Journal of Biotechnology and Biodiversity | v.8 | n.1 | 2020

Journal of Biotechnology and Biodiversity
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Tempo de armazenamento e métodos de superação da dormência de pirê- nios de Byrsonima crassifolia (L.) K unt
Hygor Gomes de Almeida Sousaa* , Bruno Aurélio Campos Aguiar a ,


Maristela Lima Figueiredo Guimarães Epifânioa , Renata Carvalho da Silvaa , Priscila Bezerra de Souza a



a Universidade Federal do Tocantins (UFT), Brasil
* Autor correspondente (hygoralmeida.floresta@outlook.com )
I N F O A B S T R A C T
Keyworks
germination treatment dormancy
A methodology to evaluate the management of tourism in protected natural areas Storage time and methods of determination of pyrenes of Byrsonima crassifolia (L.) K unt
The objective of this study was to evaluate the germination of the Byrsonima crassifolia spruces consid- ering storage periods and dormancy overcoming methods. It was used a completely randomized design with 60 pyrenes per treatment, distributed in four replicates and eight treatments, seeded in plastic bags with dimensions of 17 x 22 x 0.15 cm containing soil from the site of the matrices and daily watering was performed to maintain substrate moisture. The storage of the pyrenes was 0, 60, 120 and 180 days and the treatments totaled in 8 with control, and others carried out the chemical and mechanical superstructures. The results obtained allowed to conclude that the Byrsonima crassifolia pyrenes presented better physio- logical quality when stored for 120 days. Soaking in (H2SO4) for 40 minutes and (GA3) for 48 hours favored germination and provided higher rates of germination (IVG) in relation to the others.
R E S U M O
Palavras-chave s
germinação tratamentos vigor
Objetivou-se avaliar a germinação dos pirênios de Byrsonima crassifolia considerando períodos de arma- zenamento e métodos de superação de dormência. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado com 60 pirênios por tratamento, distribuídos em quatro repetições e oito tratamentos, semeados em sacos plás- ticos com dimensões de 17 x 22 x 0,15cm contendo solo do local das matrizes sendo realizadas regas diárias para manutenção da umidade do substrato. O armazenamento dos pirênios foi de 0, 60, 120 e 180 dias e os tratamentos totalizaram em 8 com testemunha, e outros realizado as superações química e me- cânica. Os resultados obtidos permitiram concluir que os pirênios de Byrsonima crassifolia apresentaram melhor qualidade fisiológica quando armazenadas por 120 dias. A embebição em (H2SO4) por 40 minutos e (GA3) por 48 horas favoreceram a germinação e proporcionaram maiores índices de velocidade de ger- minação (IVG) em relação aos demais.
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INTRODUÇÃO
Os pirênios da maioria das espécies florestais germinam prontamente quando lhes são dadas con- dições ambientais favoráveis. No entanto cerca de dois terços das espécies arbóreas apresentam certo grau de dormência, que pode ser superada com a utilização de tratamentos pré-germinativos ( Oli- veira et al., 2012).
Na maioria das espécies florestais, a dormência de pirênios é um fato comum, sendo esta, em con- dições naturais, de grande valor por ser um meca- nismo de sobrevivência da espécie. No entanto, passa a ser um problema quando os pirênios são uti- lizadas para a produção de mudas em razão do longo tempo necessário para a germinação, ficando as mesmas sujeitas a condições adversas (Borges et al.,1982; Melo et al., 2011).
Entre os tratamentos utilizados com sucesso para a superação da dormência tegumentar de espécies florestais, destacam-se as escarificações mecânica e química, além da imersão dos pirênios em água quente (Scalon et al., 2005).
Os pirênios do gênero Byrsonima apresentam dormência devido à impermeabilidade do tegu- mento, como já foi observado por Vasconcelos Fi- lho (2008), além disso, diversos métodos para su-
peração de dormência de murici vêm sendo empre-
gados por produtores e pesquisadores para obter maior e melhor uniformidade e aceleração da ger-
minação dos pirênios, entretanto, os estudos ainda são escassos e sem nenhuma eficiência compro- vada. Visto que a propagação através de pirênios do gênero Byrsonima esbarra em problemas como baixa taxa de germinação e emergência lenta das plântulas, sendo isso decorrente de presença de um endocarpo esclerificado que envolve o embrião e que atua como barreira mecânica. Em condições naturais ou de viveiro, a germinação do murici é baixa, irregular e lenta, o que tem inviabilizado a produção de mudas deste gênero (Morais Júnior et al., 2015).
Dessa forma, conhecer os mecanismos de dor- mência, duração e métodos de facilitar a germina- ção de algumas sementes de espécies florestais tem importância tanto ecológica, quanto econômica (Murakami et al., 2011).
Diante do contexto, objetivou-se avaliar a germi- nação dos pirênios de Byrsonima crassifolia (L. ) Kunt considerando períodos de armazenamento e métodos de superação de dormência.
MATERIALES E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no TERRAQUA- RIUM, fragmento de Cerrado do Centro Universi-
tário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA, Pal- mas (TO), com coordenada 10º16’96” S e 48º20’03” W. O clima da região é marcadamente estacional com duas estações bem definidas, com cerca de seis meses de seca compreendendo o perí- odo de inverno e seis meses de chuva que corres- pondem ao verão.
Os frutos de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt. fo- ram coletados aleatoriamente em 40 matrizes de um fragmento de Cerrado sensu stricto inserido no Re- assentamento Mariana, localizado à 17 km do mu- nicípio de Palmas (TO), após a coleta dos frutos os mesmos foram transportados para o Laboratório de Sementes Ulbra, Palmas (TO) onde prosseguiu para o beneficiamento, secagem e armazenamento. Empregou-se um delineamento experimental in- teiramente casualizado com 60 pirênios por trata- mento, distribuídos em quatro repetições, sendo as análises realizadas para o 0, 60, 120 e 180 dias de armazenamento. Foram testados os seguintes trata- mentos pré-germinativos com o intuito de anteci- par, aumentar e uniformizar a porcentagem de ger- minação dos pirênios: T1 = Testemunha; T2 = Esca- rificação química com ácido sulfúrico (H2SO4) con- centrado por 20 minutos; T3 = Escarificação quí- mica com ácido sulfúrico (H2SO4) concentrado por 40 minutos; T4 =. Escarificação química com ácido
giberélico na concentração 500 mg L-1 (GA3) por
24 horas; T5 =. Escarificação química com ácido gi- berélico na concentração 500 mg L-1 (GA3) por 48
horas; T6 = Escarificação mecânica com lixa nú- mero 80 por 30 segundos; T7= Escarificação mecâ- nica com lixa número 80 por 30 segundos mais imersão em água por 24 horas; T8 =Escarificação mecânica com lixa número 80 por 30 segundos mais imersão em água por 48 horas.
A escarificação mecânica com lixa foi efetuada friccionando individualmente cada pirênio de forma padronizada do local de atrito, o pecíolo, mas de forma superficial por 30 segundos. Os pirênios de cada tratamento descrito anteriormente foram submetidos ao teste de germinação e a semeadura foi realizada em sacos plásticos com dimensões de 17x22x0,15cm contendo solo do local das matrizes sendo realizadas regas diárias para manutenção da umidade do substrato.
O experimento constituído por pirênios (ponto zero), ou seja, sem nenhum dia de armazenamento foram submetidos aos tratamentos (T1 ao T8) se- quencialmente foram semeados em sacos plásticos com dimensões de 17 x 22 x 0,15 cm contendo solo do local das matrizes sendo realizadas regas diárias para manutenção da umidade do substrato, sendo os tratamentos realizados para os pirênios armazena- dos por 60, 120 e 180 dias.
O período de observação da germinação foi de 180 dias, sendo feita a contagem diária dos pirênios
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germinados, dessa forma foram avaliados a porcen-
tagem de germinação (G(%)) e o índice de veloci- dade de germinação (IVG) de acordo com a fór-
mula proposta por Maguire (1962) .
Tabela 01 - Porcentagem de germinação (G%) e ín-
dice de velocidade de germinação (IVG) dos pirê- nios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt. ponto -
zero (sem armazenamento) submetido a diferentes tratamentos de superação da dormência.
G(%) = ( Pn
TS) 100
Tratamentos T1 - Testemunha
G% IVG 0,0000c 0,0000b
IVG =
N1 + G2
G1 N2 +⋯⋯+ Gi Ni
T2 - H2SO4 20 min T3 - H2SO4 40 min T4 - GA3 24 H
1,6500c 0,0014b 6,6500abc 0,0111b 11,6200a 0,0432a
Em que: Gi = número de plântulas computadas na primeira, segunda, terceira e última contagem; Ni= número de dias da semeadora à primeira, se-
gunda, terceira e última contagem; Pn= plântulas normais germinadas; TS= número total de pirênios colocadas para germinar.
Os dados de porcentagem de germinação foram
submetidos ao teste de normalidade de Shapiro - Wilk(W) não havendo necessidade de transforma- ção. Sendo posteriormente submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DIS CUSSÃO
Os pirênios considerado ponto-zero, ou seja, pi- rênios que não foram armazenados obtiveram baixo índice de germinação, entretanto o tratamento T 4
com imersão em GA3 por 24 horas obtiveram maior porcentagem de germinação de 11,62%, os trata- mentos T1 Testemunha e T7 escarificação com Lixa+H2O por 24 horas obtiveram resultados não significativos na porcentagem de germinação por não terem nenhum pirênio germinado ao longo do tempo de análise. Já o T2 H2SO4 por 20 minutos e o T8 Lixa+H2O por 48 horas, obtiveram porcentagem de germinação de 1,65% e T6 Lixa obteve porcen- tagem de germinação de 3,3%, diferente do T 3
H2SO4 por 40 minutos e T5 GA3 por 48 horas que obtiveram quantidade mais significativa na porcen- tagem de germinação sendo 6,65% e 9,95% respec- tivamente, dessa forma pode-se inferir que os trata- mentos T3, T4 e T5 proporcionaram melhores resul- tados, além de serem estatisticamente iguais a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey (Tabela 0 1). Os tratamentos T7 e T8 com lixiviação e imersão em água por 24 e 48 horas respectivamente em Byr- sonima crassifolia (L.) Kunt obtiveram os menores índices de germinação, contudo testando o tempo de armazenamento ponto-zero o resultado foi nega- tivo não havendo germinação em ambos os tempos analisados (Tabela 0 1).
T5 - GA3 48 H 9,9500ab 0,0395a
T6 – Lixa 3,3000bc 0,0044b T7 - Lixa+H2O 24 h 0,0000c 0,0000b
T8 - Lixa+H2O 48 h 1,6500c 0,0017b ** As médias seguidas pela mesma letra não dife- rem estatisticamente entre si. Foi aplicado o teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
De acordo com Murakami et al. (2011), a germi- nação da espécie Byrsonima cydoniifolia A. Juss. deve ser realizada com pirênios obtidas de frutos maduros, que sofreram abscisão natural, utilizando pirênios com endocarpos íntegros embebidos em ácido giberélico GA3 na concentração de 1 g L - 1
por 24 horas. Os resultados obtidos por Murakami et al. (2011) e Morais Júnior et al. (2015) utilizando
Byrsonima sp. corroboram com o presente trabalho, visto que o GA3 em ambos tempos de embebição 24 horas e 48 horas apresentaram-se valores satis- fatórios, o que demonstra ser uma técnica de supe- ração de dormência superior aos demais tratamen- tos testados.
Segundo Lopes et al. (1998), os mesmos não ob- tiveram resultados positivos na embebição por 48 horas em água com pirênios de Samanea saman (Jacq.) Merr., em contrapartida nesse estudo com pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt embe- bidos em água após escarificação com lixa obtive- ram resultados satisfatórios.
Ao trabalharem com Byrsonima crassifolia (L. ) Kunt, Nascimento et al. (2009) utilizaram H2SO 4
para a superação da dormência da espécie descrit a acima, obtiveram resultados inferiores, segundo o referido autor todos os tempos de imersão no ácido sulfúrico foram prejudiciais ao desenvolvimento do eixo embrionário causando possivelmente a morte do embrião ou algum dano aos mecanismos respon- sáveis pelo processo de germinação. Dados estes que corroboram com os resultados do presente es- tudo pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) K unt sem nenhum dia de armazenamento (ponto- zero), pois obteve-se baixos valores no índice de veloci- dade de germinação sendo de 0,0050 em T2 H2SO 4
por 20 minutos (Tabela 0 1).
Cabe ressaltar que os pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt (ponto-zero) não obtiveram
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resultados positivos para testemunha, entretanto obteve-se resultados positivos para a germinação utilizando GA3 a 0, 60, 120 e 180 dias de armaze- namento.
A germinação dos pirênios de Byrsonima crassi- folia (L.) Kunt (testemunha) sem nenhum trata- mento iniciou-se a partir dos 60 dias de armazena- mento. Após 60 dias de armazenamento os pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt foram submeti- dos aos oito tratamentos de superação de dormência e sequencialmente foram semeados em sacos plás- ticos. A maior porcentagem de germinação foi para T3 imersos em H2SO4 por 40 minutos e T6 L ixa sendo de 9,97%. Em seguida T6 e T7 escarificação com Lixa e Lixa+H2O por 24 horas ambos apresen- taram mesma porcentagem de germinação de 10%. Vale ressaltar que apenas em T8 escarificação com Lixa+H2O por 48 horas não apresentou resultados satisfatórios na germinação dos pirênios (Tabela 02). Para Nascimento et. al. (2009) a escarificação com lixa e escarificação com lixa + imersão em água destilada por 24 horas, não diferiram estatisti- camente do tratamento T1 testemunha.
O IVG dos tratamentos T2 escarificação química
com o presente estudo, que ao compararmos a por- centagem de germinação e o índice de velocidade de germinação dos pirênios de Byrsonima crassifo- lia recém-colhidos (ponto-zero) para os a 120 dias de armazenamento o que pode concluir que os pi- rênios envelhecidos apresentaram maior vigor com relação aos recém-colhidos, considerando ainda os métodos utilizados para a superação da dormência (Tabela 01 e Tabela 0 3).
Os pirênios armazenados por 120 dias foram submetidos aos tratamentos e sequencialmente se- meados em sacos plásticos. Aos 120 dias constatou - se um aumento significativo da porcentagem de germinação, quando comparado ao tempo de arma- zenamento de 30 e 60 dias. Desta forma podemos inferir que pirênios de Byrsonima crassifolia arma- zenados por 120 dias apresentaram maior viabili- dade para a germinação (Tabela 0 3).
Tabela 03 - Porcentagem de germinação (G%) e ín- dice de velocidade de germinação (IVG) de pirênio de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt com 120 dias de armazenamento posteriormente submetidos a dife- rentes tratamentos de superação da dormência.
H2SO4 por 20 minutos e T6 escarificação mecânica com Lixa obtiveram maiores valores, resultado que difere do T8 escarificação com Lixa+H2O por 48
Tratamentos T1 - Testemunha
G %
16,65b
IVG
0,05138b
horas onde o mesmo não foi satisfatório, já o trata-
mento T1 obteve baixo IVG, porém significativo quando comparado ao T8 (Tabela 02).
T2 - H2SO4 20 min T3 - H2SO4 40 min T4 - GA3 24 H
21,62ab 0,06833ab 33,30ab 0,13728a 16,62b 0,06988ab
Tabela 02 - Porcentagem de germinação (G%) e ín- dice de velocidade de germinação (IVG) dos pirê- nios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt com 60 dias de armazenamento e submetidos a diferentes
tratamentos de superação de dormência. Tratamentos G% IVG
T1 - Testemunha 4,9700ab 0,0114ab T2 - H2SO4 20 min 8,3000ab 0,0353ab
T5 - GA3 48 H 34,97a 0,13700a T6 – Lixa 21,62ab 0,07275ab T7 - Lixa+H2O 24 h 28,30ab 0,10198ab T8 - Lixa+H2O 48 h 24,95ab 0,08438ab ** As médias seguidas pela mesma letra não dife-
rem estatisticamente entre si. Foi aplicado o teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
T3 - H2SO4 40 min T4 - GA3 24 H
T5 - GA3 48 H T6 – Lixa
T7 - Lixa+H2O 24 h
9,9700a 0,0355ab 6,6200ab 0,0242ab 8,30000ab 0,0323ab 9,9700a 0,0447a 9,9500 0,0208ab
Os pirênios armazenados por 120 dias foram submetidos aos tratamentos e sequencialmente se- meados em sacos plásticos. Aos 120 dias constatou - se um aumento significativo da porcentagem de germinação, quando comparado ao tempo de arma-
T8 - Lixa+H2O 48 h 0,0000b 0,0000b
** As médias seguidas pela mesma letra não dife- rem estatisticamente entre si. Foi aplicado o teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Conforme Scalon et al. (2006) afirmam que os pirênios de Jacaranda cuspidifolia Mart. não de- vem ser semeadas logo após a extração dos frutos, pois os mesmos observaram que a porcentagem de emergência aumentou com o período de armazena- mento e refrigeração Dados estes que corroboram
zenamento de 30 e 60 dias. Desta forma podemos inferir que pirênios de Byrsonima crassifolia arma- zenados por 120 dias apresentaram maior viabili- dade para a germinação (Tabela 0 3).
O tratamento T5 imersão em GA3 por 48 horas
obteve maior porcentagem de germinação de 34,97%, seguido de T3 H2SO4 por 40 minutos 33,3%, T7 Lixa+H2O por 24 horas 28,3%, T 8
Lixa+H2O por 48 horas 24,95%, já nos tratamentos T6 Lixa e T2 H2SO4 por 20 minutos obtiveram mesma porcentagem de germinação de 21,6%, por
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fim tratamento T1 Testemunha e T4 GA3 por 24 ho- ras obtiveram 16,6% de germinação (Tabela 0 3). Segundo Biruel et al. (2007) ressaltaram que os pirênios de Caesalpinia leiostachya (Benth.) Ducke (pau-ferro) armazenadas, quando expostas a imersão em ácido sulfúrico por 10min se tornam su- ficientes para superar a dormência causada pela im- permeabilidade do tegumento à água. Já os pirênios recém-colhidas, imersas em ácido sulfúrico por 20 a 30 min favorece a porcentagem e a velocidade de
48 horas, os menores IVG foram encontrados no Tratamento T1 Testemunha e T8 Lixa+H2O por 48 horas (Tabela 0 4).
Tabela 04 - Porcentagem de germinação (G%) e ín- dice de velocidade de germinação (IVG) dos pirê- nios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt. com 180 dias de armazenamento posteriormente submetidos a diferentes tratamentos de superação da dormên- cia.
germinação.
Em contrapartida os resultados obtidos para Byr- sonima crassifolia (L.) Kunt no tratamento T3 com H2SO4 por 40 minutos foram satisfatórios sendo
que os melhores resultados foram obtidos através dos pirênios com tempo de armazenamento 120 e 180 dias com destaque para os 120 dias propiciando aumento da porcentagem de germinação e aumento
no índice de velocidade de germinação (Tabela 3 e 4).
O armazenamento associado aos métodos de su- peração de dormência dos pirênios de Byrsonima
Tratamentos T1 - Testemunha
T2 - H2SO4 20 min T3 - H2SO4 40 min T4 - GA3 24 H
T5 - GA3 48 H T6 – Lixa
T7 - Lixa+H2O 24 h T8 - Lixa+H2O 48 h
G% IVG 6,65ab 0,01505b 16,62a 0,07323a 11,62ab 0,04768ab 4,95ab 0,02648ab 13,30ab 0,04330ab 4,97ab 0,02015b 9,95ab 0,04240ab 3,30b 0,01520b
crassifolia (L.) Kunt foi de grande importância para obter-se resultados satisfatórios nesse estudo (Ta- bela 0 4).
De acordo com Cabral et al. (2003) obs ervam
que a capacidade germinativa dos pirênios de Ta- bebuia aurea (Manso), armazenadas em câmara fria e seca foram mantidas por 120 dias, ou seja, a qualidade fisiológica dos pirênios não foram afeta- das pela permeabilidade das embalagens. Esses re- sultados concordam com os obtidos por Souza et al . (1980a e b) para outras espécies características da região semi-árida nordestina como: Anadenanthera macrocarpa (Benth.), Tabebuia impetigino sa (Mart. ex DC.), Pseudobombax simplicifolium A.
Robyns e Astronium urundeuva (Fr.All) Engl., ar- mazenadas em câmara fria (8°C e 50% UR). Os re- sultados destes trabalhos corroboram com os resul- tados do período de armazenagem dos pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt, sendo que os 120 dias, apresentaram maiores taxas de germinação em todos tratamentos.
Os pirênios armazenados por 180 dias foram submetidos aos tratamentos e sequencialmente se- meados em sacos plásticos. Observou-se que a por- centagem mais significativa foi para o tratamento T2 H2SO4 por 20 minutos 16,6%. Os demais trata- mentos não obtiveram índices superiores e nem apresentaram grandes diferenças entre si, porém considerando o armazenamento de 180 dias, a ger- minação dos pirênios de Byrsonima crassifolia (L. ) Kunt não foi negativa em nenhum dos métodos de superação testados (Tabela 0 4).
A diferença mais significativa aos 180 dias de armazenamento, referente ao IVG ocorreu nos tra- tamentos T2 H2SO4 por 20 minutos e o T5 GA3 por
** As médias seguidas pela mesma letra não dife- rem estatisticamente entre si. Foi aplicado o teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
No presente estudo a concentração de GA3 utili- zada foi 500 mg L-1 , com imersão por 24 e 48 horas respectivamente nos pirênios de Byrsonima crassi- folia (L.) Kunt, observou-se que mesmo sem o trin- camento do endorcarpo, mantendo-os totalmente íntegros o GA3 foi absorvido, o que influenciou no desenvolvimento do embrião e consequentemente na germinação dos pirênios. Dentre os oito trata- mentos de superação de dormência testados o GA 3
está entre o mais satisfatório na germinação de Byr- sonima crassifolia (L.) K unt.
De acordo com Passos et al. (2004) o GA3, pro- movem a germinação de pirênios em várias espé- cies. Passos et al. (2004) propôs que o GA3 pro- move a germinação de pirênios estimulando o cres- cimento do embrião e induzindo a produção de hi- drolases para enfraquecer as estruturas ao redor do embrião.
O tratamento T3 H2SO4 concentrado, obteve re- sultados positivos com pirênios totalmente íntegros o tempo de imersão por 40 minutos teve-se uma porcentagem de germinação superior ao de 20 mi- nutos, porém ambos os tratamentos foram relevan- tes para a germinação de Byrsonima crassifolia (L. ) Kunt. Os resultados corroboram com os obtidos por Martins et al. (1992) que trabalharam com pirênios de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. onde recomen- daram a imersão em ácido sulfúrico (95%) com tempo variado, por proporcionar as maiores por- centagens de germinação. Já Loureiro et al. (1995 )
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constataram que a imersão dos pirênios de Bowdi- chia virgilioides Kunth (sucupira-preta) em ácido sulfúrico, com diferentes períodos foram os trata- mentos mais efetivos para germinação dessa espé- cie.
Os resultados com pirênios de Byrsonima cras- sifolia (L.) Kunt no presente estudo não foram su- periores a 50% mesmo com diferentes períodos de armazenamento. Na figura 01, pode-se visualizar as porcentagens média dos tratamentos em diferentes períodos de armazenamento, podendo concluir que em todos os tratamentos a melhor época de arma- zenamento foi aos 120 dias, apresentando maior emergência nos diferentes tratamentos.
Figura 01 - Porcentagem média de germinação

(G%) dos quatro tempos de armazenamento dos pi-
rênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt, na teste- munha e nos tratamentos químicos e mecânicos tes-
tados.
Foi observado que para o ponto-zero (sem ne- nhum dia de armazenamento) o tratamento que se
destacou foi o T4 de GA3 por 24 horas, já para 60 dias de armazenamento o uso da Lixa nos tratamen- tos obteve melhores índices de emergência. Aos 120 dias de armazenamento o uso de GA3 por 48 horas e H2SO4 por 40 minutos, demostraram me- lhores resultados, já para 180 de armazenamento o melhor resultado foi para imersão em H2SO4 por 20 minutos.
Conforme Scalon et al. (2005) observaram que pi- rênios de Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong apresentaram elevada porcentagem de ger- minação e IVG quando escarificadas; entretanto, foi observada redução no potencial germinativo du- rante o armazenamento. Emcontrapartida, neste es- tudo os pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) K unt obtiveram melhores resultados na germinação após
o armazenamento.
CONCLUSÕES
Dessa forma, pode-se concluir que a germinação dos pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt. aumentou com o período de armazenamento aos 120 dias, associado aos métodos de escarif icação química com H2SO4 por 40 minutos e GA3 por 48 horas, pois apresentaram maior porcentagem de germinação em relação ao ponto-zero (sem nenhum dia de armazenamento) e 60 dias de armazena- mento.
A associação do armazenamento com os méto- dos de superação da dormência possibilitou um au- mento gradativo da germinação dos pirênios de Byrsonima crassifolia (L.) Kunt, entretanto a por- centagem de germinação e índice de velocidade de germinação permaneceram baixos quando compa- rados a outras espécies florestais.
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