Santos, E. R. et al 222

Vol. 4, N.3: pp. 222-231, Aug. 2013 ISSN: 2179-4804

Journal of Biotechnology and Biodiversity

Genetic dissimilarity between soybean genotypes cultivated in lowland irrigated inter-cropping

Elonha Rodrigues dos Santos1*, Adão Felipe dos Santos2 , Aristóteles Capone2, Wembles Ribeiro dos Santos2, Stefany Gregory Moura2, Hélio Bandeira Barros 2

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the genetic diversity among 18 soybean genotypes through multivariate techniques based on 17 agronomic and physiological characteristics. The experiment was carried in Formoso do Araguaia, Tocantins, in the inter-cropping of 2010. The experimental design was a randomized complete block with four plots. The Mahalanobis distance substantiate Tocher and UPGMA. The total chlorophyll, percentage of pods with two seeds, seed number per pod and chlorophyll a were the characteristics that contributed more to genetic diversity. The methods of groups formed four distinct groups and agreed among themselves, demonstrating the efficiency in detecting the similarity. Genotypes AH10-013 and AH10-006 were the most divergent and AH10-022 and AH10-023 the more similar. Are shown to generate populations in breeding programs inter population genotype AH10-013, AH10 and AH10-015-022 (Group I) with AH10-006 (Group IV) because they have higher productivity and be more divergent.

Keywords: Glycine max, multivariate analysis, techniques groupings

Dissimilaridade genética entre genótipos de soja cultivados em várzea irrigada no período de entressafra

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar a diversidade genética entre 18 genótipos de soja por meio de técnicas multivariadas baseadas em 17 características fisiológicas e agronômicas. O experimento foi conduzido no Município de Formoso do Araguaia, TO, na entressafra de 2010. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos

casualizados com quatro blocos. A distância generalizada de Mahalanobis fundamentou as técnicas de agrupamentos Tocher e UPGMA. A clorofila total, porcentagem de vagens com duas sementes, número de sementes por vagem e clorofila a foram as características que mais contribuíram para a divergência genética. As metodologias de agrupamentos formaram quatro grupos distintos e foram concordantes entre si, demonstrando a eficiência em detectar a similaridade. Os genótipos AH10-013 e AH10-006 foram os mais divergentes e os AH10-022 e AH10- 023 os mais similares. São indicados para gerar populações em programas de seleção interpopulacional os genótipos AH10-013, AH10-015 e AH10-022 (Grupo I) com AH10-006 (Grupo IV) por apresentarem maiores produtividades e serem mais divergentes.

Palavras-chave: Glycine max, análise multivariada, técnicas de agrupamentos

*Autor para correspondência.

1Departamento de Agronomia;Universidade de Brasília; 70910-900; Brasília - DF – Brasil, elonharodrigues@hotmail.com

2Departamento de Agronomia; Universidade Federal do Tocantins; 77402-970; Gurupi - TO – Brasil,

adaofelipe@uft.edu.br; aristotelescapone@hotmail.com; wembles@gmail.com; s.g.moura@hotmail.com; barroshb@hotmail.com;

J. Biotec. Biodivers. v. 4, N.3: pp. 222-231, Aug. 2013

https://doi.org/10.20873/jbb.uft.cemaf.v4n3.santos

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INTRODUÇÃO

Os programas brasileiros de melhoramento de soja

Glycine max, desde a década de 70, procuraram desenvolver genótipos de soja com período juvenil longo, adaptados às regiões de baixas latitudes,

característica esta que permitiu a expansão da cultura da soja à região central do país.

Atualmente, 60% da produção de soja, no Brasil, concentram-se nessas regiões (Smaling et al., 2008).

No trabalho realizado por Barros et al. (2012) sobre a adaptabilidade e estabilidade de genótipos de soja em Mato Grosso, esses autores demonstram

a importância de se recomendar cultivares que apresentam período juvenil longo para as regiões de menores latitudes.

Sem dúvidas a criação de novas cultivares de soja ainda é uma das tecnologias que mais contribuem para o aumento da produtividade nacional. Segundo Costa et al. (2004) esses programas são

essenciais, principalmente, por atenderem à

crescente demanda por maiores produções, possibilitando aumento de variabilidade e consequente ampliação da base genética.

Entretanto, para obtenção de novos cultivares o

conhecimento sobre a divergência genética é uma condição imprescindível entre os possíveis

genitores. Esse conhecimento possibilita inferir sobre a capacidade específica de combinação,

antes de realizar os cruzamentos, aumentando a chance de identificar e recuperar combinações

mais promissoras (Abreu et al., 2004).

As técnicas de análise multivariada têm sido utilizadas rotineiramente no estudo da divergência

genética, pois consideram, simultaneamente, as variáveis avaliadas dos genótipos, além da

correlação existente entre elas (Condé et al., 2010). Dentre as metodologias disponíveis ao estudo da

divergência genética, destaca-se o uso da distância

generalizada de Mahalanobis, como medida de dissimilaridade, que fundamenta os métodos de agrupamentos de Tocher e o UPGMA.

A dissimilaridade genética têm sido eficiente na identificação da variabilidade existente entre

genótipos de uma mesma espécie como reportado nos trabalhos com Phaseolus vulgaris (Elias et al., 2007; Cabral et al., 2011; Correia e Gonçalves,

2012) e Glycine max (Almeida, et al., 2011; Santos, et al., 2011).

O estado de Tocantins apresenta área favorável à cultura da soja, podendo ser cultivada tanto no

período de safra (terras altas) como na entressafra (várzea irrigada). Apesar do cultivo da soja ser

compensador, na região de várzea, atualmente

existe carência de estudos que aponte os genótipos mais promissores, ou ainda que apresentem potencialidade de serem explorados em populações

segregantes, para essa região.

Neste contexto, objetivou-se com este estudo quantificar a divergência genética de genótipos de soja em várzea irrigada no Estado do Tocantins, a fim de gerar subsídios para programas de melhoramento genético na indicação das hibridações mais promissoras para produção de grãos.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido sob várzea irrigada, em

Formoso do Araguaia - TO, na entressafra 2010, localizado a 11°45’ S e 49°04’ W e 170 m de altitude, em solo do tipo Gley Pouco-Húmico. O

clima, segundo o método de Thornthwaite, é do

tipo Aw, úmido com moderada deficiência hídrica, com precipitação anual média de 1.400 mm com

temperatura média anual que varia de 22 a 32 ºC

(Seplan, 2003). O fotoperíodo nessa latitude é de aproximadamente 12 horas diárias praticamente

constantes durante o ano.

O experimento foi implantado utilizando-se uma semeadora de parcelas experimentais no dia 25 de

maio de 2010. O delineamento experimental

adotado foi o de blocos casualizados com quatro blocos. Cada unidade experimental foi composta por quatro linhas de 3,0 m de comprimento,

espaçadas entre si em 0,45 m. Os genótipos

avaliados foram: 1- AH10-006; 2- AH10-007; 3 - AH10-008; 4- AH10-009; 5- AH10-010; 6- AH10 -

011; 7- AH10-012; 8- AH10-013; 9- AH10- 014; 10- AH10-015; 11- AH10-016; 12- AH10-017; 13 - AH10-018; 14- AH10-019; 15- AH10-020; 16 -

AH10-021; 17- AH10-022; 18- AH10-023, sendo todos em fase final de avaliação para serem lançados como cultivares.

O preparo do solo foi usual utilizado na várzea irrigada com aração, gradagem e rolagem (com

auxilio de rolo compactador). No momento da semeadura inoculou-se as sementes com estirpes

de Bradyrhizobium japonicum na dosagem de 500 g de inoculante para 500 kg de sementes e fungicida Carbendazim-Thiram 200 SC, na

dosagem de 200 ml/100 kg de semente. A adubação de plantio foi realizada segundo as

exigências da cultura, com base na análise de solo

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e recomendações a cultura, correspondendo a 500 kg ha-1 da formulação NPK 00-16- 16

suplementado com micronutrientes. A irrigação foi realizada por meio da elevação do lençol

freático, de forma a manter o solo 70% da capacidade de campo durante todo o ciclo da

cultura (subirrigação). O controle de pragas e doenças foi executado conforme as exigências

previstas em campo de produção de sementes.

As características avaliadas foram: a) florescimento (F): período que correspondeu ao

número de dias decorridos entre a emergência das plântulas até 50% do florescimento das plantas da

parcela; b) maturidade (M): período que correspondeu ao número de dias decorridos desde

a emergência das plântulas até a data em que 95%

das vagens das plantas da parcela apresentaram- se maduras; c) altura das plantas (AP): realizada na maturação medindo da base da planta até a

inserção do racimo no ápice da haste principal em cinco plantas útil; d) altura de inserção da primeira

vagem (AIV): realizada na maturação medindo a distância, a partir da superfície do solo até a primeira vagem da haste principal, em cinco plantas; e) clorofila: os dados de clorofila foram obtidos por leituras indiretas no estádio R6 , coletando nove amostras por parcela, com uso de

um clorofilômetro da marca ClorofiLOG® modelo CFL 1030, produzido pela Falker Automação Agrícola. Os valores dos índices de clorofila foram expressos em ICF (Índice de Clorofila Falker), sendo determinados os valores de clorofila a, b e total; f) número de sementes por vagem (NSV): contagem direta das sementes por vagem, obtidas

da média de cinco plantas; g) número de sementes

por plantas (NSP): média obtida pela contagem direta de sementes em cinco plantas; h) número de vagens por plantas (NVP): média obtida pela

contagem direta de todas as vagens, em cinco plantas; i) porcentagem de vagens chochas (VC): valores médios obtidos pela contagem direta de

todas as vagens chochas em cinco plantas, posteriormente os valores foram transformados em

porcentagem; j) porcentagem de vagens com uma semente (V1S): valores médios obtidos pela

contagem direta de todas as vagens contendo uma semente em cinco plantas, posteriormente os

valores foram transformados em porcentagem; l) porcentagem de vagens com duas sementes (V2S): valores médios obtidos pela contagem direta de

todas as vagens contendo duas sementes em cinco

plantas, posteriormente os valores foram transformados em porcentagem de vagens com

duas sementes; m) porcentagem de vagens com três sementes (V3S): valores médios obtidos pela

contagem direta de todas as vagens contendo três

sementes em cinco plantas, posteriormente os valores foram transformados em porcentagem; n)

massa de 100 sementes (MCS): obtido de uma amostra de 100 sementes; o) peso de hectolitro

(PH): obtido de uma amostra 1000 mL de sementes; p) produtividade de grãos (PG):

determinado após a trilhagem das plantas e

limpeza das sementes com posterior correção da umidade dos grãos para 13%.

A comparação das médias foi realizada utilizando -

se o teste de agrupamento proposto por Scott- Knott a 5% de significância. As distâncias generalizadas

de Mahalanobis, obtidas a partir dos dados padronizados, foram utilizadas como medidas de dissimilaridades.

No estudo de divergência genética, foram utilizados os métodos aglomerativos de Tocher e método hierárquico UPGMA fundamentados na

distância generalizada de Mahalanobis como medida de dissimilaridade. O corte no dendrograma gerado pelo método UPGMA foi efetuado no ponto em que se observou mudança brusca de nível, conforme a recomendação de Cruz et al. (2004). Para tais análises utilizou-se o aplicativo computacional em genética e estatística -

Genes (Cruz, 2008).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os quadrados médios evidenciaram diferença

significativa para 14 das características estudadas ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F (Tabela 1). Estes resultados demonstram a

existência de variabilidade entre os genótipos o que possibilita a obtenção de ganhos genéticos em

programas de melhoramento com o uso desses genótipos.

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Tabela 1. Resumo da análise para 17 características fisiológicas e agronômicas de 18 genótipos de soja cultivados em várzea irrigada, em Formoso do Araguaia, TO, na entressafra de 2010

Quadrado médio

FV GL F M AP AIV CLa CLb CLtotal NSV NSP

Blocos Genótipos

3 1,04 12,68 39,34 2,43 4,85 1,98 4,63 0,003 518,45 17 18,97** 177,21** 253,95** 34,21** 2,26ns 2,07ns 4,97ns 0,114** 3277,50**

Resíduos 51 1,05 1,51 17,17 6,09 2,11 1,32 3,87 0,011 487,37

Média 39,39 104,25 52,62 15,22 34,44 12,13 46,58 2,24 101,15

CV (%) 2,60 1,18 7,88 16,21 4,22 9,45 4,22 2,10 21,83

NVP VC V1S V2S V3S MCS PH PG

Blocos 3 97 6,21 5,25 5,36 3,87 1,76 0,001 127030

Genótipos 17 604** 9,42** 61,66** 309,69** 555,36** 19,22** 0,004** 734902**

Resíduos 51 90 3,54 13,17 32,81 47,83 1,47 0,0002 138199

Média 45,22 2,71 8,24 51,96 36,97 15,58 74,0 3410,80

CV (%) 21,01 69,74 44,06 11,02 18,71 7,80 4,66 10,90

** e * significativos a P ≤ 0,01 e P ≤ 0,05, respectivamente, pelo teste F, ns não-significativo, pelo teste F.

F: florescimento; M: maturação; AIV: altura da inserção da primeira vagem; AP: altura das plantas; CLa: clorofila a; CLb: clorofila b; CLtotal: clorofila total; NSV: número de sementes por vagem; NSP: número de sementes por

plantas; NVP: número de vagens por plantas; VC: porcentagem de vagens chochas; V1S: porcentagem de vagens com uma semente; V2S: porcentagem de vagens com duas sementes; V3S: porcentagem de vagens com três sementes; MCS: massa de 100 sementes; PH: peso de hectolitro e PG: produtividade de grãos por hectare.

Verificou diferença significativa entre todos os genótipos testados quanto ao florescimento (Tabela 2). A floração variou entre 37 e 46 dias. Os

genótipos que apresentaram florescimento entre os

37 e 39 dias compuseram o grupo mais precoce. O genótipo AH10-017 com florescimento aos 46 dias

foi considerado o mais tardio. A média geral do florescimento aproximou-se aos valores obtidos

por Almeida et al. (2011), no estudo sobre

divergência genética em soja cultivada em várzea irrigada em Formoso do Araguaia - TO.

A maturação foi a característica que possibilitou maior discriminação entre os genótipos avaliados pelo teste Scott-Knott, com maior número de

grupos significativos (Tabela 2). Os resultados médios dessa característica variaram de 94 a 115 dias. O grupo mais precoce foi composto pelos

genótipos AH10-009, AH10-010 e AH10-011 com ciclo médio de 94 dias. Os genótipos AH10- 014,

AH10-017 e AH10-016 apresentaram um ciclo de 115 dias, sendo, entretanto os mais tardios na região de cultivo. Segundo Sediyama (2009), o

ciclo da cultura da soja, no estado do Tocantins

pode ser caracterizado em precoce - até 120 dias; médio - de 121 a 135 dias; e tardio - superior a 135

dias. Sendo assim, todos os genótipos neste trabalho caracterizaram-se como precoces.

A altura média de planta foi de 52,62 cm,

oscilando entre 41,2 a 65,3 cm. O grupo que apresentou menor estatura foi composto por AH10 -

006, AH10-012, AH10-010, AH10-019, AH10 - 011, AH10-015, AH10-008 e AH10-017 com altura média de 45,24 cm. E o grupo formado pelos

genótipos AH10-022, AH10-013, AH10- 014, AH10-018 e AH10-009 apresentaram maior altura de plantas com 62,85 cm. Observou-se ainda

diferença significativa na altura de inserção de vagem que variou de 11,95 a 23,0 c m.

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Tabela 2. Médias de 17 características avaliados em 18 genótipos de soja, e grupos de genótipos estabelecidos pelo método de otimização Tocher, com uso da distância generalizada de Mahalanobis

Genótipos

F

M

AP AIV (cm) (cm)

CL a

CLb CLtotal NSV NSP

NVP VC V1S V2S (%) (%) (%)

V3S MCS PH PG Tocher (%) (g) (kg hL-1) (kg ha-1 )

AH10-013 41 b* 107 b 61,40 a 18,55 b 34,29 a 12,60 a 46,89 a 2,27 b 91,45 b 40,65 c 4,02 a 4,43 c 51,87 a 39,66 c 18,74 a 72,5 b 4150 a I

AH10-015 40 b 107 b 46,58 c 19,90 b 34,52 a 12,83 a 47,35 a 2,41 a 137,40 a 57,20 b 2,46 b 3,31 c 45,37 b 48,85 b 12,96 c 72,5 b 4039 a I

AH10-022 37 c 104 c 60,75 a 15,95 b 34,17 a 11,80 a 45,98 a 2,44 a 115,70 b 47,40 b 0,66 b 5,55 c 42,68 b 50,87 b 11,69 c 72,5 b 3722 a I

AH10-012 40 b 10 c 43,85 c 17,05 b 34,40 a 12,32 a 46,72 a 2,30 b 85,92 c 37,32 c 2,13 b 8,62 b 46,44 b 42,86 c 18,67 a 74,5 b 3628 a I

AH10-021 37 c 104 c 49,80 b 14,00 c 34,22 a 11,82 a 46,05 a 2,16 c 94,45 b 43,55 b 2,39 b 10,07 b 56,86 a 30,66 d 19,75 a 72,5 b 3594 a I

AH10-018 41 b 107 b 64,35 a 23,00 a 35,41 a 10,76 a 46,17 a 2,09 c 105,75 b 50,25 b 2,23 b 12,21 b 59,16 a 26,39 d 16,36 b 73,0 b 3572 a I

AH10-023 38 c 104 c 60,70 a 15,20 c 33,31 a 12,15 a 45,47 a 2,55 a 138,60 a 54,10 b 1,36 b 3,74 c 32,77 c 61,96 a 11,45 c 72,7 b 3567 a I

AH10-019 38 c 104 c 45,80 c 14,45 c 35,25 a 13,61 a 48,86 a 1,99 d 74,30 c 37,30 c 3,43 b 17,60 a 55,59 a 23,36 d 15,59 b 73,2 b 3539 a I

AH10-020 38 c 104 c 52,15 b 11,95 c 33,72 a 12,19 a 45,92 a 1,97 d 46,70 c 23,50 d 6,07 a 15,40 a 53,19 a 25,33 d 15,75 b 73,5 b 3278 a I

AH10-007 38 c 107 b 53,70 b 12,45 c 34,36 a 11,73 a 46,09 a 2,14 c 112,45 b 52,60 b 3,02 b 7,27 b 62,35 a 27,35 d 16,02 b 75,5 b 2661 c I

AH10-011 39 c 94 e 45,00 c 12,60 c 35,40 a 11,90 a 47,30 a 2,17 c 101,20 b 46,65 b 1,36 b 7,80 b 62,97 a 27,85 d 14,32 b 73,7 b 3606 a II

AH10-008 41 b 99 d 46,95 c 13,50 c 35,14 a 11,20 a 46,34 a 2,31 b 67,15 c 29,20 d 2,35 b 7,47 b 47,89 a 41,22 c 15,31 b 74,2 b 3467 a II

AH10-010 38 c 94 e 44,60 c 12,60 c 34,44 a 13,24 a 47,69 a 2,17 c 82,60 c 38,12 c 3,43 b 7,28 b 58,25 a 31,03 d 16,65 b 73,5 b 3200 b II

AH10-009 38 c 94 e 65,30 a 15,45 b 34,74 a 12,71 a 47,45 a 2,52 a 63,65 c 25,15 d 0,31 b 5,00 c 36,32 c 58,34 a 15,09 b 73,0 b 2450 c II

AH10-017 46 a 115 a 47,10 c 14,60 c 34,01 a 12,13 a 46,14 a 2,13 c 146,25 a 68,70 a 6,08 a 9,91 b 48,99 b 35,01 c 14,70 b 72,5 b 3433 a III

AH10-016 42 b 115 a 54,63 b 13,75 c 34,90 a 12,20 a 47,10 a 2,22 b 141,55 a 63,70 a 2,84 b 7,01 b 54,90 a 34,93 c 14,98 b 74,0 b 3000 b III AH10-014 39 c 115 a 62,45 a 16,40 b 35,15 a 12,11 a 47,27 a 2,28 b 116,00 b 50,52 b 2,14 a 4,64 c 56,10 a 36,57 c 16,17 b 73,0 b 2994 b III

AH10-006 38 c 99 d 41,20 c 12,60 c 32,52 a 11,06 a 43,58 a 2,07 c 99,50 b 48,05 b 2,51 b 10,92 b 63,48 a 23,08 d 16,14 b 86,0 a 3494 a IV

*Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem P > 0,05, pelo teste de agrupamento Scott- Knott.

F: florescimento; M: maturação; AIV: altura da inserção da primeira vagem; AP: altura das plantas; CLa: clorofila a; CLb: clorofila b; CLtotal: clorofila total; NSV: número de sementes por vagem; NSP: número de sementes por plantas; NVP: número de vagens por plantas; VC: porcentagem de vagens chochas; V1S: porcentagem de vagens com uma semente; V2S: porcentagem de vagens com duas sementes; V3S: porcentagem de vagens com três sementes; MCS: massa de 100 sementes; PH: peso de hectolitro e PG: produção de sementes por hectare.

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A estatura média das plantas foram inferiores aquelas observadas por Peluzio et al. (2009) ao avaliarem o efeito das variações edafoclimáticas,

da região centro-sul do estado do Tocantins, na

produtividade de grãos de cultivares de soja . Entretanto, a altura de inserção de vagens

apresentou conformidade aos resultados obtidos por esses mesmos autores. Segundo Guimarães et

al. (2008) a altura de planta é característica

fundamental na determinação da cultivar a ser introduzido em uma região, uma vez que se

relaciona com o rendimento de grãos.

Não verificou-se variação significativa para as

variáveis: clorofila total, a e b (Tabela 2). Entretanto, estas apresentaram uma contribuição

relativa de 17,06; 10,66 e 6,22% pelo método proposto por Singh (1981) sendo responsáveis por

33,96% da dissimilaridade total encontrada (Tabela 3).

Quanto ao NSV ocorreu diferença significativa entre os genótipos (Tabela 2). A média geral de

NSV foi de 2,24 sementes, que variaram de 1,97 a 2,56 entre os genótipos AH10-020 e AH10- 023.

Houve diferença significativa para NSP (Tabela 2), considerando que os menores valores foi composto

por: AH10-012, AH10-010, AH10-019, AH10- 008

e AH10-009 com média de 70,05 sementes por planta. O grupo que produziu maior NSP foi

integrado por: AH10-015, AH10-023, AH10-016 e AH10-017, com média de 140,95 sementes. Sendo,

entretanto, 50,31% superior ao grupo que apresentou menores valores, evidenciando a

variabilidade genética entre os genótipos.

Tabela 3. Contribuição relativa das características para a dissimilaridade genética de 18 genótipos de

soja, pelo método proposto por Singh (1981), em ordem decrescente de importância, na entressafra de 2010

Variáveis Valor em %

1. Clorofila total 17,06

2. %vagens com duas sementes 15,24

3. Número de semente por vagens 13,78

4. Clorofila a 10,66

5. % vagens com três sementes 9,84

6. Número de dias para Maturação 6,99

7. %de vagens chochas 6,80

8. Clorofila b 6,22

9. %de vagens com uma semente 3,67

10. Número de vagens por planta 2,20

11. Número de sementes planta 1,72

12. Altura de plantas 1,39

13. Massa de 100 sementes 1,34

14. Peso de hectolitro 1,26

15. Número de dias florescimento 1,10

16. Produtividade 0,33

17. Altura de inserção de vagem 0,30

Observou-se diferença significativa para NVP (Tabela 2). Onde os genótipos AH10-017 e AH10 - 018 formaram o grupo que apresentou maiores

valores, com média de 66,2 vagens por planta. Os genótipos AH10-020, AH10-009 e AH10- 008

integraram o grupo com menor NVP em média de 25,5. Nota-se que os genótipos que compôs o

grupo com menores valores foram similares àqueles que se encontram no grupo com maiores médias para a característica NSP. Acredita- se assim, que essas características relacionem

diretamente entre si, ou seja, quanto maior os valores para NVP maior também será o NSP.

Os genótipos que apresentaram maiores valores d e

VC foram AH10-017, AH10-020 e AH10-013 com média de 5,39% diferindo significativamente dos demais genótipos avaliados.

Para V1S os genótipos AH10-019 e AH10- 020 formaram o grupo com maiores valores (16,5%)

que diferiu significativamente dos demais. Verificou-se ainda que estes genótipos, também apresentaram menor NSV, como pode ser verificado na Tabela 2. Este resultado pode- se

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estabelecer uma relação inversamente proporcional entre essas características, ou seja, quanto maior percentual V1S, menor é o número NSV para esses

genótipos.

Formaram-se três grupos significativos para V2S (Tabela 2). Observou-se que 68,75% dos genótipos

apresentaram maior percentual de V2S. O grupo composto por: AH10-023 e AH10- 009

apresentaram menores valores para essa

característica com uma média de 34,54%. Verificou-se ainda que esses genótipos

apresentaram maiores percentuais de V3S, com média de 60,15%, diferindo significativamente dos

AH10-014, AH10-016 e AH10-017 compuseram o Grupo III e o genótipo AH10-006, formou o Grupo IV, demonstrando, assim a variabilidade genética

entre os genótipos.

O agrupamento pelo método de UPGMA utiliza a média das distâncias entre todos os pares de

genótipos na formação de cada grupo. Por essa técnica pode-se observar no dendrograma a 50%

de similaridade a formação de quatro grupos

(Figura 1). Mesmo utilizando técnicas de agrupamento diferenciadas, esse método

assemelhou-se aos grupos obtidos pelo método de Tocher, obedecendo à mesma relação de

demais.

A média para MCS foi de 15,58 g e amplitude de variação de 8,30 g. O PH foi de 74,0 kg L-1, e variou de 72,5 a 86,2 kg L-1 (Tabela 2). O

genótipo que apresentou maior valor para PH foi o AH10-006, com 86,2 kg L-1, diferenciando

significativamente dos demais.

A PG variou de 2450 a 4150 kg ha-1. Os genótipos

AH10-013 e AH10-015 foram os mais produtivos com rendimentos superiores a 4000 kg ha-1. Os

genótipos AH10-007 e AH10-009 foram os menos produtivos. Os valores para PG nesta pesquisa foram superiores aos observados por Peluzio et al. (2010) no estudo de soja na várzea irrigada em

Formoso do Araguaia - TO, onde obtiveram média de 1142 kg ha-1 .

Na Tabela 3 observa-se contribuição relativa de cada característica para a dissimilaridade genética, segundo método de Singh (1981). Quatro características contribuíram com 56,74% da divergência genética, sendo clorofila total ,

porcentagem de vagens com duas sementes, número de sementes por vargem e clorofila a .

O rendimento de sementes contribuiu com apenas 0,33% da dissimilaridade (Tabela 3). Entretanto,

essa característica é de fundamental importância em estudos de divergência genética, pois a escolha dos progenitores, além da dissimilaridade, deve

também considerar o alto rendimento de grãos para a obtenção de progênies superiores (Elias et al .,

2007). Essa baixa contribuição relativa para a dissimilaridade genética relacionada à

produtividade de grãos, também foi verificada por

e Cabral et al. (2011), em feijão e Santos et al. (2011) na soja.

A identificação dos grupos realizada pelo método aglomerativo de Tocher, possibilitou a formação

de quatro grupos distintos (Tabela 2), onde dez genótipos foram dispostos no Grupo I; quatro

genótipos integraram o Grupo II; os genótipos

similaridade

entre

os

genótipos.

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l

l l

l l

l V

Figura 1. Dendrograma representativo da dissimilaridade genética entre 18 genótipos de soja, obtidos pelo método de agrupamento UPGMA, utilizando a distância generalizada de Mahalanobis como medida de dissimilaridade, na entressafra de 2010. Genótipos: 1- AH10-006, 2- AH10-007, 3- AH10-008, 4- AH10-009, 5- AH10 - 010, 6- AH10-011, 7- AH10-012, 8- AH10-013, 9- AH10-014, 10- AH10-015, 11- AH10-016, 12- AH10-017, 13- AH10-018, 14- AH10-019, 15- AH10-020, 16 - AH10-021, 17- AH10-022 e 18- AH10- 023.

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Pelo Método Tocher o genótipo AH10-006 (Grupo IV) quando comparada aos 17 demais genótipos, foi apontado como o mais divergente. E as maiores

distâncias foram observadas entre os genótipos

AH10-006 e AH10-013 como pode ser comprovado tanto pelo método de agrupamento

UPGMA, quanto pelo método de agrupamento de Tocher. Diante disso, os genótipos reunidos em

grupos mais distantes, apresentam maior

divergência relativa, podendo ser consideradas como promissoras em cruzamentos artificiais.

A identificação de genótipos contrastantes por meio das técnicas multivariadas e dos

agrupamentos é relevante para o sucesso na seleção de cultivares em programas de

melhoramento. Entretanto, a escolha de genótipos

deve ser feita considerando também seus comportamentos per se. Assim recomenda- se cruzamentos entre genótipos divergentes, mas que

também apresentem desempenho superior em relação as principais características de importância

agronômica na obtenção de linhagens superiores (Coimbra e Carvalho, 1998).

Sendo assim, poderão ser esperadas como promissoras as hibridações AH10-013, AH10- 015

e AH10-022 (Grupo I) com AH10-006 (Grupo IV)

para produção de grãos uma vez que esses genótipos foram dissimilares (Figura 2) e

apresentaram médias elevadas para essas características (Tabela 2). Isso sugere que, quando utilizadas em hibridações dirigidas em programa de melhoramento genético, possibilitarão ampliar o número de recombinantes, desejáveis, a fim de que possam ser utilizadas como fontes de obtenção

de constituições genéticas superiores. CONCLUSÃO

A presença de variabilidade genética permite a identificação dos genótipos dissimilares;

Para produção de grãos as seguintes combinações híbridas são recomendadas: AH10-013, AH10 - 015, AH10-022 com AH10- 006;

As características clorofila total, porcentagem de vagens com duas sementes, número de sementes

por vargem e clorofila a, são as mais eficientes em explicar a dissimilaridade genética entre os genótipos testados.

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Recebido: 20/04/2013 Received: 04/20/2013

Aprovado: 12/06/2013 Approved: 06/12/2013

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