google Earth no ensino médio, e foi possí- vel constatar que os alunos se sentiram muito mais interessados em descobrir novas formas de apren- dizado.
Oliveira e Lopes (2013), ao utilizarem softwares de geotecnologias (Google Maps) no ensino de ge- ografia verificaram que tais tecnologias são ótimos instrumentos que proporcionam aulas mais dinâmi- cas, elevando o nível do conhecimento e proporci- ona uma nova abordagem ao conteúdo, principal- mente, ao da disciplina de Geografia. Nessa mesma perspectiva, Souza e Costa (2017) afirmam que o uso dessa geotecnologia possibilitou uma visível contribuição em diversas disciplinas da educação, tais como a Geometria, a Física, em conceitos de recursos hídricos, e a aplicação do Google Earth no ensino propiciou um ambiente em sala de aula mais dinâmico e convidativo, devido a contextualização que aborda a realidade dos indivíduos.
Rachid e Couto (1999), compararam dois méto- dos de amostragem de árvores de rua afim de iden- tificar qual é o mais eficiente para a cidade de São Carlos. Ummétodo foi o levantamento quantitativo das árvores urbanas, empregando-se a amostragem casual simples e o outro método por amostragem estratificada por nível socioeconômico da popula- ção. O método de amostragem casual simples mos- trou-se mais adequado para a determinação de nú- mero de árvores por quilômetro de via pública. Meneghetti (2003), em um estudo para estimar a abundância de árvores no município de Santos- São Paulo-Brasil, desenvolvendo técnica semelhante proposta por Rachid e Couto (1999), constataram que o número de árvores por km2 foi de 38,93 indi- víduos usando como unidade amostral um quartei- rão. Assim, foi possível estimar os números de ele- mentos arbóreos nos bairros com relativa precisão. Nessa mesma direção, Paiva (2009) também ava- liou a arborização urbana na cidade paulista de Cos- mópolis aplicando-se informações do número de árvores por quilômetro (km) e utilizando o “quar- teirão” como unidade amostral, semelhante aos es- tudos de Rachid e Couto (2009).
Iwama (2014) afirma, em seus estudos, que as pesquisas que consideram a determinação de arvo- res/km de calçada, devem conceber como valores
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críticos para a quantificação de árvores em vias pú- blicas o valor de 10 árvores/km. Cidades como Águas de São Pedro-SP-Brasil, e Jaboticabal-SP - Brasil, são cidades que apresentam valores mais adequados, maiores ou igual a 100 unidades arbó- reas /km de calçada (Paiva, 2009; Paiva et al., 2010).
Silva e Sousa (2018), utilizando como instru- mento de avaliação da arborização urbana a “Ma- triz de Leopold”, verificaram que tal ferramenta permitiu diagnosticar de forma rápida e econômica, aspectos urbanos e ambientais afetados pela ausên- cia da arborização. Silva et al. (2018), utilizando o Google Earth como ferramenta de estudo do espaço físico urbano, por meio de visitas in loco, constata- ram que apenas 6% da área do bairro era coberta por vegetação arbórea, sendo a estimativa de área verde por habitante de apenas 8,44%. Os autores identificaram, ainda, 102 áreas livres públicas e 50 espécies arbóreas distintas. Dessas, apenas 24,5% são espécies nativas e as demais são exóticas. A falta de arborização e a grande utilização de espé- cies exóticas sugerem afetar a presença e a perma- nência de diversos animais que se alimentam de flo- res e de frutos das espécies locais.
Guilherme et al. (2018), ao avaliarem a arbori- zação em várias cidades do centro-oeste do Brasil, explicaram que 80% das mais de 3000 unidades ar- bóreas avaliadas foram plantadas em frente às resi- dências, 14% em outros locais públicos, como igre- jas, escolas e creches, e apenas 6% das árvores se concentraram em frente aos estabelecimentos co- merciais, mas ficou evidente a falta de planeja- mento e controle do município na gestão dessa ati- vidade em ambiente urbano. Explicaram, ainda, que 44% das avaliações ficavam fora da fiação e 56% ficavam sob fiação elétrica, sendo que 10% mostraram conflitos evidentes e apenas 22% das ár- vores compuseram-se por árvores exóticas. Considerando-se todo o contexto de investiga- ções realizadas sobre essa temática, o objetivo desse estudo foi o de estimar a quantidade de indi- víduos arbóreos utilizando-se imagens de satélite do software livre Google Earth Pro.

MATERIAL E MÉTODOS
Omunicípio objeto de estudo foi a cidade de Tai- açu-São Paulo-Brasil, a qual dista da capital do es- tado 370 km, e 70 km de Ribeirão Preto-São Paulo - Brasil. Foi utilizado para esse estudo a análise de imagens de satélite por meio do software livre Go- ogle Earth Pro, inicialmente delimitando os qua- drantes da cidade objeto de estudo, por duas linhas imaginárias fazendo-se a intersecção no centro da cidade, formando-se um ângulo de 90º (Figura 1). Em seguida delimitou-se a área urbana de cada
quadrante, utilizando-se a ferramenta “polígono”. Posteriormente delimitou-se aleatoriamente a área amostral composta por 12 hectares (ha) em cada quadrante. Na sequência, e de forma aleatória, iden- tificou-se três ruas na área amostral, em cada qua- drante, por meio da ferramenta “caminho”, a qual permite armazenar o comprimento de cada rua identificada e o número de elementos arbóreos identificados, através da contagem por observação visual da imagem, propiciada pelo software, vista de cima (Figura 2), num ângulo em relação ao solo de 90o, através da ferramenta de aproximação do distanciamento em relação ao solo, localizada do lado direito da área de trabalho do software aberto, como mostra a Figura 01, acionando o “ +” para aproximação, e “-“ para afastamento.
Figura 1 - Elementos básicos para visualização de imagens de satélite da cidade de Taiaçu-SP- Brasil, na identificação dos quadrantes (Q1, Q2, Q3 e Q4). Oquadrante 1 em amarelo identifica a área total ur- bana do quadrante, a linha tracejada branca denota a área amostral/quadrante, com as três vias públicas identificadas em azul. Nos outros quadrantes iden- tifica-se apenas a camada selecionada da área
amostral/quadrante com as três vias públicas.
Uma vez que cada caminho (via pública) tem seu comprimento verificado e armazenado no software, determinou-se os totais de comprimentos dos três caminhos (vias públicas) em cada quadrante (Ta- bela 1), assim como os totais do número de árvores desses três caminhos, em cada quadrante. Em se- guida foi determinada a somatória de todos os com-
primentos dos caminhos (vias públicas) em cada quadrante, utilizando-se a ferramenta “régua”, a
qual permite apenas a mensuração do comprimento da respectiva via pública.
Decidiu-se, então, de posse de todos os compri- mentos das ruas de cada quadrante, a determinação da metragem de todas as vias urbanas do município. O comprimento de calçada total do município e o comprimento de calçada amostrada é o resultado da duplicidade do comprimento total das vias públicas do município, por se considerar os dois lados da calçada. Estabeleceu-se, então, o índice de
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árvores/km que é resultado da razão entre o com-
primento total das calçadas (km) pelo número total de árvores no município. A notificação de indiví- duos arbóreos amostrados por distância (m) é resul- tado da razão entre indivíduos arbóreos amostrados pelo comprimento de calçadas amostradas. Os da- dos foram organizados em quadrantes, compri-
mento das vias públicas observadas, número total de árvores observadas, área urbana de cada qua- drante, comprimento das vias públicas amostradas e total de árvores amostradas e outras informações constantes na tabela 1.

Figura 2 - Elementos básicos para observação de imagens de satélite de uma via pública da cidade de Taiaçu-SP-Brasil, na identificação da via pública e dos elementos arbóreos com distintos tamanhos (seta amarela).
Para a análise dos dados observados e amostra-
dos constantes na tabela 1, utilizou-se apenas o mé- todo comparativo entre os dados, e algumas rela-
ções de importância, tais como árvores/km e o dis- tanciamento entre cada unidade arbórea. Para a pro-
posta de estimativa das quantidades de árvores no município (EQAM) utilizou-se os dados da soma- tória de todos os comprimentos das vias públicas amostradas (SCVPA), as somatórias das áreas dos quadrantes amostrados (SAQA) (ha), o somatório de árvores amostradas em todos quadrantes (SA- ATQ) e a área total urbana (ATU) (ha), somando - se a área total urbana de cada quadrante, excetu- ando-se os eventuais distritos, permite-se obter a medição do total das vias públicas (MTVP) (m):

Finalmente a EQAM é dada pala equação:
Para os dados numéricos desse estudo para a ci- dade de Taiaçu-SP-Brasil, obteve-se os seguintes valores:
SCVPA= 3432 m; MTVP = 9573,85 m; SAQA = 48 ha;
SAATQ = 202 indivíduos arbóreos; e ATU= 133,9 ha
Portanto, EQAM = 563 unidades arbóreas esti- madas. Para os dados estimados efetuou-se uma análise estatística univariada fazendo-se o uso do software livre Sisvar 5.6 (Ferreira, 2011), o qual foi aplicado o delineamento em blocos ao acaso, onde considerou-se cada área amostral por quadrante, como representativo de um bloco, e cada unidade caminho (via pública=V), respectivamente V1, V2 e V3, vias de cada quadrante, considerando- se como tratamento. Para efeito de controle local foi estabelecido um tamanho uniforme das unidades amostrais em cada quadrante de 12 ha, um número igualitário de vias públicas amostradas, e a casuali- dade na escolha da área amostral e das vias públi- cas. Aos dados foi aplicada a análise de variância e o teste de médias de Scott Knott a 5% de probabili- dade. Como hipótese desse estudo tem-se que: é possível estimar o número total de árvores no mu- nicípio amostrando apenas 12 vias públicas de ma- neira aleatória; o número de árvores/quilometro (km) é considerado insatisfatório (menor ou igual a 10 unidades arbóreas/km); as unidades arbóreas por metro de calçada encontram-se a cada 10 metros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Como resultados dos dados referentes às infor- mações de comprimentos de vias públicas e núme-
ros de árvores observadas e amostradas no municí- pio de Taiaçu-SP-Brasil, as informações da Tabela 1 mostram que as áreas amostradas nesse estudo corresponde a mais de 39% (48/121,9) da área do município.

Para confrontação da precisão dos dados estima- dos do número de árvores no município, dos dados dos comprimentos de todas as vias urbanas do mu- nicípio de Taiaçu-SP-Brasil, os quais perfazem um total de 24031 m de cada lado da calçada, realizou - se a somatória de todas as árvores do município, de cada via pública, do número de unidades arbóreas observadas, 1073 unidades, e das unidades arbóreas estimadas, 563 unidades, e constatou-se pela razão entre esses valores, observadas /estimadas, que é possível ter um índice de correção, dada pela ex- pressão:
Razão entre árvores observadas/estimadas 1073 =
563
1, 9
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24,031 km), e dividindo-se pelo número de indiví-
Portanto, se EQAM = 563, o número aproxi- mado de árvores no município é de 1,91x(EQAM).
duos arbóreos observados (1073), tem- se:
Considerando-se que os indivíduos arbóreos / km estuda cada lado da calçada, é possível observar nos dados da tabela 1 que uma vez duplicando a metragem total das vias públicas (24031 m =
. ó
1070 =
24,031 ∗ 2
= 22,26 ind . km− 1
Tabela 1 - Dados referentes a informações de comprimentos de vias públicas e número de árvores observadas e amostradas no município de Taiaçu-SP-Brasil, utilizando-se o Google Earth Pro e outras informações .
Quadrantes
Comprimento vias públicas observadas
Nº total de ár- vores observa-
das
Área urbana de cada quadrante
Comprimento vias públicas amostradas
Total de árvo- res amostradas
1º. 7.223 264 34,4 1.069 63
2º. 3.396 179 25,0 279 20
3º. 5.015 272 25,0 1.035 36
4º. 8.397 358 37,5 1.049 43
Totais 24.031 1.073 121,9 3.432 162
Outras informações
Área amostrada / quadrante: Total de área amostrada (39%): Comprimento total das calçadas
12 ha 48 ha 48.062 m
Comprimento das calçadas amostradas 6.864 m
O valor de 23 indivíduos arbóreos/km, segundo Iwama (2014), para o município de Taiaçu-SP- Bra- sil representa um valor pouco acima do valor crí- tico, considerado pelo número de 10 indivíduos ar- bóreos/km. Por outro lado, ao se considerar o mesmo raciocínio para os valores estimados dos comprimentos de vias amostradas (3432m=3,432km) e número de árvores amostradas (162), tem- se:
número de vias a ser avaliada e a aleatoriedade na escolha dessas vias. É possível que, em relação aos valores dos coeficientes de variação elevados, eles podem ter influenciado na significância da análise de variância e do teste de médias. Quanto menor o coeficiente de variação mais homogeneidade es- pera-se no conjunto de dados. (Mohallem et al., 2008).
De acordo com o último censo do panorama das cidades do Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
. ó
162
= 3,432∗2 = 23,60 ind . km− 1
tística (IBGE, 2010; IBGE, 2015), o município de Taiaçu pertence ao bioma mata atlântica, tendo uma
Quando se compara os indivíduos arbóreos/km e indivíduos arbóreos/km estimados constata- se uma diferença de apenas 6%. Quando se observa os resultados da análise de variância (Tabela 2), os da- dos demostraram não haver diferença significativa a 5% entre o número de árvores estimadas em cada quadrante, quando em função das vias púb licas amostradas. Semelhante observação pode ser feita com os dados da tabela 3, em que não houve efeito significativo do comprimento das vias públicas em relação aos quadrantes avaliados. Não se constata- ram diferenças estatísticas entre as médias de nú- meros de árvores/quadrante, e no comprimento das vias/quadrante.
O que chama a atenção é que os coeficientes de variação foram elevados para as duas análises (Ta- bela 1 e 2), o que é plausível, pois não se consegue
exercer controle local em relação a comprimento de
vias públicas e número de árvores, apenas unifor- miza-se a área a ser amostrada /quadrante, o
urbanização de vias públicas de 50,3 % e arboriza- ção de vias públicas de 74,8 %. Pelas observações constatadas nesse estudo, o município de Taiaçu - SP-Brasil situa-se pouco acima do índice crítico de árvores por km, com 22 indivíduos arbóreos. Entre- tanto, nesse estudo verificou-se 42 indivíduos arbó- reos estimados/km, ou seja, um indivíduo arbóreo a cada 50 metros. As observações das imagens pro- porcionadas pelas imagens de satélite (Figura 2) mostram notoriamente que há muito espaço vazio nos dois lados das calçadas, onde poderia possivel- mente ser ocupado por mais indivíduos arbóreos, podendo oferecer maior e melhor conforto térmico para a população (Pinheiro e Souza, 2017).
É possível que essa metodologia para cidades muito maiores possa ter suas limitações. Entre- tanto, o fato de poder-se estimar o número de árvo- res numa dada região por estimativa de menos de 10 % no comprimento de vias públicas, facilita muito o trabalho das equipes de meio ambiente,
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e/ou equipes de poda de um dado município. Os re- sultados dessa pesquisa são promissores, mas deve - se constatar se o índice multiplicador desse estudo
(1,91) se mantém o mesmo para municípios com maior número de habitantes.
Tabela 2 - Resumo da análise de variância da estimativa do número de árvores no município de Taiaçu-S P.
Fonte de variação GL Fc Prob > Fc
Quadrantes 3 0,716 0,5775 ns
Vias públicas 2 0,373 0,7034 ns
Média geral de número de arvores: 15,16
CV: (%): 54,05 Teste de médias
Valores médios por quadrantes do número de árvores estimadas
Q1 Q2 Q3 Q4
21,00a 13,33a 12.00a 14.33a
ns: indica que não houve efeito significativo a nível de 5% probabilidade pelo teste F; Fc: F calculado (Snedecor); Prob: probabilidade; GL: grau de liberdade do teste; Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa pelo teste de Scott Knott a 5%; CV: Coeficiente de variação
Tabela 3 - Resumo da análise de variância do comprimento das vias públicas no município de Taiaçu-SP .
Fonte de variação GL Fc Prob > Fc
Quadrantes 3 0,301 0,8240 ns
Vias públicas 2 1,283 0,3437 ns
Média do comprimento das vias: 337m
CV: (%): 24,88 Teste de médias
Valores médios por quadrantes do número de árvores estimadas
Q1 Q2 Q3 Q4
356,33a 298,00a 345,00a 349,66a
ns: indica que não houve efeito significativo a nível de 5% probabilidade pelo teste F; Fc: F calculado (Snedecor); Prob: probabilidade; GL: grau de liberdade do teste; Letras minúsculas iguais na mesma linha indicam que não houve diferença significativa pelo teste de Scott Knott a 5%; CV: Coeficiente de variação.
O método proposto mostra-se, ainda, ser uma ferramenta de fácil execução e custo baixo. Pode ser utilizado por prefeituras ou empresas especiali- zadas em serviços de poda nos municípios. Ao mesmo tempo, por envolver cálculos simples, pode até ser mais explorado em ambientes escolares para ser utilizada em disciplinas do ensino médio, para permitir maior interação com novas tecnologias e melhorar a aprendizagem (Silva e Chaves, 2011) assim como pode melhorar o grau de motivação dos alunos (Oliveira e Lopes, 2013) e desenvolver a percepção ambiental.
O uso de geotecnologias, tal qual o geoproces- samento e o sensoriamento remoto, pode ser uma importante ferramenta no monitoramento da arbo- rização urbana, uma vez que a utilização da ima-
gem de satélite de alta resolução mostra-se bastante eficiente na quantificação da cobertura vegetal (Lima e Vieira, 2009), e a associação com trabalho estruturado em campo amplia ainda mais as infor- mações para o poder público local, no gerencia- mento do ambiente em espaços urbanos, conforme os estudos bem estruturados de Guilherme et al. (2018), Silva et al. (2018) e Meneghetti (2003), que tiveram visitas in loco, e tal estratégia demanda um
esforço e custo muito superior. Almeida et al. (2018) e Sampaio (2019), ressaltam que o uso do software livre Google Earth possui grande poten- cial para implantação do cadastro urbano em pe- quenos municípios e em outros serviços.
De maneira diferente, a proposta desse estudo delimitou-se em quantificar as unidades arbóreas, mas o software Google Earth Pro dispõe de ferra- mentas para visualização a nível de solo, de unida- des arbóreas nas vias que são georreferenciadas (Google Street View), podendo facilitar em muito o trabalho de equipes ligadas à arborização urbana em um dado município, na vistoria da condição sa- nitária e até identificação das espécies arbóreas.
CONCLUSÃO
A determinação da abundância de unidades ar- bóreas pela amostragem de três vias públicas por quadrante foi possível e mostrou-se satisfatória para facilitar a gestão e o planejamento da arbori- zação do município de Taiaçu-SP-Brasil. O número de árvores estimadas pelo método de amostragem por quadrante foi de 563 árvores no município, de- vendo-se usar um fator de correção de 1,91 para aproximar-se à contagem total de fato de 1070
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árvores. O índice de indivíduos arbóreos/km deter- minado para a cidade de Taiaçu-SP-Brasil foi de 23, valor esse considerado pouco adequado. O uso de software livre Google Earth Pro possui ferra-
mentas capazes de dar suporte aos departamentos de planejamento urbano de cidades de pequena po- pulação.
AGRADECIMENTOS
Agradecimento especial à Diretoria da
Faculdade de Tecnologia de Taquaritinga (Fatec - tq) e a CPRJI do CEETEPS, sem os quais o presente trabalho não poderia ter sido realizado.
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