Flores, R. et al. 192

Vol. 4, N.3: pp. 192-199, August, 2013 ISSN: 2179-4804

Journal of Biotechnology and Biodiversity

Sucrose and sorbitol on the in vitro conservation of Pfaffia tuberosa (Spreng.) Hicken (Amaranthaceae).

Rejane Flores1,*, Suzi Cerezer Uliana2, Nathalia Pimentel2, Tanea Maria Bisognin Garlet 2

ABSTRACT

The aim of this work was to evaluate the effect of sucrose and sorbitol during the in vitro conservation of Pfaffia

tuberosa (Spreng.) Hicken. Therefore, nodal segments derived from in vitro cultures were inoculated in a culture

medium supplemented with sucrose concentrations (0, 20 and 30 g L-1) combined with sorbitol concentrations (10, 20 and 40 g L-1) plus the control treatment (30 g L-1 sucrose). The results showed the possibility to maintain of the P. tuberosa plants for a 120 days period under slow growth in a medium supplemented with 10 g L-1 of sorbitol,

without sucrose.

Key-words: In vitro conservation, micropropagation, germoplasm, Pfaffia .

Sacarose e sorbitol na conservação in vitro de Pfaffia tuberosa (Spreng.) Hicken (Amaranthaceae).

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da sacarose e do sorbitol na conservação in vitro de Pfaffia

tuberosa (Spreng.) Hicken. Para isso, segmentos nodais provenientes de plantas cultivadas in vitro foram inoculados em meio de cultura suplementado com concentrações (0, 20 e 30 g L-1) de sacarose em combinação com concentrações (10, 20 e 40 g L-1) de sorbitol, mais um tratamento controle (30 g L-1 de sacarose). Os resultados

mostraram a viabilidade de manter plantas de P. tuberosa, por um período de 120 dias, sob condições de crescimento reduzido, em meio acrescido de 10 g L-1 de sorbitol, na ausência de sacarose.

Palavras-chave: conservação in vitro, micropropagação, germoplasma, Pfaffia .

Autora para correspondência.

1*Professora do Instituto Federal Farroupilha, São Vicente do Sul, RS

2Departamento de Biologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS

Biotec. Biodivers. v. 4, N.3: pp. 192-199, Aug. 2013

https://doi.org/10.20873/jbb.uft.cemaf.v4n3.flores

Flores, R. et al. 193

INTRODUÇÃO

Atualmente, as plantas medicinais nativas estão

sujeitas a uma intensa erosão genética devido principalmente à destruição de habitats, causado pela expansão das atividades agropecuárias, pela

exploração predatória e outros fatores relacionados à ocupação humana. Diante disso, a conservação de

germoplasma de espécies vegetais vem sendo muito utilizada, evitando-se assim o risco de extinção e permitindo que vários genótipos estejam disponíveis

para utilização futura. Dentre os diferentes métodos de preservação de germoplasma, destaca-se a conservação in vitro, onde coleções de plantas são

mantidas em condições laboratoriais, por longos períodos (Nass, 2001; Sarasan, et al., 2006) ,

forma mais lenta (Dumet et al., 1993; Shibli et al., 2006) e, assim, possibilitando sua conservação. Recentemente, protocolos para a

conservação in vitro de germoplasma de Pfaffia

glomerata (Spreng.) Pedersen, utilizando sacarose e sorbitol, foram desenvolvidos por

Alves et al. (2006; 2010). Contudo, nos dias atuais, há poucas pesquisas referentes à

conservação in vitro do gênero.

Pfaffia tuberosa, conhecida como corango-de - batata, é uma espécie herbácea, com folhas

opostas, caules retos pilosos ou quase glabros e inflorescência cimosa paleácea formada por

flores pequenas e hermafroditas (Marchioretto et al., 2010). É uma planta perene, xerófita e

constituindo-se um dos métodos mais importantes heliófita, encontrando-se distribuída

para a conservação de recursos genéticos vegetais (Sarasan et al., 2006). Dentre as vantagens da conservação in vitro, destacam-se a manutenção dos genótipos em condições assépticas, a redução nos

custos e mão-de-obra, a otimização do espaço físico,

além da facilidade de intercâmbio do material vegetal (Engelmann, 2011) .

Em geral, dois métodos vêm sendo adotados n a conservação de plantas in vitro: a criopreservação e o crescimento lento. Na criopreservação, as plantas

são conservadas em temperaturas ultra-baixas e,

assim, há uma supressão completa do crescimento . Já no método crescimento lento, as plantas são

submetidas a condições que reduzem ou suprimem o metabolismo das plantas in vitro, aumentando- se

assim o intervalo entre os subcultivos, o que leva a

uma redução da mão de obra, do espaço e custos para a manutenção das plantas (Scherwinski- Pereira,

2010). Dependendo do genótipo, a redução do crescimento pode ser feita através de modificações

nas condições físicas de cultivo (redução na luminosidade /ou na temperatura da sala de

crescimento) em conjunto ou não com modificações

no meio de cultura (redução de sais, adição de osmorreguladores, adição de inibidores de crescimento e/ou inibidores de etileno) ( George,

1996; Conceição et al., 1998; Sarasan et al., 2006 ). Os carboidratos adicionados ao meio nutritivo

afetam significativamente o crescimento e as respostas fisiológicas das plantas in vitro, atuando tanto como fonte de energia e de carbono como regulador osmótico do meio de cultura. Dependendo da concentração, osmorreguladores, como manitol, sorbitol, sacarose, dentre outros, ao serem

adicionados ao meio de cultura, atuam removendo o excesso da água intracelular, por gradiente osmótico, fazendo com que o crescimento da cultura ocorra de

uniformemente em vários estados do Brasil , especialmente no bioma pampa. Adaptada às condições climáticas do sul do Brasil, esta

espécie tolera bem o frio e a geada, porém se mantém bem desenvolvida e em florescimento

durante a primavera e verão. Assim como outras espécies do gênero, P. tuberosa contem vários metabólitos secundários de interesse medicinal , como saponinas triterpênicas e o fitoecdisteróide -ecdisona (Nishimoto et al., 1986), o qual se

encontra em maior quantidade nas partes aéreas da planta (Flores et al., 2010) .

Vários estudos já foram desenvolvidos tendo em vista a propagação clonal de P. tuberosa ( Flores et al, 2006; Flores et al.; 2007; Flores et al., 2010), entretanto dados sobre a conservação de

germoplasma da espécie são inexistentes até o momento. Desta forma, com este trabalho objetivou-se estudar o efeito de concentrações de sacarose e sorbitol na conservação in vitro dessa espécie.

MATERIAIS E MÉTODO S

Utilizaram-se plantas jovens de P. tuberosa

(Spreng.) Hicken (Amaranthaceae), coletadas no município de São Pedro do Sul, RS. Exsicatas

encontram-se depositadas no Herbário do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Santa Maria, sob o número de SMDB

9840 .

Brotos jovens oriundos de plantas adultas foram

desinfestados como segue: 1) lavagem em água com detergente comercial (2 gotas/100mL)

durante 2 minutos; 2) imersão em solução de álcool 70% por 10 segundos; 3) imersão dos segmentos caulinares em solução de hipoclorito

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de sódio a 1% acrescido de detergente (2 gotas/100mL) por 10 minutos; 4) cinco lavagens consecutivas em água. Todas as etapas foram feitas

sob agitação constante. Em seguida, segmentos

nodais (com cerca de 1 cm) foram cultivados em meio MS (Murashige e Skoog, 1962), acrescido de

sacarose (30 g L-1), mio-inositol (100 mg L-1) e ágar (6 g L-1), segundo metodologia de micropropagação

descrita por Flores et al. (2006 ).

Tendo em vista a conservação das plantas in vitro , segmentos nodais (1,0 cm) de plantas, pertencentes

ao quarto subcultivo em meio de multiplicação , foram cultivados em meio MS com sais reduzidos a

metade (MS/2) e suplementado com concentrações

de sacarose (0, 20 e 30 g L-1) e sorbitol (10, 20 e 40 g L-1), além de um tratamento controle (30 g L-1 de

sacarose), totalizando dez tratamentos. A escolha do meio de cultivo, bem como dos carboidratos utilizados neste estudo baseou-se nos melhores

resultados obtidos na conservação in vitro de P faffia glomerata (Alves et al., 2010) .

Os explantes foram inoculados verticalmente em tubos de ensaio, contendo 10 mL de meio nutritivo. O pH foi ajustado para 5,8 e o meio foi autoclavado (1 atm, 121 ºC) durante 20 minutos. A inoculação e a repicagem das culturas foram realizadas em câmara de fluxo laminar, em condições assépticas,

colocando-se um explante por tubo de ensaio (25 mm de diâmetro, 150 mm de altura e 147,26 cm3 de

volume interno). As plantas foram cultivadas em sala de crescimento com temperatura de 25±2ºC, 16 horas de fotoperíodo e 35 µM m-2 s-1 de luminosidade.

As avaliações foram realizadas aos 30, 60, 90 e 120 dias, observando-se a porcentagem de regeneração e

crescimento dos brotos, o número de segmentos nodais e a coloração das folhas. A variável crescimento dos brotos (relação entre o tamanho

final e inicial) foi realizada conforme metodologia de Fortes e Pereira (2001). Para a avaliação da coloração das folhas, utilizou-se a seguinte escala de

notas: 1 - folha com coloração amarela/marrom (sintomas severos); 2 - folhas com coloração

vermelho-violácea (sintomas intermediários); 3 - folhas com coloração verde e/ou vermelho- violácea

(sintomas leves) e 4 - folhas com coloração verde

(coloração normal, sem sintomas), conforme metodologia adaptada de Faria et al. (2006).

Após 120 dias de cultivo, segmentos nodais d as plantas regeneradas no tratamento que apresentou os

melhores resultados em relação ao crescimento

lento, além do tratamento controle, foram subcultivadas em meio MS contendo 30 g L-1 de

sacarose, conforme metodologia de propagação para essa espécie (Flores et al., 2006). Após 30 dias, as plantas foram avaliadas em relação aos

parâmetros percentagem de regeneração e

crescimento, número de segmentos nodais, coloração das folhas e percentagem de

enraizamento.

Plantas completas foram aclimatizadas conforme metodologia de Flores et al. (2006) e a percentagem de sobrevivência foi avaliada após

30 dias do transplantio para o substrato .

Utilizaram-se seis repetições, sendo cada repetição formada por cinco plantas. O

delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso. A percentagem de

crescimento das plantas ao longo dos

subcultivos foi avaliada através de regressão polinomial. Para os demais dados considerou- se somente a última avaliação, os quais foram

submetidos à análise de variância e analisados pelo teste de Tukey, ao nível de 1% de

probabilidade pelo teste F. Os dados expressos em percentagem foram transformados segundo arco seno raiz quadrada de (X/100), onde X significa o valor percentual obtido. Para a variável número de segmentos nodais, os dados foram transformados segundo a raiz quadrada de

(X+1), onde X é o valor obtido por contagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Da mesma forma que observado em P. glomerata por Alves et al. (2010), neste estudo, verificou-se que as concentrações de sacarose e sorbitol influenciaram significativamente o

crescimento das plantas in vitro (Figura 1 ,

Tabela 1). As plantas cultivadas em meio contendo somente sorbitol como fonte de carboidrato apresentaram as menores taxas de

crescimento ao longo do tempo (Figura 1a) . Apesar de a sacarose ter favorecido o crescimento das plantas na presença de 10 e 20 g

L-1 de sorbitol, essas apresentaram crescimento inferior ao controle (Figura 1b, 1c). O tratamento contendo 40 g L-1 de sorbitol foi o

que mais afetou negativamente o crescimento das plantas, sendo observado um leve incremento neste parâmetro com a adição de 30

g L-1 de sacarose ao meio nutritivo (Figura 1c).

De fato, outros estudos também relatam que a adição de sacarose tem um efeito benéfico no

crescimento e desenvolvimento de plantas in vitro (Fortes e Pereira, 2001; Faria et al., 2006) .

Além de favorecer o crescimento das plantas, a

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adição da sacarose no meio nutritivo mostrou- se

benéfica para a regeneração de brotações naqueles tratamentos contendo 20 e 40 g L-1 de sorbitol

potencial osmótico do meio. Então, conforme salienta Marino et al. (2010), a sacarose tem duplo papel na regulação da organogênese,

(Tabela 1). Em adição, independente da atuando como fonte de energia/carbono e como

concentração de sacarose, registrou-se uma redução no crescimento das plantas com o aumento da

concentração de sorbitol no meio nutritivo (Figura 1, Tabela 1). Da mesma forma, observou-se que o

aumento da concentração de sorbitol reduziu a taxa

de multiplicação in vitro, exceto no tratamento contendo 20 g L-1 de sorbitol e 30 g L-1 de sacarose,

cuja taxa de multiplicação não diferiu significativamente em relação ao controle (Tabela

1).

As células e tecidos in vitro normalmente requerem um carboidrato para suprir suas demandas energéticas, sendo a sacarose, a fonte de carbono

mais amplamente utilizada in vitro, inclusive com o gênero Pfaffia (Maldaner el al., 2006). Na maioria

das espécies, a sacarose influencia fortemente o potencial morfogênico (Al-Khateeb, 2008),

favorecendo o desenvolvimento das plantas até uma determinada concentração, onde o crescimento e as respostas fisiológicas alteram-se em função do

osmorregulador.

Já o sorbitol (um açúcar álcool) é um dos

carboidratos mais efetivos na indução do crescimento in vitro de espécies pertencentes à

família Rosaceae, tendo nesta família de plantas

um papel similar ao da sacarose (Li et al., 2012). Contudo, diferentemente das rosáceas, não são

todas as espécies de plantas que possuem mecanismos para metabolizar o sorbitol. Assim,

a redução no crescimento e nas respostas morfológicas das plantas de P. tuberosa em

meio suplementado somente com sorbitol pode

ser explicado pela possibilidade desta espécie não possuir o mecanismos bioquímicos necessários para metabolizar o sorbitol. N este

caso, em P. tuberosa, o sorbitol atuaria exclusivamente como regulador osmótico,

reduzindo o potencial hídrico do meio conforme o aumento da sua concentração, minimizando assim, o crescimento das plantas.

a b

1200 1000 800 600

400

200

0

0

30

60

90 120 150

1200 1000 800 600

400

200

0

0

30

60

90 120 150

Avaliações (dias )

10 g L-1 de sorbitol (y=-138,8+4,9953x R2 =0,9899)  20 g L-1 de sorbitol (y=-52,4+1,908x R2 =0,9918)

 40 g L-1 de sorbitol (y=4,6+0,2727x R2 =0,9217)  controle (y=-196,4+9,912x R2 =0,9852)

Avaliações (dias )

10 g L-1 de sorbitol (y=-76,2+7,1873x R2 =0,9989)  20 g L-1 de sorbitol (y=-93,2+5,32x R2 =0,9873)

 40 g L-1 de sorbitol (y=25,7+0,1453x R2 =0,8432)  controle (y=-169,4+9,912x .R2 =0,9852)

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1200 1000 800 600

400

10 g L-1 de sorbitol (y=-138,8+4,9953x R2 =0,9852) 20 g L-1 de sorbitol (y=-137,4+8,0213x R2 =0,9936)  40 g L-1 de sorbitol (y=-35,2+4,2587x R2 =0,9655) controle (y=-196,4+9,912x R2 =0,9852)

200

0

0

30

60 90 120 150

Avaliações (dias )

FIGURA 1. Efeito de concentrações de sorbitol e sacarose na percentagem de crescimento de brotações de Pfaffia tuberosa, ao longo de 120 dias de cultivo in vitro. a) Percentagem de crescimento dos brotos em função das concentrações de sorbitol em meio isento de sacarose; b) Percentagem de crescimento dos brotos em função das

concentrações de sorbitol na presença de 20 g L-1 de sacarose; c) Percentagem de crescimento em função das concentrações de sorbitol na presença de 30 g L-1 de sacarose. Controle: meio nutritivo contendo somente 30 g L- 1

de sacarose.

Neste estudo, apesar de o sorbitol reduzir o crescimento das plantas e assim, favorecer sua

conservação in vitro, o aumento da concentração desse carboidrato induziu sintomas de toxidez. E stes

sintomas caracterizaram-se por modificações na

coloração das folhas, as quais se alteraram de verde s para uma coloração vermelho-violáceo, seguido de tons amarelos e marrons, além da presença de

necrose e abscisão foliar. Conforme mostra a Tabela 1, maiores alterações na coloração das folhas foram

observadas com o aumento da concentração de sorbitol, independente das concentrações de

sacarose. Por outro lado, em P. glomerata , melhores resultados em relação à redução do

crescimento das plantas foram registrados com 4% de sorbitol (correspondente a maior

concentração utilizada neste estudo) jun tamente

com 2% de sacarose, não sendo relatada a presença de sintomas de toxidez nas plantas (Alves et al. 2010). Da mesma forma, em

Passiflora giberti N. E. Brown, o aumento na concentração de sorbitol não afetou a qualidade

das plantas in vitro (Faria et al., 2006).

TABELA 1 – Percentagem de regeneração e crescimento das brotações, taxa de multiplicação e coloração das folhas de Pfaffia tuberosa em função de concentrações de sacarose e sorbitol, após 120 dias de cultivo in vitro .

Sacarose (g L-1 )

Sor bitol (g L-1 )

Regeneração (%)*

Crescimento (%)*

Número de segmentos nodais *

Coloração das folhas**

0

10

20

40

100,0 a

84,1 ab 77,0 ab

462,4 cd

182,0 de 34,8 e

7,9 ab

3,7 b 0,3 c

3,8 a

3,1 a 1,4 b

20

10

20

40

100,0 a

100,0 a 100,0 a

785,6 ab

567,4 bc 41,0 e

11,6 a

13,7 a 0 c

3,4 a

3,0 a 1,4 b

30

10

20

40

100,0 a

100,0 a 96,6 ab

814,4 ab

466,6 cd 143,6 e

9,0 ab

10,1 a 0 c

3,0 a

2,8 a 1,4 b

Controle 100,0 a 949.6 a 9,5 a 3,3 a

*Valores médios seguidos de mesma letra não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, em nível de 5% de

probabilidade de erro. **Onde: 1-folha com coloração amarela/marrom; 2-folha com cor vermelho- violácea; 3-folha verdes e/ou vermelho-violácea e 4-folhas com coloração verde.

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De forma geral, observou-se que as plantas regeneradas nos tratamentos com 40 g L-1 de sorbitol

apresentaram as menores taxas de crescimento, o que é desejável para a conservação in vitro, contudo

essa concentração de sorbitol levou a uma red ução significativa na taxa de multiplicação e na

viabilidade (avaliada através da variável coloração das folhas) das plantas (Tabela 1). Outros estudos

com o objetivo de conservar plantas em meio

contendo sorbitol também registraram sintomas de toxidez (Lemos et al., 2002). Efeitos negativos de

altas concentrações de carboidratos no crescimento in vitro também foram registrados por Al- Khateeb

(2008).

Deve-se levar em consideração que durante a conservação in vitro, a planta deve se manter viável e com capacidade de retomar o crescimento normal

após ser cultivada em meio que promova seu crescimento e multiplicação. Diante disso, neste

estudo com P. tuberosa, os melhores resultados foram obtidos em meio contendo 10 g L-1 de

sorbitol, onde os explantes apresentaram 100% de regeneração, as plantas apresentaram crescimento inferior a 50% em relação às plantas controle e, além disso, a maioria dos brotos não apresentaram sintomas de toxidez após 120 dias de cultivo (Tabela 1, Figura 2). Da mesma forma, melhores re sultados

em relação à conservação in vitro Passiflora giberti N. E. Brown foram registradas em meio suplementado com sorbitol e isento de sacarose (Faria et al., 2006), onde as plantas apresentaram um

menor crescimento in vitro .

Após o subcultivo das plantas conservadas, durante 120 dias em meio com 10 g L-1 de

sorbitol, para um novo meio nutritivo utilizado

para a micropropagação desta espécie (Flores et al., 2006), observou-se que os parâmetros

percentagem de regeneração, coloração das folhas e percentagem de enraizamento não

diferiram estatisticamente em relação ao

controle (Tabela 2). Entretanto, as plantas cultivadas com 10 g L-1 de sorbitol apresentaram

um leve declínio no crescimento e no número de segmentos nodais quando comparadas com o

tratamento controle (meio de propagação suplementado 30 g L-1 de sacarose) (Tabela 2).

Estes resultados indicam que as plantas

cultivadas em presença do sorbitol sofreram um maior estresse fisiológico em relação àquelas regeneradas em meio com sacarose, o que se

refletiu em um menor crescimento e formação de segmentos nodais após a transferência das

plantas para um meio de propagação. No entanto, estes parâmetros não afetaram a viabilidade das plantas, as quais foram aclimatizadas com sucesso, apresentando 90% de sobre vivência.


a b

FIGURA 2. Aspecto de plantas de Pfaffia tuberosa cultivadas em meio MS/2 acrescido de 30 g L-1 de sacarose (controle) (a) ou suplementado com 10 g L-1 de sorbitol (b), após 120 dias de cultivo in vitro .

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TABELA 2. Percentagem de regeneração e crescimento, taxa de multiplicação, coloração das folhas e enraizamento de plantas regeneradas em meio contendo 10 gL-1 de sorbitol e 30 gL-1 de sacarose (controle), após subcultivo em

meio MS por 30 dias .

Tratamentos

Regeneração (%) *

Crescimento (%) *

No segmentos nodais *

Coloração das folhas* *

Enraizamento (%) *

Sorbitol (10 g L-1) 100 a 130 b 3,5 b 4,0 a 90,0 a

Controle 99 a 150 a 3,7 a 4,0 a 92,5 a

*Valores médios seguidos de mesma letra não diferem entre si, pelo Teste de Tukey, em nível de 5% de probabilidade de erro. **Onde: 1-folha com coloração amarela/marrom; 2-folha com cor vermelho-violácea; 3 - folha verdes e/ou vermelho-violácea e 4-folhas com coloração verde.

Após transferência das plantas para o solo, estas se mostraram bem adaptadas às novas condições

ambientais, iniciando o desenvolvimento de novas brotações. Não foram observadas alterações morfológicas nas plantas. A metodologia descrita é

pioneira para a espécie e poderá ser utilizada para a

conservação de germoplasma in vitro de P. tuberosa , além de servir como subsídios para pesquisas com

outras espécies pertencentes à família Amaranthaceae.

CONCLUSÃO

Pfaffia tuberosa pode ser conservada in vitro, sob condições de crescimento mínimo, durante 120 dias, em meio MS isento de sacarose e acrescido de 10 g

L-1 de sorbitol. As plantas voltam a se desenvolver

quando se estabelece as condições normais de cultivo in vitro. Na etapa de aclimatização, as mudas

conservadas apresentam um elevado índice de sobrevivência .

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Recebido: 25 /05/2013 Received: 05/25/20 13

Aprovado: 28 /07/2013 Approved: 07/28 /2013

Biotec. Biodivers. v. 4, N.3: pp. 192-199, Aug. 2013