Bortolon, L., et al. 44
J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.1: pp. 43-49, Fev. 2014
INTRODUÇÃO
As fontes de fósforo mais usadas na agricultura brasileira são os fosfatos solúveis em água, como os superfosfatos simples e triplo, monoamônio fosfato e diamônio fosfato. Devido à incorporação de novas áreas à agricultura brasileira, à baixa disponibilidade de fósforo nesses solos e a existência no Brasil de diversas jazidas de fosfatos, uma opção é o uso de fosfatos naturais. Os fosfatos naturais são minérios apenas moídos e concentrados e devido ao menor processamento industrial, apresentam custos de fabricação mais baixos (Novais et al., 2007).
Os fosfatos naturais brasileiros apresentam, em relação ao superfosfato triplo, uma eficiência inicial baixa. Já os importados, são em geral mais eficientes em razão do maior grau de substituições isomórficas do fosfato por carbonato, resultando em um cristal imperfeito, poroso e com baixa energia entrópica, podendo ser facilmente hidrolisado. Smyth e Sanchez (1982) verificaram que a relação molar CO 3 /PO 4 no fosfato natural de Arad (importado) é de 0,26, enquanto no fosfato de Patos de Minas (nacional) é de 0,02. O fosfato natural de Gafsa chega a ter eficiência igual a do superfosfato, quando incorporado ao solo, contudo, é bem menos eficiente quando aplicado em forma localizada. Algumas características do solo podem afetar a disponibilidade do fósforo. Um dos fatores mais importantes é a acidez. O fósforo nativo, ou aquele aplicado com fosfatos solúveis, possui maior disponibilidade com valores de pH em torno de 6. Para os fosfatos naturais, o aumento do pH, diminui a dissolução (Novais et al., 2007).
Na cultura do arroz irrigado, com o alagamento do solo, ocorre alterações químicas no solo, como aumento do pH e dos teores de fósforo e cálcio na solução do solo. Essas alterações são contrárias a dissolução dos fosfatos naturais e provavelmente diminuem a sua solubilidade. Além disso, mostra resposta muito baixa a adubação fosfatada, mesmo em solos nos quais culturas de sequeiro respondem a altas doses do elemento. Isto é consequência de, pelo menos, dois aspectos importantes como: o arroz consegue absorver fósforo em concentrações mais baixas do elemento na solução do solo do que a maioria das culturas de sequeiro; e o alagamento do solo aumenta a disponibilidade do fósforo para a planta, tanto pelo aumento da concentração de fósforo na solução do solo como pela maior facilidade de difusão do fósforo na solução, devido à maior quantidade de água no solo alagado
(Vahl,1999). Além disso, os experimentos de campo realizados na Região Sul do Brasil com resposta do arroz irrigado por alagamento ao P não demonstraram diferenças significativas de rendimento de grãos do arroz entre fontes solúveis de P e fosfatos naturais (Gonçalves et al., 2008). Baseados nos resultados desses experimentos, asrecomendações técnicas do arroz para o sul do Brasil (Sosbai, 2005) preconizam que os fosfatos naturais reativos sejam utilizados em solos com teores de P superiores a 3 mg kg , pelo extrator Mehlich-1.Desta forma está se propondo o presente estudo, objetivando avaliar a eficiência do fosfato natural em um Planossolo alagado cultivado com arroz irrigado.
MATERIAL E MÉTODOS
Para atingir o objetivo proposto, foi conduzido um experimento em casa de vegetação, constituído por um fatorial 2x5, delineado em blocos ao acaso, com 3 repetições, onde foram testados os seguintes fatores: a) fonte de fósforo ( super fosfato triplo - SFT e fosfato natural Daoui - FN); e b) doses de P (0, 10, 20, 40, 80 mg kg ). As doses escolhidas foram baseadas nas recomendações de adubação para a cultura do arroz irrigado para os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, sendo a menor dose utilizada condizente com a menor dose recomendada, e a maior dose utlizada correspondente ao dobro da maior dose recomendada (Sosbai, 2005).
Foi coletada amostra de um PlanossoloHáplicoEutróficosolódico (unidade de mapeamento: Pelotas; argila: 240 dagdm ) na camada superficial de 0 a20 cm, e exposta ao ar, destorroada e passada em peneira de 10 mm. Uma subamostra foi retirada e passada em peneira de 2 mm, onde realizou-se análise para caracterização química do solo (Tedesco et al., 1995), apresentando os seguintes valores: pH, 4,8; matéria orgânica (dag dm ) 1,9; P disponível (mg dm ) 5,8; K disponível (mg dm ) 52; H+Al
c c
c c dm ) 3,6; Mg trocável -3 -3
do solo, depois de peneirada, foi colocada 7 kg de solo em vasos plásticos de 8 dm .
Os fosfatos foram moídos e passados em peneira de 1 mm, para uniformizar o tamanho de partícula, para que não representasse uma causa de variação a mais que possa interferir na eficiência. Os tratamentos foram aplicados individualmente em cada vaso, misturando-se uniformemente nos 7 kg de solo. À medida que as amostras de solo foram