Santos, M. R A., et al.
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J. Biotec. Biodivers. v. 5, N.1: pp. 12-19, Fev. 2014
INTRODUÇÃO
O café é um importante produto do agronegócio brasileiro, com um valor histórico e, principalmente, econômico para o Brasil, que destaca-se como o principal produtor mundial (Conab, 2013). A produção cafeeira do Brasil está distribuída principalmente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Rondônia e Bahia (Conab, 2013). Em Rondônia, seu plantio ocorre desde a década de 1970, constituindo-se na base econômica de pequenas e médias propriedades (Oliveira; Holanda-Filho,
2009).
O estado de Rondônia ocupa o quinto lugar entre os maiores produtores de café do País e é o segundo maior produtor de café do tipo canéfora ( Coffea canephora ). Isso se deve a boa adaptação a regiões baixas, elevada produção, rusticidade e vigor, além de ser resistente ao nematóide das galhas, à seca, devido ao exuberante sistema radicular, e resistente ao agente da ferrugem ( Hemileia vastatrix Berk.), que tem se mostrado bastante agressivo nas regiões produtoras de café, sendo considerado o principal problema fitossanitário da cultura (Ferrão et al., 2004). Conforme Silva et al. (2012) os períodos de coleta de café influenciam a variação da abundância de fauna, riqueza e diversidade de grupos da fauna edáfica, onde na serrapilheira é o compartimento onde se extrai mais indivíduos.
Para que o estado de Rondônia se mantenha com uma cafeicultura estável e economicamente produtiva, é importante colocar para os agricultores variedades de café com boa adaptação ao clima da região e resistentes às principais pragas e doenças. Para isso, novos métodos biotecnológicos têm sido introduzidos para auxiliar os programas de melhoramento genético de cafeeiros, e têm se mostrado bastante promissores. Técnicas de cultura de tecidos, como a embriogênese somática, podem auxiliar a micropropagação acelerada de clones, a manutenção de híbridos e a difusão de novas cultivares aos agricultores e pequeno espaço de tempo (Torres et al., 1998).
A utilização de mudas obtidas por micropropagação in vitro oferece inúmeras vantagens, dentre elas a redução do espaço e do tempo necessários para a produção e a oferta de materiais livres de bactérias, fungos, vírus e nematóides (Scaranari, 2006).
Para se estabelecer mudas micropropagadas em condições de campo, estas devem passar por um
processo adaptativo, chamado de aclimatização. Esta fase intermediária compreende um conjunto de técnicas e procedimentos que têm por objetivo reduzir o estresse devido à passagem da condição heterotrófica para autotrófica, sendo realizada em viveiro coberto ou casa de vegetação, utilizando-se recipientes contendo substratos (Guerra e Nodari, 2006).
Considerando a necessidade crescente de utilização de práticas agrícolas sustentáveis e ambientalmente viáveis, o objetivo com este trabalho foi avaliar o desenvolvimento de mudas micropropagadas de C . canephora durante aclimatização em relação aos estádios de desenvolvimento inicial das plantas, níveis de sombreamento e período de aclimatização.
MATERIAL E MÉTODOS
Micropropagação
Os explantes provenientes de brotações micropropagadas foram inicialmente inoculados em meio MS (Murashige e Skoog, 1962) suplementado com reguladores de crescimento, 2iP (10 µM) e AIB (4,9 µM), acrescido com 3% de sacarose, pH 5,8 antes da autoclavagem a 121°C, durante 20 minutos. Após cinco meses, os calos embriogênicos foram subcultivados em meio MS suplementado com BAP (4,44 µM) e AIB (4,9 µM), em frascos cilíndricos de vidro transparente, com tampa de polipropileno de rosca, contendo 30 mL de meio de cultura, sob fotoperíodo de 16 horas e temperatura 25±1ºC.
Aclimatização
Experimento 1
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Biotecnologia Vegetal e em casa de vegetação da Embrapa Rondônia, em Porto Velho, Rondônia, no período de dezembro de 2010 a maio de 2011, com coordenadas geográficas de 8º 53 ’ 20 ’ ’ de Latitude Sul e 63º 06 ’ 40 ’ ’ de Longitude Oeste. De acordo com a classificação climática de Köppen, o clima da região é do tipo Aw ’ caracterizado como clima tropical chuvoso com média climatológica da temperatura do ar, durante o mês mais frio, superiores a 18ºC, e um período seco bem definido durante a estação de inverno.
As plantas provenientes do material in vitro foram retiradas dos frascos e suas raízes lavadas em água corrente para a retirada do excesso do meio de cultura, a fim de evitar a proliferação de microorganismos. Após a lavagem, as plantas foram acondicionadas em células de bandejas de